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1. Introdução

1.3. Caracterização das espécies utilizadas neste trabalho

1.3.1. Pterospartum tridentatum, Wilk

1.3.1.5. Estudos in vitro e in vivo da aplicação de extratos de P tridentatum

Existem vários estudos da caracterização bioquímica dos extratos tanto aquosos como etanólicos da carqueja. Estes extratos são realizados a partir de várias partes da planta (folhas, flores ou raízes), caracterizados por cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) ou por cromatografia gasosa (GC) (Grosso et al., 2007) e avaliada a sua atividade antioxidante por diferentes métodos como a capacidade de eliminação do radical DPPH (2,2-difenil-1-picril- hidrazila) (Coelho et al., 2011) ou pelo método de Folin-Ciocalteu (Luís et al., 2009).

O stresse oxidativo associado à diabetes tipo 2 induz danos vasculares, pelo que Vítor e colaboradores (2004) procederam à caracterização da planta e à aplicação de extratos aquosos das partes aéreas de P. tridentatum em células do endotélio da veia umbilical humana a fim de observar os seus efeitos biológicos. Avaliaram a capacidade respiratória mitocondrial, pela medição da redução do MTT (brometo de 3-4,5-dimetil-tiazol-2-il-2,5-difeniltetrazólio). Chegaram assim, à conclusão que apenas um dos compostos maioritários, a isoquercitina, identificado por HPLC prevenia o efeito oxidativo com concentrações de 0,3 mg/mL de extrato aquoso. Não foram registados qualquer tipo de toxicidade nas células, dos compostos isolados ou do extrato aquoso de carqueja para concentrações superiores a 1mM ou 1 mg/mL, respetivamente (Vitor et al., 2004).

A hiperglicemia pós-prandial é uma disfunção presente nos indivíduos com diabetes tipo 2, onde existe um elevado aumento de glucose no sangue devido à diminuição da secreção de insulina nos primeiros 30 minutos após uma refeição ou ao aumento da resistência à insulina. Paulo e colaboradores (2008) aplicaram extratos das flores de P. tridentatum em ratos Wistar, de forma a observar eventuais variações na glicémia e a existência de possíveis compostos que possam substituir fármacos antidiabéticos orais. Os níveis de glucose foram avaliados pelo teste oral de tolerância à glucose (OGTT) e foi estudado em particular o efeito de dois compostos maioritários do extrato (isoquercetina e sissotrina) de forma isolada. Os resultados que obtiveram mostram que a isoquercetina apresenta uma atuação anti-hiperglicémica, pois a concentração de glucose no sangue diminuiu no período de 30 min após ingestão. Já pelo contrário a sissotrina mostrou ter o efeito contrário, chegando à conclusão que a aplicação do extrato no seu global, tanto pode ser anti-hiperglicémico como hiperglicémico. Referem assim, que embora o seu efeito antioxidante, os diabéticos necessitam ter precaução na ingestão do extrato, pois este pode mascarar ou aumentar os níveis de glucose no sangue após ingestão de alimentos (Paulo et al., 2008).

Mais recentemente, Ferreira e colaboradores (2012) realizaram um estudo toxicológico tanto em células de carcinoma hepático humano (HepG2) como em mitocôndrias isoladas de fígado de ratos (Wistar) onde aplicaram extratos aquosos de folhas e flores de carqueja. Foi feita a caracterização dos polifenóis dos extrato por LC-MS e foi determinado o seu conteúdo antioxidante. Nas células HepG2 foi avaliada a citotoxicidade pelo método do MTT; já com as preparações mitocondriais dos ratos foram realizados estudos na respiração e intumescimento (ou swelling) mitocondrial para a avaliação da potencial toxicidade dos compostos. Este estudo permitiu concluir que os extratos não apresentavam toxicidade para as células nas

concentrações de 125 e 375 mg/L, e não apresentavam qualquer tipo de interação com a respiração mitocondrial, apresentando-se assim inócuos para as mesmas (Ferreira et al., 2012). Apesar de existirem alguns estudos sobre a caracterização química dos extratos e de algumas aplicações in vivo e in vitro como foi referido, ainda existem muitos aspetos que deverão ser investigados, entre os quais a determinação dos mecanismos de atuação dos compostos ou do extrato no organismo, comprovando-se efetivamente se existe fundamento científico para todas as suas aplicações terapêuticas.

