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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 Etapas, Natureza e Tipificação da Pesquisa

Ao revisitarmos nossas inquietações quanto ao processo de inclusão que transicionam neste momento do âmbito educacional e seu enfoque pedagógico para o enfoque social e econômico, resultado do novo discurso que se estabelece a partir dos atores da política nacional em seus diversos cenários, resolvemos apontar para uma nova abordagem que exceda o cartesianismo imposto pelas análises puramente quantitativas dos dados da Inclusão, para uma reflexão sobre as alternativas metodológicas que rompam com as estruturas clássicas de modelagem e caracterização de problemas para um paradigma distinto que de conta da caracterização de problemas complexos, que, ao contrário dos métodos clássicos, consiga abarcar o homem e seu contexto.

A priorização do olhar para o método e suas abordagens se dá em virtude de enxergarmos o fenômeno social como algo não somente complexo em sua estrutura e forma, mas e principalmente, por sua interdependência fenomenológica, que ao contrário da fragmentação

característica dos sistemas clássicos/cartesianos, não pode prescindir de uma capacidade conceitual integrada, objetiva e unificadora das experiências.

Uma abordagem de problemas complexos requer do pesquisador um olhar que ultrapasse o debate de causas e consequências, que considere o contexto, a multi a inter e a transdiciplinaridade, a unidade do homem bem como a subjetividade que entremeia os problemas humanos, e que lhe fazem de fato humanos, bem como, e acima de tudo, um apontar de caminhos/soluções que estejam de fato orientadas às necessidades humanas.

No intuito de ilustrar a abordagem metodológica de problemas complexos a escolha de um olhar para a gestão de um município, suas estruturas e fluxos de definições políticas e aplicações nos pareceu inevitável para escapar de uma discussão essencialmente abstrata e teórica do método. Ainda que a preocupação não esteja voltada para os dados e sim para os indicadores que apontem a eficácia do fenômeno, nos apropriarmos de uma percepção concreta para dela abstrairmos a indicação do método figurou eficiente e prudente.

Como pano de fundo desta discussão, investimos na construção de um corpo teórico que buscou na revisão literária as nuances ou tendências pelas quais passou a Inclusão pelo olhar da EF, o entender da questão da deficiência ao longo da história no Brasil pelos olhares da EFA, a evolução do processo da legislação para os portadores de necessidades especiais, a transição deste cenário para aplicações de enfoque social e econômico e a distinção dos métodos clássicos X abordagem de problemas complexos.

Por entendermos que esse novo enfoque retorna à própria academia com uma problemática de integração sócio-econômico-político-educacional, que refaça o olhar e a abordagem da agência de formação profissional, mais que nunca se faz necessária uma metodologia que permita caracterizar e entender com o máximo possível do realismo a natureza e aspectos do problema em questão.

Por estas razões, a escolha de uma discussão sobre modelagem que fosse feita a partir de uma experiência de modelagem, permitindo indicações e exemplificações da abordagem a partir de um sujeito real, não hipotético. Assim colocado, o resultado da pesquisa é a proposta de aplicação do método de resolução de problemas complexos para este fim. Mas seguindo o indissociável caminho da teoria e prática, ou seja, discutir o método a partir de sua aplicação.

Quanto a abordagem, optamos pela adoção da pesquisa qualitativa, que segundo Gil(2002) substitui a simples informação estatística relacionada ao tempo atual ou

passado, mas servindo para captar dados psicológicos que são reprimidos ou não facilmente articulados como atitudes, motivos, pressupostos, etc.

Do mesmo modo, a evidência qualitativa se faz perceber pelo caráter descritivo dos dados, a possibilidade da coleta dos dados no ambiente natural dos fenômenos, bem como da compreensão do significado das situações, comportamentos e percepções que cruzam a interpretação do pesquisador e dos pesquisados.

A essência primordial da pesquisa qualitativa é a busca para descobrir "o que está acontecendo aqui". Isto envolve o estudo sistemático das percepções e experiências dos indivíduos dentro do contexto daquele ambiente (THOMAS e NELSON, 2002, p. 327)

A pesquisa quantitativa tende a enfatizar a análise (ou seja, separar e examinar os componentes de um fenômeno), enquanto a qualitativa busca compreender o significado de uma experiência dos participantes, em um ambiente específico, bem como o modo como os componentes se mesclam para formar o todo (THOMAS e NELSON, 2008, p. 298)

Outra possibilidade do método qualitativo é a de ajustes de direção ao longo do processo da pesquisa, sua ampliação e redefinição, bem como a priorização do processo ao resultado final, o que é essencial numa abordagem de modelagem de problemas complexos.

Quanto aos objetivos, a pesquisa pode ser considerada de caráter exploratório, pois, conforme descreve Gil (2007), este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses.

Entendendo o contexto dinâmico que envolve os processos de gestão, este trabalho percorreu como problemática a seguinte questão: Que contribuições uma abordagem de resolução de problemas complexos, contemplando os princípios de desenho de processos orientados a valor, propiciam ao processo de gestão pública, como forma de tornar possível uma visualização da realidade da execução das ações da inclusão, tanto no estabelecimento de um diagnóstico mais preciso dos métodos e processos de inclusão, quanto no ferramental capaz de clarificar os caminhos e descaminhos de sua implementação?

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