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Conforme descrito na introduc¸˜ao deste trabalho, o m´etodo de an´alise de dados que adotamos foi a An´alise de Conte´udo, que segundo Bardin (2006, p. 31), ´e “um conjunto de t´ecnicas de an´alise das comunicac¸˜oes”. Segundo a autora, n˜ao se trata de um ´unico instrumento de an´alise, mas sim de um leque de opc¸˜oes marcados por uma grande disparidade de formas e adapt´aveis ao vasto campo das comunicac¸˜oes.

Ainda que diferentes autores proponham diversificadas descric¸˜oes do processo de an´alise de conte´udo, produzimos a organizac¸˜ao da an´alise em torno dos trˆes p´olos sugeridos por Bar- din (2006): a pr´e-an´alise; a explorac¸˜ao do material e o tratamento dos resultados; inferˆencia e interpretac¸˜ao.

A fase da pr´e-an´alise ´e a organizac¸˜ao, que se divide em leitura flutuante, escolha dos documentos, formulac¸˜ao das hip´oteses, referenciac¸˜ao dos ´ındices, elaborac¸˜ao de indicadores, e a preparac¸˜ao do material. Os dados organizados nesta fase encontram-se no Apˆendice Q.

A fase de explorac¸˜ao do material ´e a administrac¸˜ao sistem´atica das decis˜oes tomadas a partir das operac¸˜oes realizadas durante a pr´e-an´alise.

A fase do tratamento dos resultados e interpretac¸˜ao consiste na validac¸˜ao e atribuic¸˜ao de significados dos resultados brutos.

Al´em das fases sugeridas, adotamos o processo de categorizac¸˜ao, que Bardin (2006, p. 117) define como “uma operac¸˜ao de classificac¸˜ao de elementos constitutivos de um con- junto, por diferenciac¸˜ao e, seguidamente, por reagrupamento segundo o gˆenero (analogia), com

os crit´erios previamente definidos”. As categorias s˜ao classes que se re´unem por grupos de elementos sob um t´ıtulo gen´erico.

Bardin (2006) tamb´em ressalta que a categorizac¸˜ao pode empregar dois processos in- versos:

- ´E fornecido o sistema de categorias e repartem-se da melhor maneira poss´ıvel os elementos, `a medida que v˜ao sendo encontrados. Este ´e o procedimento por “caixas” de que j´a falamos, aplic´avel no caso da organizac¸˜ao do material decorrer diretamente dos funcionamentos te´oricos hipot´eticos.

- O sistema de categorias n˜ao ´e fornecido, antes resultando da classificac¸˜ao anal´ogica e progressiva dos elementos. Este ´e o procedimento por “milha”. O t´ıtulo conceptual de cada categoria, somente ´e definido no final da operac¸˜ao. (p. 119)

Neste caso, podemos resumir que o processo de categorizac¸˜ao pode ser classificado em:

- caixas: quando as categorias s˜ao elencadas, a priori, a partir das hip´oteses e dos objetivos;

- milhas: quando as categorias s˜ao definidas ao longo do processo de an´alise e o t´ıtulo conceitual de cada categoria s´o ´e definido no final do estudo.

Como primeira etapa de pr´e-an´alise, selecionamos os materiais que iriam compor o conjunto de dados a serem analisados. Assim, o di´ario de campo do professor; as gravac¸˜oes de ´audio das aulas, os question´arios dos alunos (pr´e e p´os aplicac¸˜ao da PASAI); os question´arios dos pais (pr´e e p´os aplicac¸˜ao da PASAI) e relat´orios da equipe pedag´ogica constituiriam o material a ser analisado.

A partir da selec¸˜ao do material, procedemos a unitarizac¸˜ao. As unidades de an´alise constituem de trechos das respostas descritivas dos question´arios dos alunos e dos pais; recortes das falas dos alunos durante as gravac¸˜oes de ´audio das aulas, relat´orios produzidos pela equipe pedag´ogica e coment´arios citados no di´ario de campo do pesquisador.

Seguindo os pressupostos de Bardin (2006), definimos as categorias a priori, ou seja, pelo procedimento denominado pela autora de “caixas”.

