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COMPARAÇÃO DOS NÍVEIS DE APTIDÃO FÍSICA E

COMPOSIÇÃO CORPORAL, ENTRE ALUNOS

PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE DESPORTO

ESCOLAR

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Comparação dos níveis de aptidão física e composição

corporal, entre alunos praticantes e não praticantes de

Desporto Escolar

Coelho, Jorge (UTAD)

Saavedra, Francisco (UTAD, CIDESD)

O objetivo do presente estudo foi avaliar e comparar os níveis de aptidão física e composição corporal, entre alunos de ambos os sexos, praticantes de Desporto Escolar, com um grupo não praticante de qualquer atividade desportiva extra curricular. A amostra foi constituída por 115 alunos, com idade média de 15,95 ±1,12 anos. Dos quais 56 eram rapazes (15,71 ±1,02 anos), e 59 raparigas (16,17 ±1,17 anos), pertencentes ao Agrupamento de Escolas da Lixa. Para a avaliação da composição corporal e de aptidão física, recorremos aos testes Fitnessgram®. Para o estudo da composição corporal, aptidão física e prática desportiva conforme o sexoe a prática de desporto escolar, recorremos ao teste de Mann-Whitney. O nível de significância foi mantido em p≤0,05. Relativamente à composição corporal os valores de %MG foram superiores no sexo feminino. Os melhores resultados nos testes de aptidão física foram observados no grupo de praticantes de desporto escolar. Os rapazes revelaram melhores resultados em todos os testes, à exceção do teste de flexibilidade. Os dados obtidos contribuem para a valorização da prática do desporto escolar, que se destaca como uma importante via para o aumento da prática de atividade física, beneficiando a aptidão física relacionada com a saúde.

1. INTRODUÇÃO

Nas sociedades modernas, é visível uma evolução relacionada com os estilos de vida das populações. A evolução da tecnologia e dos transportes tem provocado um aumento do sedentarismo e uma modificação nos hábitos alimentares, e consequentemente o aumento de doenças hipocinéticas (Baptista, Silva, Marques, et al., 2011). Em paralelo com o sedentarismo generalizado das populações ocidentais, que é um fator de risco de doenças cardiovasculares, asma, ansiedade e depressão, fraca aptidão física, densidade mineral óssea reduzida, autoestima diminuída e rendimento académico comprometido (Strong et al., 2005), deparamo-nos com outro grande problema, a obesidade, que afeta principalmente as sociedades desenvolvidas e é definida pela Organização Mundial de Saúde como a epidemia do século XXI (Padez, 2002).

O índice de massa corporal (IMC), estabelece uma relação entre a altura e o peso, indicando se a massa corporal está adequado com a estatura, embora não seja o procedimento recomendado para determinar a composição corporal uma vez que não possibilita calcular a percentagem de massa gorda (%MG) (The Cooper Institute

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for Aerobic Research, n.d.), podendo ser complementado com um exame de bio

impedância elétrica, método muito usado em diversas situações e para diferentes grupos populacionais, devido ao facto de ser rápido, não invasivo, barato e o equipamento utilizado ser de fácil transporte (Kyle et al., 2004).

O Committee on Environmental Health (2009) defende existirem relações entre os níveis de prática de atividade física e os valores de IMC ou %MG, tendo as raparigas maior tendência para %MG mais elevada (Bodas et al., 2006; Brandão, 2010).

A atividade física regular contribui para o desenvolvimento da força muscular, da qualidade dos tecidos moles e da massa óssea, e para a diminuição da gordura corporal (Preto et al., 2011). Níveis baixos de aptidão cardiorrespiratória estão associados a elevados níveis de obesidade e de adiposidade abdominal (Bodas et al., 2006; Ortega, Ruiz, Castillo e Sjöström, 2007). Medeiros (2009) avaliou os níveis de aptidão física através dos testes Fitnessgram em alunos do 2º e 3º ciclo, e também do ensino secundário, tendo observado que os rapazes registam valores médios superiores às raparigas, em todos os testes motores, à exceção do teste senta e alcança. As raparigas evidenciam maiores níveis de flexibilidade (Guedes, Guedes, Barbosa, e Oliveira, 2002; Silva, 2002), devido a fatores anatómicos e à maior aceitabilidade das atividades em que os movimentos de flexibilidade são enfatizados, em detrimento dos esforços mais vigorosos, preferidos pelos rapazes, que envolvem força e resistência muscular (Okano et al., 2001).

