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O

trabalho desenvolvido é claramente multidisciplinar, o que trouxe desa- fios para sua apresentação, pois criou a necessidade de expor os con- ceitos essenciais das áreas envolvidas de uma forma concisa e direta. Houve portanto, uma preocupação em abordar esses conceitos focando três tipos de pesquisadores: i) aqueles advindos da área biológica, interessados na aplica- ção da Imunologia em problemas práticos de Engenharia e Computação; ii) aqueles interessados em Segurança Computacional, em busca de discussão e soluções sobre o assunto; iii) aqueles interessados especificadamente na área de Sistemas Imunes Artificiais, em busca de novos algoritmos e formas de uti- lização dessas ferramentas. Assim, este texto foi produzido com o desafio de buscar uma apresentação do conteúdo de forma a atender a esses profissio- nais.

Com a motivação de um texto focado em três tipos diferentes de leitores, optou-se por estruturar o documento da forma como se segue. O Capítulo 2

tem o propósito de apresentar conceitos básicos de Redes de Computadores, com especial destaque para o TCP/IP e seu histórico. Os detalhes e o histórico são apresentados para que o leitor possa entender melhor as causas da exis- tência de vulnerabilidades em redes de computadores, assunto discutido no Capítulo3. Nesse capítulo são apresentados também uma breve conceituação sobre as falhas e ataques existentes na área de Segurança Computacional. O objetivo principal desses dois capítulos, portanto, é permitir ao leitor uma

melhor compreensão do problema de detecção de intrusos em redes de com- putadores.

Na seqüência, o Capítulo 4 apresenta uma rápida revisão bibliográfica em Imunologia e Imunoinformática, destacando-se alguns conceitos e discussões que têm impacto na proposição de algoritmos imunoinspirados. Os algorit- mos imunoinspirados, por sua vez, são abordados no Capítulo5, que também apresenta o uso de Sistemas Imunes Artificiais na área de Segurança Com- putacional, destacando-se principalmente detecção de intruso em redes de computadores. Estes dois capítulos foram produzidos com a intenção de me- lhor contextualizar o leitor quanto aos métodos propostos e adotados neste trabalho.

No Capítulo 6, são abordados a proposta de trabalho e a metodologia uti- lizada, bem como uma análise sobre as decisões tomadas para o desenvolvi- mento da pesquisa. Essa discussão é completada no Capítulo 7, que apre- senta e analisa os resultados obtidos neste trabalho de doutoramento. Por fim, o Capítulo 8 destaca as principais contribuições do trabalho como um todo, apontando também para diversos trabalhos futuros que puderam ser vislumbrados durante a realização desta pesquisa em si.

Redes de Comunicação de Dados

Os conceitos vão pois ao infinito e, sendo criados, não são jamais cria- dos do nada.

Deleuze & Guatari, O que é a Filosofia? There was a time that the pieces fit, but I watched them fall away. Mildewed and smoldering, strangled by our coveting

I’ve done the math enough to know the dangers of our second guessing Doomed to crumble unless we grow, and strengthen our communication. Tool, CD Lateralus, Schism

2.1 Comentários Iniciais

E

NTRE as diversas tentativas de encontrar um elemento ou processo que diferenciasse os seres humanos dos demais animais, algumas aborda- gens, especialmente no início do século passado, focaram-se no aspecto co- municativo. Hoje sabe-se que diversas espécies utilizam-se de mecanismos comunicativos relativamente complexos, mas claramente a comunicação é um elemento extremamente importante para o homo sapiens.

Historicamente, a humanidade tem experienciado diversos mecanismos comunicativos, indo das imagens nas cavernas à transmissão de dados di-

gitais por ondas eletromagnéticas. Nesse contexto, atualmente destacam-se as redes de comunicação digitais, especialmente entre dispositivos computa- cionais. A sociedade contemporânea é caracterizada, inclusive, pela contínua e presente evolução das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs), as quais produzem impactos significativos em todas as esferas sociais, modifi- cando inclusive os mecanismos de organização social.

Um personagem característico das TICs é a Internet, que agrega em si elementos tanto informáticos quanto comunicativos. A Internet pode ser en-

carada, em uma visão mais técnica, como o conjunto de protocolos, especi- almente o TCP/IP, que permite a interligação de computadores de diferentes plataformas de hardware e software. Em uma visão mais sociológica, entre- tanto, a internet é um meio de comunicação extremamente poderoso, eficaz e

eficiente para a comunicação de pessoas em diferentes partes do mundo. Por esse motivo, inclusive, não é incomum encontrar textos, alguns acadêmicos inclusive, utilizando o termo “internet”, com inicial minúscula, dado o seu im- pacto como meio de comunicação, comparando-se ao rádio e à televisão em termos de impactos sócio-culturais.

Dado esse contexto é praticamente consenso entre pesquisadores de diver- sas áreas de que o computador e a Internet vem cada vez mais propiciando modificações nos contextos políticos, sociais e econômicos e mesmo culturais, como apontado em: (SCHAFF,1992), (LÉVY,1995) ou (CASTELLS,2001). Por isto, a profunda evolução tecnológica contínua e presente do século XX até hoje tem permitido caracterizar o modo de vida atual como: a “sociedade da informação”, ou “sociedade do conhecimento”. Nessa sociedade, a base de pro- dução é a informação e o conhecimento, enquanto que na sociedade industrial o capital é o motor do modo de produção e a principal fonte de poder.

Dessa maneira, a Internet cada vez mais torna-se um bem de consumo essencial, sendo num futuro próximo sua difusão deverá ser equiparável ao da energia elétrica, água encanada ou telefonia. Grandes quantias de valores são negociadas através da Internet já há um bom tempo, e não é de causar espanto que uma das maiores empresas atuais, tanto em termos de marca quanto em valor, é uma empresa que funciona apenas na Internet: o Google1.

Dessa maneira, é cada vez mais comum que bens imateriais atinjam valor de mercado superior a bens materiais.

A volatilidade das redes digitais criam um novo ambiente, o ciberespaço,

sobre o qual ainda não estão suficientemente claras as regras para seu uso.

É um espaço virtual complexo e heterogêneo, com profundos impactos na sociedade atual. O ciberespaço não envolve atualmente apenas as redes de computadores, mas cada vez mais adentra em outros espaços, como a televi- são digital ou telefonia celular. Assim, serviços e ameaças digitais começam a atuar também nos espaços alternativos, já sendo bastante comuns os rela- tos de SPAM e vírus em celulares, por exemplo. Apesar disso, obviamente as redes digitais de computadores são o maior ponto de apoio do espaço virtual e o ambiente deste trabalho, sendo abordadas com uma maior profundidade técnica na próxima seção.