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CAPÍTULO 3 EMPRESA ACOLHEDORA

3.2. APRESENTAÇÃO DO LOCAL DE DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO E INFRAESTRUTURAS RELACIONADAS

3.2.5. ETAR DE CRESPOS E PRISCOS

O esquema de tratamento das ETAR referidas está dimensionado, quer em termos hidráulicos, quer em termos processuais, para o ano horizonte de projeto que é 2047. O esquema de tratamento desenvolvido é o que se afigura mais vantajoso, quer em termos económicos como em termos operacionais. Na tabela 9 é apresentada de forma sistematizada a sequência de operações unitárias que compõem o esquema de tratamento destas ETAR, sendo muito semelhante em ambas e por isso descritas conjuntamente [38, 39].

Tabela 9 - Operações que compõem o esquema de tratamento das ETAR de Crespos e Priscos [38, 39].

Linha de Tratamento ETAR de

Crespos ETAR de Priscos Linha líquida Câmara de receção   Descarregador de Tempestade   Desarenador   Gradagem grossa   Gradagem fina   Reator biológico   ◦Tanque anóxico   ◦Tanque de arejamento  

Desfosfatização pelo processo de precipitação química pela adição de sulfato de alumínio

 ―

Decantador/s secundário/s  

Medição de caudal  

Elevação de efluente tratado  ―

Filtração  ―

Desinfeção UV  ―

Linha sólida

Estação Elevatória de recirculação e elevação de lamas em excesso

 

Espessamento gravítico e armazenamento de lamas ― 

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 Linha líquida

O afluente que chega às referidas ETAR é maioritariamente de origem doméstica.

Descarregador de tempestade

A regulação do caudal das águas residuais, que dão entrada na ETAR, é efetuada por um descarregador de tempestade ajustável em altura. O descarregador de tempestade é constituído por

uma gradagem grosseira [38, 39].

Desarenação

A principal finalidade da remoção prévia de areias em estações de tratamento prende-se com a proteção de todos equipamentos mecânicos a jusante, evitar a colmatação progressiva de certos órgãos, evitar a produção de sedimentos nas condutas, proteção de bombas e outros equipamentos contra a abrasão e evitar a prossecução da matéria inerte nas fases seguintes de tratamento. Para levar a cabo a remoção desses elementos, é efetuada a operação de desarenação das águas residuais num canal estático. As areias retidas na soleira desse canal são removidas para um contentor [38, 39].

Gradagem

A operação de gradagem desenvolve-se em dois estágios paralelos, com funcionamento não sequenciado, um com uma gradagem grossa e outro com uma gradagem fina, de limpeza automática. A capacidade unitária de ambos os estágios corresponde à capacidade total afluente da ETAR, permitindo em condições normais de afluência manter um órgão em by-pass em caso de manutenção ou avaria. Ficando deste modo garantido o funcionamento da estação perante qualquer eventualidade de afluência. As operações de transporte dos gradados são feitas por um transportador colocado horizontalmente sobre os canais. As águas residuais atravessam a zona de filtração, que com a sua montagem em diagonal retêm eficientemente as matérias flutuantes ou em suspensão. No seu movimento, o raspador recolhe gradualmente os resíduos permitindo a desidratação em cerca de 40% dos mesmos, descarregando-os por gravidade e colocando-os num contentor estanque onde são armazenados, de forma a não existir contacto com exterior, evitando propagação de maus odores [38, 39].

52 Tratamento secundário – Reator biológico

Após o tratamento preliminar, as águas residuais são conduzidas ao tratamento secundário. O

tratamento biológico é realizado pelo processo de lamas ativadas num reator tipo batch, operada em

regime de arejamento prolongado, de forma a permitir a estabilização simultânea das lamas por digestão aeróbia, no próprio órgão. Nestes sistemas a razão da recirculação interna entre a mistura de águas residuais e lamas em recirculação e as águas residuais afluentes ao tanque de arejamento é substancialmente mais elevada, o que confere ao sistema enumeras vantagens processuais. O seccionamento da zona arejada e zona anóxica conduzem a consideráveis variações no teor de oxigénio dissolvido ao longo do percurso das águas residuais no tanque de arejamento versos tanque anóxico. Logo a biomassa poderá ser sujeita a ambientes ricos e deficientes em oxigénio. Nestas condições, ocorrem quase em simultâneo os processos de nitrificação e desnitrificação, para além da remoção da carga orgânica e estabilização aeróbia das lamas [38, 39] .

