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4 O BATALHADOR ASCÉTICO

4.5 Ethos do trabalho duro e disposições políticas

A incorporação de uma ética do trabalho duro também se reflete, ainda que de maneiras diversas, nas opiniões e inclinações políticas do batalhador ascético. Como destaca Bourdieu (2013a, p. 428), as disposições políticas são aquelas que mais apresentam variações interindividuais no interior de uma mesma classe, uma vez que não dependem de modo simples e direto da posição ocupada pontualmente no espaço social, mas também do efeito da trajetória social, que exerce forte influência sobre as percepções e opiniões políticas dos indivíduos. É importante destacar que a noção de trajetória social deve ser entendida para além da compreensão estatística da diferença entre posição de origem e posição de destino, envolvendo

o conjunto dos processos de socialização pelos quais o indivíduo passou e que podem exercer uma influência nas suas opiniões e inclinações políticas. Na pesquisa de campo, os processos de socialização primária e secundária se mostraram fundamentais na incorporação e reforço de determinadas disposições políticas, bem como para a apreensão das diferenças interindividuais encontradas no interior dessa fração de classe.

Além disso, como já aventado em pesquisas e discussões sobre as percepções políticas dos membros das classes populares, foi possível observar que tais membros não costumam ancorar suas inclinações e opiniões a partir de um conjunto explícito de princípios considerados “propriamente” políticos, identificando-se como sendo “de esquerda” ou “de direita”52. Como

já mostrou Bourdieu (2013a, p. 404), destituídos da competência específica e afastados da lógica de produção da problemática política legítima, os membros das classes populares tendem a formular suas opiniões principalmente a partir de seu ethos de classe, reduzindo as questões políticas ao plano da experiência comum, apelando para uma resposta prática, ou seja, ética – daí a possibilidade de relacioná-las ao conjunto das práticas constitutivas de seu estilo de vida. É por isso que, para o autor, os mais desprovidos de competência política específica tem mais possibilidades de se situar como defensores da ordem moral e da ordem social e até mesmo de se mostrar mais conservadores que os conservadores conscientes da ordem social, sempre que são levados a apreender determinados problemas, já constituídos como políticos no campo da produção ideológica, segundo as categorias de seu ethos de classe.

Nesse sentido, a discussão sobre temas como a redução da maioridade penal, casamento gay ou corrupção podem ser avaliados a partir de uma perspectiva moralizante, que remete diretamente ao ethos do trabalho duro, mas também podem ser relativizadas quando confrontadas com as experiências vivenciadas pelos batalhadores ascéticos entrevistados, ou mesmo com base em alguns dos valores constitutivos desse ethos, tais como a solidariedade com o outro, baseada nas relações de identificação que estabelecem com os mais pobres. Essa relativização pode ser observada na opinião expressa por Jane sobre a redução da maioridade penal.

Ah, eu acho tão preocupante. Seria bom pra... se reduzisse o crime. E esses que realmente têm essa índole, meu Deus do céu, o estupro é uma coisa mais... criança, mulher, o que for, é uma coisa muito... é uma coisa muito, sei lá, monstruosa, então, uma pessoa fazer um negócio desse, ela tem que ser tratada por uma maneira, não vou dizer que é pena de morte não sabe? Mas

52 Em pesquisa recente realizada pela Fundação Perseu Abramo (2017) sobre os posicionamentos políticos

encontrados na periferia de São Paulo, afirma-se que as categorias de esquerda e direita não parecem ter sentido para os membros das classes populares. Para uma análise sobre as consequências políticas e ideológicas do lulismo para a polarização do conflito entre ricos e pobres, em detrimento do conflito entre esquerda e direita, ver também André Singer (2012).

