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Evolução da investigação sobre mobilidade espacial da população nos Censos

Capítulo 1: O estudo da migração e as limitações e potencialidades

1.2 Fonte de dados e qualidade da informação utilizada

1.2.2 Evolução da investigação sobre mobilidade espacial da população nos Censos

Demográficos de 1940-201019

Como apontado anteriormente, a chegada de Giorgio Mortara ao IBGE, em 1939, trouxe uma melhora considerável nos levantamentos censitários de 1940 e 1950, refletindo também sobre o tema migração, nos quesitos investigados e na qualidade das informações. Mais recentemente, no Censo Demográfico de 2010, as melhoras foram ainda mais consideráveis, pois muitos quesitos foram incluídos, aumentando as possibilidades de análises e cruzamentos de informações nos campos da mobilidade e migração.

Para Rigotti (1999, p. 23), “no que tange à informação sobre migrações, não há dúvidas de que os censos brasileiros estão em contínua evolução” e realmente estão, pois ao mesmo tempo em que ampliou-se o número de quesitos de importância na análise dos processos migratórios, mantiveram-se basicamente os quesitos de censos anteriores que são fundamentais e potencializam a investigação do tema migração.

O Gráfico 1.1 mostra a evolução do quantitativo de quesitos sobre a mobilidade espacial da população nos censos demográficos brasileiros ao longo dos últimos 70 anos. A partir de 1970 há aumentos sistemáticos nos quesitos de mobilidade, mostrando a importância que o tema vem apresentando ao longo do tempo e a necessidade de encontrar respostas para

o fenômeno migração, cada vez mais complexo. Se em 1950 e 1960 somente quatro quesitos foram aplicados nos questionários, em 2010, dezenove quesitos foram destinados ao tema, procurando captar dados sobre emigração internacional (seis quesitos), migração interna e imigração internacional (nove quesitos), deslocamentos para o trabalho (três quesitos) e deslocamentos para escola (um quesito).

Apesar desta melhora quantitativa e qualitativa nos quesitos de migração dos censos demográficos, já ocorreram alguns problemas em vários censos em relação à aplicação de quesitos de migração, onde a informação que se queria obter não foi coletada adequadamente, por erro da própria formulação do quesito ou por erro durante a aplicação do quesito na execução da coleta. Esses obstáculos, que costumam aparecer na investigação da migração se devem, como apontado por Xu-Doeve (2005, p. 15), principalmente, à falta de compreensão da relação fundamental entre a teoria e a medição do fenômeno. Muito diferente do que acontece com a fecundidade e mortalidade.

Gráfico 1.1 - Número de quesitos de mobilidade espacial da população nos censos demográficos, 1940/2010 7 4 4 8 9 11 13 19 0 4 8 12 16 20 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010 Ano

Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1940 a 2010

N ú m e ro d e Q u e s it o s n o Q u e s ti o n á ri o s C e n s it á ri o s

O Censo Demográfico de 1940 foi o quinto a levantar informações sobre a migração

interna e imigração internacional20. Com a informação desse censo é possível saber qual é

Unidade da Federação (UF) de nascimento do migrante, mas não há pergunta sobre o tempo de residência desse migrante na UF ou sobre o nome do município de nascimento do migrante. Neste caso, só é possível obter o quantitativo acumulado de migrantes interestaduais e sua distribuição pelos municípios de destino. A migração interna passa a ter

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Um dos melhores censos demográficos até então, que captou informações sobre a migração interna, foi o de 1890, que também captou o município de nascimento do migrante, além da Unidade da Federação. Dada a importância da imigração internacional à época, a pesquisa era mais direcionada a captação dessa informação, em detrimento da migração interna, que ainda era incipiente.

importância a partir desse censo de 1940, quando se intensificam os movimentos migratórios pelo Brasil a partir dos anos de 1930 (PACHECO; PATARRA, 1997, p. 454). Sobre a imigração internacional havia uma pergunta sobre o ano em que o imigrante fixou residência no Brasil, destinada aos estrangeiros ou brasileiros naturalizados.

