• Nenhum resultado encontrado

A razão pela qual opto por trazer a perspectiva dos manuais (online e/ou impressos) para o nosso trabalho se deve ao fato de que esses textos trazem uma perspectiva, algumas vezes técnica, no sentido das convenções padronizadas pela comunidade acadêmica com relação aos gêneros acadêmicos, outras vezes voltada ao que constitui os gêneros acadêmicos em termos de estrutura composicional, temática e estilo. Outro fator é a conexão que se pode supor que existe, em certa medida, entre os manuais e as representações dos acadêmicos com relação à escrita acadêmica, especificamente a escrita dos gêneros artigo, ensaio e monografia.14

A escolha desses manuais se dá pelo fato de comporem o escopo de manuais de escrita acadêmica disponíveis digitalmente na internet, desse modo seriam bastante representativos dos materiais produzidos com essa finalidade. Como não pude ter acesso a todos os manuais efetivamente utilizados pelos acadêmicos, considero que os manuais utilizados no corpus sejam suficientes para, não necessariamente determinar as influências nos textos dos acadêmicos do nosso corpus de análise, mas ao menos indicar possibilidades e pontos de vista diversos quanto àquilo que se toma como texto acadêmico.

O aspecto normativo e prescritivo apresentado nesta seção é de fundamental importância para a compreensão das relações dos acadêmicos com a escrita, mesmo que de uma perspectiva enunciativa. Cogito a hipótese de que manuais tais como os consultados neste estudo podem ter sido utilizados como referência e modelo pelos acadêmicos para a elaboração de seus textos.15

Serão analisados quatro manuais neste estudo: Manual de estilo acadêmico – Trabalhos de conclusão e curso, dissertações e teses (LUBISCO, 2019); Princípios e técnicas para a elaboração de um texto acadêmico (BARROS; RIBEIRO, 2017; Produção textual na universidade (MOTA-ROTH; HENDGES, 2010); Introdução à escrita acadêmica (LAZZARIN, 2016). Cada um deles selecionado segundo ênfases diferentes: em Lubisco (2019) pode-se observar um manual vinculado à atualização de seus leitores com relação às alterações na ABNT

14 O fato de serem esses gêneros uma exigência da instituição não esclarece, de uma vez por todas, quais as representações que os acadêmicos têm com relação a esses gêneros.

15 Produção textual na universidade (MOTTA;HENDGES, 2010) faz parte da ementa de diversas disciplinas da grade do curso de Letras locus desta pesquisa.

no que concerne aos textos acadêmicos, ocorridas em 2018, depois de 16 anos sem alterações. Trata-se das normas NBR 6022: Informação e documentação – Artigo em publicação periódica técnica e/ou científica – Apresentação e NBR 6023: Informação e Documentação Referências – Elaboração. Esse é um manual que se encontra em sua 6ª edição, sendo a primeira delas do ano de 2002; em Barros e Ribeiro (2017), tem-se um manual constituído predominantemente com o intuito de fornecer princípios e técnicas para a elaboração de um trabalho acadêmico. O manual se apresenta como “material didático”, estando atrelado à instituição de ensino superior. Foi produzido

com a perspectiva de atender a um amplo público de gestores e servidores públicos e outros profissionais que atuam com o setor público, desejosos tanto de se preparar para desenvolver seus estudos no curso, como também de se preparar e para ingressar em cursos de Pós-Graduação, em nível de especialização, de mestrado e/ou doutorado (BARROS; RIBEIRO, 2017, p. 05).

A escolha desses manuais, especificamente, se deu para que se possa ter uma visão do ponto de vista normativo que rege os manuais de modo geral. Dos quatro, apenas o manual de Motta-Roth e Hendges (2010) constitui parte do referencial bibliográfico, previsto na ementa de mais de três disciplinas da grade (UEPG, 2015).

Os manuais trabalham em consonância com um conjunto de exigências e normas convencionalizadas relativas a aspectos formais de artigos, dissertações, TCCs, monografias e ensaios. Apresentam uma proximidade com a prescrição, assumem um tom próximo ao da normatização, não tanto quanto/como uma regulamentação (tal como o regulamento do TCC do curso em estudo) ou de um documento normativo com força de lei/norma, como as prescrições da ABNT16, por exemplo, mas os manuais comumente apresentam um vínculo com a norma e processos institucionais costumam manter vínculo com essas regulamentações e normalizações, as quais são incorporadas pelas instituições.

