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O campo de pesquisa dentro da teoria de representações sociais destaca uma diversidade de problemas pesquisados, agrupando-os em algumas áreas que se mostram com maior consistência nos interesses dos pesquisadores, que seriam: ciência social, saúde, desenvolvimento, educação, trabalho, comunidade e exclusão social. (Sá, 1998; Vala, 2006).

No domínio das representações sociais, o que tem ocorrido é a produção de definições conceituais que recortam dimensões e aspectos específicos, tendo presente os propósitos também específicos de cada investigação. (Vala, 2006, p. 464).

No âmbito da educação, a teoria das representações sociais tem sido privilegiada, pois é possível encontrar um número significativo de trabalhos que fazem uso dessa teoria, embora parte deles estudem apenas alguns de seus aspectos. (Dotta, 2009; Menin, Shimuzu & Lima, 2009).

Na pesquisa realizada através das bases de Periódicos Capes, BVS-PSi, Google Acadêmico, Scopus e Lilacs, utilizando como descritores as palavras “representação social” e “trabalho docente” em português, inglês e francês, fazendo o recorte dos últimos cinco anos de publicação, foi encontrado um número significativo de publicações. Mas em sua maioria tratava de questões como educação básica, formação e papel do professor, relação professor- aluno, contextos de ensino-aprendizagem, escolas rurais e dentro de cursos acadêmicos.

Procurando fazer uma pesquisa mais atenta entre os títulos e resumos dos periódicos encontrados, percebeu-se uma grande lacuna da teoria dentro de estudos que envolvem a

relação professor-universidade, assim como, das representações de professores universitários sobre suas atuações profissionais. Como ressaltamos, os trabalhos encontrados davam conta de parte dessa formação e de sua prática dentro da educação básica e de sua formação enquanto estudante e futuro profissional.

Dos trabalhos encontrados, destacamos a pesquisa de Alves-Mazzotti (2008) sobre representações sociais: “Os aspectos teóricos e aplicações à educação". A autora coloca a problemática realidade da educação básica e a formação de professores, assim como o contexto relacional entre professor-aluno e pobreza. Embora trate da educação formal básica, alguns dos aspectos apresentados podem ser transpostos para a educação superior. Dentro da reflexão sobre a importância dos estudos das representações sociais aplicadas ao contexto educacional, a autora destaca que, embora inserido dentro de uma realidade problemática, estudos nessa área possibilitam superar a constatação sobre o que se passa dentro dos indivíduos. Compreendendo porque “essas percepções, atribuições são construídas e mantidas recorrendo aos sistemas de significação socialmente enraizados e partilhados que as orientam e justificam” (Alves-Mazzotti, 2008, p. 20).

A intenção propalada de propiciar mudanças através da educação exige que se compreendam os processos simbólicos que ocorrem na interação educativa, e esta não ocorre num vazio social. Em outras palavras, para que a pesquisa educacional possa ter maior impacto sobre a prática educativa, ela precisa adotar “um olhar psicossocial”, de um lado, preenchendo o sujeito social com um mundo interior, e, de outro, restituindo o sujeito individual ao mundo social (Moscovici, 1990 apud Alves- Mazzotti, 2008, p.20).

Nos estudos sobre representações de professores de Menin, Shimizu e Lima (2009) foi feito um levantamento e análise da produção acadêmica das teses e dissertações dentro dos programas de pós-graduação em Educação no Brasil que usam a teoria de representações sociais para estudar representações de ou sobre professor. Elas pesquisaram 27 trabalhos, observando principalmente como e quais foram os procedimentos metodológicos utilizados

nos estudos em TRS. Assim, concluíram que a TRS é pouco explorada, embora, de modo geral, eles contribuam para aclarar as representações que professores têm a respeito de vários campos que compõem sua vida profissional.

A pesquisa desenvolvida por Souza e Villas-Bôas (2011) aponta, dentro de um estudo em rede, uma articulação entre a Teoria das Representações Sociais e a área da educação, mais especificamente a formação de professores. “Nesse sentido, discute como o olhar psicossocial, focado no âmbito educacional, permite analisar as tensões construídas na articulação entre o conhecimento científico, específico da área educacional, com o conhecimento do senso comum, que permeiam as representações sociais sobre o trabalho do professor sem desconsiderar o contexto em que se desenvolve a ação docente” (p. 272).

Bourgin (2011) procurou caracterizar as práticas de professores nos primeiros ciclos acadêmicos gerais e o aumento da dualidade do sistema de ensino superior e multiplicidade de medidas para reduzir os indicadores de fracasso. A pesquisa se deu com os alunos calouros e mostrou que embora existam várias medidas, essas mostram-se superficiais e direcionadas para uma formação científica nos moldes acadêmicos. Seria nesses primeiros semestres que, como uma fase latente, os acadêmicos iriam mostrar seu potencial educacional.