Nota-se que, nos primeiros censos demográficos se privilegiavam as questões de observação da migração em relação às referências espaciais e muito pouco em relação às referências temporais, mas isto veio se modificando ao longo do tempo e hoje, pode-se afirmar que há um equilíbrio na investigação e as duas referências estão presentes e bem representadas no censo brasileiro, trazendo informações importantes para aprofundar a análise dos processos da mobilidade espacial da população (Vide Quadro 1.3).

QUADRO 1.3 – Quesitos sobre migração interna, imigração internacional e deslocamentos, no

Boletim de Família, do Censo Demográfico 1940

Fonte: IBGE. Censo Demográfico de 1940.

Sobre os sete quesitos destinados a captar a migração, de um total de 45 quesitos, no Censo Demográfico de 1940, Quadro 1.3 (quesitos 13 a 17, 44 e 45). Há uma grande vantagem nas informações desse censo de 1940, apesar do nível de interpretação permitido ser bastante limitado e sem referência temporal (Martine, 1984, p. 1017), o questionário era único (Boletim de Família) e aplicado a toda população, gerando bastante consistência nas informações sobre migração.

Ainda utilizando um único tipo de questionário, o “Boletim de Família”, para fazer a coleta do Censo Demográfico de 1950, o tema migração mereceu quatro quesitos entre os 25 quesitos existentes no bloco destinado às características dos moradores (Quadro 1.4, quesitos 6 e 7). Toda a população foi submetida a esses quesitos de migração, pela última vez, no Censo Demográfico de 1950. Todos os demais censos demográficos posteriores a 1950 investigaram a migração interna e a imigração internacional através de questionário amostral, empobrecendo a qualidade das informações sobre este tema nos censos demográficos.

Com dois censos consecutivos repetindo a pergunta de Unidade da Federação de nascimento (Censos Demográficos de 1940 e 1950), pode-se, então, aplicar métodos indiretos

para estimar a migração líquida intercensitária, representando um enorme avanço na interpretação do fenômeno migratório (MARTINE, 1984, p. 1017).

QUADRO 1.4 – Quesitos sobre migração interna, imigração internacional e deslocamentos, no

Boletim de Família, do Censo Demográfico 1950

Fonte: IBGE. Censo Demográfico de 1950.

A distribuição temporal dos migrantes internos ainda não é possível obter no Censo de 1950 e, conforme apontado por Carvalho (1980, p. 536), a distribuição dos migrantes no tempo é uma informação relevante. Perdeu-se também o quesito que foi aplicado no Censo anterior sobre o ano em que os estrangeiros ou brasileiros naturalizados fixaram residência no País.

O Censo Demográfico de 1960 foi o primeiro a utilizar amostragem na coleta e sistema computacional, para a apuração. Apesar de manter o mesmo número de quesitos do censo anterior, era possível captar não só a Unidade da Federação de nascimento, bem como o tempo de residência no município em que foi recenseado, se anteriormente residia em zona rural e Unidade da Federação ou País estrangeiro em que residia antes de mudar-se para o município onde foi recenseado. Iniciou-se, assim, um processo de melhoria na captação das informações sobre migração e atendimento dos padrões técnicos internacionais de investigação (Vide Quadro 1.5, quesitos G a J). Questões voltadas para o morador ausente e o não morador presente não foram aplicadas no censo de 1960, isto é, os quesitos 4 e 5 do censo de 1950 foram retirados, em função da mudança no conceito de população, que passou de “De Fato” para “De Fato e De Direito”.

Com as informações disponíveis no Censo Demográfico de 1960, avançou-se nas dimensões de análise da migração, possibilitando avaliações não só da migração interestadual, como no censo anterior, mas também dos fluxos intraestaduais e intermunicipais, potencializadas, parcialmente, pela dimensão temporal segmentada. Esta segmentação temporal de residência no município, quesito “I”, esbarrou num equívoco na elaboração do questionário, exatamente na categoria de 6 a 10 anos, pois impossibilitou o tratamento dos dados de migração para o período intercensitário, que corresponde a menos de 10 anos. Isto

exigiu a aplicação de técnicas indiretas (CARVALHO, 1980, p. 537), que nem sempre trás resultados satisfatórios para a análise dos movimentos migratórios. Este equívoco permaneceu no questionário de 1970, inclusive no novo quesito de tempo de residência na UF e só foi corrigido no Censo de 1980.

