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Nesta etapa o preenchimento do Check List (Anexo 02) foi realizado em cada trecho delimitado, juntamente com o levantamento de uso do solo, que contribuiu para o enriquecimento das informações quanto ao potencial de cada trecho.

Ainda neste momento fazendo uso da opinião dos Experts foi possível gerar tabelas com a média de todos os trechos, que serão utilizadas na elaboração de mapas de percepção, além desses, os principais resultados dessa primeira etapa farão parte também das Matrizes de Descobertas, na ETAPA 03, ambos com o uso do S.I.G.

Como já explicitado anteriormente, a opinião dos experts serviu para validar o instrumento Check-List, com os resultados enviados, foi feita uma tabulação com o uso do software Excel juntando a avaliação dos três experts para cada item e cada subitem, gerando uma coluna com a média das três avaliações. Tabelas 01, 02, 03 e 04.

Com essa média optou-se por trabalhar com cores para facilitar o entendimento e visualização dos resultados, o que veio a contribuir para a elaboração dos mapas através do S.I.G, pois foram considerados os subitens de alto, médio e menor grau de importância.

Dessa forma, observa-se que embora os itens sejam importantes para a acessibilidade em meio urbano, (destacados com a mesma cor marrom), há subitens considerados de alto e médio grau de importância, respectivamente marcados em cor bege escuro e bege claro, e por isso escolhidos para compor os mapas gerados. Para o item Calçadas (Tabela 01, os subitens (a) trecho pavimentado e (o) mobiliário urbano sem interferência na rota acessível foram considerados de maior

68 importância pelos experts. E os subitens (f) na existência de degraus, há rampa associada; (i) O material utilizado no piso é uniforme, não havendo desnivelamento; (p) o mobiliário existente não se caracteriza como invasão de passeio público; (w) caso existam obras sobre o passeio – a obra está sinalizada e respeita a faixa livre de 1,20m para a circulação; (z) não sendo possível, em caso de obras, assegurar a largura mínima de circulação sobre o passeio, foi feito um desvio pelo leito carroçável da via, com rampa provisória com largura mínima de 1m e inclinação máxima de 10%, foram considerados subitens de médio grau de importância.

TABELA 01: RESULTADO DAS AVALIAÇÕES DOS EXPERTS –

ITEM CALÇADAS.

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As valorações para este item mostram a importância de se permitir a existência de uma rota acessível em meio urbano, com calçadas em trechos nivelados, livre de barreiras e com larguras mínimas respeitadas.

Para o item faixa de pedestres, na tabela 02, o subitem (b) as faixas de travessia de pedestres são aplicadas nas seções da via onde existe foco de pedestres ou prolongamento de calçadas foi considerado o de maior grau de importância e o subitem (a) existe faixa de pedestres para ajudar a travessia da via, o de médio grau de importância. Logo, percebe-se que a existência de faixa de pedestres em locais de grande fluxo é importante para a acessibilidade do meio urbano, pois facilitará a travessia segura dos transeuntes.

O Item guias rebaixadas foi o que mais apresentou pontos de maior grau de importância valorados pelos experts, primeiramente há um questionamento quanto a necessidade de existência da guia naquele trecho e posteriormente uma análise dos pontos que envolvem sua execução de forma correta. Assim, os subitens (a) as calçadas são rebaixadas junto às travessias de pedestres, sinalizadas com ou sem faixa, com ou sem semáforo, sempre que há foco de pedestres e possuem inclinaçãoconstante e não superior a 8,33%; (c) não há desnível entre o término do rebaixamento da calçada e o leito carroçável; (d) inclinação máxima de 8.33%;(e) largura mínima de 1.20m; (g) correspondente a outra guia do lado oposto da rua e (i) espaço livre de 80cm na calçada, ao final da guia rebaixada, foram considerados de maior grau de importância, e o subitem (b) há rebaixamento de calçadas nas esquinas, nos meios de quadra e nos canteiros divisores de pistas, de médio grau de importância. Verifica-se, portanto, que o item guias rebaixadas é de fundamental importância para compor a rota acessível e permitir a concordância do passeio com a via, o que proporciona segurança na travessia.