No programa Fitnessgram os testes de força, resistência muscular e flexibilidade, são combinados numa única categoria de aptidão física, perante a necessidade de ter músculos fortes, resistentes e suficientemente flexíveis, uma vez que a principal componente em avaliação é o estado funcional do sistema músculo- esquelético (The Cooper Institute for Aerobic Research, n.d.).

Segundo Maia e Lopes (2002), uma adequada atividade física e bons níveis de aptidão física associada com a saúde são a face visível, a par de outros aspetos (ausência de hábitos tabágicos ou hábitos nutricionais adequados, etc.), de um estilo de vida ativo e saudável que é necessário implementar nas crianças e jovens, através de programas de intervenção bem planeados.

Leyk et al. (2012) defendem que a prática desportiva, em idades escolares, poderá ser determinante para a continuação de uma vida ativa na idade adulta, no entanto, referem que um dos fatores de abandono, são experiências negativas durante a prática desportiva na infância, portanto, é importante que os alunos se mantenham motivados para a prática de atividades físicas proporcionando oportunidades de sucesso.

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A escola assume um papel fundamental na formação desportiva das crianças e jovens, já que é nela que as crianças passam, a maior parte do seu tempo. O desporto escolar (DE) e a educação física são para muitas crianças o único veículo de oferta de atividades físicas no nosso país (Silva, 2006).

A educação física não consegue, por si só, proporcionar às crianças e adolescentes, uma quantidade de atividade física com um nível de intensidade, que responda aos imperativos de eficácia em relação à saúde e à aptidão física (Pieron, 2004; Baptista, Silva, Santos, et al., 2011), e por isso é importante que esta seja complementada com a prática do DE.

O DE é o método mais visível da formação desportiva nas escolas portuguesas, desempenhando um papel crucial no desenvolvimento da prática desportiva educativa, ao apresentar atividades desportivas curriculares e de complemento curricular, abrangentes, não permitindo qualquer motivo de exclusão ou segregação, já que não se orienta por critérios de seleção (Silva, 2006).

Deste modo, o objetivo do nosso estudo foi avaliar e caracterizar a aptidão física e composição corporal, de alunos praticantes e não praticantes de desporto escolar, através dos testes do Fitnessgram.

2. METODOLOGIA

Inicialmente foi elaborado um termo de consentimento, para a realização dos testes do Fitnessgram nas aulas de Educação Física e nos treinos de desporto escolar, que foi entregue ao diretor Agrupamento de Escolas da Lixa. Para a autorização da participação dos alunos nos testes, foi elaborada e enviada uma Ficha de Autorização para os Encarregados de Educação, para ser assinada e devolvida ao professor. Depois da autorização do diretor do Agrupamento de Escolas da Lixa e de reunidas todas as autorizações dos encarregados de educação procedemos à seleção da amostra para a realização do estudo. Para fazerem parte do grupo de praticantes, os alunos deveriam no mínimo treinar, duas vezes por semana (45’ + 90’,) mais as aulas de educação física (90’ + 90’) e não faltarem mais de 3 treinos. No grupo de não praticantes, os alunos não poderiam ter participado nas atividades de desporto escolar, no ano letivo transato, nem no presente ano letivo. Em ambos os grupos, os alunos não praticavam qualquer modalidade formal ou informal extraescolar (desporto federado e não federado), no último ano.

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2.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

A amostra foi constituída por 115 alunos, com idade média de 15,95 ±1,12 anos. Dos quais 56 eram rapazes com idade média de 15,71 ±1,02 anos, e 59 raparigas, com idade média de 16,17 ±1,17 anos, pertencentes ao Agrupamento de Escolas da Lixa. De acordo com os objetivos do estudo, a amostra foi dividida em dois grupos, um de 57 praticantes de desporto escolar, com idade média de 15,74 ±1,09 anos, 31 rapazes, com idade média de 15,58 ±0,76 anos e 26 raparigas, com idade média de 15,92 ±1,38 anos, e um grupo de 58 não praticantes de qualquer atividade física extraescolar, com idade média de 16,16 ±1,12 anos, formado por 25 rapazes, com idade média de 15,88 ±1,27 anos e 33 raparigas, com idade média de 16,36 ±0,96 anos.