Desfosfatização

A adoção da solução de remoção do fósforo por via química, resulta da sua simplicidade de exploração e baixo investimento. Para obtenção de bons resultados efetua-se a injeção de sulfato de alumínio na entrada da água residual no reator (tanque anóxico), no local onde estejam asseguradas boas condições de mistura. O reagente é doseado a partir do reservatório e este doseamento é efetuado por bombas doseadoras de membrana [38, 39].

Decantadores secundários

Após tratamento biológico, a biomassa que cresce no reator biológico segue para o decantador secundário (duas linhas) onde se separa da fase líquida produzindo-se uma lama decantada e um efluente clarificado. Os decantadores são dotados de uma caixa de recolha de escumas [38, 39].

Medição de caudal

Após a saída do decantador, os caudais desaguam num único canal, proporcionando uma zona de tranquilização que antecede a medição de caudal num canal tipo Parshall. O valor do caudal é registado e totalizado através da medição do nível a montante do salto hidráulico do Parshall. A medição de caudal serve ainda para permitir o controlo de vários equipamentos na instalação, tais como as bombas de recirculação de lamas biológicas e o sistema de desinfeção final por UV [38, 39].

53 Filtração

Para redução da concentração de sólidos em suspensão, fator essencial à boa eficiência dos sistemas de desinfeção a jusante, foi considerada uma etapa de filtração do efluente secundário, precedentemente à etapa de desinfeção. A água de lavagem é o próprio efluente filtrado, parcialmente desviado para esta função através de um conjunto de válvulas, o caudal de lavagem é de cerca de 7 a 10 % do caudal máximo filtrado [38, 39].

Desinfeção por UV

A conceção do sistema de desinfeção foi desenvolvida de forma a garantir um grau de desinfeção correspondente a uma elevada qualidade no efluente a ser descarregado em linha de água. A aplicação de uma dose de radiação ultravioleta, para um determinado tempo de contacto, resulta na inativação de grande parte dos microrganismos por via de alteração do seu material genético. A eficácia do processo de desinfeção esta relacionada com a intensidade de radiação UV e com o tempo (segundos) de exposição nessa mesma intensidade, resultando uma determinada dosagem de radiação UV [38, 39].

 Linha sólida

Estação elevatória de recirculação e elevação de lamas em excesso

As tremonhas dos decantadores secundários encontram-se diretamente ligadas à estação elevatória de recirculação de lamas e extração de lamas em excesso. Os grupos de extração foram dimensionados para capacidades equivalentes a baixas concentrações de lamas extraídas dos decantadores. Para a extração das lamas em excesso, é usada uma bomba de elevação de lamas biológicas em excesso, havendo no entanto outra de reserva. Estas bombas submersíveis, tem um funcionamento temporizado para se controlar, com alguma precisão, a idade das lamas no tratamento biológico, parâmetro fundamental quer em termos de tratamento, quer em termos de garantia de uma correta estabilização das lamas biológicas [38, 39].

Espessamento gravítico

O espessamento das lamas é efetuado por um espessador gravítico. A alimentação das lamas ao espessador é efetuada a partir do topo deste, por meio de uma tubagem que entra no interior do deflector central. As escorrências são encaminhadas para o tanque de arejamento. A extração de

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lamas espessadas é efetuada pelo fundo do espessador, existindo para efeito um sistema de válvulas instalado na tubagem de extração, que possibilitará o transporte das lamas espessadas para outra instalação onde se procederá à sua desidratação [38, 39].

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