ela tem que ser tratada de um jeito diferente porque uma pessoa dessa solta, ela não, po já pensou uma criança, pegar de novo uma criança, pegar uma? Eu acho muito complicado, mas o Brasil, meu Deus, de novo o Brasil, pena de morte aqui só vai morrer pobre e inocente, porque eu lembro uma vez, não sei, eu, eu adolescente, alguém que roubou leite foi preso no mercado e aqui perto, aqui por detrás, uma mulher, ela tava com o bebê no braço, mulher nova, era uma menina nova, menos de 20 anos, ela tava com a filha, foi errado, mas eu acho que ela não tinha condições e talvez ela tinha vontade, era véspera de natal, ela roubou um esmalte. Aí tava com o bebê, roubou um esmalte e saiu. O segurança da loja, do mercado, deu nela. Uma criança no braço, bebê, era bebê, menos de um ano. Foi horrível, foi horrível, foi horrível, foi horrível, eu achei a coisa mais triste do mundo. Então eu vejo assim, sabe? Não vai procurar ver, pronto, um estuprador, ele não morrer nem, como o pessoal fala tem que arrancar uma unha de cada vez, não é bem assim, tem que ver como é que vai ser, não tem que ser normal, como todos os presos, mas tem que ser alguma coisa especial, diferente, pra, pra aquela pessoa ou botar na cabeça e mudar ou não sei, não ter condições de fazer de jeito nenhum, mas não, ninguém correr o risco com aquela pessoa. E uma coisa dessa não é pra ser tratada assim, ela errou, mas meu Deus, como é que pode apanhar, mulher apanhar, não é só porque é mulher não, mas assim, magrinha, novinha, foi um esmalte. Ela não chegou lá e não apontou uma faca, ela achou que aquilo foi errado, mas eu não sei se eu vou justificar o erro dela, o homem é dono de um mercadinho, um mercadinho, então um esmaltezinho de um real e pouco, não ia fazer falta, não ia quebrar, ele não ia dar, então ela foi lá, pra ter uma, entendeu? Eu penso assim. Aí com a redução da menoridade, eu tenho medo disso entendeu? O cara do mal mesmo, mas ele queimou lá um mendigo, queimou um índio, mas ele é filho de quem? Então ele escapa. E esses assim que, meu Deus do céu, porque então o filho do papai ali tem um celular do bom, oxe eu vou tomar, amanhã o pai dele compra outro. Eu nunca vou ter. Vai lá e entendeu? É errado. Mas esse vai morrer. Esse vai morrer, esse vai apanhar, esse vai ficar preso. É isso que eu leio.

Destituídos da “competência específica” para avaliar essa problemática a partir de uma perspectiva propriamente política, os batalhadores ascéticos recorrem ao ethos do trabalho duro, mediando as posições encontradas na opinião pública, com que são confrontados com os valores constitutivos do ethos, reforçados pelas suas próprias experiências. No caso de Jane, prevalece em sua avaliação um senso de justiça e uma relação de identificação com os mais pobres – constitutivos do ethos do trabalho duro – que passa pela compreensão dos seus comportamentos desviantes, motivados por desejos de consumo – tais como a vontade de ter um esmalte na véspera de natal, ou de ter um celular do bom. Subjacente a essa opinião, é possível observar uma compreensão do acesso a bens de consumo característicos das classes média e alta que se aproxima da perspectiva do acesso a direitos, discutida no capítulo anterior, já que a entrevistada justifica os comportamentos desviantes dos mais pobres motivados por desejos de consumo. Ela se ancora numa compreensão prática, exprimindo uma visão crítica acerca das relações entre as classes sociais, em que o acesso à justiça aparece como privilégio das classes dominantes. Essa visão é compartilhada por outros batalhadores ascéticos entrevistados na pesquisa e parece remeter diretamente a uma religiosidade católica popular – que permanece

como conteúdo objetivo de sentido em práticas quase naturalizadas, mesmo entre aqueles que afirmam não possuir religião – norteando suas avaliações a partir de valores como a solidariedade e a fraternidade, pela relação de identificação e compaixão com os mais pobres e por um senso de justiça, que se reflete na sua disposição para a caridade, para compreender aqueles que vivem numa situação de marginalidade e violência, assim como para ter uma visão mais crítica acerca da relação entre as classes sociais.

