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EVOLUÇÃO DA DESIGUALDADE DE RENDA EM SANTA CATARINA CONFORME OS DADOS DA PNAD (1981-2009)

3 EVOLUÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DA RENDA EM SANTA CATARINA (1939-2009)

3.2 EVOLUÇÃO DA DESIGUALDADE DE RENDA EM SANTA CATARINA CONFORME OS DADOS DA PNAD (1981-2009)

Como pode ser verificado na Tabela 2, ao longo das última três décadas a renda domiciliar per capita no estado catarinense cresceu a uma taxa média anual de 2,7%. Como resultado, em 2009, excluindo-se o Distrito Federal, Santa Catarina tornou-se o Estado com a maior renda média do país (Tabela 3), tendo registrado, porém, o menor índice de desigualdade de renda. Sugerindo uma tendência de menor desigualdade em Santa Catarina, a Tabela 4 mostra que no período 1981-2009, o Estado catarinense registrou a quinta maior renda média entre as unidades da federação, atrás apenas do Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, que, no entanto, não apresentaram menor grau de concentração de renda que Santa Catarina.

10 Para uma análise detalhada da evolução da desigualdade na distribuição da renda na primeira década dos anos 2000, ver Neri (2011).

Tabela 2 – Santa Catarina: evolução da renda per capita e indicadores de desigualdade (1981-2009)

Ano Renda Domiciliar per capita Gini Theil +10 / -40 +20 / -20

1981 464,01 0,50 0,49 12,79 13,17 1982 458,47 0,52 0,51 14,08 15,17 1983 394,73 0,54 0,57 15,94 16,52 1984 434,39 0,54 0,58 15,80 16,23 1985 482,00 0,53 0,53 14,71 15,21 1986 731,60 0,52 0,53 14,50 15,10 1987 561,49 0,54 0,57 16,34 18,03 1988 487,71 0,55 0,60 17,50 19,40 1989 597,45 0,57 0,62 19,08 19,76 1990 581,59 0,57 0,64 19,40 20,27 1992 558,81 0,55 0,74 16,54 17,73 1993 545,91 0,51 0,52 13,69 14,95 1995 678,43 0,54 0,57 15,79 17,93 1996 658,64 0,52 0,53 14,64 16,45 1997 681,42 0,53 0,54 15,18 17,04 1998 680,01 0,52 0,54 14,85 17,10 1999 628,24 0,52 0,53 14,59 16,45 2001 699,21 0,50 0,50 12,65 13,79 2002 671,96 0,47 0,42 11,01 12,04 2003 699,51 0,48 0,43 11,49 12,76 2004 694,90 0,46 0,41 10,25 11,38 2005 764,44 0,46 0,40 10,33 11,12 2006 849,50 0,46 0,42 10,42 11,12 2007 867,14 0,46 0,43 10,32 10,76 2008 897,56 0,46 0,43 10,51 11,40 2009 970,14 0,46 0,44 10,13 11,00

Nota: Renda média mensal da população em R$ de out/2009 Fonte: IPEADATA.

Tabela 3 – Brasil: maiores rendas per capitas e indicadores de desigualdade em 2009

UF Renda Domiciliar per capita Gini Theil R10+/40- R20+/20-

Distrito Federal 1.468,05 0,62 0,76 27,74 29,67 Santa Catarina 970,14 0,46 0,44 10,13 11,00 Rio de Janeiro 933,50 0,54 0,62 16,10 16,77 São Paulo 900,42 0,49 0,47 12,05 13,11 Rio Grande do Sul 870,50 0,50 0,50 12,91 14,16 Brasil 705,72 0,54 0,60 16,67 18,99

Nota: Renda média mensal da população em R$ de out/2009 Fonte: IPEADATA.

Tabela 4 – Brasil: maiores rendas per capitas e indicadores de desigualdade (média do período 1981-2009)

UF Renda Domiciliar per capita Gini Theil R10+/40- R20+/20-

Distrito Federal 1.038,13 0,61 0,71 25,72 29,33

São Paulo 798,72 0,53 0,56 15,31 16,62

Rio de Janeiro 752,02 0,57 0,67 19,04 19,79

Rio Grande do Sul 670,16 0,55 0,60 17,07 18,88

Santa Catarina 643,82 0,51 0,52 13,94 15,07

Brasil 553,32 0,59 0,71 22,47 25,53

Nota: Renda média mensal da população em R$ de out/2009 Fonte: IPEADATA.

