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Capítulo 3 Metodologia 3.1 Caso de estudo

3.3. Análise do investimento

3.3.5. Modelos de negócio

A exploração do PE solar em estudo pode ser feita com base em diversos modelos de negócio, dependendo, essencialmente, da fonte de receitas que se pretende.

Com a expansão e evolução deste mercado, abrem-se novas oportunidades para novos modelos de negócio que procuram preencher as necessidades dos seus clientes; por exemplo, a implementação de pacotes mensais que incluem planos de carregamento diferentes. Contudo, o operador do PE deverá manter as tarifas de estacionamento já existentes para não afastar o cliente. O operador das estações de carregamento terá assim de optar pelo modelo de negócio que melhor se adapta a si e que lhe permita aumentar os lucros da sua estação [42].

De seguida, serão apresentados os três modelos de negócios analisados neste estudo.

3.3.5.1. Modelo base

O modelo descrito servirá de base a toda a análise do investimento presente neste trabalho. O modelo de negócio base assenta nos princípios mencionados na descrição do balanço económico (Secção 3.3.4). A energia fotovoltaica produzida é utilizada primeiramente para o carregamento dos VEs. Caso haja excedente de energia produzida, esta é fornecida às instalações da Fertagus pelo preço estabelecido. Caso a energia produzida não seja suficiente para carregar os VEs, utiliza-se a energia armazenada numa bateria. Esta bateria assume-se como uma bateria central que armazena a energia produzida por toda a instalação fotovoltaica e que possibilita o carregamento dos VEs estacionados ao longo de todo o parque.

3.3.5.2. Carregamento ilimitado

O modelo de negócio desta secção pressupõe uma mensalidade que permite aos utilizadores dos VEs carregarem ilimitadamente durante o mês. Esta mensalidade é adicional à mensalidade de estacionamento normal.

Considera-se que os aderentes a esta mensalidade adicional carregam em média 1,5 vezes a energia que carregariam anteriormente: haverá VEs que carregam o mesmo que carregavam antes (porque é essa a energia diária de que realmente necessitam) e outros acabarão por carregar o dobro.

O valor da mensalidade adicional (Tabela 12) é determinado utilizando como referência o custo mensal do carregamento nas habitações e no PE para um carregamento diário (6 kWh), para o dobro deste (12 kWh) e para um valor intermédio (9 kWh). Tem-se como referência o tarifário apropriado para a mobilidade elétrica descrito em 3.3.2.

Tabela 12: Custo mensal dos carregamentos dos VEs nas habitações dos seus proprietários e no PE para diferentes níveis de carregamento.

Níveis de carregamento Custo mensal dos carregamentos [€]

Habitações PE

6 kWh 21,7 16,7

9 kWh 32,5 25,1

12 kWh 43,4 33,5

A mensalidade adicional permite que o cliente carregue o que pretender e o seu valor deverá ser inferior ao preço do carregamento médio (9 kWh) em casa do cliente. No entanto, para que o PE também beneficie com este modelo, assume-se um valor entre o custo do carregamento intermédio de 9 kWh e o de 12 kWh no PE, fixando-se a mensalidade adicional em 29€.

Para além da mensalidade extra, este modelo de negócio ainda acrescenta uma outra receita ao PE: uma taxa de carregamento aplicada no caso dos VEs que usam bilhetes diários e pretendem

carregar. A taxa aplicada é de €0,50, um valor simbólico que não só não ultrapassa o valor de um carregamento diário no parque (€0,54 por carregamento de 6 kWh) como também permite que o período de retorno deste modelo diminua razoavelmente, devido ao acréscimo das receitas que a aplicação desta taxa acarreta. Assim, os veículos que optam pelos bilhetes diários e que pretendem carregar têm que suportar o custo do bilhete diário e o pagamento da taxa extra e da energia que consomem. Assume-se que todos os VEs com bilhetes diários carregam 6 kWh, uma vez que os proprietários não são incentivados a carregar mais porque têm de suportar na totalidade o que consomem.

O cálculo das receitas relativas à taxa mencionada, à energia consumida pelos VEs com bilhetes diários e à mensalidade extra para carregamento à descrição tem em conta a distribuição entre bilhetes diários e mensalidades que se verificou em 2014 na ocupação do PE. Os bilhetes diários representaram em média 24% da ocupação do parque e os restantes 76% corresponderam aos VEs com mensalidades de estacionamento.

3.3.5.3. Regulação secundária de frequência

O sistema electroprodutor tem como premissa principal a estabilização da rede elétrica. Para tal, as entidades produtoras de energia são obrigadas a garantir serviços que facilitem a estabilização e a qualidade da energia. No entanto, existem problemas técnicos que podem ser solucionados com a ajuda de outros serviços que não são obrigatórios, pelo que são sujeitos a remuneração. Estes subdividem-se em serviços regulares e pontuais. O interesse nestes serviços para o PE recai sobre os serviços regulares, uma vez que se pretende fazer desta remuneração um modelo de negócio estável e não apenas pontual. Os serviços regulares referem-se à regulação secundária de frequência e à reserva de regulação [75].

Na regulação secundária de frequência, determina-se uma banda de regulação que é utilizada de acordo com as necessidades do sistema electroprodutor. As entidades produtoras que oferecem este serviço comprometem-se a aumentar ou diminuir a sua produção conforme lhes é solicitado. A remuneração da regulação secundária de frequência é feita com base na banda de regulação oferecida e também na energia de regulação disponibilizada [76].

A reserva de regulação está associada à reposição da regulação descrita anteriormente e à compensação do decréscimo máximo pré-definido de produção e do consumo (quando é necessário) [77].

No modelo de negócio descrito, adiciona-se a remuneração da oferta de potência para regulação secundária de frequência como receita para o PE. Contudo, as restantes condições do modelo de referência continuam válidas, incluindo as despesas.

A determinação da oferta de potência à rede para os serviços de regulação secundária tem a consideração a potência mínima que o PE pode oferecer ao longo de todo o ano, com o objetivo de minimizar as multas por desrespeito do contratualizado. Para tal, utiliza-se como referência a potência de ligação correspondente à mais baixa ocupação de VEs observada nos dois dias característicos do PE (dia útil e dia de fim-de-semana).

A seleção do pior dia útil considera que este apresenta uma ocupação cujo máximo é imediatamente superior ao segundo máximo verificado nos dias de fim-de-semana. Esta consideração permite que o dia útil com pior ocupação não seja um feriado típico, já que estes dias têm perfis muito semelhantes aos fins-de-semana. Evita-se a recaída sobre um feriado, pois esses casos são uma exceção durante o ano e não uma regra; assim, considera-se que a limitação de oferta de potência nos dias úteis ao longo de todo o ano, devido à utilização de um feriado como referência, prejudica mais as receitas do PE do que as penalizações a que o parque estaria

sujeito ocasionalmente por um feriado recair a um dia útil. Para o dia de fim-de-semana com pior ocupação, como este género de dias não evidencia picos bem marcados, utiliza-se o dia de fim- de-semana cuja soma da ocupação ao longo de todo o dia é mínima, excluindo os dias que têm ocupação nula (nestes dias, por norma, o PE encontra-se fechado).

Para além da potência oferecida estar restringida à observada nos dias de pior ocupação, considera-se que esta oferta de potência só ocorre nos períodos de maior ocupação do PE, ou seja, das 10h às 17h.

Às receitas apresentadas para o modelo de negócio base, acrescenta-se a remuneração associada à reserva de potência oferecida para regulação secundária de frequência, cujo valor é de 25,6€/MW (média do ano 2014 [78]).