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3.3 M´ etodos locais

3.3.2 M´ etodos ativos

Os m´etodos ativos, diferentes dos anteriores, produzem pequenas perturba¸c˜oes diretamente na forma de onda gerada pelo inversor, geralmente na magnitude da tens˜ao ou frequˆencia. A inclus˜ao dessa perturba¸c˜ao tem o intuito de reduzir a zona de n˜ao detec¸c˜ao dos m´etodos passivos. Se a rede el´etrica estiver em funcionamento, essas perturba¸c˜oes n˜ao afetam o sistema el´etrico de potˆencia, que faz o controle de tens˜ao e frequˆencia da rede el´etrica [43]. Se a mesma estiver desconectada, a magnitude da tens˜ao ou frequˆencia seguir´a o m´etodo ativo, acionando as prote¸c˜oes do SGD. Normalmente, os m´etodos ativos em conjunto com os m´etodos passivos conseguem detectar situa¸c˜oes de ilhamento sem ZND [3, 44].

A desvantagem dessa t´ecnica consiste na degrada¸c˜ao da qualidade da potˆencia entregue `a concession´aria por causa das perturba¸c˜oes injetadas na rede el´etrica. Quando o n´umero de SGDs em paralelo aumenta no mesmo PAC (no mesmo alimentador), a degrada¸c˜ao ´e intensificada, aumentando a ZND de todos os m´etodos ativos [33, 42].

Zona de n˜ao detec¸c˜ao para os m´etodos ativos

A zona de n˜ao detec¸c˜ao dos m´etodos passivos est´a situada em torno da origem, como descrito na se¸c˜ao 3.2. Para os m´etodos ativos, a ZND est´a deslocada em rela¸c˜ao `a origem do gr´afico ∆Qx∆P . Esta caracter´ıstica ´e representada pela Figura 3.4, que mostra que a ZND pode estar situada em um dos quatro quadrantes do gr´afico.

Figura 3.4: Zona de n˜ao detec¸c˜ao para os m´etodos ativos.

Em regime permanente, pequenas varia¸c˜oes de frequˆencia e tens˜ao produzidas pela desconex˜ao da rede principal possibilitam a atua¸c˜ao dos m´etodos ativos de anti-ilhamento.

Por´em, as perturba¸c˜oes causadas pelos m´etodos quando a ilha ´e formada podem balancear a potˆencia da carga local, criando uma zona de n˜ao detec¸c˜ao.

Desvio ativo em frequˆencia

O m´etodo de desvio em frequˆencia (Active frequency drift method - AFD), cujo princ´ıpio de funcionamento ´e ilustrado na Figura 3.5, causa pequenas perturba¸c˜oes na corrente de sa´ıda do inversor. Essa perturba¸c˜ao ´e caracterizada pelo aumento de frequˆencia quando comparada com o ciclo anterior. Para aument´a-la, a frequˆencia do ciclo positivo e negativo da corrente ´e aumentada por um fator δf . Este fator determina o tamanho do segmento nulo que ´e adicionado ao formato da corrente. Como o per´ıodo da tens˜ao da rede el´etrica ´e maior do que o per´ıodo da nova corrente, a diferen¸ca entre as duas consiste no segmento nulo. Isto ´e feito para que a corrente de referˆencia do m´etodo coincida com a frequˆencia do PAC [45, 46].

O aumento ascendente da frequˆencia da corrente provoca o acionamento da pro- te¸c˜ao de sobre frequˆencia do inversor. Caso a rede el´etrica esteja em funcionamento, n˜ao haver´a o aumento da frequˆencia. Devido as normas que regulamentam a TDH da corrente injetada na rede el´etrica, que deve ser menor que 5% (padr˜ao IEEE STD 519-1992), o tempo em que a corrente permanece em zero deve ser ajustado para que a distor¸c˜ao da corrente n˜ao passe desse valor [47]. Normalmente, o aumento de frequˆencia ´e feito respei- tando o fator de corte, equa¸c˜ao (3.8), que determina o tamanho do segmento nulo [38, 48]. Os parˆametros para a equa¸c˜ao (3.8) s˜ao: o tamanho do segmento nulo (Tz), o per´ıodo da

tens˜ao da rede el´etrica (Tgrid), o fator de aumento de frequˆencia (δf ) e a frequˆencia da

rede el´etrica (f ).

