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DIMENSÕES INDICADORES

3.2. Estudos de caso

Estudo de caso analisa com profundidade um ou poucos fatos, visando obter vasto e detalhado conhecimento do objeto estudado; utilizado em estudos exploratórios, tem aplicação em diversas áreas do conhecimento (SANTOS, 2013).

Para coleta de informações os estudos de caso realizados recorreram à abordagem multimétodos (SOMMER; SOMMER, 2002; GUNTHER; ELALI; PINHEIRO, 2008 e 2011). Os dados necessários foram coletados de forma direta (obtidos diretamente da fonte original), e de forma indireta (a partir do aproveitamento de dados já existentes) (SHIGUTI; SHIGUTI, 2006). Os estudos envolveram as etapas listadas a seguir:

 Levantamento da evolução da ocupação do solo nos campi (elaboração de mapa de evolução e mapas Nolli) e dos seus ELs atuais;

 Caracterização geral dos ELs nos campi investigados;

 Aplicação de questionário para avaliação perceptiva/comportamental dos usuários (tomando como referências os indicadores dos especialistas consultados na etapa anterior), etapa que incluiu cálculo do quantitativo de usuários a ser trabalhada, elaboração do instrumento de pesquisa, pré-teste e coleta de dados;

 Avaliação dos ELs mais mencionados pelos usuários respondentes dos questionários, por meio de Planilha da QA e técnicas complementares para obtenção de dados sobre a QA dos ELs e seu papel sobre a QA das IFES e QV da comunidade universitária.

 Entrevista com gestores. 3.2.1 Levantamentos

Esta etapa foi realizada por meio de pesquisa bibliográfica e documental (para entendimento da evolução da ocupação do solo no campus desde meados da década de 1970 até 2014) e pesquisa de campo (para arrolamento, classificação e categorização dos ELs dos campi).

Na produção dos mapas foram utilizadas como base plantas topográficas em AutoCAD (cedidas pela Divisão de Estudos e Projetos da Prefeitura Universitária - DEP, na UFPB, e pela Superintendência de Infraestrutura - SIN, na UFRN); os arquivos foram atualizados a partir de levantamento in loco realizado no segundo semestre de 2015, na UFPB, e no segundo semestre de 2016, na UFRN. A partir da realidade encontrada, os ELs dos campi foram classificados e categorizados, segundo as indicações de Macedo et al (2009), utilizando uma ficha de localização e categorização dos ELs (Apêndice C). Os mapas dos campi, contendo as diversas categorias de ELs identificadas, foram gerados no software QGiz (versão 2.8). Já os mapas de evolução da ocupação dos campi, desde sua criação, foram trabalhados em AutoCAD a partir de documentos, mapas e fotografias cedidos pelas Instituições.

3.2.2 Walkthrough

A caracterização geral dos ELs nos campi investigados foi realizada por meio do walkthrough, método de análise muito utilizado em após, que combina observação e entrevista, possibilitando a identificação das principais qualidades e problemas de um determinado ambiente e alguns elementos de seu uso (RHEINGANTZ et al, 2009).

No C1-UFPB a walkthrough foi realizada com o apoio de um graduando em arquitetura e ex-estagiário da DEP/PU, frequentador diário do C1 há quatro anos. No CC- UFRN a walkthrough foi feita com o apoio de uma graduanda em arquitetura e urbanismo, frequentadora diária do CC há quatro anos7.

Para a atividade os campi foram divididos em zonas, que foram visitadas no mês de junho de 2015 na UFPB e no mês de agosto de 2016 na UFRN. A divisão por zonas na UFRN já estava estabelecida pela SIN, e foi mantida nesta pesquisa; na UFPB, como não havia uma divisão prévia, as zonas foram divididas no sentido de integrar os centros de ensino e áreas próximas.

3.2.3 Questionários

Um dos principais modos de coleta de informações em ciências sociais e áreas afins (H. GUNTHER, 2008), o questionário possibilita identificar o perfil dos respondentes e verificar sua opinião acerca dos atributos ambientais analisados (RHEINGANTZ et al, 2009). Nesta pesquisa o questionário possibilitou conhecer como os usuários percebem a QA dos ELs dos campi estudados. Na UFPB o questionário (Apêndice D) foi aplicado pessoalmente pela pesquisadora e auxiliares, entre os dias 15 de junho e 30 de julho de 2015, no período diurno. Já na UFRN os questionários foram aplicados virtualmente, durante o mês de novembro de 2016.

O instrumento de pesquisa continha 50 questões, distribuídas em uma única folha, com utilização de frente e verso e tratava sobre:

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Esses alunos foram bolsistas de projetos de pesquisa relacionados a esta tese. Sendo desenvolvido no C1-UFPB o Projeto de Extensão ―Qualidade de vida nos espaços livres do Campus I da UFPB: Uma abordagem na

comunidade universitária‖ (SARMENTO; COSTA; SILVA, 2015) e o Projeto de Iniciação Científica ―A qualidade de vida nos espaços livres do Campus Central da UFRN sob o ponto de vista dos usuários‖ (ELALI; SARMENTO; MEDEIROS, 2016).

