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Estudos realizados acerca das diferentes técnicas de partida para

2.4 Partidas

2.5.1 Estudos realizados acerca das diferentes técnicas de partida para

Muitos estudos têm sido realizados no âmbito das técnicas de partida ventrais, principalmente acerca da duração das fases da partida, da trajectória do centro de gravidade, da velocidade horizontal e vertical dos segmentos corporais, da força aplicada no bloco de partida e das acções propulsivas dentro de água (Zatsiorsky et al., 1979; Lewis, 1980; Guimarães e Hay, 1985; Pearson et al., 1998). No entanto, a maioria dos estudos compararam a PC e a GS (Ayalon et al., 1975; Bowers e Cavanagh, 1975; Gibson e Holt, 1976; Bloom et al., 1978; Zatsiorsky et al., 1979; LaRue, 1985; Lewis, 1980; Wilson e Marino, 1983; Counsilman et al., 1988). Em geral, os autores concluíram que a GS era a técnica mais rápida.

O estudo de Zatsiorsky et al. (1979) teve como objectivo comparar a eficácia de quatro partidas de natação (PC com balanço dos MS para a frente, PC com rotação completa dos MS, GS e TS) no tempo efectuado aos 5,5m e identificar os factores chave que afectam a performance da partida. A análise dos dados revelou que a GS e as PC são igualmente eficazes, enquanto a TS era significamente mais lenta. Outros aspectos foram verificados, designadamente que a magnitude da força de reacção no solo era menor na GS e a duração da partida era maior nas tradicionais partidas de “balanço dos MS”. Neste estudo concluiu-se que, idealmente, o tempo de suporte deve ser o mais curto possível, enquanto que as condições de partida devem proporcionar uma velocidade horizontal máxima e uma óptima velocidade vertical. Foi, ainda, indicado que a eficácia da partida em natação depende significativamente da capacidade de salto do nadador (medido pelo salto vertical), altura e peso corporal.

Guimarães e Hay (1985) realizaram um estudo que teve como objectivo a identificação das características mecânicas que contribuem para uma partida

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mais rápida com a técnica GS. Os resultados sugerem que para se obter uma partida mais rápida, os nadadores devem mover o CM rapidamente para a frente. Enquanto os pés ainda estão em contacto com o bloco de partida, maximizar a força exercida pelos pés na direcção oposta e maximizar a força exercida pelas mãos contra o bloco de partida, para a frente e para cima.

Breed e McElroy (2000) compararam três tipos de técnicas de partida, GS, swing start e TS em nadadores não-competitivos. Concluíram que as mãos podem vir a contribuir no aumento do impulso vertical na TS (192.5±74.4 N.s) e na GS (155.6±69.6 N.s). O aumento extra do impulso horizontal e vertical realizado pelas mãos podem explicar, em parte, a superioridade da TS sobre a GS e swing start em termos da velocidade de saída e distância de voo. Aqui a partida referida por swing start, foi por nós designada por PT.

Segundo Fitzgerald (1973), a maioria dos estudos realizados até então sobre a GS demonstraram que esta é mais rápida do que a PC. No entanto, não se verificavam diferenças significativas na distância horizontal alcançada, uma vez que o nadador utilizando a GS demorava menos tempo a sair do bloco e, por sua vez, entrava mais rapidamente na água. No sentido de ultrapassar esta lacuna, os nadadores passaram a lançar os MS mais alto, mantendo a cabeça ligeiramente sobre a linha dos ombros até à entrada. O autor concluiu ainda que, através do aumento da força vertical e mantendo a força horizontal constante, o nadador é capaz de aumentar o alcance do salto sem diminuir a velocidade.

Depois do surgimento da TS estudos compararam as variantes da técnica (Ayalon et al.,1975; Zatsiorsky et al., 1979; LaRue, 1985; Counsilman et al., 1988; Vilas Boas et al., 2002), onde uma delas consiste em projectar o CM para a parte posterior do bloco (Ayalon et al., 1975; Vilas Boas et al.,2002). Ayalon et al. (1975) denominaram bunch start a TS com uma projecção do CG posterior. Nos resultados obtidos concluíram que a TS era significamente mais rápida do que a PC e a GS relativamente ao tempo de bloco. Contudo, a bunch

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refere ao tempo até aos 5m. Desta forma, foi sugerido que as diferenças encontradas se devessem à ausência de habilidade dos MI para aplicar uma força sobre o bloco. Estas conclusões não concordam com os resultados de LaRue (1985), que sugeriram que a bunch start, comparativamente com a GS, foi mais rápida no tempo total de partida (4m).

