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3 CONTROLE INTERNO NO TJPA

4.2 Estudo de Caso

A pesquisa configura-se como um estudo de caso na medida em que estuda exaustivamente um objeto específico, e possibilita o seu amplo e detalhado conhecimento, qual seja, a implantação do sistema de controle interno do TJPA. O estudo de caso deve ser aplicado quando o pesquisador tiver o interesse em pesquisar uma situação singular, particular (OLIVEIRA, 2013).

Com base em Severino (2010, p. 121), o estudo de caso é a “pesquisa que se concentra no estudo de um caso particular, considerado representativo de um conjunto de casos análogos, por ele significativamente representativo”. Para Martins (2008) é através do estudo de caso que se busca de maneira criativa, aprender a totalidade de uma situação, que possibilita identificar e analisar a multiplicidade de dimensões que envolvem o caso – e, de maneira habilidosa, descrever, discutir e analisar a complexidade de um caso concreto, construindo uma teoria que possa explicá-lo e prevê-lo.

Nesse contexto, no que consiste ao estudo de caso ora investigado, foram utilizadas algumas contribuições de Yin (2010). E para o autor (2010, p. 33), o método de estudo é uma investigação empírica que:

Investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos; baseia-se em várias fontes de evidência [...] beneficia- se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e análise de dados.

Yin (2010) destaca que o estudo de caso é apenas uma das maneiras de se fazer pesquisa em ciências sociais, e a estratégia do percurso da investigação dependerá de cinco componentes: a) as questões de um estudo; b) as proposições

do estudo; c) a unidade de análise; d) a lógica que une os dados às proposições; e) os critérios para interpretar as constatações. Segundo o autor a definição das questões de pesquisa é provavelmente o passo mais importante em um estudo. No entanto, quando estão presentes questões do tipo “como” e “por que” diante de uma reunião contemporânea de acontecimentos, sobre o qual o pesquisador tem pouco ou nenhum controle, provavelmente estar-se-á diante de um estudo de caso.

Atinente às proposições do estudo seria a razão de algo que deverá ser examinado dentro do escopo da pesquisa, podendo se constituir ou não em hipóteses ou proposições. Consoante à unidade de análise, relaciona-se ao objeto de estudo, como por exemplo: indivíduos, pequenos grupos, organização, comunidades, relacionamentos, etc. Quanto à lógica que une os dados às proposições, referem-se como os dados são levantados e estão ligados ao objetivo do estudo. E por último, com relação aos critérios para interpretar as constatações, serão os parâmetros para interpretar os dados colhidos (YIN, 2010).

Acrescenta-se ainda, que o estudo de caso pode ser único ou múltiplo. Com base em Stake (2000), a utilização de um único caso é indicada em algumas circunstâncias, como por exemplo, quando se utiliza o caso para determinar se as proposições de uma teoria são corretas; quando o caso em estudo é raro ou extremo, o que significa que não existem muitas situações semelhantes para que sejam feitos outros estudos comparativos. No estudo de caso múltiplo, cada caso deve ser cuidadosamente selecionado de forma a prever os resultados semelhantes ou produzir resultados contrastantes apenas por razões previsíveis (YIN, 2010).

De maneira geral o estudo de caso vai apresentar três fases em seu desenvolvimento: primeiramente, há a fase exploratória; num segundo momento, há a delimitação do estudo e a coleta de dados; e, num terceiro estágio, há a análise sistemática desses dados, culminando na realização do relatório (NISBET; WATT, 1978 apud LÜDKE; MARLI, 1986). E para o alcance das referidas fases, e de acordo com Oliveira, Maçada e Goldoni (2006), os elementos que formam o framework do estudo de caso são os seguintes:

Quadro 8: Framework do estudo de caso

Fases Etapas Análise Referências

Exploratória Classificação e investigação preliminar

Exploratório, descritivo e explanatório; Contato inicial com as pessoas e documentos ligados ao fenômeno estudado; exame da literatura. YIN, 2010; GIL, 2008; LÜDKE; MARLI,1986 Delimitação do estudo e a coleta de dados Planejamento Questão de pesquisa; especificação de construtos; caso único ou múltiplo; unidade de análise; caso holístico ou incorporado; confiabilidade; desenho de pesquisa. YIN, 2010; EISENHARDT, 1989; DUBÉ; PARÉ, 2003; RIEGE, 2003 Coleta de Dados Técnica de coleta de dados; validade de construto; múltiplas fontes de evidência; dados qualitativos e quantitativos; triangulação; base de dados; confiabilidade. BENBASAT; GOLDSTEIN; MEAD, 1987; DUBÉ; PARÉ, 2003; YIN, 2010, 2005; BONOMA, 1985; RIEGE, 2003 Análise sistemática dos dados. Análise de dados e realização do Relatório Descrição dos procedimentos; anotações de campo; esquema de codificação; flexibilidade; encadeamento de evidências; técnicas de análise; validade interna; citações; revisão do relatório; comparação dos resultados com a literatura.

