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2.1 Evidenciação contábil

2.1.2 Estudos empíricos sobre evidenciação contábil

Existem vários estudos que buscam verificar a relevância da informação contábil, desde os primeiros estudos de Ball e Brown (1968) e Beaver (1968). Neste sentido, aqui são apresentadas algumas destas pesquisas, de forma a complementar o assunto abordado e conhecer o que vem sendo publicado sobre a temática.

O Quadro 1 destaca alguns estudos, nacionais e internacionais, que abordaram os temas evidenciação e qualidade da informação contábil.

Quadro 1 - Estudos empíricos recentes sobre evidenciação contábil

Autores (ano) Objetivo do estudo

Morais e Curto (2008)

Investigar o value relevant das informações financeiras nos países europeus, considerando as IAS/IFRS e as informações em GAAPs locais

Penman (2009) Analisar outros meios de investigação dos ativos intangíveis que não os demonstrativos contábeis.

Kadri, Aziz e Ibrahim (2009)

Investigar o value relevant do patrimônio líquido de dois diferentes relatórios financeiros no regime contábil da Malásia, com e sem a mudança do padrão contábil para as IFRS

Colauto et al. (2010)

Analisar o reflexo do conservadorismo no resultado contábil por meio do reconhecimento assimétrico de boas e más notícias sobre o retorno econômico das ações nas maiores empresas do setor siderúrgico brasileiro

Rodríguez-Pérez

et al. (2011) Avaliar o impacto do valor justo contábil por meio da análise das demonstrações financeiras Gabriel e Silveira

(2011)

Construir um Índice original para mensurar a Qualidade da Informação Contábil (IQIC) e testar a hipótese da existência de um impacto positivo da adesão às práticas recomendadas de governança corporativa sobre a qualidade da informação contábil

Barth et al. (2012)

Comparar medidas de qualidade informacional contábil para as empresas de contabilidade IAS aos de empresas norte-americanas EUA GAAP

Li, Mangena e Pike (2012)

Investigar a relação entre as características do comitê de auditoria e o disclosure do capital intelectual, usando dados de 100 empresas britânicas

Fonte: Elaborado pela autora com base na revisão bibliográfica.

O ponto principal do trabalho de Penman (2009) é a investigação dos ativos intangíveis não se basear nas demonstrações financeiras, mas em outros “relatórios”. O autor relata que o valor de ativos pode ser verificada a partir da declaração de renda, e não apenas de um balanço. Na verdade, segundo o autor, não há nenhum problema com a contabilidade, se a declaração de renda informa sobre o valor contábil. Segundo Penman (2009), solicitar o reconhecimento de ativos intangíveis nos balanços pode ser equivocada, visto que não conseguem entender a estrutura da contabilidade, e que as declarações de renda e os balanços podem trabalhar juntos para indicar o valor da empresa, e cada um pode corrigir as deficiências do outro.

Morais e Curto (2008) investigaram se adoção às normas do IASB estaria associada com uma maior qualidade e relevância dos valores contábeis e melhor lucro. Analisaram 34 empresas listadas antes (1995-2004) e depois (2004-2005) da adoção às normas do IASB. Os

resultados do estudo sugeriram uma melhoria na qualidade dos lucros a partir da adoção às IFRS. No entanto, a pesquisa também revelou que a relevância dos valores contábeis diminui com a adoção das normas do IASB. Os autores advertiram entretanto que essa contradição pode ser devido a diferenças nas amostras do estudo (72 observações para IFRS/IAS adoção e 212 para adoção das normas brasileiras), ou porque o período de adoção das IFRS/IAS é um período de transição (a qualidade da informação pode ser menor do que em períodos futuros).

Segundo Colauto et al. (2010), o conservadorismo está ligado à tendência da contabilidade exigir um maior grau de verificação das boas notícias para reconhecê-las como lucro, em relação ao grau de verificação das más notícias para o seu reconhecimento no resultado do exercício, e neste sentido, uma das características qualitativas da informação contábil, a oportunidade, pode interferir no retorno econômico por estar relacionada ao conservadorismo.

Nesta pesquisa, os autores constataram que não há reconhecimento do retorno econômico pelo lucro, tanto para retornos positivos ou negativos, uma vez que os coeficientes que medem o conservadorismo contábil não são estatisticamente significantes para todas as empresas. Não se pode afirmar também, que os resultados das companhias estudadas reconhecem por meio de seus accruals as más notícias (perdas) de forma mais oportuna do que as boas notícias (ganhos). Uma possível explicação para não ter sido identificado o conservadorismo nos demonstrativos financeiros analisados é a utilização de determinados

accruals para melhorar o resultado divulgado, ressaltam Colauto et al. (2010).

A análise dos resultados das regressões estimadas pelo método dos mínimos quadrados, com diferentes especificações, de Gabriel e Silveira (2011) permitiu corroborar a hipótese da pesquisa: firmas com maior adesão às práticas recomendadas de governança corporativa apresentam informações contábeis com qualidade superior, ou seja, mais relevantes e confiáveis. Outra importante contribuição da pesquisa é a apresentação de uma forma objetiva para se mensurar a qualidade da informação contábil das firmas no Brasil.

Os resultados de Rodriguez et al. (2011) indicam que a mudança de custo histórico para valor justo pode alterar a percepção dos analistas de um número limitado de empresas, mas provavelmente não terá um grande impacto sobre a avaliação da maioria deles.

Barth et al. (2012) sugerem em seu estudo que, embora as normas contábeis IAS tenham se apresentado de menor qualidade do que a EUA GAAP aplicado de forma abrangente, são de qualidade comparável à US GAAP, reportados por empresas com listagens cruzadas.

No presente estudo, é investigada não a evidenciação propriamente dita dos ativos das entidades da amostra, mas especificamente os ativos intangíveis com evidenciação nas suas demonstrações financeiras. Desta forma, a seguir são detalhados alguns aspectos deste tipo de ativo e a teoria que fundamenta a pesquisa.