 Perfil do usuário (dimensão Individual, Socioeconômica e Mobilidade campus- cidade),

 Percepção do usuário sobre os ELs (dimensões: Ambiental; Segurança; Mobilidade interna/estacionamento; Serviços de Apoio) e como identifica e utiliza o SEL dos campi;

 Principais dificuldades encontradas em relação ao deslocamento;  Uso dos espaços de convivência e o que poderia melhorar;

 ELs mais utilizados e indicados para uma avaliação detalhada da QA.

A aplicação do questionário foi precedida pelo seu pré-teste, etapa essencial para identificação de possíveis incoerências; a coleta de dados final obedeceu a um plano amostral específico. Após a coleta, os dados foram tabulados, tendo as questões fechadas recorrido à planilha eletrônica do Excel, e as perguntas abertas à codificação das respostas.

Durante a abordagem do usuário era feita uma breve explicação da pesquisa e o convite para participação: ―Com licença, desculpe interrompê-lo, mas estou realizando uma pesquisa sobre os ELs do campus e gostaria de sua opinião sobre a vivência nesses espaços, é possível?‖, em caso positivo o questionário era entregue junto com o TCLE (instrumento que também traz esclarecimentos sobre os objetivos da pesquisa) para que o usuário respondesse. Esse procedimento foi realizado de forma presencial apenas no C1-UFPB, pois no CC-UFRN a explicação e o instrumento, junto ao TCLE, foram enviados via e-mail, como veremos a seguir.

3.2.3.1 Cálculo amostral

A fim de permitir generalizações a partir do estudo de uma parcela da população, a aplicação dos questionários exigiu a prévia definição da amostragem. O plano amostral utilizado foi probabilístico estratificado, com a divisão da população em estratos (k), ou seja, subgrupos homogêneos de uma população (STEVENSON, 1981), considerando a população fixa e ativa dos campi dividida em três subgrupos: docentes, discentes (de graduação e de pós- graduação) e técnicos administrativos (Tabela 1).

Os dados oficiais referentes à população fixa e ativa dos campi foram obtidos junto às Pró-Reitorias de Gestão de Pessoas (PROGEP), de Graduação (PRG) e de Pós-Graduação e Pesquisa (PRPG) da UFPB (referentes a maio de 2015); e da Diretoria de Administração de Pessoal (DAP) (referentes a abril de 2016), da Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PPG)

(referentes a maio de 2016) e UFRN (2015). Para o cálculo da população questionada utilizou-se a fórmula para amostragem de populações finitas de Stevenson (1981), sendo considerada significância de 50% (p = 1/2), erro de amostragem de e ≤ 5% e 95% de intervalo de confiança.

O cálculo baseou-se nas populações fixas e ativas dos campi em estudo (conforme Tabela 1), totalizando 380 pessoas em ambos os casos (Tabela 2).

Tabela 1: Tabela com quantificação da população do campi por estrato. Onde: Nk é o tamanho da população no estrato k.

ESTRATOS (k) Nk UFPB Nk UFRN

Técnico administrativo ativo 3.615 3.203

Docente ativo 2.536 2.271

Discente Graduação presencial 22.659 27.865

Discente Pós-Graduação (especialização, mestrado e doutorado)

4.438 5.604

TOTAL 33.248 38.943

Fontes: PROGEP (2015), PRG (2015) e PRPG (2015) – UFPB; DAP (2016), UFRN (2015) e PPG (2016) – UFRN.

Tabela 2: Tabela com quantificação dos usuários questionados por estrato. Onde: Nk é a quantidade dos usuários no estrato k.

ESTRATOS (k) Nk UFPB Nk UFRN

Técnicos administrativos ativos 38 34

Docentes ativos 26 27

Discente Graduação presencial 264 266

Discente Pós-Graduação (especialização, mestrado e doutorado)

52 53

TOTAL 380 380

Fonte: Elaborado pela autora.

No C1-UFPB o total de 380 questionários (distribuídos conforme Tabela 2) foi aplicado entre os dias 15 de junho e 30 de julho de 2015, no período diurno, o fato da IFES se encontrar em greve e com um número reduzido de usuários circulando impossibilitou a aplicação do instrumento no período noturno. Embora a Instituição estivesse passando por greve a aplicação do instrumento foi mantida em razão de ter sido verificado público no campus, em especial, no restaurante universitário; tendo, muitos desses usuários, informado que continuavam a vir à universidade em razão das pesquisas que estavam em andamento. Contudo, a etapa de aplicação de questionário no C1 foi ampliada em quinze dias em razão da redução do número usuários no campus.