DUBÉ; PARÉ, 2003; EISENHARDT, 1989; RIEGE, 2003; STAKE, 1994; YIN, 2005; BENBASAT; GOLDSTEIN; MEAD, 1987;

Fonte: NISBET E WATT, 1978 apud LÜDKE; MARLI, 1986; OLIVEIRA; MAÇADA; GOLDONI (2006). Com adaptações (2016).

Nesse contexto, de acordo com Yin (2010), um estudo de caso é uma investigação empírica que estuda fenômenos contemporâneos em seu contexto real, quando: a) os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos; (b) existem mais variáveis de interesse do que pontos de dados; c) baseia-se em várias fontes de evidência; e d) há proposições teóricas para conduzir a coleta e análise dos dados. Um estudo de caso pode ser holístico ou incorporado, e conforme Yin (2010), a combinação desses tipos de estudo de caso gera quatro tipos de projetos: a) estudo de caso único holístico; b) estudo de caso único incorporado; c) estudo de caso múltiplo holístico; estudo de caso múltiplo incorporado. Em um estudo de caso único, pode ser utilizada apenas uma ou várias unidades de análise. Essa diferença no quantitativo de unidades justifica ser o

estudo de caso holístico ou incorporado. É holístico quando se tem apenas uma unidade de análise e incorporado quando se tem mais de uma.

Para fins da presente dissertação, o estudo de caso ora investigado apresenta-se como uma pesquisa exploratória e descritiva com uma unidade de análise (holístico) e com delineamento ex-post facto, pois a pesquisa será realizada após a ocorrência do fenômeno (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006; MARTINS; THEÓPHILO, 2009; MARTINS, 2008; MALHOTRA, 2011).

4.2.1 Critérios de seleção para o estudo de caso único.

Como escolha do local da pesquisa, elegeu-se três critérios necessários para a implantação de um sistema de controle interno, quais sejam: a) o primeiro referiu-se a estrutura, isto é, se a organização escolhida possuía uma unidade específica de controle interno em sua estrutura organofuncional; b) o segundo se a unidade central de controle pertencia a algum órgão do Poder Judiciário, considerando a carência de trabalhos científicos sob este objeto de estudo no âmbito da justiça; c) e o terceiro se a unidade de controle já havia cumprido mais de 50% da Meta nº 16-2013 do CNJ, com o objetivo de verificar a materialização das medidas adotadas pela organização para atendimento da referida meta. E para a melhor visualização dos critérios escolhidos segue o quadro 9:

Quadro 9: Critérios de escolha do local da pesquisa. Esfera de Poder Órgão do Poder

Judiciário

Unidade central de controle interno

Meta nº 16-2013 (%)

Judiciário Tribunal de Justiça do Estado do Pará

Secretaria de

Controle Interno 88,24% Fonte: Elaboração própria (2016).

Por consequência, este estudo teve como universo apenas os servidores do TJPA, no exercício da área meio (administrativa), lotado nas Secretarias administrativas que compõem o órgão.

4.2.2 Fase exploratória do estudo de caso

Lüdke e Marli (1986) afirmam que um estudo de caso começa com um plano muito incipiente, que vai se delineando na medida em que a pesquisa se desenvolve. Em vista disso, a pesquisa exploratória do estudo de caso ora analisado, teve origem no dia-a-dia da instituição e com as pessoas ligadas ao fenômeno estudado, ou seja, a partir das observações realizadas pelos servidores da SCI/TJPA quando do início do processo de implantação do sistema de controle interno do TJPA, que entre outras indagações, destacava como seria desenvolvido o SCI diante das deficiências humanas, operacionais e estruturais da própria Secretaria, e como seriam cumpridas as determinações da Meta nº 16-2013 do CNJ, considerando as dificuldades referidas. Após, realizou-se um exame da literatura pertinente, quando então foi possível observar a carência de pesquisa de aplicação prática no Poder Judiciário, com foco no sistema de controle interno organizacional. Ainda foi realizada uma investigação preliminar nos documentos oficiais da SCI/TJPA, sendo verificado que anteriormente ao biênio 2013/2014, as ações de controle do TJPA não estavam amparadas em normativos específicos para esta área. Assim, dentro da própria concepção de estudo de caso, e não somente na fase exploratória, como no decorrer de todo o trabalho, não se pretendeu partir de uma visão predeterminada da realidade, mas sim aprender os aspectos ricos e imprevistos que envolvem o objeto de estudo.