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Capítulo 4 – Resultados 4.1 Análise energética

4.2.2. Análise de sensibilidade

4.2.2.1. Evolução do preço de energia

No modelo de negócio de base, o preço da energia elétrica mantém-se e apenas se altera com a da taxa de atualização. De modo a averiguar os efeitos da alteração do preço da energia nos parâmetros financeiros, estuda-se duas evoluções distintas do preço da energia ao longo dos anos.

 Situação 1: o preço da energia aumenta cerca de 1% ao ano, tornando-se um produto cada vez mais dispendioso.

 Situação 2: a disseminação da produção de ESF resulta num decréscimo do preço da energia durante o dia, mantendo-se os preços referentes aos restantes períodos do dia. Os preços afetados dizem respeito ao preço da venda de energia às instalações da empresa e aos VEs e ao preço da compra de energia à rede elétrica. A taxa de

Figura 49: Evolução do preço da energia ao longo do projeto.

decréscimo admitida considera que o preço da energia durante o dia cai para metade até ao fim do projeto. Com esta consideração, a determinação da taxa pode ser feita com base em qualquer preço da energia, pois vai ser igual independentemente da referência. A referência para a determinação da taxa é a do preço da venda da energia às instalações da empresa; a mesma é conseguida através da linha de tendência com características exponenciais que une os preços em 2015 e em 2040, como representado na Figura 48. A taxa de decaimento é, então, cerca de 2,8% ao ano.

Posto isto, a evolução dos preços da energia na Situação 2 encontra-se na Figura 49.

Na Tabela 24, é possível verificar a poupança do proprietário de um VE que carrega 6 kWh todos os dias no PE durante os 25 anos do projeto.

Tabela 24: Poupança do proprietário de um VE ao longo dos 25 anos do projeto pelo carregamento no PE e não na sua habitação.

Custo dos carregamentos ao longo de todo o projeto para o proprietário de um VE [k€] Modelo de negócio

base

Evolução dos preços

Situação 1 Situação 2

Na habitação 13,1 15,2 13,1

No PE 10,1 11,7 6,7

Poupança 3,0 3,5 6,4

O modelo base representa a perspetiva de poupança mais baixa. Em contrapartida, a Situação 2 (descida dos preços durante o dia) proporciona a maior poupança para o cliente. Apesar dos preços de carregamento no PE diminuírem 2,8% ao ano, o custo do carregamento ao longo dos anos aumenta devido à taxa de atualização, que é superior à de diminuição dos preços. Contudo, o custo dos carregamentos aumenta mais lentamente do que nas outras duas situações, o que justifica as diferenças apresentadas.

A determinação do melhor cenário não resulta apenas da perspetiva do cliente, mas, essencialmente, da perspetiva do investidor. O investidor, como já referido, baseia a sua avaliação nos económico-financeiros. Para as evoluções dos preços descritas anteriormente, os indicadores encontram-se na Tabela 25.

Tabela 25: Indicadores económico-financeiros para o modelo de negócio base e para a análise de sensibilidade da evolução do preço de energia na situação 1 e 2.

Modelo de negócio base Evolução do preço de energia

Situação 1 Situação 2

Período de retorno 22,8 anos 20,8 anos Não atingido

TIR 1,1% 2,2% --

ROI 1,1 1,2 --

VAL total 0,61 M€ 1,44 M€ --

Como se vê, a Situação 2 é a pior, já que o investidor não consegue reaver o investimento no período útil do projeto. Já a Situação 1 resulta em indicadores económico-financeiros ligeiramente melhores que os de base. Como a fonte de receitas do PE é a venda de energia, quando esta encarece, o PE ganha mais. No entanto, o PE também compra energia à rede, que quanto mais cara se torna mais despesas implica. Estas despesas e receitas aumentam segundo a mesma taxa, contudo o preço e a quantidade de energia comprada à rede são inferiores à vendida nas instalações da empresa. O balanço entre este aumento de preços leva a que o projeto na Situação 1 seja mais favorável que o do cenário base.

Apesar de se verificarem pequenas melhorias num dos cenários, os económico-financeiros continuam ao tornar o projeto não atrativo para o investidor.

4.2.2.2. Ocupação

Ao longo da descrição e análise do PE da estação do Pragal considerou-se a ocupação no ano de 2014. Todavia, a ocupação é função dos hábitos dos clientes, que não são totalmente previsíveis, e por isso a ocupação tem uma incerteza associada que pode ser relativamente elevada. As consequências das oscilações na ocupação representam um estudo interessante, porque, ao manter-se o dimensionamento inalterado, as condições consideradas para o projeto

não permitem aferir a influência nos resultados de outras ocupações, nomeadamente superiores. O aumento da ocupação sem um dimensionamento de acordo levaria à falta de carregadores.