As relações de poder perpassam todo o escopo da escrita acadêmica, sobretudo, com relação à escrita dos artigos, ensaios e monografias para TCCs, na qual se evidencia a questão do poder permeando o aspecto discursivo previamente. Não seria possível desvincular aspectos discursivos de questões de poder: as práticas discursivas não se exercem sem o exercício do poder, haja vista que o discursivo se constrange aos três gêneros determinados pela instituição, sendo esta constituída por processos mais amplos de políticas linguísticas e editoriais, o que torna

inquestionável o vínculo entre o poder e as esferas de atuação linguística. Além disso, cabe lembrar que os manuais de normalização também são gêneros construídos na esfera acadêmica para alicerçar a construção de outro gênero da mesma esfera, o TCC17. Ou seja, diferentes dispositivos de poder construídos nas próprias instituições – regulamentações de caráter mais direto e coercitivo –, e manuais-modelo de escrita – de natureza, aparentemente, mais sugestiva – , como mecanismos indiretos de influência na estrutura dos enunciados.

Os manuais estão associados a pelo menos outros dois aspectos. O primeiro diz respeito ao aspecto comercial, uma vez que, com o crescimento da demanda, devido ao acesso de um número mais amplo de pessoas à universidade, cresce também a oferta no mercado editorial de manuais que fornecem orientações, modelos e guias para a produção de textos acadêmicos. Segundo Marinho (2010, p. 372), “tem crescido significativamente o mercado editorial de livros para auxiliar os jovens pesquisadores e estudantes universitários nas suas atividades de escrita universitária”. O segundo aspecto se relaciona com o vínculo do manual a uma instituição, uma vez que revistas científicas de linguística aplicada/literatura/ensino constroem suas normas específicas para a escrita de artigos, ensaios, painéis, entre outros gêneros acadêmicos. Não raramente, diferentes revistas apresentam diferentes normas de publicação e escrita de artigos e outros gêneros acadêmicos; o mesmo sucede com diferentes instituições de ensino superior.

Jornais impressos e on-line possuem cada qual um manual próprio de publicação, contendo regras próprias pertinentes às exigências textuais particulares do veículo, essas não relacionadas à produção de artigos científicos, mas o exemplo serve para ilustrar a relação do manual com a norma: um “manual de escrita” de um jornal poderia receber o título de “normas de escrita” sem prejuízo de sentido, uma vez que seu propósito comunicativo é o de prescrever e regulamentar as normas de escrita restritas ao âmbito daquele veículo em particular, muito embora esses manuais atuem também no sentido de regularizar “condutas”, indicar possibilidades e orientar usos.

O manual de Lazzarin (2016) foi concebido, primordialmente, como material didático para uma disciplina de um curso de Licenciatura em Educação Especial a Distância, e apresenta

17 Preferimos nos referir ao TCC como sendo um gênero, apesar de ele poder ser produzido como um artigo, como uma monografia, um ensaio ou como material didático. Institucionalmente o TCC tem forte apelo com relação à obtenção do diploma, pois é um requisito parcial, diferentemente da divulgação de uma pesquisa. Por isso o caracterizamos como sendo um gênero, sobretudo, uma prática de letramento. O TCC inclui mais do que o texto escrito, pois engloba uma faceta oral, que consiste na defesa do trabalho diante de uma banca de avaliadores. Note-se que não há manuais regulamentando, fornecendo normas e receitas para a defesa oral, isso ocorre apenas com relação ao texto escrito. Nossa pesquisa, também, restringe-se à análise dos textos escritos.

os tipos, características e estrutura de trabalhos acadêmicos, tanto escritos como orais, focalizando a estrutura argumentativa do texto acadêmico. Nesse manual o foco não está na construção composicional do artigo, do ensaio e da monografia. A partir de uma perspectiva textual, são enfatizados aspectos referentes a quesitos argumentativos e de tipificação textual, tais como definições de sequências textuais narrativas, descritivas, dissertativas, opinativas ou argumentativas. Não há preocupações de âmbito discursivo, mas estritamente textuais, sobretudo com relação à argumentação, tipificação textual e a características tidas como necessárias para um bom texto acadêmico: pressupostos claros, argumentos sólidos, clareza, coesão, coerência. A ênfase recai sobre a textualização em sua dimensão argumentativa.