As caixas foram definidas a partir da teoria, da proposta, dos objetivos e da quest˜ao de pesquisa. Neste caso, foram previamente determinadas a partir da teoria e da proposta meto- dol´ogica (PASAI), onde as subcategorias seriam delimitadas a partir dos objetivos e da quest˜ao de pesquisa. Como crit´erio de an´alise destas subcategorias, focamos nas percepc¸˜oes dos envol- vidos no processo.

Em decorrˆencia desses procedimentos, foram estabelecidas as seguintes categorias:

• Motivac¸˜ao • Material online

• Resoluc¸˜ao e apresentac¸˜ao de tarefas • Resoluc¸˜ao de desafios

• Diversificac¸˜ao das tarefas

Os trechos das respostas descritivas dos question´arios dos alunos e dos pais, assim como o di´ario de campo do professor e suas percepc¸˜oes, serviram como unidades para todas as categorias.

Os relat´orios produzidos pela equipe pedag´ogica se encaixaram como unidades para as categorias: motivac¸˜ao; material online; resoluc¸˜ao e apresentac¸˜ao de tarefas e diversificac¸˜ao das tarefas.

Na descric¸˜ao do conte´udo de cada categoria, traremos o contexto que propiciou deter- minadas interac¸˜oes, bem como transcric¸˜oes diretas das participac¸˜oes dos envolvidos.

Por fim, na discuss˜ao dos dados buscaremos estabelecer ligac¸˜oes entre as informac¸˜oes coletadas, o referencial te´orico que d´a suporte a essa investigac¸˜ao e nossa pergunta de pesquisa, ou seja, quais as possibilidades e quais os limites da utilizac¸˜ao da metodologia Sala de Aula Invertida em aulas de matem´atica para o 8º ano? Na vis˜ao dos pais, dos alunos, da equipe pedag´ogica e do professor pesquisador.

Todas as etapas de an´alise (preparac¸˜ao das informac¸˜oes; transformac¸˜ao do conte´udo em unidades, categorizac¸˜ao, descric¸˜ao e interpretac¸˜ao) se complementam e interagem, a ponto de que em nossa investigac¸˜ao ap´os pr´e-an´alise, as etapas praticamente n˜ao se distinguem.

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E necess´ario, como parte importante do trabalho, a codificac¸˜ao dos dados que ser˜ao analisados. Desse modo, todos os dados coletados por meio dos diferentes instrumentos de coleta utilizados nesta pesquisa, a saber: question´ario 1 para os alunos; question´ario 1 para os pais; di´ario de bordo; question´ario 2 para os alunos; question´ario 2 para os pais; registro de atividades dos alunos e relat´orio da coordenac¸˜ao pedag´ogica, foram codificados do seguinte modo:

PASAI: Proposta de aplicac¸˜ao da Sala de Aula Invertida;

PiQ2A: Pergunta i do Question´ario 2 dos Alunos, onde i ∈ {1, 2, ..., 8} ; PiQ1P: Pergunta i do Question´ario 1 dos Pais, onde i ∈ {1, 2, 3, 4}; PiQ1P: Pergunta i do Question´ario 2 dos Pais, onde i ∈ {1, 2, 3, 4}; Ai: Aluno(a) i, onde i ∈ {1, 2, ..., 35};

PMRi: Pai/M˜ae/Respons´avel i, onde i ∈ {1, 2, ..., 35}; PMR: Pai, m˜ae ou respons´avel;

Ci: Coordenadora i, onde i ∈ {1, 2};

RCP: Relat´orio da coordenac¸˜ao pedag´ogica;

A escolha dos recortes (tanto das falas, dos relatos, das respostas dos pais, alunos, professor pesquisador e equipe pedag´ogica) ocorreu tendo em vista evidenciar os objetivos de nossa pesquisa e traduzir as categorias de an´alise pr´e-estabelecidas.

Nas pr´oximas sec¸˜oes traremos a descric¸˜ao e interpretac¸˜ao dos dados relativos a cada uma das categorias.