A percepção da desigualdade social aparece como um dos principais problemas da sociedade brasileira entre os batalhadores entrevistados. Ademais, a relação de identificação com os mais pobres faz com que a maioria deles tenha simpatia pelos governos do PT ou pelo menos reconheça sua importância para a implementação de políticas sociais de combate à pobreza e de promoção do acesso a bens de consumo e serviço pelas classes populares – embora seja possível observar também uma tendência crescente de descrença na política, que aumenta seu desinteresse pelo tema. O reconhecimento de que os governos do PT seriam mais alinhados aos interesses do povo pode ser observado mesmo entre os entrevistados que sustentam posições políticas mais conservadoras ou que se mostraram insatisfeitos com medidas do governo Dilma Rousseff53. Nesse sentido, mesmo diante da enxurrada de notícias sobre os

escândalos de corrupção envolvendo grandes nomes do partido e do reconhecimento do problema da corrupção, a maioria deles optou pelo voto nos candidatos do PT – Lula e depois Dilma -, por identificá-lo como um partido que representa os mais pobres. Isso pode ser observado na explicação de Jéssica sobre como decidiu votar em Dilma na eleição de 2014.

I: Primeiro por ela ser mulher e... não tinha muito assim candidato que eu... dissesse: “esse vai fazer diferente”. Aí eu optei mais por ela mesmo.

(...)

E: Sim. E o Aécio?

I: Não, Aécio, eu acho que não é muito confiável não. Dizem que ele só vai pra a parte dos ricos.

É possível observar uma preferência pelos governos do PT estabelecida a partir da identificação desse partido como representante de seus interesses de classe e da polarização do debate político-eleitoral em torno do conflito entre ricos e pobres. André Singer (2012, p. 32) destaca que a rearticulação ideológica advinda com o lulismo, a partir do realinhamento

53Durante as entrevistas, realizadas logo após a reeleição da presidenta Dilma Rousseff, em janeiro de 2015, muitos

entrevistados afirmavam se sentir enganados pelas medidas impopulares adotadas pelo segundo governo Dilma, contrariando as promessas feitas em sua campanha eleitoral, tais como mudanças nas regras para concessão de benefícios da previdência, aumento nas contas de energia e no preço da gasolina.

eleitoral que se cristaliza em 2006 – devido à ampla adesão dos mais pobres à base eleitoral petista e a concomitante perda do apoio da classe média – tira a centralidade do conflito entre direita e esquerda, reconstruindo uma ideologia a partir do conflito entre ricos e pobres. Desse modo, é importante ressaltar a ampla adesão das frações ascensionais das classes populares analisadas nesta pesquisa à nova articulação ideológica construída pelos governos do PT, o que só é possível a partir das inúmeras mediações realizadas pelos indivíduos na recepção dessa ideologia, através de suas diversas experiências e percepções sobre o maior acesso ao consumo de bens e serviços, que constituem uma das principais maneiras pelas quais eles sentem as mudanças estruturais em sua vida cotidiana.

Por outro lado, Jessé Souza (2012) ressalta que ao invés de perceber essa convergência entre uma determinada classe e certo partido político como um posicionamento político legítimo, a opinião pública empenhou-se em deslegitimar tal posicionamento, afirmando que os mais pobres não sabem votar, uma vez que os pobres se orientariam por interesses particularistas – votando com a barriga -, manipulados por medidas “populistas” tais como o Programa Bolsa Família e pelos ganhos diretos que obtiveram com os governos do PT – enquanto a disposição política se constituiria a partir de um distanciamento do mundo das necessidades materiais. De acordo com Bourdieu (2013a), a constituição da competência considerada “propriamente” política depende tanto de um distanciamento com relação às necessidades materiais quanto do controle dos meios de produção ideológica da problemática legítima. Como os batalhadores não detêm esse controle e permanecem ameaçados pelas necessidades materiais, são relegados a uma posição de destituição estatutária, na qual não se sentem autorizados para falar de política; são aqueles que não entendem de assuntos políticos. Suas opiniões são consideradas particularistas, na medida em que remetem aos interesses de classe, enquanto a opinião pública e, mais particularmente, a mídia se ocupa da constituição da problemática legítima, supostamente desinteressada e universalista, expressa por aqueles que se encontram distanciados do mundo das necessidades materiais54.