O item mobiliário urbano é definido como sendo “todos os objetos, elementos e pequenas construções integrantes da paisagem urbana, de natureza utilitária ou não, implantados mediante autorização do poder público em espaços públicos e privados” (ABNT, NBR 9050/04; item 3.28). Esse item é importante ao compor a rota sem comprometer a livre circulação e sempre que necessário existir, deve ser corretamente sinalizado. Assim, o subitem (f) implantação permite circulação foi o considerado de maior grau de importância e os subitens (a) há pelo menos um

70 telefone, com altura máxima de 1,20m e altura livre de, no mínimo, de 73cm, acessível a pessoas em cadeira de rodas.; (d) altura dos comandos entre 0.80m e 1.20m; (h) o bebedouro disponível é acessível e atende as exigências da NBR 9050/04. ; (i) há assentos fixos ao longo desse trecho. e (k) há postes de iluminação ao longo do percurso, foram valorados como de médio grau de importância.

O item estacionamento apresentou uma peculiaridade, pois o resultado final não gerou subitens com médio grau de importância, sendo apenas alto grau de importância e subitens sem grande interferência. Assim, os subitens (a) há disponibilização de vagas de estacionamento neste trecho; (b) há guias rebaixadas para acesso a este estacionamento; (c) nº vagas para pessoas com deficiência: 2% do total, sendo assegurada no mínimo 01; (d) nº vagas para Idosos: 5% do total, sendo assegurada no mínimo 01 e (h) essas vagas têm piso nivelado, firme e estável, foram considerados de alto grau de importância.

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Fonte: Elaboração própria, 2013.

TABELA 02: RESULTADO DAS AVALIAÇÕES DOS EXPERTS – FAIXA

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TABELA 03: RESULTADO DAS AVALIAÇÕES DOS EXPERTS

ITEM MOBILIÁRIO URBANO E ESTACIONAMENTO.

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.

Assim, em contato com os experts entendemos que eles consideram todos os subitens importantes para que ocorra uma acessibilidade plena no meio urbano. No entanto, como foram questionados sobre o grau de importância de cada um, eles valoraram sempre observando que os subitens de maior grau de importância são os que não podem deixar de existir para que o ambiente construído seja acessível. Fonte: Elaboração própria, 2013.

TABELA 04: RESULTADO DAS AVALIAÇÕES DOS EXPERTS

74 Dessa forma, com todos os check-lists preenchidos, feita as análises de cada trecho em estudo e considerando as valorações de importância dos experts, podemos obter os seguintes resultados por trecho. É válido ressaltar que a análise de cada trecho foi feita no dia de domingo e que em dias como o sábado (dia de feira semanal) e em semanas com datas comemorativas, como o Natal, todos os trechos ficam bastante comprometidos pelo aumento populacional do bairro.

Item Calçadas – Avaliando os pontos valorados pelos experts, esse trecho apresenta como grande problema a implantação de ambulantes de forma indevida com interferência na rota acessível, se caracterizando como invasão de passeio público e comprometendo ainda mais o passeio livre em

dias de grandes movimentos. A calçada possui 2.96m de largura, no entanto, devido à existência de ambulantes de forma inadequada, há trechos com 1.00m de faixa livre apenas;

Durante o preenchimento do Check-list, realizado em dias de domingo, foi possível perceber a diferençada faixa livre em dias de semana, pois como nos domingos não havia ambulantes o espaço era acessível, com prejuízos apenas em relação à má conservação de piso.

Item Guia Rebaixada – Não há oferta de guias rebaixadas neste trecho, fator que compromete a acessibilidade do espaço analisado, pois durante a pesquisa, observou-se a dificuldade de muitos idosos em ter acesso as vias para atravessar para o outro lado da calçada. Muitos pontos em que deveriam haver guias rebaixadas, há ambulantes ou lixo;

A) TRECHO 01

Figura 35 - Localização trecho 01 Fonte: A autora, 2014.

75 Item Mobiliário Urbano – Neste trecho o único mobiliário urbano ofertado são postes de iluminação pública.

Item Estacionamento – Neste trecho o estacionamento ofertado é na via pública e não atende a qualquer exigência legal de acessibilidade;

Ponto de ônibus - Neste trecho não há oferta ponto de ônibus;

Comunicação e Sinalização – Não há comunicação e sinalização de acessibilidade neste trecho;

Acesso às lojas – Apesar de aberturas livres maiores de 0,80m, características comerciais, pois todas possuem praticamente toda a sua fachada aberta sendo convidativa aos clientes, a maioria das lojas deste trecho possui soleira com altura acima de 1,5cm, em alguns casos há mais de um degrau, e nenhuma oferta rampa associada, como mostra a figura 34, o que compromete a acessibilidade ao seu interior.