Tabela 12 – Caracterização da idade, massa corporal e estatura da amostra [frequência absoluta (n),

frequência relativa (%), média ( ̅) e desvio padrão (±)]

Idade Massa Corporal Estatura

n (%) ̅ ± ̅ ± ̅ ± DE ♂ 31 (54,39) 15,58 0,77 66,30 12,76 1,73 0,06 ♀ 26 (45,61) 15,92 1,38 58,22 10,07 1,64 0,06 Total1 57 (100) 15,74 1,09 62,61 12,21 1,69 0,08 Não Praticantes ♂ 25(53,10) 15,88 1,27 64,63 11,34 1,71 0,08 ♀ 33(56,90) 16,36 0,96 58,70 7,96 1,61 0,05 Total2 58(100) 16,16 1,12 61,25 9,92 1,66 0,08 Total ♂ 56(48,70) 15,71 1,02 65,55 12,07 1,72 0,07 ♀ 59(51,30) 16,17 1,18 58,49 8,87 1,62 0,06 Total 115 (100) 15,95 1,12 61,93 11,09 1,67 0,08 2.2. MATERIAIS E PROCEDIMENTOS 2.2.1. ATIVIDADE FÍSICA

A recolha de dados relativa à atividade física regular foi feita através de uma anamnese elaborada para o efeito, entregue a todos os alunos do desporto escolar e a algumas turmas do ensino secundário, do agrupamento de escolas da Lixa, antes da realização dos testes de aptidão física. Após uma breve explicação e do investigador salientar a confidencialidade dos dados, a anamnese foi preenchida pelos alunos, entre 5 a 7 minutos. As respostas permitiram construir a amostra do estudo e formar os diferentes grupos, de acordo com os objetivos do trabalho.

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2.2.2. MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS E APTIDÃO FÍSICA

Quanto à avaliação da composição corporal e de aptidão física, os alunos foram submetidos num único momento de avaliação, aos procedimentos metodológicos definidos no Manual de Aplicação de Testes Fitnessgram ® (The

Cooper Institute for Aerobic Research, n.d.).

Tabela 13 - Procedimentos de avaliação e medidas a efetuar (dimensão, componente, teste e material).

Os alunos realizaram as avaliações nos treinos de desporto escolar, ou nas aulas de educação física, com a supervisão do investigador. Os resultados obtidos foram registados numa ficha individual.

2.3. TRATAMENTO ESTATÍSTICO

Os dados recolhidos dos questionários e dos testes do Fitnessgram®, foram registados na folha de cálculo do Microsoft Office Excel 2007”, Windows 7 ®. A análise dos dados foi efetuada a partir do recurso do programa estatístico SPSS (versão 19.0, SPSS Inc, Chicago). Os dados foram analisados tendo em conta duas vertentes: (i) análise descritiva e (ii) análise inferencial. Na análise descritiva recorremos a parâmetros de tendência central e dispersão (média, desvio padrão, frequência absoluta e frequência relativa). O comportamento da distribuição dos valores foi estudado através dos coeficientes de Kurtosis e de assimetria (Skewness). A análise da aderência à normalidade foi estuada através da prova de Kolmogorov-Smirnov, com a correção de Lillieffors. Na análise inferencial para o estudo da composição corporal da aptidão física e a prática desportiva conforme o sexo e a prática ou não prática de desporto escolar, recorremos ao teste não paramétrico, para amostras independentes, de Mann-Whitney. O nível de significância foi mantido em 5% (p≤ 0,05).

Dimensão Componente Teste Material

Parâmetros Antropométricos

Massa Corporal Aferição da Massa

Corporal Tanita BF-522 W

Estatura Aferição da Estatura Estadiómetro Seca 216

IMC Cálculo do IMC Calculadora

% Massa Gorda Bio Impedância Tanita BF-522 W

Aptidão Física

Aptidão aeróbia Vaivém

Fita métrica, cronómetro, cones, leitor de CD, CD Fitnessgram® 6.0. Força e resistência muscular Força e resistência abdominal e extensões de braços CD de cadências Fitnessgram® 6.0 e tapete. Flexibilidade Senta e alcança Caixa de madeira, fita

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3. RESULTADOS

Relativamente à composição corporal, quanto ao IMC não se verificaram diferenças estatisticamente significativas entre sexos, em nenhum dos grupos da amostra. Os valores médios de %MG foram superiores no sexo feminino, com diferenças estatisticamente significativas, no grupo de praticantes (p=0,00) e no grupo de não praticantes (p=0,00) (tabela 3).