A representação gráfica das Tabelas 1 e 2 torna evidente a posição relativa do estado catarinense em termos de desigualdade de renda no Brasil. Vê-se (Gráfico 1) que, mesmo em patamares mais baixos que a média nacional, a desigualdade em Santa Catarina, medida pelo coeficiente de Gini, recuou 8,5% entre 1981 e 2009, registrando seu menor valor ao final da série histórica analisada. Trajetória semelhante é observada na evolução no índice de Theil (Gráfico 2), que embora apresente uma elevação a partir de 2005, registrou queda de 11% no nível de concentração de renda no estado catarinense entre 1981 e 2009.

Gráfico 1 – Brasil e Santa Catarina: evolução da desigualdade de renda (coeficiente de Gini)

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do IPEADA.

Gráfico 2 – Brasil e Santa Catarina: evolução da desigualdade de renda (índice de Theil)

O Gráfico 3 mostra que, apesar de apresentar um índice muito abaixo da média nacional, a parcela dos 20% mais ricos de Santa Catarina se apropriou, na média do período 1981-2009, de uma renda 15 vezes superior à dos 20% mais pobres, enquanto a média nacional foi de 26 vezes.

O Gráfico 4, permite verificar que no período 1981-2009, os indivíduos que compunham o estrato dos 10% mais ricos da população brasileira, chegaram a receber 30 vezes mais que os indivíduos pertencentes aos 40% mais pobres, enquanto que em Santa Catarina essa

relação foi de no máximo 20 vezes. Em 2009, embora R10+/40- tenha

recuado 31% em relação à média das décadas de 1980 e 1990, a renda meda recebida pelos 10% mais ricos do país foi 16 vezes superior a renda média dos 40% mais pobres, enquanto que no Estado catarinense esta relação foi de 10 vezes.

Confirmando que, em termos relativos, Santa Catarina apresenta uma estrutura distributiva menos desigual do que o Brasil como um todo, os Gráficos 5 e 6 mostram que ao longo das três últimas décadas parece haver uma relação inversa entre aumento da renda e coeficiente de concentração no estado catarinense. Os dados permitem afirmar que a renda em Santa Catarina foi mais bem distribuída ao longo do tempo, enquanto no Brasil houve, a despeito da queda observada na última década, uma maior concentração de renda, com o coeficiente de Gini praticamente estável no elevado patamar de 0,60.

Gráfico 3– Brasil e Santa Catarina: evolução da desigualdade de renda (R20+/20-)

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do IPEADA

Gráfico 4 – Brasil e Santa Catarina: evolução da desigualdade de renda (R10+/40-)

Gráfico 5 – SC: relação entre renda per capita e coeficiente de Gini (1981-2009)

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do IPEADA

Gráfico 6 – Brasil: relação entre renda per capita e coeficiente de Gini (1981-2009)

Do exposto, constata-se que, em termos relativos, Santa Catarina é, de fato, um caso a parte no quesito desigualdade de renda. Entretanto, o período 1981-2009 é considerado por nós como uma conjuntura

curta11 na qual se inserem outras conjunturas menores, períodos em que

causas específicas, podem alterar a evolução do período anterior. Assim sendo, torna-se necessário verificar se a tendência de baixa desigualdade na distribuição da renda observada entre 1981 e 2009 seria uma característica do espaço catarinense desde pelo menos o início do século XX. Se assim fosse, estaríamos, talvez, diante de um traço estrutural. Buscando verificar esta hipótese, a próxima seção tem por objetivo apresentar a evolução da disparidade na distribuição da renda no território catarinense no período compreendido entre 1939 e 1980.

É importante esclarecer que por uma imposição dos dados, no que segue, avalia-se a disparidade na distribuição da renda interregional e não mais a desigualdade na distribuição individual da renda.

3.3 DESIGUALDADE NA DISTRIBUIÇÃO DA RENDA NO