Com relação ao artigo, à monografia e ao ensaio, o manual faz apenas breves definições de cada um desses gêneros. Não esboça as características específicas de cada um, senão, como já dito, apresenta recomendações generalizadas, as quais, na perspectiva do manual, se aplicariam a qualquer gênero de texto acadêmico. O manual aborda, portanto, a escrita acadêmica de modo geral, sem preocupação com especificidades de gênero. Além disso, não há qualquer referência àquilo que conta como conhecimento específico para cada instituição, no tocante à composição dos gêneros acadêmicos; apresenta um estilo bastante genérico, muito embora, tenha sido concebido como material didático do curso de Licenciatura em Educação Especial. O modo com que o manual trata o texto acadêmico passa a impressão de que seria um gênero só, e homogêneo, ancorado, principalmente, nas estratégias argumentativas e persuasivas. Para o manual (LAZZARIN, 2016), o relatório de pesquisa seria o gênero prototípico do texto acadêmico, pois o único gênero a propósito do qual são apresentadas as características da construção composicional é o relatório de pesquisa, que englobaria a tese, a dissertação, o TCC e o artigo científico; todos descritos como relatórios de pesquisa pelo manual. Em resumo, o manual embasa boa parte de suas exposições sob o ponto de vista da linguística textual (KOCH; ELIAS, 2014).

O manual de Motta-Roth e Hendges (2010), por sua vez, volta-se, primordialmente, para a “prática acadêmica de publicação”, destinado a suprir as demandas de produção e publicação de trabalhos acadêmicos do sistema universitário brasileiro. Seu público-alvo são alunos, professores e pesquisadores. O manual associa-se à esteira do “Publique ou pereça” (MOTA- ROTH; HENDGES, 2010, p.13), nele defende-se que é preciso conhecer as normas e exigências do sistema (acadêmico), pois “para mudar o sistema é preciso conhecê-lo e participar dele”, afirma-se. Este manual se apresenta como um caminho para a participação no sistema (cultura

acadêmica), não somente, como também para mudá-lo, a partir do conhecimento de suas regras e convenções. Tem como base para a sistematização do gênero os estudos de Swales; Feak (1994, 2000, 2004). Para estes autores o gênero artigo, acima de tudo, serve como uma via de comunicação entre os pesquisadores, profissionais, professores e alunos de graduação e pós- graduação.

O manual de Motta-Roth e Hendges (2010) volta-se quase que exclusivamente para a descrição dos aspectos composicionais do artigo científico (no manual denominados de estrutura retórica). Exceto um capítulo reservado à resenha e outro ao relatório de pesquisa, o manual dedica 6 dos 8 capítulos para tratar do artigo científico, sempre do ponto de vista da estrutura composicional, detalhando, pormenorizadamente, cada seção que compõe os elementos da macroestrutura textual. Destina-se um capítulo para tratar da introdução do artigo científico, outro para revisão de literatura, outro para metodologia, outro para a análise e discussão dos dados, e outro, por fim, para o resumo, concebidos como componentes integrantes das estruturas sociorretóricas de um artigo. A perspectiva adotada por esse manual é bastante diferente da adotada por Lazzarin (2006), o qual privilegia aspectos e características mais generalizadas dos textos acadêmicos. Ressalte-se que Motta-Roth e Hendges (2010) é o manual de referência na ementa de diversas disciplinas do curso de Letras em que foram produzidos os TCCs que fazem parte do corpus deste trabalho.

Segundo o manual, cada elemento da estrutura composicional do artigo científico, desde a introdução até a conclusão, é esquematizado em segmentos que correspondem a momentos e, para cada um desses momentos, aplicam-se estratégias retóricas diferentes. Apesar de não se restringir a aspectos formais do artigo científico, o manual não relaciona esses momentos à subjetividade, isto é, não estabelece qualquer relação com o sujeito na linguagem. O estilo é abordado apenas do ponto de vista do gênero, sem estabelecer qualquer correlação entre o(s) estilo(s) individual(is) e o estilo do gênero, como se pode perceber nessa passagem onde se apresenta uma concepção genérica da introdução: “Na introdução o autor geralmente indica a relevância do tema, revisa itens de pesquisa prévia e faz generalizações sobre o assunto que será tratado no artigo” (MOTTA-ROTH; HENDGE, 2010, p. 83).18

18 Nos TCCs que compõem o corpus desta dissertação, notei que um conjunto numeroso de trabalhos apresenta na introdução enunciados com forte acento afetivo-emotivo. Cabe destacar que neste estudo não apresento a análise pormenorizada das introduções, pretendo realizá-la em estudos posteriores.

