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Estrutura Organizacional dos Grandes Frigoríficos catarinenses

Assim, estruturou-se uma indústria forte, que por deter as diversas etapas da cadeia produtiva se tornou competitiva e possibilitou seu ingresso no mercado internacional, em 1975.

As empresas operam com uma filosofia de trabalho que consiste em deter cada vez mais o domínio de todas as atividades, Insumos e técnicas necessárias, até a colocação do produto no mercado.

Nas integrações avícolas existentes na região Sul do país, o custo de produção da ave viva é em média 15% inferior ao custo médio encontrado em outras regiões brasileiras, resultado da racionalidade com que estas empresas trabalham.(25) Esta racionalidade com que o setor atua é responsável pelo constante aumento no índice de produção e manutenção da rentabilidade, suficiente para prosseguir com a atividade.

As rações produzidas pelas empresas frigoríficas se destinam principalmente à alimentação de seus plantéis. Esta tendência, observada desde o final da década de 70, acentuòu-se a partir de 1986, quando o volume produzido pelos frigoríficos ultrapassou toda a quantidade processada pelas fábricas das empresas produtoras de rações completas comerciais. Em 1988, do total das 14,2 milhões de toneladas produzidas, a produção independente, no Brasil, representou 7,3 milhões. Os grandes grupos consumidores consolidaram seus programas de verticalização e passaram a responder por mais de 50% das rações produzidas no país.(26)

0 trabalho constante no sentido de otimizar todas as etapas da cadeia produtiva propiciou um menor tempo de criação de uma ave e a redução dos

(25) SITUAÇÃO DO FRANGO É DELICADA. Revista Nacional da Carne, ano I, n. 2, nov !989, p. 53. (26X1UDANÇA DE PERFIL. Globo Rural Economia, Dez, 1989, p. 79.

custos de produção, principalmente com alimentação, propiciando a venda de um produto mais barato para o consumidor em comparação com a carne bovina e suína.

Atualmente, são desenvolvidas linhagens especiais de aves que estão atreladas ao desenvolvimento de novos produtos. Hoje, a indústria pode ter um frango com mais carne de peito, de coxa ou de sobrecoxa. Isto exigiu das indústrias do setor pesados investimentos no início da cadeia produtiva, que tiveram reflexo na qualidade do produto final. Isto reflete bem o domínio sobre as diversas etapas envolvidas com a atividade.

Após a fase inicial da estruturação industrial e da implantação da tecnologia de abate de aves, os frigoríficos passaram a Investir mais (globalmente) na tecnologia e estrutura do recolhimento de aves até o transporte frigorificado dos produtos acabados. Os objetivos eram aperfeiçoar a qualidade, aumentar a produtividade e consequentemente, obter melhores resultados num mercado bem mais disputado. As empresas exportadoras, para atenderem às exigências e necessidades do mercado externo, foram as que mais investiram.

Após 1980, a produção de cortes de frango sofreu um incremento significativo em função da oportunidade de se exportar mais partes de frango e também para acompanhar a evolução dos hábitos do consumidor, principalmente dos grandes centros urbanos. É a fase de maior transformação. Salas de cortes mais adequadas foram construídas e a implantação de um controle de qualidade e processos passou a ser fundamental.

Com a importação de linhagens híbridas norte-americanas, mais produtivas e resistentes às doenças, os avicultores promoveram o melhoramento genético de seus plantéis, reduzindo os índices de mortalidade e aumentando a produtividade. 0 presidente da Perdigão e da União Brasileira de Avicultura, Flávio Brandalise afirmou: "Conseguimos hoje uma proteína anim al de excelente qualidade,

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que se destaca p ela rapidez de sua produção. Os avanços tecnológicos p erm itiram re d u zir a taxa de conversão alim en tar de quatro quilos de ração para qui/o de ave, em 1970, para 2 ,1 5 quilos de ração p o r quilo de

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A atividade avicola pode ser dividida em três setores. 0 primeiro (produçãõA de matrizes, fabricação de rações, de medicamentos, vacinas e aditivos) e o terceiro (industrização e comercialização do produto, a nível de varejo) exigem alta tecnologia e investimentos medidos em dezenas de milhões de dólares. São por outro lado, os setores de menor índice de risco e os mais lucrativos. São executados em sua quase totalidade por grandes empresas (brasileiras e estrangeiras). 0 segmento do meio, o segundo setor, é a criação. Exige investimentos menores, riscos infinitamente maiores e multo comumente dá prejuízo. Em alguns países de avicultura avançada, a compatlbíllzação das diferenças de risco existentes entre os três setores foi obtida através da / integração.

Neste sistema, os dois extremos da cadeia oferecem uma série de vantagens (assistência técnica, financiamento de rações e pintos, seguro, preço mínimo, etc.) para que o criador possa trabalhar com razoável rentabilidade e níveis de risco aceitáveis.

A estabilidade do sistema de integração só é conseguida através do trabalho familiar. Este responsabiliza-se, ao mesmo tempo, por uma etapa do circuito produtivo e pela reprodução da força de trabalho, assegurando a auto-suficiência relativa no estabelecimento rural. A inserção do trabalho assalariado nesta etapa

(27) BRANDALISE, Flávio, presidente da Perdigão e da União Brasileira de Avicultura, no II® Encontro Sul Brasileiro de Avicultura.

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produtiva acabaria por romper a auto-suficiência relativa da reprodução da força do trabalho, resultando no aumento do custo da mão-de-obra e na diminuição da capacidade de acumulação da empresa frigorífica.

A assimilação do trabalho fam iliar do moderno esquema produtivo do frigorífico possibilita a inserção do espaço regional à produção mundial, pelo barateamento do produto e ampliação da escala produtiva, resultante da concentração de capitais pelas empresas monopolistas. Ao mesmo tempo, o aumento da produção rural é função direta da conquista de mercados para os alimentos frigoríficos.

As inovações tecnológicas dos estabelecimentos fabril e rural unem-se ao sistema produtivo tradicional baseado na pequena propriedade fam iiíar agrária para fechar o circuito de criação e abate animal.

Conforme a FIGURA 9, estabelecem-se dois movimentos dominantes: um fluxo no sentido de levar rações e matrizes ao estabelecimento rural e outro que recolhe os animais em prazo de abate, para posterior processamento e envio aos mercados nacionais e internacionais.

O milho produzido nas propriedades dos colonos, além de ser utilizado como alimento familiar ou adicionado ao concentrado do suíno, tem seu excedente enviado, juntamente com a soja, para a fabricação de rações. A cama do aviário ingressa como fertilizante do solo onde o milho é produzido.

A acumulação de capital na empresa frigorífica depende da lucratividade de cada etapa produtiva e da velocidade de transformação do produto em capital. A constante otimização no tempo dos fluxos se dá no sentido de imprimir maior velocidade na rotação do capital, o que resulta num incremento na acumulação das empresas frigoríficas. A otimização no tempo dos fluxos é resultado da diminuição do tempo em suas duas fases: tempo de produção e tempo de circulação.