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Nesta dissertação usámos a metodologia de estudo de caso. Os estudos de caso podem variar em diversos parâmetros: no número de casos estudados, naquilo

que se compara, no papel que podem desempenhar, no detalhe e tamanho dos casos com que se lida, no contexto, na identificação, na documentação e na extensão (Lewis- Back & Michael, 2004).

Um estudo de caso pode investigar um pequeno número de casos ou apenas um, mas em profundidade considerável. “Estudo de Caso é um estudo da particularidade e singularidade de um único caso… [enfatizando]… episódios de relevo, a sequencialidade de acontecimentos em contexto e a globalidade do individual” (Robert & Stake, 1995). Apenas estudámos um caso – a implementação de um projecto de conversas em casa sobre assuntos escolares. Este estudo de caso tem subunidades de análise dentro da unidade principal, como os alunos, as famílias, os professores, havendo recolha e análise de dados em cada nível.

Tendo em consideração apenas um caso, recolhemos mais informação acerca dele do que se fossem estudados mais. Verificámos que este aspecto implicou uma recolha de dados, por vezes, não estruturados e uma análise qualitativa desses mesmos dados. Verificámos também que os diversos participantes envolvidos num caso podem ter perspectivas variadas e que até a mesma pessoa pode apresentar diferentes perspectivas em diversas ocasiões (Lewis-Back & Michael, 2004).

Num estudo de caso é essencial o desenvolvimento de uma teoria. A componente mais simples de uma teoria é uma afirmação, formulada como uma hipótese, que sugere os dados relevantes que é necessário recolher para comparar com essa afirmação. Neste caso partimos do pressuposto de que as conversas em família melhoram o desempenho escolar. Neste estudo procurámos que as afirmações teóricas tivessem objectivos simples. A direcção e desenho do estudo de caso derivam totalmente das questões de investigação e da articulação das afirmações teóricas relacionadas com estas questões. De um modo geral, quanto mais se pretender explicar o como e o porquê dos eventos, mais relevante será o método do estudo de caso (Bickman & Rog., 1998).

No desenho de um estudo de caso, devemos definir uma unidade de análise, para estabelecer os limites do estudo. Nos estudos mais recentes, uma unidade de análise poderá ser: grupos de pessoas ou organizações, decisões fundamentais, programas públicos ou mudança organizacional, de acordo com a situação. No nosso estudo, a unidade de análise é a Escola e as famílias envolvidas no projecto de guiões para promover conversas em casa, particularmente acerca de Ciência, na sua fase de implementação. Com efeito, pretendemos conhecer e caracterizar uma situação: a implementação de um projecto de conversas em casa, recorrendo a métodos

qualitativos. A finalidade deste estudo é estimular conversas em casa sobre assuntos da escola através de guiões de conversas, de modo a poder recolher ensinamentos para futuros projectos do género.

O desenho completo da experiência fornece uma orientação para determinar que dados recolher e as estratégias a usar para analisar os dados (Bickman & Rog., 1998). Para tal revimos a literatura relacionada com o estudo em causa, discutimos as ideias com colegas e professores e formulámos as questões de investigação acerca do estudo, da razão de ser do estudo e do que se esperava aprender com os seus resultados.

Um dos elementos mais importantes para realizarmos este estudo de caso é a capacidade de manusearmos diversas evidências, provenientes de variadas técnicas de recolha de dados. Procurámos reconhecer as evidências e usarmos cada facto de acordo com o conhecimento vigente.

Como é importante haver uma mente inquiridora (Bickman & Rog., 1998), procurámos que houvesse um questionamento constante. Pretendemos ter sempre adaptabilidade e flexibilidade nos momentos que não decorreram conforme o planeado.

Neste estudo de caso interessaram-nos questões exploratórias, resultando um estudo de caso exploratório. Um novo estudo empírico assume características de um estudo exploratório quando a literatura disponível ou conhecimento de base são fracos, não oferecendo chaves para estruturas conceptuais ou proposições notáveis, ou porque se estão a testar inovações metodológicas (Bickman & Rog., 1998). As proposições teóricas definem o que será explorado, os propósitos da exploração e os critérios através dos quais a exploração será avaliada com sucesso. O problema pode residir nos dados recolhidos durante a fase piloto, que são também parte integrante do estudo propriamente dito.

O estudo de caso é um método com vantagens e desvantagens, que usámos por ser o mais adequado ao problema sob investigação. Uma forte vantagem de um estudo de caso é a possibilidade de lidarmos com condições contextuais e a realidade de muitos fenómenos sociais, pois o fenómeno e o contexto não se distinguem nitidamente. Outra vantagem desta metodologia é que nos permite iniciar a investigação sem conhecer com precisão os limites do caso e descobrirmos ensinamentos para as situações em que as decisões são tomadas. Salientamos que as condições inicialmente contextuais se podem integrante no processo de tomada de decisão e, assim, tornarem- se parte do “caso” (Bickman & Rog., 1998).

O carácter científico dos estudos de caso pode ser questionado, tendo em conta diversos aspectos: a fragilidade do seu poder de generalização, a utilização de quadros teóricos que os desvaloriza e o carácter prático-utilitário de alguns casos, por exemplo. No entanto, um estudo efectuado com rigor pode constituir um ponto de partida para estudos mais elaborados. Alguns problemas fundamentais são: a ética, os procedimentos de princípio em oposição ao protocolo; a autoria, o investigador como autor e a escrita lida e correcta; a participação, a avaliação democrática e a investigação-acção e as novas tecnologias emergentes.

Um estudo de caso é inerentemente conservativo, pois refere as coisas como elas são e não como elas deveriam ou poderiam ser. Como um estudo de caso não constitui, por si só, um método, mas usa métodos, recorremos a uma estratégia de investigação-acção.