• Nenhum resultado encontrado

Para o objetivo específico foram identificadas 34 unidades de registro para as falas dos mentores e 38 unidades de registros para as respostas dos mentorados.

Para a questão norteadora sobre quais as etapas percorridas (processo de seleção de mentores e mentorados, treinamentos envolvidos avaliações) no programa em estudo, descrever-se-á o processo adotado pela instituição, que segundo Bueno (1996) é uma série de fenômenos que se sucedem e são ligados por relações de causa e efeito, sendo descritos todos os passos nas diferentes visões de cada respondente.

Segundo Cooper e Schindler (2003), os escritores normalmente tratam a tarefa de pesquisa como um processo seqüencial, envolvendo diversos passos claramente definidos. Ninguém diz que, na pesquisa, é necessário completar um passo antes de passar para o próximo. Ocorrem adaptações, enganos e saltos. Alguns passos são iniciados fora da seqüência, outros são desenvolvidos simultaneamente e alguns podem ser omitidos. Apesar dessas variações, a idéia de seqüência é útil para desenvolver um projeto e para mantê-lo em ordem à medida que ele se desenvolve.

4.2.1 Seleção dos mentores e mentorados

Quando questionados sobre os primeiros passos da seleção para entrar no programa Jovem Aprendiz da Chesf, os mentorados foram unânimes ao afirmarem que o processo teve início no Senai. Nas falas a seguir é possível visualizar.

[...] antes tínhamos que passar nas provas do Senai, depois éramos informados sobre o programa. (MDO3)

Fiz a prova no Senai e a partir daí a Chesf chamou as pessoas por nota. (MDO2)

Primeiro eu fiz concurso para o Senai, depois a coordenadora me ligou e explicou o que era o programa e a intenção da Chesf, como iríamos trabalhar, ser contratados. (MDO 2)

A seleção foi do Senai. A gente fez provas e passou. Era por nota. Porque o Programa Jovem Aprendiz é uma parceria com o Senai. Só que agora a Chesf é quem está fazendo as provas. (MDO 4)

Para Santos (1973), seleção é um processo pelo qual pessoas aptas são escolhidas para determinadas ocupações ou esquema de trabalho. Isso não quer dizer que escolher os candidatos garantirá que eles sejam capazes de alcançar altos índices de resultados. Na realidade é a escolha de candidatos com maior afinidade de suas expectativas e potencialidades com os resultados que se deseja e são previstos para o cargo ou posição no processo de preencher necessidades do plano de ação da organização.

Durante a análise, deu para sentir nas falas dos mentores que a empresa não tem um critério único no processo da seleção para eles, podendo ocorrer com base na relação desse mentor com a coordenação ou no curso que o mentorado está vinculado, situação em que o mesmo segue direto para o departamento de atividade relacionada ao curso do mentorado. Outra maneira dos mentores participarem é através do voluntariado, em que o futuro mentor, por afinidade e prazer de ensinar, se oferece para orientar um mentorado.

Confirma-se pelas respostas dos mentores abaixo, em relação ao processo seletivo para participar do programa:

Participo do Programa como mentor por causa da amizade com a coordenação, por ela me conhece. Primeira vez que estou sendo mentor. Levei o convite para o meu gerente e ele disse: “você fica como supervisor do Jovem Aprendiz”. (MTOR 1)

O que me levou a participar do programa foi a experiência que tenho. Passei 13 anos como instrutor do Senai, uma vez treinando os alunos, a gente aprende. (MTOR 3)

Eu vim do Senai, e quando tive conhecimento do programa fui logo procurar a coordenadora, eu disse: “quero um jovem aprendiz”. (MTOR 4)

Quando eu virei secretária, na divisão que eu fui já tinha o Jovem Aprendiz e eu assumi. (MTOR 5)

4.2.2 Treinamento dos mentores e mentorados

A mentoria formal difere do Programa Jovem Aprendiz no formato, na freqüência e na existência de um contrato de relacionamento entre os envolvidos (mentor e mentorado) sob a supervisão da organização. Um programa de mentoria formal difere de organização para organização, porém todos devem possuir características básicas semelhantes, tais como: um programa de treinamento e suporte, definição dos papéis de todos os envolvidos, seleção e reunião com os participantes, organização de tempo e espaço para que a relação possa se desenvolver e avaliação do programa. (LACEY, 1999)

Segundo Milkovich e Boudreau (2000), o treinamento é um processo sistemático. Tem como objetivo, promover a aquisição de habilidades, regras, conceitos ou atitudes que resultem em uma melhoria da adequação entre as características dos empregados e as exigências dos papéis funcionais.

Após o conceito de Milkovich e Boudreau (2000), e as citações dos mentorados, verifica-se que no Programa Jovem Aprendiz ainda não existe um treinamento específico de como participar do programa, com objetivos, conteúdo programático e as diversas fases que contempla um treinamento estruturado. O que existe na realidade são reuniões assistemáticas em que a coordenadora do programa tira as dúvidas existentes sobre o programa, e que cada mentor desenvolve os seus acompanhamentos e/ou treinamentos específicos de acordo com a função que cada um desenvolve, a sua maneira e metodologia, procurando a coordenadora na hora da necessidade.