Conforme tabela 2, a intenção era a aplicação presencial à comunidade universitária do CC-UFRN também, mas, em face de uma possibilidade de greve na Instituição e pela

experiência no primeiro estudo de caso, a modalidade on line foi adotada. Para tanto, o questionário e o TCLE (Apêndice E) foram transpostos para um formulário digital, que foi enviado a Superintendência de Informática da UFRN (a partir de solicitação via sigaa), que encaminhou o instrumento a todos os estratos selecionados (docentes, discentes e técnicos administrativos) do CC-UFRN. Apesar de o questionário ter sido aplicado virtualmente, foi mantido um tempo de aplicação próximo ao da UFPB, um mês (outubro de 2016), período que resultou em um número superior ao pré-determinado, 1.210 respondentes, que não foi desprezado. De modo que, a população questionada no CC-UFRN foi composta por 959 discentes, sendo 688 de graduação e 271 de pós-graduação, 102 docentes, 136 técnicos e 13 usuários com outras funções (estudante de curso técnico).

3.2.4 Planilha para avaliação da qualidade ambiental

Paralelamente à coleta de informações, por meio das várias técnicas anteriormente explicitadas, a avaliação da QA dos campi recorreu à elaboração de uma Planilha de Avaliação da QA (Apêndice F), que foi preenchida de modo a se chegar a um diagnóstico da condição ambiental das IFES, a partir de seus aspectos positivos e negativos.

A planilha contemplou dimensões relacionadas à perspectiva ambiental, investigando, entre outros, indicadores relacionados às dimensões: Ambiental; Segurança; Mobilidade Interna/Estacionamento; Mobilidade Campus/Cidade; Serviços de Apoio.

Ao longo da aplicação da planilha foi necessária a utilização de técnicas complementares às anteriores, como Observações/Análises de Desempenho Físico e Visitas Especificas, descritas conforme segue:

 Observações/Análises de Desempenho Físico - Trata-se da avaliação técnica realizada in loco, para verificação de possíveis problemas físico-construtivos nas áreas estudadas. Tais observações, análises e avaliações foram realizadas primeiramente de forma expedita (walkthrough), para em seguida serem realizadas de forma detalhada.

 Visitas Específicas – No decorrer de toda a pesquisa estavam previstas visitas a setores dos campi, no sentido de obter informações complementares para responder, em especial, às dimensões: Ambiental; Segurança; e Serviços de Apoio.

Sobre as visitas específicas, no C1-UFPB estas foram feitas na Comissão de Gestão Ambiental-CGA, no Setor de Segurança e no Setor de Manutenção da Prefeitura Universitária. Na UFRN foram visitadas a Divisão de Segurança e Patrimônio-DSP, a Diretoria de Meio Ambiente-DMA e a Diretoria de Manutenção-DIMAN.

3.2.5 Entrevistas

A entrevista é uma conversação com vistas a um objetivo determinado, cujo sucesso, está relacionado à interação entre respondente e entrevistado e a empatia entre eles, de modo que o entrevistador possa se fazer entender e reconheça a contribuição do respondente (RHEINGANTZ et al, 2009; GUNTHER, 2008).

Foram realizadas e gravadas entrevistas semiestruturadas (Apêndice G) com pessoas chave dos campi, tendo como meta entender como ocorreu/ocorre o processo de projeto e implantação das edificações da UFPB e da UFRN. Os principais temas trabalhados foram: plano diretor, uso e ocupação do solo, gabarito das edificações, obras de construção civil, ELs, arborização, acessibilidade, mobilidade, iluminação, sinalização, segurança. Os entrevistados podiam se estender sobre outros aspectos que lhe parecessem relevantes com relação ao tema proposto.

No C1-UFPB foram entrevistados três arquitetos que estiveram à frente da DEP nos últimos cinco anos. No CC-UFRN foram entrevistados dois arquitetos, com mais de oito anos de trabalho na Instituição, e um engenheiro, com mais de quarenta anos de dedicação à UFRN; sendo todos esses profissionais vinculados à SIN/UFRN.

3.2.6 Mapa de descobertas

O Mapa ou Matriz de Descobertas é um registro gráfico que proporciona uma visão panorâmica e não fragmentada dos resultados e descobertas de uma APO, facilitando o entendimento das principais qualidades e problemas do ambiente analisado por partes dos clientes e usuários (RHEINGANTZ et al, 2009).

Nesta pesquisa, a construção dos mapas de descobertas dos campi corresponde à reunião dos resultados obtidos a partir das diversas técnicas aplicadas, com destaque para os

pontos positivos, regulares e negativos no SEL em geral, bem como, de forma concentrada, nos principais ELs avaliados nas Instituições.

Nos mapas de descobertas (C1-UFPB-Figura 55 e CC-UFRN-Figura 100) os campi foram inicialmente divididos por zonas (01 - 06), os quais se interligam, cada um, a uma caixa de texto com informações positivas, regulares ou negativas relacionadas às dimensões analisadas a partir dos instrumentos utilizados. Já os 10 ELs avaliados estão identificados no mapa do campus com um ícone de localização colorido, conforme sua categoria e numeração específica. Para cada um dos 10 ELs avaliados nas Instituições há uma caixa de texto (sinalizada no canto superior direito com o mesmo ícone de localização do EL no mapa do C1). Destaca-se que a caixa de texto central, na área superior do mapa (sinalizada com ícone de localização C1), traz informações sobre o campus como um todo.