Tabela 14 – Composição corporal dos grupos de estudo (praticantes, não praticantes e total) [frequência

absoluta (n), frequência relativa (%), média ( ̅), desvio padrão (±), comparação dos valores médios (U) e nível de significância (p)]. Composição Corporal IMC %MG n ̅ U p ̅ U p Praticantes ♂ 31 22,08 (3,18) 349 0,387 12,73 (7,34) 89,5 0,00 ♀ 26 21,78 (3,70) 24,17 (5,01) Não Praticantes ♂ 25 21,98 (3,10) 352,5 0,346 12,98 (6,96) 77 0,00 ♀ 33 22,59 (2,78) 25,71 (5,82)

Os alunos do grupo de praticantes de desporto escolar apresentam valores médios de IMC e %MG inferiores ao grupo de não praticantes, no entanto não se verificaram diferenças estatisticamente significativas (tabela 4).

Tabela 15 – Composição corporal dos grupos de estudo (praticantes vs. não praticantes) [frequência absoluta (n), frequência relativa (%), média ( ̅), desvio padrão (±), comparação dos valores médios (U) e nível de significância (p)].

Quanto à aptidão física, no grupo de praticantes, os rapazes obtiveram resultados mais elevados, com diferenças estatisticamente significativas, nos testes de abdominais (p=0,03), extensões de braços (p=0,00) e no vaivém (p=0,00). As raparigas obtiveram valores superiores, com diferenças estatisticamente significativas no senta e alcança (p=0,003).

No grupo de não praticantes verificaram-se diferenças estatisticamente significativas, com valores superiores para os rapazes, no teste de extensões de braços (p=0,00) e no vaivém (p=0,00). No senta e alcança as raparigas obtiveram valores médios mais elevados, contrariamente ao teste de abdominais, onde os rapazes executaram mais repetições, no entanto não se verificaram diferenças estatisticamente significativas. Composição Corporal IMC %MG n ̅ U p ̅ U p Praticantes 57 21,95 (3,40) 1506,5 0,412 17,95 (8,55) 1423 0,198 Não praticantes 58 22,33 (2,91) 20,22 (8,94)

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No total da amostra, os rapazes obtiveram valores médios superiores, estatisticamente significativos, nos testes de abdominais (p=0,03), extensões de braços (p=0,00) e vaivém (p=0,00), enquanto as raparigas conseguiram valores superiores, com diferenças estatisticamente significativas no senta e alcança (p=0,045) (tabela 5).

Tabela 16 – Testes de aptidão física dos grupos de estudo (praticantes, não praticantes e total) [frequência absoluta (n), frequência relativa (%), média ( ̅) e desvio padrão (±), comparação dos valores médios (U) e nível de significância (p)].

Aptidão Física

Senta e Alcança Abdominais Extensões de Braços Vaivém

n ̅ U p ̅ U p ̅ U p ̅ U p Praticantes 31 25,32 (5,37) 231 0,003 60,00 (22,31) 273,5 0,03 20,58 (7,38) 159 0,00 68,77 (17,23) 97 0,00 26 28,60 (2,61) 46,85 (23,23) 11,54 (11,31) 42,46 (13,14) Não Praticantes 25 22,72 (4,88) 365 0,46 58,08 (23,45) 352 0,32 17,16 (7,82) 137,5 0,00 48,96 (16,00) 95 0,00 33 23,47 (6,48) 51,55 (26,55) 7,39 (7,11) 25,85 (9,49) Total 56 24,16 (5,28) 1301 0,045 59,14 (22,64) 1274 0,03 19,05 (7,70) 584,5 0,00 59,93 (19,30) 447,5 0,00 59 25,73 (5,72) 49,47 (25,05) 9,22 (9,35) 33,17 (13,90)

O grupo de praticantes obteve melhores resultados, em todos os testes, em comparação com o grupo de não praticantes, excetuando o teste de abdominais. Verificamos que existem diferenças significativas no senta e alcança (p=0,00), no teste de extensões de braços (p=0,006) e no teste do vaivém (p=0,00) (tabela 6).

Tabela 17 – Testes de aptidão física dos grupos de estudo (praticantes vs não praticantes) [frequência

absoluta (n), frequência relativa (%), média ( ̅) e desvio padrão (±), comparação dos valores médios (U) e nível de significância (p)].

