2.2 ANÁLISE FINANCEIRA
2.2.3 O Processo de Análise Financeira
2.2.3.1 Etapas do Processo de Análise Financeira
A padronização das peças contábeis é a etapa que precede a análise financeira, e o processo de análise obedece a uma sequência definida para garantir o resultado esperado, conforme explica Pereira da Silva (2013). Para este mesmo autor a sequência do processo envolve as seguintes etapas:
a) Coleta da documentação para análise. b) Conferência da documentação recebida.
c) Preparação: leitura e padronização das demonstrações contábeis. d) Processamento: cálculos dos indicadores e obtenção de relatórios. e) Análise dos indicadores e relatórios.
2.2.3.1.1 Coleta da Documentação para Análise
Pereira da Silva (2013, p. 6) destaca que a coleta é a:
Obtenção das demonstrações contábeis e outras informações, como as relativas ao mercado de atuação da empresa, seus produtos, seu nível tecnológico, seus administradores e seus proprietários, bem como sobre o grupo a que a empresa pertence, entre outras.
2.2.3.1.2 Conferência da Documentação
A qualidade da documentação a ser analisada é imprescindível para a realização de uma análise confiável que apresente a real situação econômico- financeira da empresa averiguada. Portanto, a documentação recebida deve ser rigorosamente conferida para evitar irregularidades que comprometam e dificultam a realização da análise. (PEREIRA DA SILVA, 2013, p. 174-175).
Neste sentido, Kuhn e Lampert (2012, p. 24) explicam que:
O produto da análise financeira depende diretamente da completude e confiabilidade dos dados e informações coletados. De nada adianta produzirmos indicadores a partir de valores que não representam a realidade do negócio sob análise.
2.2.3.1.3 Preparação: leitura e padronização das demonstrações contábeis.
Nas palavras de Pereira da Silva (2013, p. 176), "[...] a análise começa na reclassificação das demonstrações contábeis, [...] tem como objetivo trazê-las a um padrão de procedimento e de ordenamento na distribuição das contas". Pereira da Silva (ibid., p. 176), ainda acrescenta que "o outro objetivo é fazer com que as demonstrações atendam às necessidades de análise e sejam apresentadas de forma homogênea, simples de visualizar e fáceis de entender [...]".
De acordo com Kuhn e Lampert:
A preparação e o processamento das demonstrações financeiras para fins de análise têm por finalidade levar as peças contábeis a uma padronização que atenda às diretrizes técnicas internas da instituição ou do profissional
que esteja desenvolvendo a análise, atendendo a determinada finalidade, como subsidiar decisões de investimentos ou de crédito, entre outros objetivos. (KUHN; LAMPERT, 2012, p. 25).
O quadro 01 apresenta um modelo de planilha para padronização do Balanço Patrimonial.
Quadro 01 - Planilha para padronização do BP
Fonte: Adaptado de Pereira da Silva (2013, p. 177-178).
Valores $ % Valores $ % Valores $ %
ATIVO
Disponibilidades Aplicações financeiras Duplicatas a receber (-) Prov. Devedores duvidosos Duplicatas a receber líquidas Estoques
Outros valores a receber Despesas antecipadas
Ativo circulante
Partes relacionadas Outros realizáveis LP
Realizável a longo prazo
Investimentos Imobilizado Intangível Diferido
Ativo permanente Ativo não circulante TOTAL DO ATIVO
PASSIVO
Duplicatas descontadas Instituições financeiras Outros não cíclicos Fornecedores
Salários e encargos sociais Impostos e taxas
Outros cíclicos
Passivo Circulante
Financiamentos e debêntures Outros exigíveis a longo prazo
Passivo não Circulante
Capital social integralizado Reservas
Lucros/prejuízos acumulados
Patrimônio Líquido TOTAL DO PASSIVO + PL
O Quadro 02 é um modelo de planilha para padronização da Demonstração do Resultado.
Quadro 02 - Planilha para padronização da DRE
Fonte: Adaptado de Pereira da Silva (2013, p. 179).
Portanto, no entendimento de Kuhn e Lampert a reclassificação tem a finalidade de:
Trazer todas as demonstrações financeiras a um mesmo critério, permitindo a comparabilidade entre empresas; fornecer o detalhamento necessário às diversas etapas do processo de análise, adequando-se a uma política interna que foi adotada pela empresa ou pelo analista; fornecer índices e indicadores isentos dos efeitos dos diferentes critérios adotados por diferentes empresas na elaboração de suas demonstrações financeiras e aprimorar conceitualmente a classificação de um valor com vistas a uma posição cautelosa, na interpretação do analista. (KUHN; LAMPERT, 2012, p. 26).
Valores $ % Valores $ % Valores $ %
Receita operacional bruta
(-) Devoluções e abatimentos (-) Impostos sobre vendas
Receita operacional líquida
(-) CPV (- depreciaações), CMV, CSP (-) Depreciações Lucro Bruto (-) Despesas comerciais (-) Despesasa administrativas (-) Despesas de depreciações (-) Provisão para devedores duvidosos (+/-) Outras despesas e receitas operac.
Lucro operacional I
(+) Receitas financeiras (-) Despesas financeiras
(+/-) Variações monetárias líquidas
Lucro operacional II
(+/-) Equivalência patrimonial
Lucro operacional III
(+/-) Resultado não operacional
Lucro líquido antes do IR
(-) Provisão IR e CS (-) Participações
Lucro líquido
2.2.3.1.4 Processamento: cálculos dos indicadores e obtenção de relatórios.
Pereira da Silva (2013) define que esta fase corresponde ao processamento das informações, cálculos dos indicadores e emissão dos relatórios no formato interno da instituição.
2.2.3.1.5 Análise das Demonstrações Contábeis
Após a organização dos dados, principalmente dos indicadores e relatórios, é necessário verificar a consistência das informações e observação das tendências apresentadas, para identificar eventuais irregularidades ou erros de planilhamento. A verificação de outras informações também é indispensável, dentre as quais destacam-se: se o valor total do ativo correspondente ao valor total do passivo mais do PL; informações de contratos, credores, prazos, taxas, garantias etc., em relação ao endividamento bancário; análise da evolução do PL e o cálculo dos índices financeiros e sua comparação com os de outras empresas de mesmo porte, região geográfica e que atuam no mesmo setor. (PEREIRA DA SILVA, 2013, p. 180-181).
Na concepção de Kuhn e Lampert (2012, p. 26), a análise é a etapa que exige muito conhecimento, observação e experiência do analista, pois nesta fase dois são os focos principais: a análise da empresa (fatores de risco) e transação pretendida (limite de crédito, aprovação de operações e etc.).
2.2.3.1.6 Conclusão
A etapa da conclusão, relatada por Kuhn e Lampert (2012, p. 27), "é uma das fases mais importantes da análise, consistindo em identificar, ordenar, destacar e escrever sobre os principais pontos e recomendações acerca da empresa".
Com isso Pereira da Silva (2013, p. 7) explica que o parecer elaborado pelo analista deve ser apresentado "[...] em linguagem simples, clara e consistente, de modo que o usuário da análise, pela leitura do relatório, conheça a empresa e possa tomar decisão sobre a mesma".