QUADRO 1.5 – Quesitos sobre migração interna e imigração internacional, no Boletim da Amostra,

do Censo Demográfico 1960

Fonte: IBGE. Censo Demográfico de 1960.

Segundo Martine (1984, p. 1018), a inclusão de um terceiro ponto, a UF de residência anterior, permitiu reconstruir trajetórias migratórias.

Cunha (2012, p. 29), registra que, a partir de 1970, o censo brasileiro é reconhecido internacionalmente em função de possuir uma variedade e quantidade de questões sobre os movimentos migratórios. Em relação ao Censo Demográfico de 1960, houve uma melhora na investigação sobre a migração em 1970, pois aumentou de 4 quesitos, em 1960, para 8, em 1970, ampliando-se as possibilidades de análise e cruzamentos, principalmente do tema da migração interna (Vide Quadro 1.6, quesitos 8 a 14 e 21).

QUADRO 1.6 – Quesitos sobre migração interna, imigração internacional e deslocamento, no

Boletim da Amostra, do Censo Demográfico 1970

O Censo Demográfico de 1970 apresenta algumas dificuldades no uso de suas informações e limitações importantes. Primeiro, os quesitos 11 a 14 foram perguntados somente aos não-naturais dos municípios, e com isso a informação dos migrantes de retorno municipais não foi possível obter por mensuração direta (CARVALHO, 1985, p. 33), devido a

problemas no questionário21. Segundo, em relação ao quesito 13, isto é, UF onde se localiza o

município de residência anterior, perdeu-se a informação dos migrantes interestaduais que fizeram outra migração seguida por outra intraestadual no mesmo período (CARVALHO, 1985, p. 33). Neste caso, o autor aponta uma solução para redistribuir esses imigrantes, segundo a distribuição dos imigrantes que declaram outra UF como local de residência anterior. Por último, não é possível avaliar a migração intramunicipal por situação, em função da inexistência de pergunta a este respeito.

Outra novidade foi a inclusão de um quesito sobre migração pendular, quesito 21, para capturar os movimentos para outro município, voltados para o trabalho ou estudo. Não era possível separar se causa da pendularidade era o trabalho ou estudo, mas a inclusão do quesito ampliou as possibilidades analíticas combinadas da migração e mobilidade pendular. O quesito foi aplicado somente para as pessoas de 10 anos ou mais de idade na data de referência do censo. O grande objetivo inicial deste quesito, sobre deslocamento, foi a necessidade de uso do mesmo para a definição das regiões metropolitanas brasileiras (IBGE, 2000).

Para Carvalho e Machado (1992, p. 22), a partir de 1970 há um esforço continuado no sentido de ampliar e aperfeiçoar as informações referentes às migrações, o que possibilita um salto qualitativo nas análises sobre migração no País.

No Censo Demográfico de 1980, procurou-se melhorar a captação da migração, tendo em vista alguns problemas na investigação com o tema em 1970. Passaram a utilizar 9 quesitos na coleta deste tema, com algumas modificações. A principal modificação foi a inclusão do quesito 18, que indagava sobre o município e UF de procedência na última etapa migratória. Sobre este quesito, Cunha (2012) pede para tomar um certo cuidado na análise e utilização, em função de:

Um detalhe metodológico importante sobre a migração interestadual é que a informação sobre residência anterior que consta nos Censos de 1980, 1991 e 2010 é, de certa forma, de natureza distinta daquela contida no Censo de 2000. Isso porque, nos três primeiros casos, a “UF anterior” declarada pelos migrantes está atrelada ao município anterior declarado e não seria, portanto, necessariamente a residência prévia real em termos dessa unidade espacial. Em 2000 este problema foi sanado na medida em que a pergunta foi feita diretamente sobre a UF e não sobre o município de residência anterior (CUNHA, 2012, p. 42-43).

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Para uma análise mais aprofundada e detalhada sobre os quesitos de migração do censo demográfico de 1970, vide Carvalho (1985).