Neste âmbito surge também o estudo de Vilas Boas et al. (2002), que

comparou as duas variantes da TS, uma que consistia em projectar o CG para a parte posterior do bloco (TST), e a outra variante onde o CM era projectado à frente do bloco de partida (TSF). Embora a TST obtenha maiores impulsos horizontais e assim maior velocidade horizontal que a TSF, esta vantagem foi compensada por um aumento no tempo de bloco. Porém, os investigadores observaram que qualquer vantagem na velocidade horizontal da entrada esteve rapidamente perdida durante a imersão e o deslize.

No estudo de Issurin e Verbitsky (2003) concluiu-se da vantagem da TS, em

consideração ao tempo de reacção, na maioria dos eventos dos Jogos Olímpicos de Sydney.

Segundo Shin e Groppel (1986), no estudo onde compararam os parâmetros cinemáticos da GS e da TS em natação de competição, relativamente a aspectos temporais e cinemáticos, concluíram que o tempo de saída na TS é menor do que o verificado na GS. Contudo, esta partida cobre uma distância de voo superior. Os tempos registados aos 11m foram idênticos nas duas partidas, assegurando que ambos os tipos podem ser utilizados, dependendo apenas da vontade do nadador e treinador. Em virtude destes resultados, Breed e McElroy (2000) referiram que estas conclusões foram consistentes, na maioria dos estudos efectuados neste âmbito, com as do estudo de Ayalon et al. (1975). Em um dos poucos estudos de análise dinamométrica das partidas, Navarro et al. (1989) procuraram relacionar a influência do impulso mecânico de diversos tipos de saltos, em função da posição de apoio dos pés no solo. Relacionaram também diversos parâmetros cinemétricos e dinamométricos dos tipos de partidas (PC, CS, TS), quando executadas com dois tipos de entrada na água,

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voo plano e voo em arco. Verificou-se que não existe relação entre os saltos horizontais com um pé adiantado e a performance das partidas.

Blanksby et al. (2002) conduziram um estudo de intervenção, com feedback, para determinar qual das partidas (GS, TS ou handle start), em nadadores de elite, obtém um tempo mais rápido aos 10m. Não existiram diferenças significativas no tempo aos 10m entre os grupos antes ou após um período de treino. Todavia, durante o período de treino, o tempo de reacção, de movimento, de bloco, de vôo e aos 10m, foi melhorado independente da técnica utilizada. A conclusão mais importante que os autores constataram foi a de que, independentemente da técnica utilizada, a prática intensiva permite aumentar a performance da partida. Os investigadores sublinham, ainda, o facto do grupo da handle start melhorar mais sem a existência de prática prévia.

Para Krüger et al. (2002), as condições físicas são condicionantes para a qualidade das técnicas.

A capacidade dos nadadores produzirem a força necessária para uma boa partida, apesar de alguns autores já terem destacado a sua importância, são vistos em poucos estudos (cousilman et al. 1988).

Relativamente ao tempo de reacção counsilman, (1988) e maglisho (1993) referem que quase não se altera com a prática, enquanto a técnica é apreciavelmente melhorada durante as primeiras fases do treino de competição (counsilman, 1988). No que concerne à força, é desenvolvida naturalmente com o crescimento físico e com o treino, tendo um papel crucial na partida, pois quanto maior é a sua produção, menor será o tempo gasto na partida (counsilman, 1988). Portanto, a partida é um movimento complexo, pois é necessário gerar força suficiente para produzir o máximo de velocidade inicial num período de tempo muito curto (bloom et al., 1978).

Para pearson et al. (1998), a dificuldade na partida centra-se na estimulação e na coordenação simultânea dos movimentos explosivos dos MI, dos MS e do tronco. Esta ideia vai de encontro ao descrito por counsilman (1968) no que se

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refere às três qualidades necessárias para um nadador executar uma boa partida: bom tempo de reacção, força e boa técnica. Por sua vez, maglisho (1993) destaca o tempo de reacção, a força utilizada no salto e a resistência durante a fase de deslize.