A pesquisa de Souza e Oliveira (2013) denominada “Trabalho docente: representações sociais em professores de uma universidade pública” percebeu que o trabalho docente é marcado por contradições que tangenciam as habilidades e competências demandadas na contemporaneidade, o sucateamento da universidade pública, as políticas educacionais e a precarização das relações de trabalho.

Na pesquisa, utilizando os descritores “representação social” e “aposentadoria”, e os mesmos recortes descritos acima, uma gama de estudos também foi encontrada. Mas, em sua maioria, estavam direcionavam para a questão do envelhecimento, percepção de saúde e do lazer para aposentados. Novamente encontra-se uma lacuna teórica que envolva as

representações sociais e políticas públicas e uma mudança de correlação entre aposentadoria e velhice, uma vez que essa vem passando de elemento central para periférico e em outras pesquisas não aparece nem como elemento.

Dentre as pesquisas que correlacionam aposentadoria e velhice e suas possibilidades de compreensão, percepção e vivência entre diferentes grupos etários e sociais, podemos destacar os estudos de Graef (2002), Magnabosco-Martins, Camargo e Biasus (2009); Pinheiro e Teixeira (2003), Torres (2010); Veloz, Nascimento-Schulze e Camargo (1999).

Roland-Lévy e Berjot (2009), fizeram um estudo sobre representação social da aposentadoria na França utilizando três grupos focais que se distinguiam em idade - jovens, adultos e idosos -, e status de emprego - estudante, trabalhador e aposentado -, em que as representações sociais se distinguiram entre os grupos sociais pesquisados. Os elementos nucleares e periféricos foram distintos e com pouca similaridade, embora houvesse uma descrição positiva do tema. Entre estudantes e trabalhadores, os elementos que convergiram foram na compreensão de aposentadoria como tempo de descanso, enquanto esse elemento não aparece dentro da população de idosos. As palavras avaliadas como positivas para os idosos foram “menos estresse” e “liberdade”. A velhice foi caracterizada como elemento central para os estudantes e como elemento periférico no grupo dos trabalhadores. Segundo esse estudo, trabalhadores e idosos têm uma percepção mais positiva da aposentadoria.

Já na busca utilizando os descritores “trabalho docente”, “aposentadoria” e “representações sociais” pouquíssimos trabalhos foram encontrados. É nessa interlocução que há a maior lacuna de estudos produzidos.

Mas dentre os estudos produzidos destacamos a pesquisa de Moreira (2011), a cujo título é “Aposentadoria e velhice bem-sucedida: estudo de caso com professores universitários”. O estudo tinha como objetivo principal desvelar os conceitos e imaginários relativos à velhice, ao trabalho e à aposentadoria entre professores universitários com mais de

60 anos que continuam trabalhando. Refletindo sobre os imaginários desses profissionais em relação à velhice e aos sentidos do trabalho e como esses dois elementos podem influenciar sua relação com a aposentadoria, percebeu-se que a manutenção do vínculo empregatício oferecia diversos ganhos, tais como: manter a valorizada condição de trabalhador e afastar os fantasmas de perdas e limitações da velhice e, por fim, permite articulou aposentadoria e continuidade do vínculo empregatício.

Wachelke et al (2008), na pesquisa realizada com o objetivo de caracterizar os princípios organizadores da representação social de jovens e adultos não idosos sobre envelhecimento, identificaram um princípio geral opondo perdas e ganhos, típico da representação sobre envelhecimento, e também os contrastes entre os grupos de diferentes faixas etárias. Isso permitiu caracterizar a mudança do pensamento sobre o envelhecimento com o passar da idade, discutindo também a necessidade de caracterizações estruturais mais precisas sobre a representação do envelhecimento.

Liberatti et al (2015) analisou as representações sociais da aposentadoria para enfermeiras docentes. Os resultados identificaram cinco categorias temáticas. Conclusão: a aposentadoria representou a oportunidade de fazer o que gosta, de aprender coisas novas, de viajar, de melhorar os relacionamentos interpessoais, de sentimentos de liberdade e de missão cumprida. Porém representou, também, sentimento de frustração e decepção pela falta de reconhecimento pelo que desenvolveram no tempo em que estiveram no exercício da docência.

Embora não haja uma grande produção articulando os três temas da pesquisa, é possível fazer conexões entre os trabalhos já produzidos, mesmo que sobre olhares diferentes, o que afirma de alguma forma a complexidade da temática estudada.

Modelo de pesquisa

5.1 Objetivos