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Ao nível do plano formal, este trabalho de investigação está organizado de acordo com a estruturação que passamos a apresentar.

Parceria(s) da Escola Rural com Parceiros locais: uma proposta para (re)pensar uma Escola Rural, potenciadora de Mudança(s)

Introdução Geral

Capítulo 1- comunidade rural e instituição escolar: duas lógicas numa reflexão sobre parceria(s)

Capítulo 2-pensar a escola rural segundo uma lógica de parceria(s)

Capítulo 3-a escola rural e o local: dois contextos em crise (escola contra o local)

Capítulo 4- parcerias da escola rural com diferentes parceiros

Na Introdução Geral tentamos propor uma leitura por antecipação da relevância da(s) parceria(s) no processo educativo e social da escola rural e da aldeia.

Damos ainda conta do nosso interesse pelas parcerias enquanto relações de cooperação entre parceiros para a realização de iniciativas educativas e sociais em contextos rurais. De uma forma suficientemente clara e simplificada são referidas algumas das razões que assistem à elaboração deste trabalho de investigação.

A relevância que nos parece ter esta abordagem à escola rural em parceria, para o campo educativo no momento actual, prende-se com as grandes mudanças que atravessam o campo educativo e as que estão a atingir de morte as pequenas escolas rurais e, concomitantemente, o mundo rural, pois a escola rural e a aldeia estão muito implicadas.

Referimos, ainda, o modo como a investigação foi sendo conduzida, sob o ponto de vista da metodologia e fazemos uma curta incursão ao tema que discutimos ao longo do trabalho, no qual vamos construindo discursos interpretativos das

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"conversas" mantidas com os nosso interlocutores, das observações realizadas na acção, interpretações qualitativas essas onde é notório o aconchego de sentidos explicados pelas nossas experiências pessoais e profissionais acumuladas e vivenciadas, muitas delas, em meio rural.

No capítulo 1, comunidade rural e instituição escolar: duas lógicas numa reflexão sobre parceria(s), tentamos levantar um pano de fundo para melhor percebermos a escola rural e o contexto onde apenas se enquadra ou, por outro lado, o contexto onde se 'faz a escola'. Na primeira situação a escola é tida em conta como instituição que escolariza, na segunda a escola conta com uma comunidade de pessoas, com as quais é possível estabelecer relações de cooperação e de interajuda.

Partimos de um pressuposto formulado por Bourdieu, para reflectirmos sobre a escola, enquanto instituição local habitada por pessoas com interesses diversos, no sentido de podermos "compreender o que se passa em lugares que, como os "conjuntos habitacionais" ou os "grandes conjuntos", e também numerosos estabelecimentos escolares, aproximam pessoas que tudo separa, obrigando-as a coabitarem, seja na ignorância ou na incompreensão mútua, seja no conflito, latente ou declarado, com todos os sofrimentos que disso resultem, não basta dar razão de cada um dos pontos de vista tomados separadamente. É necessário também confrontá-los como eles são na realidade, não para os relativizar, deixando jogar até o infinito o jogo das imagens cruzadas, mas, ao contrário, para fazer aparecer, pelo simples efeito da justaposição, o que resulta do confronto de visões de mundo diferentes ou antagónicas: isto é, em certos

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casos, o trágico que nasce do confronto sem concessão nem compromisso possível de pontos de vista incompatíveis, porque igualmente fundados em razão social" (Bourdieu, 2001:11). Neste pressuposto, a escola que se abre à cooperação com diferentes parceiros possibilita a entrada de diferentes pontos de vista e potencia um aumento das probabilidades de conflito.

Neste sentido, procuramos fazer uma breve abordagem reflexiva do conflito, numa lógica baseada na necessidade de aprender a geri-lo e de aprender a (con)viver com pontos de vista diferentes, uma vez que a relação interpessoal também se alimenta do conflito.

N o c a p í t u l o 2, pensar a escola rural segundo uma lógica de parceria(s), propomos uma reflexão sobre a escola rural segundo

uma perspectiva de integração de conteúdos que têm a ver com o local. Ou seja, uma abordagem educativa da escola rural numa lógica de partilha de saberes e de vivências diversificadas, capazes de servirem de referência à construção do conhecimento e à formação pessoal dos alunos.

Fazemos uma incursão reflexiva através de uma escola rural que assume a função educativa, na partilha do saber e na sua procura em fontes diferentes, de diversos modos, educando os alunos para uma nova relação com o saber e para o uso de instrumentos novos de acesso à informação. No entanto, o alerta vai para o bom uso e selecção da informação, pois "la "reflexividad" no implica solamente el acesso a la información, pêro también la capacidad de servirse de ella de manera estratégica" (Van Zanten, 2003:53).

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Referimos, ainda, o modo como percebemos as parcerias e a relação de cooperação entre diferentes parceiros. Ao longo do trabalho, reflectimos sobre as parcerias como propostas para a escola rural e para o local, discutidas em torno da relação de implicação entre o social e o educativo, que assumimos na terminologia que usamos de socioeducativo. Pomos em evidência alguns modos de unir esforços entre a escola rural, a autarquia e os diferentes parceiros locais como forma de provocar mudança(s) social(ais) e desenvolvimento do local rural.

No capítulo 3, a escola rural e o local: dois contextos em crise (escola contra o local), procuramos trazer para a reflexão alguns elementos que caracterizam a crise que atravessa a escola e o local e que apresenta traços comuns nas transformações tecnológicas e sociais que atingem muito rapidamente a sociedade e os valores que a suportam. Discutimos, ainda, o contexto rural e a escola partindo da ideia que a escola se instalou no local sem a preocupação de desenvolver um sentido de pertença ao local.

Por fim, no capítulo 4 abordando parcerias da escola rural com os diferentes parceiros, propomos uma leitura da escola rural e das parcerias através da interpretação de elementos empíricos recolhidos e (re)construídos e (re)interpretados por nós. Os elementos empíricos referenciados são conseguidos a partir do contacto directo com as pessoas das aldeias onde o PER se desenvolve; a partir da observação directa realizada durante a acção; através de elementos significativos de "entrevistas" conduzidas como "comunicação não-violenta" (Bourdieu, 1993,

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referido por Sarmento, 2003:162), tendo como objectivo guardar os pontos de vista dos nossos interlocutores.

Assim, propomos uma leitura interpretativa dos elementos recolhidos, entremeada pelo nosso ponto de vista, decorrente da nossa experiência e do nosso conhecimento, construídos na profissionalidade e na pessoalidade da vida, sendo então proposta uma discussão em dois níveis.

Situamos inicialmente as parcerias como uma proposta com potencialidades para gerar diferentes dinâmicas educativas e sociais para a escola rural e para o local. Depois, sinalizamos as parcerias como uma rede de relações e vantagens educativas e sociais locais.

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CAPÍTULO 1- COMUNIDADE RURAL E