Figura - 36 - Acesso a uma das lojas do trecho 01. Fonte: A autora, 2013

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Item Calçadas – Neste trecho apesar de pavimentado e nivelado, foi encontrado pontos com má conservação e buracos, que causam insegurança para os pedestres. Além disso, há uma rampa de acesso para veículos em um dos estabelecimentos que passou a funcionar como estacionamento privado, o que

impede rota acessível nesta calçada. Alguns pontos possuem ambulantes de forma irregular, deixando livre 1.00m de largura na calçada, além disso, há um trecho em que os lojistas colocam na calçada parte de seu mostruário, diminuindo mais ainda a faixa livre exigida. Há lojas que possuem obstáculos aéreos, como propagandas, em altura inferior a 2.10m, contrariando mais um item do Check-List;

Figura 38- Acesso de veículos, comprometendo rota acessível. Fonte: A autora, 2013

B) TRECHO 02

Figura 37- Localização Trecho 02 Fonte: A autora, 2014.

77 Item Guia Rebaixada – A guia rebaixada existente em apenas uma das travessias não atende a todos os itens legais de acessibilidade, o principal deles é existir em um local em que não há travessia de pedestres sinalizada;

Item Mobiliário Urbano – Neste trecho o único mobiliário urbano ofertado são postes de iluminação pública;

Item Estacionamento – Neste trecho o estacionamento ofertado é na via pública e não atende a qualquer exigência legal de acessibilidade;

Ponto de ônibus - Neste trecho não há oferta ponto de ônibus;

Comunicação e Sinalização – Não há comunicação e sinalização de acessibilidade neste trecho;

Acesso às lojas – A maioria das lojas deste trecho possui soleira com altura acima de 1,5cm, em alguns casos há mais de um degrau, e nenhuma oferta rampa associada, o que compromete a acessibilidade ao seu interior.

Item Calçadas – Neste trecho muitos desníveis foram encontrados na extensão de todo o percurso, muitos lojistas adaptaram as calçadas ao nível de suas lojas. Em uma delas foi possível verificar uma adaptação com rampa para vencer o desnível existente, no entanto, as exigências da norma técnica de acessibilidade quanto à inclinação, sinalização, guarda- corpo e corrimão não foram atendidas;

Item Guia Rebaixada – A guia rebaixada existente em apenas uma das travessias não atende a todos os itens legais de acessibilidade, o principal deles é existir em um local em que não há travessia de pedestres sinalizada;

C) TRECHO 03

Figura 39- Localização Trecho 03 Fonte: A autora, 2013

78 Item Mobiliário Urbano – Neste trecho o único mobiliário urbano ofertado são postes de iluminação pública;

Item Estacionamento – Neste trecho o estacionamento ofertado é na via pública e não atende a qualquer exigência legal de acessibilidade;

Ponto de ônibus – Neste trecho não há oferta ponto de ônibus;

Comunicação e Sinalização – Não há comunicação e sinalização de acessibilidade neste trecho

Acesso às lojas – A maioria das lojas deste trecho possui soleira com altura acima de 1,5cm, em alguns casos o proprietário aumentou o nível da calçada para nivelar com sua loja e em outro caso foi feita uma rampa associada ao desnível existente, mas que não atendeu a norma técnica de acessibilidade, como mostra a figura 40.

Item Calçadas – Neste trecho há pontos em que os proprietários optaram por elevar o nível da calçada para igualar com o da sua loja, causando elevações no percurso e contrariando a norma técnica. Além D) TRECHO 04

Figura 40- Rampa de acesso ao interior de uma das lojas

Fonte: A autora, 2013.

Figura 41- Localização trecho 04 Fonte: A autora, 2014

79 disso, muitos pontos com piso em má conservação comprometem a rota acessível. Em alguns pontos é fácil verificar a interferência dos ambulantes nos espaços das calçadas, é quase impossível passar mais de uma pessoa lado a lado, ou seja, impraticável a circulação de pessoas em cadeira de rodas.

Item Guia Rebaixada – Há apenas uma guia rebaixada nesse trecho, mas há necessidade de uma guia em cada travessia sinalizada nas esquinas, além disso, a existente está fora dos padrões de exigência da NBR 9050/04.

Item Mobiliário Urbano – Neste trecho o único mobiliário urbano ofertado são postes de iluminação pública;

Item Estacionamento – Neste trecho o estacionamento ofertado é na via pública e não atende a qualquer exigência legal de acessibilidade;

Ponto de ônibus – Neste trecho não há oferta ponto de ônibus; Comunicação e Sinalização – Não há comunicação e sinalização de acessibilidade neste trecho;

Acesso às lojas – A maioria das lojas deste trecho possui soleira com altura acima de 1,5cm, comprometendo rota acessível ao seu interior.