Lubisco (2019) atém-se a fornecer modelos e subsídios, apenas, para a escrita de TCCs, dissertações e texto científico. Em ambos são apresentados os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. Lubisco (2019) fornece figuras com os modelos de cada um desses elementos, sempre atrelados às normas para elaboração dos trabalhos. Ambos apresentam os elementos composicionais e gráficos do texto científico e/ou de textos científicos específicos tais como o TCC, a dissertação, a tese, o artigo acadêmico etc, sempre organizados em consonância com as normas da ABNT, isto é, prevalece o viés prescritivo e normativo.

Lubisco (2019) está totalmente voltado para os aspectos formais do texto acadêmico no que diz respeito às normas da ABNT. Pretende-se, como sugere o título por meio da expressão “estilo acadêmico”, criar um ambiente mais favorável à recepção das normativas da ABNT, textos de estilo, eminentemente, técnico. Apresenta-se como um guia de como seriam as normas da ABNT aplicadas. Barros e Ribeiro (2017) estão enfaticamente voltados para a comunicação do conhecimento científico, sobretudo, no âmbito da pós-graduação do curso de Gestão de Pessoas. Esse manual visa atender o público de gestores e servidores públicos em cursos de pós-graduação em nível de especialização, de mestrado e/ou doutorado.

O público-alvo de Lubisco (2019) seria teoricamente mais abrangente, não restrito a área de gestão de pessoas. Barros e Ribeiro (2017) é concebido inicialmente como material didático para a disciplina de “Princípios e Técnicas para Elaboração de Textos Acadêmicos: Pensando na Pós-Graduação”. Barros e Ribeiro (2017) apresentam como gêneros e estilos acadêmicos: o resumo, o artigo, o ensaio, e a resenha. Realizam uma definição de cada um desses gêneros, citando a ABNT textualmente, e em seguida apresentam o que seria a estrutura do texto científico: elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. Logo mais apresentam as normas para a produção de textos acadêmicos e por fim técnicas para a elaboração de uma pesquisa científica. Lubisco (2019), por sua vez, pretende atingir um público mais amplo, não se restringe ao âmbito da pós-graduação. Sua ênfase não está na publicação e/ou comunicação do conhecimento científico, mas na normalização estabelecida pela ABNT, a qual o manual incorpora, apresentando-se como um modelo confiável dessas normas aplicadas.

A preocupação com a norma não é evidenciada em Motta-Roth e Hendges (2010), de tal modo que em todo o manual não se faz qualquer referência textual à ABNT, em momento algum do manual a sigla ABNT pode ser encontrada. Outro aspecto diferencial desse manual é que ele apresenta as características de um número variado de gêneros discursivos comumente adotados

no contexto universitário, tais como a resenha, o projeto de pesquisa, resumo acadêmico, com ênfase predominante para o artigo acadêmico, destinando um capítulo exclusivo para cada parte do artigo: introdução, revisão da literatura, metodologia e análise e discussão dos dados.

Nota-se que em Lubisco (2019) e Barros e Ribeiro (2017) a ênfase é dada aos aspectos formais, normativos e de formatação, enquanto que em Mota-Roth; Hendges (2010) aproxima-se de uma perspectiva discursiva no que tange à estrutura retórica dos gêneros em conformidade com os postulados de Swales; Feak (2000, 2004). Em Lazzarin (2016) a ênfase recai sobre os aspectos textuais e argumentativos do texto acadêmico, sem muita atenção à estrutura composicional ou às normas da ABNT, apesar de essas normas terem sido explicitadas no último capítulo do manual, juntamente com a formatação padrão esperada do trabalho acadêmico. Os quatro, todavia, são voltados para o público acadêmico, um destinado a orientar alunos do curso de gestão, outro do curso de educação especial e os outros dois ao público acadêmico de modo geral.