1.3.2. Geranium robertianum, L.

Nome comum: Erva de S. Roberto; Espécie: Geranium robertianum;

Género: Geranium; Família: Geraniaceae; Ordem: Geraniales; Classe: Magnoliopsida; Filo: Magnoliophyta; Reino: Plantae; Domínio: Eucária

Figura 5 - Flore e folha da erva de S. Roberto. (Flora.on, 2012)

1.3.2.1. Distribuição geográfica

A erva de São Roberto, Geranium robertianum L. (figura 5) pertencente à família Geraniaceae é originária da Europa mas também se encontra distribuída pela Ásia (Japão e China), Estados Unidos da América (EUA), América do Sul (Chile) e Nova Zelândia (figura 6) (Tofts, 2004). É muito comum em Portugal sendo encontrada em locais variados, entre florestas húmidas e sombrias, associada a árvores como Acer pseudoplatanus, Juglans, Populus spp., matos, locais abertos ou muros, até uma altitude de 1800 m. É frequentemente encontrada em solos ricos em azoto (Lima, 2009; Neagu et al., 2010; Tofts, 2004).

Figura 6 – Distribuição mundial de G. robertianum. (adaptado de Tofts, 2004)

1.3.2.2. Morfologia

G. robertianum é uma planta herbácea anual ou bianual, apresenta um caule delgado e

ereto com 10 a 45 cm que se ramifica facilmente, de cor vermelha ou verde brilhante, com um indumento aveludado. Os pedúnculos alongados ramificam-se de dois ou em três pés que se vão ramificando por sua vez. As suas folhas são triangulares com 3 a 5 segmentos lobulados de cor verde clara e adquirem, no final do verão, um bordo avermelhado. As flores são constituídas por 5 pétalas ovais de cor vermelha violácea com uma zona mais escura no centro. A sua época de floração é entre Maio e Outubro. O seu sistema radicular é esbranquiçado, e muito frágil sendo facilmente retirada da terra (Lima, 2009; Ribeiro et al., 2000; Santos, 2010; Tomanová, 1981; Tofts, 2004; Volák et al., 1983).

Esta planta possui uma grande capacidade de adaptação de acordo com habitats com distintas composições, o tempo de exposição de luz solar, altitude, temperatura e nutrição (Lima, 2009). Estes factos justificam a sua variadíssima distribuição geográfica e localização. É conhecida por apresentar um odor forte e desagradável (Volák et al., 1983)

1.3.2.3. Composição química e bioquímica

A erva de S. Roberto não está completamente caracterizada mas é possível encontrar na literatura os principais compostos que a constituem. Sendo descrita pela ausência de alcalóides

(Rauter et al., 2009; Tofts, 2004). Outros estudos demonstram que as folhas possuem elevadas concentrações de cálcio, sódio, ferro, e vitamina C, além da existência de taninos, óleos voláteis, flavonóides, ésteres, polifenóis dos quais a quercitrina, canferol, ácido elágico, cafeico, ferúlico, gálico, málico e acético (Ivancheva & Petrova, 2000; Lima, 2009; Neagu et al., 2010; Rigano et al., 2009; Santos, 2010; Santos et al., 2011; Tofts, 2004).

1.3.2.4. Aplicações

Sabe-se que G. robertianum é utilizado como anti-inflamatório, antibacteriano, anticancerígeno, antiasmático, antialérgico, anti-hepatotóxico, anti-hemorrágico, diurético, imuno-modulador, anti hiperglicémico, (Ferreira et al., 2010; Neagu et al., 2010; Paun et al., 2012) Também existem registros da sua utilização em afeções febris, dores de costas, inflamações de garganta e tosse, hemorragias, dores reumáticas, gota e problemas de estômago entre outras (Lima, 2009).

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