Segundo Schnabel e Küchler (1998) a principal razão para apenas se obter um tempo médio na partida é a existência de uma baixa componente horizontal da velocidade de saída. De entre as várias razões apontadas para tal, estes autores enfatizam a insuficiente força utilizada no salto, como consequência de uma capacidade muscular de extensão do joelho, anca e quadris deficiente. Pipher (1976) sugere que a força dos MI poderá ser um requisito para as

partidas com êxito utilizando a GS. Contudo, parece que não ser um factor

determinante na PT. A primeira conclusão referida por Pipher (1976) também é partilhada por Zatsiorsky et al. (1979). Isto é, estes autores também concluíram que o tempo de voo e de deslize na GS depende principalmente da capacidade de salto e das dimensões do nadador, destacando, ainda, que os detalhes da técnica (posição do corpo e ângulo de entrada) são de menor importância e que os tipos de partida estudados (GS, TS, PC) são igualmente eficazes. Portanto, se as partidas são igualmente eficazes, as características biomecânicas podem ser mais importantes que uma técnica específica.

Os resultados de Zatsiorsky et al. (1979) indicaram que o tempo total da partida depende fundamentalmente do tempo de bloco e de deslize. Assim sendo, é fundamental que o tempo de bloco seja o mais curto possível, enquanto as condições da partida devem promover uma velocidade horizontal máxima e uma óptima velocidade vertical. Finalmente, um dos factores para uma partida eficaz é a capacidade de salto, segundo o mesmo autor.

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2.5.2 Estudos realizados acerca das diferentes técnicas de partida

para provas de estafetas

Ao contrário das partidas para provas ventrais, pouco tem sido investigado acerca das partidas para provas de estafetas e, principalmente, acerca as novas técnicas com adição de passos. McLean et al. (1996), McLean et al. (2000) e Gambrel et al. (1991) realizaram análise e descrição técnica de uma ou mais técnicas de partida com adição de passo(s). De uma forma geral, concentraram-se na análise cinemática da partida.

Os estudos de McLean et al. (1996) e McLean et al. (2000) compreenderam a CS e as três variantes das partidas de passo(s) (SSF, SST e DS). Verificou-se, que no tempo aos 10m não existiram diferenças significativas entre as técnicas de partidas de rendição. Contudo, em relação à CS, a DS aumentou a velocidade horizontal de saída em 0.2m/s, enquanto que a SST diminui a velocidade vertical de saída em 0.2m/s e aumentou a altura de saída em 0.16m. Assim sendo, McLean et al. (2000) sugeriram que as partidas com passo oferecem algumas melhorias comparativamente com a partida sem passo, mas esses aumentos não são comuns a todos os tipos e, por exemplo no caso da DS, encontram-se dependentes da habilidade para realizar os dois passos.

As características mecânicas na partida com um passo e na CS foram investigadas por Grambrel (1991). Na medida em que não encontrou diferenças estatisticamente significativas nos parâmetros estudados, o autor concluiu que as duas técnicas de partidas de rendição em questão são igualmente eficazes. No entanto, apesar das estatísticas não favorecerem nenhuma das partidas, as partidas com passos foram as que obtiveram maiores médias, esta técnica foi recomendada.

Com base na análise das imagens oficiais de vídeo da FINA das séries finais do Campeonato do Mundo de 2005, Jogos Olímpicos de Atenas 2004 e Campeonato do Mundo de Barcelona 2003 realizamos um estudo cuja finalidade era verificar o tipo de partida de estafetas mais utilizado pelos

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nadadores da elite mundial nos segundos, terceiros e quartos percursos, para cada sexo, bem como verificar a ocorrência dos tipos de partidas por classificação geral (Esteves et al. 2006). Os tipos de técnicas de rendição foram classificados como: grab start (GS), track start (TS), conventional start (CS), single step track (SST), single step forward (SSF) e double step (DS). Foram analisadas um total de 219 partidas, 120 para o sexo feminino e 99 para o sexo masculino.