4. DISCUSSÃO

Ao nível da composição corporal é notória a diferença existente entre os valores médios obtidos, em ambos os grupos, entre os alunos do sexo masculino e feminino, com tendência das raparigas para valores mais elevados. Estes resultados são fundamentados pela literatura, que evidência que as meninas têm maior tendência para a acumulação de gordura (Bodas et al., 2006; Brandão, 2010). Embora não

Aptidão Física

Senta e Alcança Abdominais Extensões de Braços Vaivém

n ̅ U p ̅ U p ̅ U p ̅ U p Praticante 57 26,82 (4,61) 936,5 0,00 54,00 (23,48) 1641,5 0,95 16,46 (10,34) 1165 0,006 56,77 (20,27) 717,5 0,00 Não praticante 58 23,15 (5,81) 54,36 (25,26) 11,60 (8,83) 35,81 (17,08)

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existam diferenças estatisticamente significativas, o grupo de praticantes apresentou valores médios de %MG inferiores ao grupo de não praticantes, o que pode dever-se à menor prática de atividades físicas, indo ao encontro ao que defende o Committee on

Environmental Health (2009) e, por outro lado, devido ao maior número de raparigas

no grupo de não praticantes, dada a maior %MG evidenciada pelo sexo feminino. No que diz respeito à comparação entre sexos, nas provas motoras, em ambos os grupos, os rapazes apresentam melhores resultados, em todos os testes de aptidão física, exceto no teste de flexibilidade, o que está de acordo com outros estudos realizados no mesmo âmbito (Medeiros, 2009). Vários estudos (Guedes et al., 2002; Silva, 2002), atribuem níveis mais elevados de flexibilidade ao sexo feminino, pelas vantagens anatómicas e a maior utilização de movimentos que estimulam a flexibilidade, enquanto os rapazes desenvolvem mais a força e resistência muscular devido à preferência pela prática de esforços mais vigorosos e prolongados (Okano et al., 2001), que aliados às vantagens biológicas, reforçam a sua capacidade cardiorrespiratória e aumentam os níveis de massa muscular.

Outro fator a ter em conta perante a superioridade dos indivíduos do sexo masculino nos abdominais, extensões de braços e vaivém, são os valores mais elevados de %MG do sexo feminino, dado que vários autores defendem que estes, prejudicam a execução das provas motoras que exigem transporte da massa corporal ou força muscular (The Cooper Institute for Aerobic Research, n.d.), sobretudo a aptidão cardiovascular, (Bodas et al., 2006; Ortega et al., 2007), devido ao facto dos indivíduos com uma maior quantidade de gordura corporal, tenderem a apresentar mais dificuldades de locomoção, diminuição na frequência de passadas e menor estabilidade na corrida (Wearing, Hennig, Byrne, Steele, e Hills, 2006).

Os testes de aptidão física demonstraram claramente que, o grupo de praticantes tem uma melhor aptidão física quando comparados com o grupo de não praticantes, verificando-se superioridade, estatisticamente significativa, em três dos quatro testes realizados, o que nos leva a inferir que, ser fisicamente ativo exerce incondicionalmente influência na aptidão física da população (Baptista, Silva, Marques, et al., 2011), contribuindo para o desenvolvimento da força e resistência muscular, da qualidade dos tecidos moles e da massa óssea (Preto et al., 2011). No entanto o grupo de não praticantes, embora sejam resultados muito idênticos, apresenta valores médios superiores no teste de abdominais. Esta exceção não vai ao encontro do que diz a literatura, que defende que indivíduos com maior prática de atividade física têm melhores níveis de força muscular (Baptista, Silva, Santos, et al., 2011; Preto et al., 2011).

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Dados os valores médios do teste de extensões de braços, e visto que também é um teste de força e resistência muscular, e por isso pertencem à mesma componente da aptidão física (The Cooper Institute for Aerobic Research, n.d.), era de esperar que os resultados fossem idênticos no teste de abdominais. Este resultado pode dever-se à maior utilização do grupo muscular de abdominais, nas atividades diárias, tais como, baixar, levantar, e que fazem com que desenvolva a força e resistência muscular da zona média de todos os indivíduos, enquanto os outros testes correspondam a componentes da aptidão física e grupos musculares, que necessitam de treino mais específico.

O conjunto de resultados evidenciado permite dizer que a escola, além de ser para muitas crianças e adolescentes o único veículo de oferta de atividades desportivas, pode ser o espaço ideal para implementar o estilo de vida ativo e saudável através de programas de intervenção bem planeados.