Figura 42- Desnível inadequado no acesso as lojas.

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Item Calçadas – Neste trecho há má

conservação da

calçada, com buracos e trechos com acumulo de água pluvial. No entanto, toda faixa livre mínima de 1.25m é respeitada;

Item Guia

Rebaixada – Há uma

guia rebaixada em meio de quadra, provavelmente executada pelo proprietário da loja, no entanto, não é necessária a sua existência nesse ponto, o que pode provocar travessias inadequadas e inseguras, além disso a guia foi executada sem a preocupação em atender todas as exigências da norma técnica de acessibilidade;

Item Mobiliário Urbano – O mobiliário encontrado foram assentos fixos, pela característica verificada os bancos foram instalados pelos lojistas deste trecho, com o intuito de impedir que ambulantes se instalassem em frente a suas lojas. No entanto, os assentos não são adequadamente sinalizados, o que pode ocasionar acidentes com pessoas com deficiência visual;

Item Estacionamento – Não há oferta de estacionamento neste trecho. Ponto de ônibus – Neste trecho não há oferta ponto de ônibus;

Comunicação e Sinalização – Não há comunicação e sinalização de acessibilidade neste trecho;

Acesso às lojas – A maioria das lojas deste trecho possui soleira com altura acima de 1,5cm, comprometendo rota acessível ao seu interior.

E) TRECHO 05

Figura 43 - Localização Trecho 05 Fonte: A autora, 2014

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Figura 44- Mobiliário sem sinalização tátl de alerta. Fonte: A autora, 2013

Item Calçadas – Apesar de ser um trecho com a maior largura de calçada encontrada (3.10m), comparando-se com os demais trechos, há inúmeros pontos com pavimentação danificada, com barreiras comprometendo a

rota, como bocas de lobo, grelhas, etc. Além disso, a calçada é cortada por uma viela existente, sem qualquer rebaixamento de calçada e neste mesmo ponto há acúmulo de água pluvial.

Item Guia Rebaixada – Somente em uma esquina há oferta de guia rebaixada, no entanto, fora dos padrões da NBR 9050/04.

F) TRECHO 06

Figura 45 - Localização trecho 06 Fonte: A autora, 2014

82 Item Mobiliário Urbano – Neste trecho o único mobiliário urbano ofertado são postes de iluminação pública;

Item Estacionamento – Não há oferta de estacionamento neste trecho. Apenas veículos para carga e descarga tem acesso a via limite deste trecho.

Ponto de Ônibus – Neste trecho não há oferta ponto de ônibus;

Comunicação e Sinalização – Não há comunicação e sinalização de acessibilidade neste trecho;

Acesso às Lojas – A maioria das lojas deste trecho possui soleira com altura acima de 1,5cm, comprometendo rota acessível ao seu interior.

Figura 46 - Trecho em má conservação. Fonte: A autora, 2013.

Item Calçadas – Considerando os pontos valorados pelos experts, esse trecho apresenta como grande problema a implantação de G) TRECHO 07

Figura 47- Localização trecho 07 Fonte: A autora, 2014.

83 ambulantes de forma indevida com interferência na rota acessível, se caracterizando como invasão de passeio público e comprometendo ainda mais o passeio livre em dias de grandes movimentos

Item Guia Rebaixada – Não há oferta de guias rebaixadas neste trecho, fator que compromete a acessibilidade do espaço analisado.

Item Mobiliário Urbano – Neste trecho o único mobiliário urbano ofertado são postes de iluminação pública.

Item Estacionamento – Não há oferta de estacionamento neste trecho, apenas um ponto de taxi.

Ponto de ônibus – Não há oferta de ponto de ônibus neste trecho, mas o trecho é uma importante passagem de pedestres para acesso ao ponto de ônibus para a Zona Norte de Natal, no entanto, não oferece acessibilidade a seus pedestres.

Comunicação e Sinalização – Não há comunicação e sinalização de acessibilidade neste trecho;

6.2 – ETAPA 02: Opinião dos usuários:

Aliar a análise técnica das condições da acessibilidade dos espaços estudados à percepção dos usuários a esse respeito permitiu uma melhor compreensão da realidade local e o esclarecimento de pontos a serem incorporados às diretrizes para as futuras intervenções naquele local, expressas nas conclusões desta pesquisa.

