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Estudo de Caso 14 – Chuvas – Pleito de reequilíbrio econômico financeiro

Pleito: Uma empreiteira apresenta um pleito de reequilíbrio econômico-financeiro do contrato baseado no seguinte levantamento pluviométrico realizado durante o período de execução contratual em São Paulo, local em que a obra foi executada:

Estudo de Caso 14 – Chuvas – Pleito de reequilíbrio

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Pleito: Com base no levantamento apresentado sobre o clima de São Paulo, o construtor conclui que a produção das equipes mecânicas constantes nas composições padrão do Sicro deveriam ser ajustadas com o fator de Eficiência E = 0,53, retratando, dessa forma, condições reais de utilização e operação dos equipamentos. O demonstrativo de cálculo do referido fator de eficiência, produzido pelo contratado, encontra-se na tabela a seguir:

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Pleito: Com base no fator de eficiência calculado de 0,53 pelo contratado, é elaborada o seguinte demonstrativo de produção horária:

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Pleito: (continuação...) que resulta na seguinte composição para o serviço de CBUQ, com expressivo aumento de preço em relação ao valor originalmente contratado:

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•Análise: Existem algumas ressalvas a fazer no estudo analisado. A primeira delas refere-se ao uso do fator de eficiência de 0,75 (aplicável aos serviços de restauração rodoviária) em vez do fator de 0,83, utilizado para os serviços de construção rodoviária. Se esse último fator de eficiência fosse utilizado, o resultado do novo fator de eficiência, considerando o efeito das chuvas, seria de 0,58.

•Além disso, a memória de cálculo produzida não está considerando que apenas as chuvas com mais de 5 mm por dia impactam na realização do serviço.

•Discorda-se, também, que o impacto das chuvas deva ser considerado no fator de eficiência, pois a redução no fator de eficiência implica em aumento do tempo operativo dos equipamentos para execução de determinada produção de serviço, enquanto na prática ocorre que o equipamento fica maior parcela de seu tempo ocioso, ensejando que o construtor arque com o aumento do seu custo improdutivo.

•A explicação para isso é que a produção horária do equipamento (P), por exemplo, de um caminhão basculante, é dada pela equação:

P = 60.b.g.h.i/s Em que:

“b” é a capacidade da caçamba do caminhão; “g” é o fator de carga; “h” é o fator de conversão; “i” é o fator de eficiência e; “s” é o tempo de ciclo do caminhão, dado pela soma do tempo fixo de carga, descarga e manobras com o resultado da divisão da distância média de transporte (DMT) pela sua velocidade média de ida e de volta.

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•Análise: (continuação)

•O coeficiente de utilização operativa do equipamento será inversamente proporcional à sua produção horária. Assim, a redução no fator de eficiência de 0,75 para 0,53 implica em uma redução de 29,3% da produção horária do equipamento e, consequentemente, em um aumento de 41,51% no coeficiente de utilização operativa do equipamento. Como o custo horário operativo do equipamento responde por uma parcela expressiva do valor do serviço, há um grande incremento do custo.

•O que se observa na prática, em virtude das chuvas, é que o equipamento aumenta o tempo em que está improdutivo (com motor desligado), aguardando a liberação de frentes de trabalho, mas executa o serviço no mesmo tempo e com a mesma produtividade quando encontra condições favoráveis. Considera-se, então, que, se o efeito das chuvas fosse considerado, os coeficientes operativos dos equipamentos deveriam ser mantidos inalterados, majorando-se apenas os coeficientes improdutivos. •Esta última metodologia, mais aderente à situação de interrupções por chuvas, resulta em um acréscimo de custo pouco relevante, pois majora apenas a parcela de custo improdutivo do equipamento, que é bem menos relevante no serviço do que o custo operativo.

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•Análise: (continuação)

• Foi nesse sentido a análise realizada pelo relatório acolhido pelo Acórdão 859/2009- Plenário:

Na fase de orçamento, há ainda que considerar, na composição dos custos dos itens de serviço, a incidência dos tempos improdutivos devidos as condições climáticas, notadamente a ocorrência de chuvas.