Os quatro manuais demonstram preocupação com os momentos que antecedem a escrita do trabalho acadêmico, pois apresentam, além das normas, da estrutura do gênero e do processo de produção textual, orientações e técnicas para as etapas de preparação da escrita: recursos de pesquisa, busca em banco de dados, leitura e fichamento, levantamento bibliográfico e seleção da literatura, estratégias de busca, tipos de fontes de informação, planejamento da pesquisa, delimitação do objeto, qualidade das fontes, a importância dos autores na área e a atualidade da literatura de referência etc.

Lazzarin (2016), no entanto, restringe essas preocupações que deveriam anteceder a escrita do trabalho acadêmico a aspectos da produção textual, tais como: compreensão textual, interpretação de textos, análise textual, características de um bom texto acadêmico (planejamento, delimitação do tema, pressupostos claros, argumentos sólidos, clareza, coesão e coerência), tipos de texto (descritivo, argumentativo e narrativo) e parágrafo, sendo que o parágrafo é apresentado em uma seção denominada “o parágrafo”, de forma bastante genérica, sem especificidades para diferentes momentos dos gêneros acadêmicos, como se pode observar em Motta-Roth e Hendge (2010). Tudo se passa como se o parágrafo fosse um só em todos os momentos da construção composicional do texto. O manual toma como base autores da Linguística Textual brasileira, no caso Koch e Elias (2014).

Antes de apresentarem a estrutura dos gêneros, Barros e Ribeiro (2017) defendem a concepção de comunicação que embasa o manual:

É um ato de troca de informações entre um emissor e um receptor. Comunicar é compartilhar algo com alguém. Ao transmitir uma informação, estamos compartilhando algo que apreendemos e reconfiguramos, conforme nossas experiências e nossas trocas com o contexto no qual vivemos (BARROS; RIBEIRO, 2017, p.13).

Essa concepção vincula-se à perspectiva estruturalista da linguagem, a qual tem como principal expoente o linguista genebrino Ferdinand Saussure (2006). Os autores, no entanto, não fazem referência a Saussure (2006), vinculam-se às Tecnologias da informação e Comunicação concernentes à ciência da informação. O pesquisador nessa perspectiva tem o papel de produtor e de consumidor de informação. Segundo os autores:

os pesquisadores, como agentes de comunicação, estão vinculados às seguintes instituições: universidades, institutos de pesquisa, sociedades científicas, associações de cientistas, laboratórios, incubadoras, entre outras que tenham compromisso com o desenvolvimento de pesquisas. Qualquer vinculação, no entanto, irá exigir esforços de publicação de resultados das pesquisas, que é inerente à atividade. (BARROS; RIBEIRO, 2017, p. 18).

Além disso, antes da apresentação da estrutura dos textos acadêmicos, os autores apresentam uma logística de comunicação científica e de publicação de trabalhos acadêmicos em periódicos científicos. Os autores observam que, no que se refere aos periódicos, as editoras de associações ou de sociedades científicas se destacam como de mais prestigio comparativamente às editoras universitárias, pois, segundo eles, teriam maior crédito na comunidade científica.

Essa logística não é explicitada em Lubisco (2019) nem em Lazzarin (2016), e apenas pincelada em Motta-Roth e Hendges (2010), para quem o que define a qualidade das fontes de um artigo acadêmico se resume a três fatores, a saber: 1) fator de impacto; 2) no Brasil, o Qualis- Capes (periódicos com alto fator de impacto são o Qualis A e B e indexados, segundo os autores, são avaliados mais positivamente que aqueles sem fluxo atualizado de publicação) e 3) indexação.

Com relação ao fator de impacto, segundo os autores, se deve mensurá-lo pelo número de citações de um periódico. Trata-se de uma medida da relevância da revista, avaliada pela frequência de citações num dado período em que se calculam o número de publicações do periódico pelo número de vezes que o periódico é citado. Já uma revista indexada é aquela que recebe um número no sistema internacional de catalogação de periódicos.

Cabe destacar que a noção de indexação é recortada de forma diferente para Motta-Roth e Hendges (2010) e Barros e Ribeiro (2017). Para os últimos, indexação

consiste no processo de representação do conteúdo dos documentos com a finalidade de recuperação da Informação. Essa representação é feita através de palavras-

Documentos relacionados