O desporto escolar funciona realmente como um importante complemento à educação física (Silva, 2006), fornecendo às crianças e adolescentes, a oportunidade de aumentar o seu nível de prática de atividade física e desportiva, melhorando a aptidão física relacionada com a saúde, e proporcionando experiências positivas na prática de atividades físicas, que poderão ser decisivas para um futuro, com um estilo de vida mais ativo (Leyk et al., 2012).

5. CONCLUSÃO

Os rapazes demonstraram ter valores de %MG inferiores às raparigas e, embora sem diferenças significativas, o grupo praticante, nesta variável, registou valores inferiores.

O grupo praticante obteve melhores resultados em todos os testes de aptidão física, exceto no teste de abdominais. Os rapazes demonstraram melhores níveis de força muscular e aptidão cardiorrespiratória, tendo as raparigas revelado valores mais elevados de flexibilidade.

Os dados obtidos contribuem para o melhor conhecimento das vantagens da atividade física, na aptidão física relacionada com a saúde, dos adolescentes e jovens em idade escolar, e valorizam a prática do desporto escolar, que se destaca como uma importante via para o aumento da prática de atividade física, contribuindo para o desenvolvimento de hábitos e estilos de vida mais ativos e consequentemente mais saudáveis, que acompanharão o indivíduo ao longo da vida.

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CONCLUSÃO GERAL E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Terminando o estágio pedagógico e após a gratificante tarefa de intervenção profissional, é pertinente realizar algumas reflexões acerca deste processo de aprendizagem contínua.

A vivência deste estágio pedagógico permitiu adquirir algumas competências práticas que complementam o repertório teórico adquirido ao longo destes anos de formação académica. Depois de colocarmos em prática todo o conhecimento adquirido, reconhecemos o seu real valor e utilidade no exercício das nossas funções, que aliado a um acréscimo de experiência nos tornou profissionais mais competentes.

O nosso núcleo de estágio procurou sempre atuar coletivamente, com o máximo empenho dedicação e espirito de entreajuda, privilegiando todos os momentos de reflexão e trocas de ideias, que foram essenciais na nossa evolução como professores.

As dificuldades sentidas na fase inicial do estágio devido à falta de experiência profissional, foram ultrapassadas com empenho e dedicação, o que nos fez reforçar as nossas potencialidades e nos permitiu atingir todos os nossos objetivos.

No planeamento das nossas tarefas conseguimos definir estratégias rentáveis, que nos permitiram atingir uma maior eficiência e eficácia nas nossas ações, minimizando os acontecimentos que pudessem limitar a taxa de insucesso da nossa intervenção.

Uma definição de objetivos adequada, planeamento organizado e eficaz, execução e posterior avaliação e reflexão, foram parâmetros fulcrais à dinâmica de toda a atividade envolvente no estágio e para alcançarmos os objetivos com sucesso.

No que respeita à prática de ensino supervisionada conseguimos um aperfeiçoamento da operacionalização dos princípios pedagógicos e didáticos essenciais, aumentando a eficácia do processo de ensino aprendizagem, beneficiando a formação dos alunos.

Portanto, percebemos com esta experiência que devemos procurar conhecimento permanentemente, contribuindo para a nossa formação como professores ao longo da vida profissional, suprimindo todos os erros na nossa intervenção, de modo a otimizar as condições do processo de ensino-aprendizagem.

A atividade letiva, enquanto elemento estruturante e nuclear nas tarefas desenvolvidas, foi complementada com as observações dos restantes professores estagiários e do docente orientador, o que permitiu uma constante interação e troca de ideias que permitiu melhorar a intervenção pedagógica.

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A construção do estudo de turma teve uma enorme importância no estágio pedagógico pois, para além de permitir um melhor conhecimento dos alunos da turma, que facilitou o processo de planeamento das unidades de ensino e uma melhor atuação nas aulas, constituiu uma possibilidade de aquisição de informações importantes que nos contribuir de forma substancial, através de uma intervenção pertinente, nas reuniões de conselho de turma e nas interações com os diretores de turma.

As atividades do plano anual de atividades foram planeadas e realizadas com o máximo de empenho e responsabilidade, e permitiram-nos perceber a orgânica dessas atividades e tudo o que está por detrás de toda a realização. Além disso, conseguimos sensibilizar a comunidade escolar a participar e a assistir aos eventos organizados por nós, o que deu visibilidade à disciplina de educação física, fazendo

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