(...)Assim sendo, as Composições de Serviços contidas no Sicro2 incluem somente o tempo improdutivo correspondente ao dimensionamento das patrulhas. A outra parcela poderá ser acrescentada na fase do orçamento pelo Engenheiro de Custos, ao compor os custos dos itens de serviço, diante das condições particulares de cada obra. (...)" Da leitura acima se verifica que o Manual realmente permite a incidência de tempos improdutivos causados pelas chuvas. Mas frise-se bem, o eventual acréscimo deveria repercutir somente na hora improdutiva.

Conforme visto, os únicos custos inerentes à hora improdutiva são os de mão de obra. Diverge, portanto, do que ocorreu in casu, onde, de acordo com o disposto no item B da presente peça instrutiva, o elaborador do projeto executivo reduziu diretamente a produção horária da equipe. (...)

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•Análise: (continuação)

(...) 3.2.5 Da leitura dos trechos acima fica claro que o Sicro realmente não considera os custos acrescidos em função de paralisações ocasionadas pelas chuvas, mas também deixa evidente que as chuvas influenciam apenas no custo improdutivo, e de maneira alguma no custo operativo (depreciação, operação, manutenção e mão de obra) como considerado na decisão comentada.

(...)

3.2.10 Não resta dúvida que os custos incrementados devido às perdas de produtividade decorrentes das chuvas estariam compensados, e com folga, se os fatores acima comentados fossem também considerados na metodologia do Sicro. Isto ocorre porque, no custo total de uma obra rodoviária, a participação dos custos dos equipamentos - afetados pela superestimativa dos valores de aquisição, de depreciação e pela defasagem das produtividades em relação às atuais - é bem maior do que a dos custos da mão de obra - afetados pelas chuvas.

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•Análise: Também é esclarecedor reproduzir trecho do relatório acolhido pelo Acórdão 1.537/2010-Plenário, que refuta completamente a tese completamente análoga à defendida pelo construtor:

Após análise cuidadosa de todos os argumentos, concluímos que, realmente, existe um aumento do tempo improdutivo na execução dos serviços em decorrência das chuvas. O problema foi a interpretação que a [omissis] deu a esta informação. Isto não altera, de forma alguma, o fator de eficiência dos serviços, mas, tão somente, aumenta levemente o seu custo da mão de obra. Expliquemos:

(...)

Especificamente em relação aos serviços de terraplenagem, temos ainda [ transcrevendo o Manual de Custos Rodoviários]:

"2.1.2 Chuvas

As produções adotadas não contemplam a ocorrência de condições climáticas desfavoráveis, as quais influenciam, em função da frequência e intensidade, de modo específico, cada tipo de serviço. Na elaboração do Orçamento de um Projeto Final de Engenharia, há necessidade de, em função dos dias de chuva previstos dentro do prazo total desejado para a execução dos serviços, serem computadas as horas improdutivas calculadas."

Estudo de Caso 14 – Chuvas – Pleito de reequilíbrio

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•Análise: (continuação)

Da leitura dos excertos fica claro que o SICRO2 não considera, nas composições de custos dos diversos serviços, acréscimos devido às paralisações ocorridas pelas chuvas. Em contrapartida, considera que no caso de ocorrência de chuvas que impossibilitem a produção da equipe, há de se verificar apenas a verificação de horas improdutivas, visto que como a máquina está parada, a produção é nula e a utilização produtiva não existe. Neste caso, devem ser incluídas a previsão das horas improdutivas e a introdução dos respectivos custos no orçamento, por serviço.

Então, não há que se falar em fator climático que incida sobre o fator de eficiência, este último alterando a produção dos equipamentos - e em decorrência a produtividade da equipe - já que nas horas de chuvas consideradas (e horas subsequentes em que não há condições de trabalho) não há produção. Aí está o equívoco na interpretação da [construtora] e de dois artigos apresentados (...). Lembramos que segundo o Manual de Custos Rodoviários, o custo horário improdutivo é igual ao custo horário da mão de obra. Logo, pela metodologia do DNIT, o único custo extra proveniente em função da chuva é o custo da mão de obra parada.

Estudo de Caso 15 – Desvalorização Cambial