Essa t´ecnica n˜ao utiliza feedback positivo, o que significa um tamanho fixo para esse segmento, sendo que δf deve estar no intervalo de 0, 5 a 1, 5 - intervalo recomendado na literatura. A fase e corrente do inversor para este m´etodo s˜ao definidas pelas equa¸c˜oes (3.9) e (3.10), respectivamente [49]. Dependendo do padr˜ao usado no pa´ıs, o m´etodo n˜ao consegue detectar condi¸c˜oes de ilhamento no tempo determinado pelas normas, pois leva muito tempo para a frequˆencia da corrente for¸car o aumento da frequˆencia da tens˜ao at´e alcan¸car os limites impostos pelas normas [4].

Por causa da distor¸c˜ao aplicada pelo m´etodo, ocorre a degrada¸c˜ao da qualidade de energia do sistema. A ZND n˜ao pode ser reduzida completamente, pois existe ainda uma dependˆencia do fator de qualidade da carga LC e do δf , sendo muito pr´oxima da ZND dos m´etodos de OUV e OUF para cargas com alto fator de qualidade [50].

cf = 2Tz Tgrid

= δf

f + δf (3.8)

θAF D = πf Tz = πδf f + δf (3.10) 0.426 0.428 0.43 0.432 0.434 0.436 0.438 0.44 0.442 −20 −15 −10 −5 0 5 10 15 20 Tempo[s] Corrente [A] AFD − referência Sem AFD

Figura 3.5: M´etodo de desvio ativo em frequˆencia - AFD.

Desvio ativo em frequˆencia com realimenta¸c˜ao positiva

Esse m´etodo foi desenvolvido pela Sandia National Laboratories, subsidi´aria da

Lockheed Martin Corporation, que se dedica a pesquisas na ´area de sistemas de arma nucleares e ´e um dos maiores centros de pesquisa do departamento de energia dos EUA, al´em de desenvolver formas para fortalecer a seguran¸ca nacional do pa´ıs [4, 51].

O m´etodo anterior se baseia em um fator de corte fixo. Dependendo das situa¸c˜oes da rede, pode demorar muito tempo para que as condi¸c˜oes de ilhamento sejam detectadas. Este m´etodo, tamb´em chamado de SFS (Sandia Frequency Shift ), soluciona o problema com a inclus˜ao de um feedback positivo [52]. Para implement´a-lo, basta que o fator de corte esteja em fun¸c˜ao do erro entre a frequˆencia da tens˜ao medida da rede el´etrica com a medida no ciclo anterior [53].

Sendo que k define a velocidade na qual o m´etodo detectar´a o ilhamento e cf0 a

fra¸c˜ao inicial de recorte. A ZND pode ser reduzida a zero para Q < 4, 8, cf0 = 0, 005 e

k = 0, 01 [49]. Para tornar esse m´etodo mais preciso, adiciona-se o m´etodo SVS (Sandia

Voltage Shift ) para maximizar o desempenho do m´etodo de anti-ilhamento [50].

Desvio ativo em frequˆencia com fator de corte pulsante - AFDPCF

Diferente das duas variantes anteriores, este m´etodo utiliza um fator de corte

cf , que se baseia em um pulso alternado, equa¸c˜ao (3.12), representado na Figura 3.6, o que proporciona um desvio mais r´apido na frequˆencia no momento do ilhamento. A ideia principal dessa t´ecnica ´e o aumento da frequˆencia em um per´ıodo e a diminui¸c˜ao da frequˆencia no per´ıodo seguinte. O m´etodo pode ser implementado pelo c´alculo anal´ıtico atrav´es de um valor escolhido para a THD da corrente que est´a sendo injetada na rede el´etrica. cf =          cfmax se Tcfmaxon cfmax se Tcfminon

0 Caso contr´ario

(3.12)

Figura 3.6: Fator de corte para o m´etodo AFDPCF. Fonte: [4].

Pulo ativo de frequˆencia

O m´etodo por deslocamento de fase que causa o pulo ativo da frequˆencia tem como objetivo mudar a fase da corrente em rela¸c˜ao `a fase da tens˜ao no ponto de conex˜ao do inversor, que causa instabilidade na frequˆencia da rede, para que as prote¸c˜oes de sub/sobre frequˆencia sejam acionadas. Por causa da mudan¸ca de fase, o fator de potˆencia deixa de ser unit´ario (ˆangulo de fase entre corrente e tens˜ao iguais a zero). A ideia desse m´etodo ´e baseada no aumento de fase da corrente mais rapidamente do que a carga com um fator de potˆencia unit´ario na regi˜ao perto da frequˆencia da rede el´etrica [54].

de opera¸c˜ao est´avel de fase e frequˆencia, proporcionando uma detec¸c˜ao de ilhamento mais r´apida. O m´etodo ´e de f´acil implementa¸c˜ao, pois altera apenas uma vari´avel do sis- tema, sendo bastante eficaz quando o sistema tem v´arios inversores conectados no mesmo PAC [55].