Esse mecanismo de destituição pode ser observado na discussão sobre o Sistema Único de Saúde no Brasil (SUS). Em sua grande maioria usuários do SUS, os batalhadores entrevistados nesta pesquisa expressavam opiniões sobre a demora em conseguir consultas; falavam dos tratamentos médicos que conseguem fazer pelos SUS, do acesso aos remédios

54 Em um estudo recente, Maria Eduarda da Mota Rocha (2016) faz uma análise da cobertura do Jornal Nacional

sobre o processo de destituição da presidenta Dilma Rousseff, mostrando de que maneira a denúncia de golpe, por parte de representantes do PT como Dilma e Lula, é identificada como particularista, a partir do discurso de classe adotado pelos mesmos, enquanto os defensores da tese do impeachment aparecem como universalistas, representando os interesses de toda a nação.

gratuitamente e do fato de recorrerem ao SUS ainda quando dispõem de plano de saúde, o que indica sua ampla adesão ao sistema público de saúde, ainda quando mais distanciados das necessidades materiais. Já os membros de classe média entrevistados elogiavam a ideia universalista do programa, de um serviço público para todos, embora não fizessem uso desse sistema; ou então faziam alusão ao desvio de verbas da saúde, da corrupção inerente a esse sistema. Essa diferença permite perceber o quanto a constituição da problemática política legítima pressupõe certo distanciamento das condições materiais de existência, ou seja, remetendo ao estilo de vida das classes dominantes. As disposições políticas formadas a partir de sua experiência prática são deslegitimadas frente àquelas posições que pressupõem maior distanciamento ou um desinteresse, tal como encontrado nas disposições políticas dos membros da classe média55. Desse modo, por meio de um processo de violência simbólica, os membros das classes populares consideram que não possuem a atribuição estatutária para discutir os assuntos sobre política. Por outro lado, é inegável que há uma demanda por serviços públicos de saúde entre os batalhadores, mesmo entre aqueles que acabam aderindo a um plano de saúde privado, sobretudo pela necessidade de um serviço de emergência mais eficaz. Os batalhadores entrevistados na pesquisa consideram a saúde um direito básico e fundamental de todos.

Também é interessante observar a via de mão dupla da representação de classe do batalhador como algo que é profundamente influenciado pela percepção das outras classes, por uma moralidade da classe média, que encontra legitimação na opinião pública. Jessé Souza (2012, p. 356) destaca que, mesmo entre trabalhos acadêmicos, é possível observar uma crítica ao apoio das classes populares aos governos do PT, a despeito de toda a denúncia sobre escândalos de corrupção envolvendo grandes nomes do partido, desde o “Mensalão” em 2006. Essa crítica se fundamenta na ideia de que os mais pobres não se importam com a forma corrupta com que esse partido governou o país, desde que sejam beneficiados pelas políticas sociais implementadas pelo governo – conteúdo – em contraposição a uma classe média que desaprova esses governos justamente pela reprodução de uma prática política corrupta, independentemente de seus avanços no combate à pobreza e à desigualdade social.

