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1 INTRODUÇÃO

3.4 Estudos anteriores

Hoang e Antoncic (2003), ao investigarem a literatura sobre redes ao longo de 15 anos, observaram que o foco nos processos de desenvolvimento de rede sobre a gestação dos negócios, formação e ciclo de vida de crescimento ainda recebe pouca atenção dos pesquisados. Os autores identificaram três aspectos fundamentais que tentam entender o processo empreendedor a partir das redes.

Primeiro, ligado ao conteúdo dos relacionamentos, os quais possibilitam o acesso a recursos, tais como, informação e aconselhamento, e às relações de confiança, que

permanecem mesmo após a fase de criação das empresas, sendo mantidas a troca de informações e a busca por aconselhamentos permanentemente por meio da rede.

Segundo, ligado à governança da rede, identifica os mecanismos que regem o processo de barganhas. Tal fluxo é dependente dos acordos tácitos que são efetuados por meio dos mecanismos de poder e a influência existentes. Terceiro, ligado à estrutura de rede, definida como o padrão de relações geradas a partir das conexões fortes e fracas entre os integrantes, cuja posição do ator impacta o acesso aos recursos e, consequentemente, os resultados empresariais.

Como conclusões, os autores ressaltam duas grandes frentes de investigações no campo: uma que considera positiva a existência das redes para os resultados empresariais; e outra focada no entendimento de como o conteúdo da rede, da governança e da estrutura emerge e desenvolve ao longo do tempo. Por fim, os autores propõem a realização de pesquisas longitudinais e qualitativas sobre estruturas de redes focadas em indicadores como tamanho, centralidade, densidade, laços e pontes.

A investigação realizada por Verschoore Filho (2006) identificou cinco atributos de gestão de redes - mecanismos sociais, aspectos contratuais, motivação e comprometimento, integração com flexibilidade e organização estratégica e - cinco benefícios dessa interação em rede - ganhos de escala e poder de mercado, provisão de soluções, aprendizagem e inovação, redução de custos e riscos e relações sociais.

As pesquisas de Vasconcelos et al. (2007), avaliaram os relacionamentos do empreendedor para a mobilização de recursos para a formação e desenvolvimento de uma nova empresa. Tendo como pressuposto o empreendedorismo como um processo em evolução, esses autores estruturaram um estudo comparativo entre duas empresas participantes de incubadoras tecnológicas. Foram efetuadas entrevistas com os donos dessas empresas e com indivíduos de seus

relacionamentos durante o processo de incubação. Por meio da periodização da trajetória das empresas e da categorização dos recursos obtidos a partir dos relacionamentos dos empreendedores, foi identificado que a potenciaização dessas relações foi a responsável pela mobilização de recursos durante a etapa de criação desses negócios.

Ferreira (2015), em seu trabalho de dissertação, analisou os tipos de poder em uma rede de empresas metalúrgicas, a fim de identificar como tais relações influenciam a construção e aplicação de estratégias cooperativamente. Utilizando como dimensões de poder a atuação em rede, a influência do ambiente externo, a reputação, a liderança apreendizado, a amizade, o conhecimento estratégico e a cooperação, o autor concluiu que as fontes de poder são fundamentais para a aquisição de vantagem competitiva da rede. Tais elementos são cruciais para a formulação coletiva das estratégias, uma vez que o processo decisório é dependente das estruturas sociais na qual a rede está inserida.

Ao estudar os fatores deteminantes para que as startups de tecnologia de informação obtenham sucesso no Brasil, Cavalheiro (2015) realizou uma pesquisa comparativa entre clusters de inovação no Brasil e nos Estados Unidos. Identificou

que há no Brasil uma deficiência no processo de educação empreendedora12 e no

papel das universidades para o incremento dessas empresas. No âmbito do setor governamental, sugeriu-se a implementação de políticas de desburocratização para aumentar a eficácia dos serviços relacionados à infraestrutura. Outro fator determinante identificado foi o restrito acesso ao capital de risco pelas empresas de alto impacto. Embora esses fatores sejam, de certo modo, inibidores das atividades empreendedoras, existe uma motivação por parte dos empreendedores em gerar empresas inovadoras e de elevado potencial.

Ikenami (2016), na busca de avanços da investigação sobre o construto ecossistema na ótica da teoria organizacional no campo da Gestão da inovação, constatou, por meio de um estudo exploratório, que essa abordagem lança mão de teorias de

12 Para Andrade e Torkomian (2001), o termo se refere ao processo de desenvolvimento do indivíduo

sistemas, cadeia de valor e teoria de rede. O acadêmico partiu da hipótese de que o ecossistema oferece maior segurança aos empreendimentos em períodos de instabilidade, principalmente aqueles inseridos em mercados dinâmicos. Apurou-se que o ecossistema, ao propor metas a serem implementadas pelos empreendimentos, permite a essas empresas um avanço para os estágios seguintes de seu desenvolvimento. Além disso, confirmou que os elementos que complementam o ecossistema são fundamentais para agregação de valor.

Santos, Schmidt e Zen (2016) elaboraram um estudo de caso sobre o ecossistema empreendedor ligado à startups da economia criativa na cidade de Caruaru, no estado de Pernambuco, baseado em seis domínios: políticas públicas, capital financeiro, cultura, instituições de suporte, recursos humanos e mercados. Comprovou a função crucial das políticas públicas para o desenvolvimento do empreendedorismo, já que a partir disso foi possível a expansão do conhecimeto. Em suas conclusões, os autores citam que, em função dessa iniciativa, a cultura de aversão ao risco foi mitigada, além da agregação de outros elementos ao ecossistema. A rede de atores do ecossistema foi expandida, a cooperação entre os atores foi estimulada e a atração e retenção de talentos foi intensificada. Apesar desses avanços, segundo os autores, ainda há muito que ser feito para o desenvolvimento desse ecossistema empreendedor de startup, como a facilitação para a criação de aceleradoras de empresas, investidores anjo e serviços de apoio à abertura de empreendimentos.

O trabalho sobre o ecossistema de startups de software do município de São Paulo engendrado por Santos (2016) concluiu que a cidade contém os elementos fundamentais para o desenvolvimento de startups. Para a pesquisadora, as condições favoráveis que a cidade oferece, tais como, instituições, clientes interessados em experimentar novos produtos e presença de agentes financeiros, propiciam o florescimento do ecossistema. No entanto, outros elementos ainda precisam ser aperfeiçoados, como, a conexão entre seus integrantes, melhoria da mobilidade urbana e infraestrutura, de modo a tornar esse ambiente favorável ao desenvolvimento desses negócios.