De todas as partidas analisadas, observou-se que a CS é utilizada por 51,1% dos nadadores. Observou-se também que 39% dos nadadores que ocuparam os primeiros lugares (1º, 2º e 3º), utilizaram os tipos de partida com adição de passos (SSF, SST e DS) e contrastando com o grupo que classificou-se entre o 4º e 8º lugar, onde apenas 11,3% optou pela partidas com passo(s).

O facto da CS ser a partida de maior sucesso entre os nadadores, pode estar, em parte, devido à falta do estudo sistemático e científico das demais técnicas de partida. O uso continuado da CS em provas de estafetas em competições nacionais e internacionais de natação, evidencia que a eficácia destas técnicas (SST, SSF e DS) ainda não foram bem elucidadas quer pelos cientistas quer pelos treinadores (McLean et al., 2000), apesar de, como já foi citado anteriormente, Esteves et. al (2006) terem verificado que as partidas com adição de passos correspondem a 39% dos nadadores das séries finais do Campeonato do Mundo de 2005, Jogos Olímpicos de Atenas 2004 e Campeonato do Mundo de Barcelona 2003 que ocupam os primeiros lugares, (1º, 2º e 3º). A partida aqui tratada como CS, por nós foi referida como partida tradicional de estafetas (PT).

Visto os poucos estudos científicos existentes e sabendo-se a importância que uma boa partida pode representar no resultado final de uma disputa, seja em equipa ou individual, e com o crescente número de nadadores a utilizar os novos tipos de técnica de rendição com adição de passos Esteves et. al (2006), surgiu a necessidade de analisar comparativamente as variáveis cinemétricas e dinamométricas mais determinantes de sucesso na acção da partida.

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3. Parte experimental

3.1 Objectivos e Hipóteses

Com este trabalho, propusemo-nos descrever e analisar comparativamente cinco tipos de técnicas de rendição em provas de estafetas de natação, usando variáveis cinemétricas e dinamométricas. Os cinco tipos em questão foram: 1) grab start (GS), 2) partida tradicional de estafetas (PT), 3) single

step forward (SSF), 4) single step track (SST) e 5) double step (DS).

Os parâmentros de performance a serem considerados para os nossos

objectivos específicos, a fim de alcançarmos o objectivo geral proposto foram: • Observar qual tipo de técnica é mais rápida no tempo de bloco;

• Conhecer qual tipo de técnica apresenta um menor tempo de reacção; • Verificar qual técnica apresenta um menor tempo de impulsão;

• Observar qual tipo de técnica apresenta um maior tempo de voo; • Verificar qual técnica apresenta maior velocidade de saída do bloco; • Identificar qual tipo de técnica de partida produz maior força horizontal; • Observar qual tipo de técnica produz maior força vertical;

• Verificar qual técnica apresenta maior potência média de saída do bloco; • Verificar qual técnica apresenta maior impulso horizontal;

• Conhecer qual tipo de técnica apresenta um maior alcance de salto; • Verificar qual tipo de técnica de partida apresenta menor tempo nos 10m.

3.1.1 Hipóteses

• A PT é a técnica de partida mais rápida a deixar o bloco; • A PT é a técnica que apresenta um menor tempo de reacção; • A PT é a técnica que apresenta um menor tempo de impulsão; • O tempo de voo é superior na PT;

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• A força da componente horizontal é superior na PT; • A força da componente vertical é superior na PT; • A potência média é superior na PT;

• O impulso horizontal é superior na PT;

• O alcance do salto, relativamente a parede testa da piscina, quando o nadador toca na água é superior na PT;

• O tempo total nos 10m é inferior na PT.

3.2 Material e métodos

3.2.1 Caracterização da amostra

A amostra foi constituída por 10 nadadores (cinco do género feminino e cinco do género masculino) dos escalões juvenil, junior e sênior da alta competição do norte de Portugal.

As médias e os respectivos desvios-padrão (méd±dp) de algumas características gerais dos nadadores da amostra podem ser observados no Quadro 2.

Quadro 2: Valores médios e desvios-padrão de algumas características gerais dos nadadores constituintes da amostra.

Feminino Masculino Geral

Amostra (N) 5 5 10 Idade (anos) média±dp 20.2±3.8 16.8±3.0 18.5±3.7 Altura (cm) média±dp 170.8±3.6 176.4±5 X Massa (Kg) média±dp 59.9±6.0 65.9±8.7 X

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