Uma op¸c˜ao se baseia na perturba¸c˜ao do PLL, Figura 3.7, que ´e caracterizado pela adi¸c˜ao de uma frequˆencia, ωanti−islanding, `aquela encontrada pelo PLL. Quando a rede

el´etrica est´a ativa, a frequˆencia no ponto de acoplamento comum ´e mantida no valor im- posto pelo sistema el´etrico. Todavia, quando a mesma deixa de funcionar, ocorre um salto de frequˆencia que continua at´e atingir a prote¸c˜ao do sistema fotovoltaico. A frequˆencia adicional escolhida que define o salto, que pode ser tanto ascendente quanto descendente, precisa ser ajustada de forma que evite o m´ınimo poss´ıvel a degrada¸c˜ao do fator de po- tˆencia (FP). Como ocorre uma mudan¸ca do FP, idealmente unit´ario, para um valor menor que um, a potˆencia ativa entregue pelo SGD ´e reduzida [56].

Outra op¸c˜ao consiste no m´etodo Slip-mode frequency shift que utiliza realimenta- ¸c˜ao positiva para mudar a fase da tens˜ao no PAC de forma a desestabilizar o ˆangulo de fase do inversor [49]. Com isso, quando a rede el´etrica parar de funcionar, o inversor aumentar´a o erro de fase, amplificando a frequˆencia de sa´ıda do inversor, causando o acionamento da prote¸c˜ao OUF [57].

A referˆencia de corrente do inversor (i∗j) e sua fase (θsmsj) em regime permanente

est˜ao representados pelas equa¸c˜oes (3.13) e (3.14). Sendo que fm ´e a frequˆencia em que

a m´axima mudan¸ca de fase ocorre, θm ´e a m´axima mudan¸ca de fase, fj−1 ´e a frequˆencia

medida no PAC no instante (j-1) e fgrid ´e a frequˆencia de opera¸c˜ao nominal da rede de

distribui¸c˜ao [50]. i∗j =√2Isen(2πfj−1t + θsms) (3.13) θsmsj = θmsen( π 2 fj−1− fgrid fm− fgrid ) (3.14)

M´etodo GE de deslocamento de frequˆencia

Este m´etodo foi criado pela General Electric Global Reserach Center e se baseia no desvio ativo de frequˆencia. Conhecido por General Electric Frequency Shift (GEFS) ´e reco- mendado para aplica¸c˜oes trif´asicas, mas nada impede o seu uso em sistemas monof´asicos, bastando apenas o uso de um eixo virtual q e algumas altera¸c˜oes em sua estrutura [58].

A Figura 3.8 ilustra o algoritmo do m´etodo. O m´etodo GEFS aumenta a cor- rente reativa de referˆencia por meio de um feedback positivo atrav´es do valor estimado para a frequˆencia. Dessa forma, a frequˆencia, no momento do ilhamento, aumentar´a at´e alcan¸car os limites de sobre/sub frequˆencia. O aumento da corrente reativa est´a em torno

αβ

dq

grid V Park Transform Saturation Compensator anti-islanding Vq Vd PLL H(s) VCO

Figura 3.7: Diagrama de blocos ilustrando o funcionamento do m´etodo ativo de pulo de frequˆencia baseado na perturba¸c˜ao do PLL.

da frequˆencia fundamental, o que causa uma THD desprez´ıvel. Com isso, este m´edodo consegue obter uma ZND pequena [4].

Figura 3.8: M´etodo GEFS apresentado em sua forma algor´ıtmica.

ser implementado apenas em sistemas que utilizam microprocessadores mais sofisticados. Entretanto, o m´etodo possui resposta melhor na dinˆamica do sistema, pois consegue alocar os p´olos e zeros do sistema em uma melhor posi¸c˜ao, o que possibilita um desempenho melhor.

M´etodo Sandia de deslocamento de tens˜ao

Este m´etodo, conhecido como Sandia Voltage shift (SVS), semelhante ao m´etodo

Sandia Frequency Shift, foi desenvolvido pela Sandia National Laboratories. Entretanto, o

m´etodo se baseia no desvio ativo de tens˜ao. Sua principal caracter´ıstica consiste em utilizar como parˆametro o fluxo de potˆencia ativa fornecido pelo inversor, sem se preocupar com a potˆencia reativa fornecida e consumida pelo sistema de gera¸c˜ao distribu´ıda ou pela carga, o que proporciona ao m´etodo a n˜ao dependˆencia do fator de qualidade da carga local conectada ao PAC [3].