Em relação à citação de Lacey (1999) sobre o contrato de relacionamento, foi feita uma análise das respostas sobre como as informações foram passadas e se há treinamentos, e obtiveram-se as seguintes respostas, dos mentorados:

Tivemos palestras com a coordenadora do programa e com os membros que compõe a Chesf. Explicaram o que iríamos fazer, as áreas que iríamos exercer. ( MDO 1)

Antes do trabalho efetivamente, houve uma reunião para conhecer o ambiente, conversarmos sobre comportamento na Chesf, regras do funcionário. (MDO 2)

Não houve treinamento e sim uma reunião no início explicando...programa...processo...direitos e deveres de cada aprendiz. (MDO 3)

Não houve treinamento, os supervisores foram dizendo passo a passo o que a gente ia fazer e a gente ia fazendo. (MDO 4)

Eu acho que o treinamento vem do Senai. O Senai prepara na teoria e quando a gente chega aqui já tem uma base e praticamos o que aprendemos no Senai. Treinamento a respeito do programa, não. Existem reuniões para debater sobre futuras viagens, desenvolvimento profissional, comportamento dos jovens aprendizes. Uma vez por mês eles se reúnem para discutir como está o relacionamento dos jovens, como está o relacionamento, se há conflitos ou não. (MDO 5)

Os mentores confirmam, portanto, que realmente não existem treinamentos sistemáticos. Mas eles participam de reuniões esporádicas para apoiar tanto os mentores quanto os mentorados nos momentos em que precisam, e que a coordenação mantém contatos constantes via e-mail. Conforme responderam abaixo:

As informações foram passadas pela coordenadora. Sempre que ela tem informações passa por e-mail ou telefone. Antes de recebermos os jovens aprendizes tivemos reunião com a coordenadora. Uma apresentação dos jovens, treinamentos e encontros constantes não temos. (MTOR 1)

O meu chefe fez uma reunião comigo e mostrou documentos sobre o programa. Depois o acompanhamento foi com a coordenação do programa. Não houve treinamento, só informativo e pronto. Tem reuniões sistemáticas e a gente está sempre em contato por e-mail. Tem reuniões com os aprendizes e comigo. (MTOR 3)

Só houve uma reunião sobre o programa e não houve treinamento. Vivo mantendo contato por e-mail... (MTOR 4)

A coordenadora do programa, no início e no final de cada grupo pelo menos, faz um encontro com os supervisores e com os estagiários e às vezes até com os seus familiares. Então ela passa como vai ser o programa, passa as orientações, passa a legislação, o que mudou, o que não mudou e sistematicamente ela encaminha e-mail comunicando. Ela sempre está em

contato. É uma reunião desse tipo, não sei se pode ser considerado treinamento. (MTOR 5)

4.2.3 Avaliação dos mentores e mentorados

Dentro da mesma pergunta questionou-se ainda sobre a avaliação do programa Jovem Aprendiz. Sente-se pelas respostas dos mentorados que ainda não existe uma avaliação sistemática do programa, mas sim um acompanhamento contínuo, às vezes via e-mail, em que a coordenação consegue ficar próxima do programa dando toda a cobertura necessária.

Quanto à avaliação do programa os mentorados fizeram as seguintes colocações: [...] mentores delegam tarefas, depois avaliam. Sempre têm treinamentos específicos desenvolvidos pelos supervisores da área. No final passa uma ata, entrega à coordenação para avaliação da qualidade do trabalho e desempenho de cada um. A avaliação é contínua, marcada reunião com a coordenação e supervisores, a coordenação sempre pronta para ajudar. (MDO 1)

Tem avaliação semestral...acho que bimestral. Todo mês tem reunião sobre pendências, ficar em dia com as regras do programa, acompanhamento, seria avaliação? (MDO 2)

Fizemos uma reunião e relatório para saber o que era bom e o que precisava melhorar, como uma avaliação. A coordenação sempre liga para o supervisor para saber como a gente está. ( MDO 3)

Acho que a avaliação deve ser da minha supervisora junto com a coordenadora, relatórios não fazemos. (MDO 4)

No final do ano todos os aprendizes vão fazer um tipo de currículo de todas as atividades que foram feitas durante a aprendizagem, serve como relatório de todo o programa. (MDO 5)

Segundo França (2008) deve-se analisar todo o processo de avaliação após cada programa. Essa ferramenta é estratégica para a tomada de decisão da equipe responsável pelos investimentos. Seus resultados refletem no desenvolvimento organizacional, já que a avaliação fornece dados e informações importantes.

Em complemento ao posto por França (2008), tem-se que a avaliação de um processo deve ser feita também durante o desenvolvimento da atividade. O que permite fazer correções

em possíveis falhas existentes, atuando como aprimoramento e como uma ação preventiva nas novas situações que poderão surgir. Então, com o resultado dessa análise, emerge a necessidade da Chesf criar um plano sistemático de avaliação do programa Jovem Aprendiz.

Durante o processo de pesquisa na Chesf, a coordenadora do programa mostrou um novo sistema de avaliação desenvolvido para ser implantado no decorrer do Programa Jovem Aprendiz.

Nota-se também que os mentores afirmaram não ter um programa sistemático de avaliação conforme suas falas abaixo:

Até agora não fiz nenhum relatório. Eu creio que vai ter uma avaliação ainda, até agora não teve. (MTOR 1)

Agente tem um acompanhamento diário do jovem aprendiz e uma avaliação das tarefas no final. Encontros...relatórios, não. A gente tem um acompanhamento próximo dele e ele está trabalhando junto com a gente. (MTOR 2)

Vivo mantendo contato por e-mail... Não tem programa de avaliação. (MTOR 4)

Documentos relacionados