Deste modo, averiguam-se as modificações necessárias no projeto caso o seu dimensionamento fosse efetuado para outras condições de ocupação. Analisam-se duas situações distintas, alterando a ocupação em 10%, aumentando-a e diminuindo-a. O aumento da ocupação em 10% representa um máximo de 764 VEs e a diminuição um máximo de 625, sendo a ocupação máxima em 2014 de 694 veículos. A modificação da ocupação para todas as horas do ano faz-se proporcionalmente em relação a estes novos valores máximos.

Para o cenário base com uma ocupação superior, nos dias úteis não é possível vender energia à empresa, pois existe défice de energia diário; no caso de uma menor ocupação, observa-se um excesso de produção nestes dias. Apesar do consumo não ser alterado ao longo dos anos, a produção modifica-se devido à degradação dos módulos. Por isso, embora a produção de ESF no cenário com menos 10% de ocupação satisfaça todo o consumo dos VEs nos dias úteis, apenas o faz até ao 2 ano do projeto, a partir do qual se torna necessário recorrer à rede.

Com a diminuição da ocupação, a energia vendida é superior pois existe um menor consumo para satisfazer. Na Tabela 26 encontram-se discriminadas as receitas e despesas associadas à energia vendida e comprada durante o período útil do projeto.

Tabela 26: Receitas e despesas associadas à compra e venda de energia durante os 25 anos do projeto para o modelo de negócio base e para a análise de sensibilidade da ocupação.

Receitas/despesas de energia ao longo de todo o período de vida útil do projeto [M€] Modelo de negócios de referência Ocupação +10% -10% Venda de energia VE 4,62 5,08 3,96 Instalações da empresa 1,06 1,05 1,07

Compra de energia à rede 0,42 0,64 0,20

Balanço de receitas/despesas 5,26 5,49 4,83

O cenário com maior ocupação é o que implica despesas de compra de energia mais elevadas. No entanto, como também implica maior consumo, as receitas de venda de energia aos VEs são superiores. Tal resulta num balanço entre receitas e despesas de energia superior aos restantes cenários, justificado pela venda de energia aos VEs com um preço superior (0,090 €/kWh) ao preço de compra à rede (0,055 €/kWh). Adicionalmente, a quantidade de energia que o PE compra à rede é inferior à energia que vende aos VEs e à empresa para todas as situações estudadas.

Com estes resultados apresentados seria de esperar uma melhoria na rentabilidade do projeto para uma ocupação superior. Porém, são necessárias infraestruturas adicionais que suportem o aumento da ocupação, levando a um investimento superior. Analogamente, considerando uma ocupação inferior, o investimento necessário torna-se mais reduzido. Na Tabela 27, apresentam- se os valores correspondentes aos novos investimentos e ao modelo de referência.

Tabela 27: Investimento para o modelo de negócio base e para os cenários da análise de sensibilidade da ocupação.

Análise de sensibilidade Ocupação - Investimento (k€) Modelo de negócios base Ocupação +10% -10% Módulos fotovoltaicos 726 Estruturas metálicas 300 Estações de carregamento 833 917 750 Conjunto de inversores 299 Bateria 1315 1547 1083 Outros equipamentos 14 Investimento Total 3487 3803 3172

Os únicos parâmetros alterados em relação ao investimento base são as estações de carregamento (cujo número tem que ser igual ao máximo da ocupação considerada) e a bateria (cuja capacidade de armazenamento tem que ser a adequada à ocupação). A capacidade de armazenamento no caso com maior ocupação tem que ser superior porque a carga de consumo também o é, tendo um valor de 2000 kWh. A bateria do parque na situação com menor ocupação pode ter uma capacidade inferior de cerca de 1400 kWh, resultando num custo também inferior.

Os indicadores económico-financeiros para este caso são os mencionados na Tabela 28.

Tabela 28: Indicadores económico-financeiros para o modelo de negócio base e para a análise de sensibilidade da ocupação.

Modelo de negócios de referência

Ocupação

+10% -10%

Período de retorno 22,8 anos 23,5 anos 22,6 anos

TIR 1,1% 0,7% 1,2%

ROI 1,1 1,1 1,1

VAL total 0,61 M€ 0,43 M€ 0,61 M€

Um projeto com uma ocupação inferior, e investimento também inferior, resulta em melhores indicadores de análise do investimento. Assim, um projeto destes é preferível com pequenas dimensões, essencialmente devido ao elevado investimento inicial. Por outro lado, quanto maior for a ocupação, piores serão os indicadores de rentabilidade. Porém, nenhum destes cenários apresenta valores de rentabilidade atrativos para o investidor.