De modo semelhante, as políticas sociais do governo Lula foram fortemente questionadas pela opinião pública, conduzindo as classes populares a um processo de violência simbólica, percebido nas entrevistas através da forma ambígua com que alguns batalhadores

55 Beverley Skeggs (2015, p. 95) destaca uma crescente tendência de “universalização da classe média”, na medida

em que os valores e práticas culturais tradicionalmente associadas a essa classe e, dependentes do acesso às formas do capital cultural, tornam-se a normativa. Desse modo, embora seja uma classe particular, com uma história específica, o aumento do alcance de suas práticas e valores é considerado “universalmente normal”, “bom” e “apropriado”.

avaliavam tais políticas, como é o caso de algumas avaliações acerca do Programa Bolsa Família (PBF). Por um lado, os batalhadores ascéticos afirmavam a necessidade e a importância do programa para combater a pobreza, tendo alguns deles até mesmo tentado se tornar beneficiários. Por outro lado, alguns deles ancoravam sua opinião numa avaliação mais moralista do programa, condicionando seu uso ao “merecimento” dos beneficiários, avaliado a partir de seu comportamento, sua disposição para trabalhar, o uso “correto do dinheiro recebido, dentre outros. Essa tensão pode ser observada na opinião exprimida por Jane.

[O governo Lula] foi bom pra a gente que tinha um pouquinho menos, porque a gente conseguiu com esse FIES entrar na faculdade, é... o Bolsa Escola, Bolsa Escola não, Bolsa Família, não sou contra, mas a maneira que eles usam o Bolsa Família eu sou contra sim, não é? Porque o Bolsa Família precisa ser dado mesmo, tem que ter ajuda, quem não tem renda, tem que ter ajuda, mas não da forma que tá sendo, as pessoas se acomodarem pra não crescer, só receber, receber, sem crescer. Isso não! Mas tem que ser dado sim, pra as crianças ir pra a escola, parar de trabalhar na rua, então você tem essa renda que o governo tá dando, pros filhos ter escolha melhor etc. e tal, pra amanhã eles não precisarem ajuda e sim ter o deles. E isso depois, eu achei que ia ser assim, mas na verdade era só pra comprar, pra conquistar e tal, e agora desandou. Aí é isso que me desencantou. Nunca fui petista não, mas isso me desencantou mais ainda.

(...)

Então se tivesse o Bolsa Família, então ia sobrar um dinheiro pra a gente botar numa escolinha melhor, ia ser pra isso, mas... outras famílias, eles têm o Bolsa Família, que as meninas como estudam em colégio da Prefeitura, então eu escutei muito disso, chegava lá a mãe, a farda do menino suja, o menino com o caderno rasgado, porque ela não quer chamar atenção. Na verdade, o Bolsa Família era pra ela andar com o shortinho da Ga, da Gasoline não, Absolut, sei lá, essas marcas. Tava lá toda apertada, aquele shortinho, tudo assim. A gente ficava, a gente fica observando né? A sandália... o menino lá com a havaiana suja, suja, suja, mas ela com a sandália de periguete. Essas coisas de... de fultista [fútil]. E... é isso mesmo por causa que a mulher não trabalhava. Creche? O pessoal da creche: “ah, essa mulher não trabalha”, então essas coisas assim, tinha que tá “em cima”, tinha que ter uma certa... lógico, ainda bem que a criança tava indo pra a escola, mas a criança chegava em casa, a mãe não ia tomar lição, não ia dar, não aprende.

É possível perceber certa tensão na posição da entrevistada, uma vez que ela considera o PBF importante para manter as crianças afastadas do mundo do trabalho e superar a condição de pobreza, mas ao mesmo tempo critica o comportamento de algumas famílias beneficiárias, que não fazem por merecer um benefício que recebem sem trabalhar, afirmando que os governos do PT implementaram essa política somente para comprar e conquistar a população. Esse posicionamento parece refletir, por um lado, uma identificação com os mais pobres ancorada em sua experiência prática e, de outro lado, o crescente questionamento da opinião pública em torno do programa, que dialoga diretamente com valores do ethos do trabalho duro,

como a ideia de que as conquistas devem decorrer do esforço individual e da disposição para o trabalho duro, além da disposição para o sacrifício individual.