A implementa¸c˜ao do m´etodo pode ser feita de forma simples, onde apenas a magnitude da corrente ´e utilizada. A corrente pode sofrer um incremento ou decremento no seu valor. Caso a magnitude da tens˜ao no PAC siga a varia¸c˜ao da corrente tanto ascendente quanto descendente, o sistema detecta essa varia¸c˜ao, fazendo com que a realimenta¸c˜ao positiva do m´etodo intensifique ainda mais essa mudan¸ca na tens˜ao at´e alcan¸car os limites permitidos pelas normas. Por fim, o inversor grid-tie se desconecta da rede el´etrica [59].

Por quest˜oes de seguran¸ca do sistema fotovoltaico e da carga local conectada ao PAC, recomenda-se o uso exclusivamente do decr´escimo da corrente e tens˜ao para que poss´ıveis sobretens˜oes sejam evitadas. Contudo, a redu¸c˜ao da corrente injetada na rede de distribui¸c˜ao faz com que a eficiˆencia no desempenho do SGD seja menor, pois a redu¸c˜ao da magnitude da corrente ´e obtida pela varia¸c˜ao do ponto de opera¸c˜ao do painel da sua m´axima potˆencia.

A ZND inerente a este m´etodo tende a ser parecida com a do m´etodo passivo de tens˜ao quando a potˆencia da carga for menor do que a potˆencia do sistema fotovoltaico

(Pcarga > PSGD). Por´em, a ZND passa a ser menor do que a do m´etodo passivo de tens˜ao

quando as potˆencias tanto da carga quanto do SGD forem iguais (Pcarga = PSGD), o

que proporciona a esse m´etodo uma ZND muito pequena e dif´ıcil de ser determinada na pr´atica.

Uma op¸c˜ao para melhorar a sua eficiˆencia de detec¸c˜ao ´e a inclus˜ao do m´etodo SFS (descrito na se¸c˜ao 3.3.2). O trabalho em conjunto desses dois m´etodos faz com que n˜ao apenas o fluxo de potˆencia ativa seja usado mas tamb´em o fluxo de potˆencia reativa. Caso ocorra o ilhamento do sistema, o desvio de um m´etodo refor¸ca o desvio do outro m´etodo, garantido uma detec¸c˜ao mais r´apida.

M´etodo GE de deslocamento tens˜ao

Este m´etodo, como o GEFS (descrito na se¸c˜ao 3.3.2), foi desenvolvido pela General

Electric Global Reserach Center. Seu algoritmo de funcionamento est´a ilustrado na Figura 3.9. ´E poss´ıvel perceber que o m´etodo utiliza realimenta¸c˜ao positiva para gerar os sinais de controle sobre as correntes de sa´ıda para provocar o desvio da tens˜ao e assim detectar poss´ıveis ilhamentos. Essa estrat´egia ´e direcionada a sistemas trif´asicos, mas tamb´em pode ser utilizada em sistemas monof´asicos.

Como o GEFS, o m´etodo GEVS possibilita uma melhor aloca¸c˜ao dos polos e zeros do sistema, o que garante um desempenho melhor. Entretanto precisa de uma plataforma micropocessada mais robusta para a sua implementa¸c˜ao.

Figura 3.9: M´etodo GEVS apresentado em sua forma algor´ıtmica.

M´etodo da medi¸c˜ao da impedˆancia harmˆonica

Este m´etodo utiliza o mesmo princ´ıpio do m´etodo passivo de detec¸c˜ao de distor¸c˜ao harmˆonica. A diferen¸ca consiste no uso de perturba¸c˜oes para gerar a distor¸c˜ao harmˆonica.

A perturba¸c˜ao ´e a inje¸c˜ao de uma corrente harmˆonica ou sub-harmˆonica utilizando o m´etodo passivo para detectar o ilhamento. A amplitude da distor¸c˜ao harmˆonica produzida na tens˜ao do ponto de conex˜ao do inversor com a rede el´etrica ´e proporcional `a impedˆancia da carga na frequˆencia da corrente harmˆonica injetada.

Este m´etodo tem as mesmas desvantagens dos m´etodos passivos. Por´em, algumas desvantagens podem ser sanadas com o uso de correntes sub-harmˆonicas. Entretanto, o uso desse tipo de sub-harmˆonicas pode causar problemas na rede el´etrica. A amplitude tem que ser pequena para n˜ao causar m´a opera¸c˜ao de equipamentos e problemas com transformadores [48]. A zona de n˜ao detec¸c˜ao pode ser afetada quando tem muitos inver- sores no mesmo PAC ou caso exista algum inversor utilizando a mesma frequˆencia que o m´etodo utiliza para detectar o ilhamento [32].

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