A pesquisa de campo relativa à percepção dos usuários aconteceu durante o primeiro semestre de 2013, e abordou 100 visitantes que responderam a questionários (Apêndice B) aplicados de forma casual (ou seja, sem preocupação com a escolha do perfil do entrevistado, tentando contemplar a maior diversidade possível de participantes), além de 20 profissionais atuantes na área (10 comerciantes e 10 ambulantes), também contatados de modo casual e buscando a diversidade de perfis, estes últimos submetidos a entrevistas (Apêndice B) informais (com base em roteiro inspirado nas perguntas do questionário), que foram tratadas como “conversas” sobre os problemas do local e suas prováveis soluções. Os

84 usuários contatados tinham idade entre 18 e 75 anos, e com graus de instrução variado (de analfabetos e pós-graduados) e 52% deles eram do gênero feminino.

Nesse subitem são descritos os resultados obtidos, apresentados em função dos trechos analisados. Note-se que o estudo não buscava investigar profundamente a percepção dos usuários, e sim focalizar as questões pertinentes à acessibilidade e à interação dessas pessoas com a área conhecida como “Coração do Alecrim”. Além disso, como a análise necessária é qualitativa e genérica, não serão utilizadas descrições estatísticas.

Ressalte-se, antecipadamente, que as três categorias de usuários participantes têm opiniões relativamente semelhantes com relação às questões de acessibilidade física na área estudada, o que não era esperado inicialmente, pois acreditávamos que haveria grandes discrepâncias entre eles. Em linhas gerais, parece que a dificuldade não reside em detectar os problemas, e sim no modo como eles acreditam que tais problemas deveriam ser solucionados.

Assim, os visitantes estão muito voltados para questões pontuais e para o atendimento (o mais rápido possível) de necessidades específicas, como acesso a uma agencia bancária ou estabelecimento comercial, uso de transporte público, participação em algum evento social, e similares. Estas pessoas têm menos contato direto com o local, o qual, em muitos casos, configura-se como uma espécie de “passagem”. Para eles a acessibilidade é, portanto, uma condição importante para facilitar o uso e a mobilidade, mas as soluções podem ser específicas e eminentemente utilitárias, com ênfase para a desobstrução do espaço construído de modo a possibilitar a criação de rotas acessíveis.

Por sua vez, os ambulantes e comerciantes entendem que aquele é um local de trabalho e longa permanência. As duas categorias lutam por melhorias no bairro, esperando investimentos futuros por parte de gestores públicos, principalmente no campo da segurança. Quando questionados a respeito da acessibilidade, a maioria se mostrou a favor dos benefícios que um espaço acessível traz para todos os usuários (o que também significa mais facilidade de acesso do público aos seus estabelecimentos/negócios, que ganhariam em visibilidade e visitação), mas ressaltaram que enquanto não houver ordem no sistema de fiscalização quanto ao uso das calçadas nenhuma evolução no campo da acessibilidade vai ocorrer.

85 Os comerciantes desejam que ocorra a retirada de todos os ambulantes das calçadas (ou pelo menos da maioria deles), defendendo que é impossível que as calçadas continuem obstruídas e é imprescindível a definição de espaços para estacionamento de veículos. Para tanto resolver tais questões, apontam ser necessária a criação de um novo espaço para abrigar o comércio informal, de preferência em outra área do bairro, para a qual os camelôs seriam deslocados.

Por sua vez, os ambulantes almejam investimentos no camelódromo, tanto nos campos da segurança, da infraestrutura e da acessibilidade, tanto para pessoas com deficiência quanto para pessoas sem dificuldades de mobilidade, pois atualmente mesmo quem não tem qualquer restrição física encontra dificuldade para caminhar confortavelmente no interior naquele local. De modo geral eles não admitem a retirada dos ambulantes das calçadas (aliás, sequer cogitam que tal possibilidade seja levada em consideração), embora entendam que há problemas e será difícil manter a situação como está hoje. Para essa categoria, deveria haver uma readequação do espaço existente, que os permitisse permanecer nesta área central sem obstruir a faixa livre das calçadas. Para eles, por exemplo, a transformação de grande parte daquela área em setor exclusivo para pedestres, com a redução do leito carroçável das vias e o afastamento do transito (com bolsões de estacionamento externo e pouca ou nenhuma permissão para circulação de veículos, especialmente particulares), seria uma boa solução.

Portanto, não é simples resolver esse tipo de situação, pois, embora atualmente não exista um conflito aberto, conciliar interesses tão diversos em pouco espaço e com uma enorme população envolvida é um problema com muitas facetas.

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