A partir desse censo de 1980 o tempo de residência com menos de 10 anos no município em que foi recenseado passa a determinar quem é o migrante de interesse na pesquisa e quem vai responder ao quesito 18 (Vide Quadro 1.7). Com a informação do tempo de residência no município é possível avaliar a intensidade da migração ao longo dos 10 anos intercensitários e comparar processos migratórios entre qüinqüênios na década. Com o quesito 14, “Neste município morou”, é possível avaliar a migração intramunicipal, apesar da inexistência do tempo em que ocorreu essa migração. Foi mantido o quesito sobre os deslocamentos para o trabalho ou estudo, mas ainda não é possível distinguir o propósito do deslocamento, isto é, se é para o trabalho, estudo ou para ambas as atividades.

Pela primeira vez o censo capta o município de procedência, para aqueles migrantes que têm menos de 10 anos de residência no município (CARVALHO, 1985, p. 38), abrindo possibilidades analíticas importantes sobre a migração, sendo possível comparar aspectos socioeconômicos regionais e questões dos espaços de vida dos migrantes, principalmente quando combinado com os demais quesitos do censo. Este aspecto é importante, pois será uma ferramenta que se utilizará, neste trabalho, em substituição ao quesito de data-fixa que não foi aplicado no censo de 1980. Para Carvalho e Machado (1992, p. 23), esse dado sobre o município foi o grande avanço do Censo de 1980.

QUADRO 1.7 – Quesitos sobre migração interna, imigração internacional e deslocamento, no

Boletim da Amostra, do Censo Demográfico 1980

Diferentemente do censo de 1970, todos os moradores do domicílio responderam os quesitos de migração, exceto o quesito 18 (CARVALHO, 1985, p. 38), destinado apenas aos migrantes com menos de 10 anos no município. Já, o quesito 27, sobre pendularidade, foi mantido da mesma forma como foi aplicado no censo anterior. Mas, em função de procedimento adotado na codificação do questionário, durante a coleta, o morador que não trabalhava e nem estudava e o morador que trabalhava e estudava no município de residência acabaram recebendo a mesma codificação, o que impossibilitou captar essas informações distintamente e prejudicou o entendimento da mobilidade intra-urbana de forma direta.

O Censo Demográfico de 1991 foi o primeiro a captar dados de data-fixa22, utilizando

periodicidade qüinqüenal e resgatando também se esta situação domiciliar anterior era na zona urbana ou na zona rural. O total de quesitos dedicados ao tema migração chegou a 11, abordando a migração interna e imigração internacional. Apesar da inclusão importante da informação de data fixa, o censo 1991 deixou de investigar os deslocamentos para o trabalho ou escola, causando prejuízo para a série que já existia dos censos de 1970 e 1980, mas acabou voltando em 2000 e mantido e melhorado em 2010 (Vide Quadro 1.8, quesitos 12 a 22).

O quesito de data-fixa foi o que gerou menos controvérsia nos meios acadêmicos, pois sua aplicação direta e fácil deu bons resultados para o entendimento do fenômeno migratório e abriu novas fronteiras de análises, apesar de Carvalho et al. (1998, p. 95) terem concluído que este quesito apresentou algumas inconsistências neste censo, ao que eles chamaram de informações dos “transgressores” do quinquênio 1986-1991. Após análise detalhada, incluindo comparações com o quesito de última etapa, os autores concluíram que, para o Censo Demográfico de 1991, as informações de data-fixa são mais confiáveis que as de última etapa e apontam uma solução para corrigir o dado de última etapa de 1986-1991, através de um procedimento de adição dos “transgressores” ao dado de última etapa, mais precisamente aos imigrantes de última etapa.

Segundo Carvalho e Machado (1992, p. 22), “os fenômenos migratórios dos anos 80 poderão ser amplamente analisados a partir das informações levantadas pelo Censo de 1991: em qualquer país do Terceiro Mundo não há tamanha diversidade de quesitos quanto os possibilitados por este Censo”. Para os autores, a grande inovação no Censo de 1991 foi a inclusão do quesito retrospectivo sobre o local de residência há cinco anos, ou seja, o quesito de data-fixa, que possibilita o cálculo do saldo líquido migratório de forma direta.

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A introdução do quesito de data-fixa, incluindo a situação domiciliar, referente a cinco anos antes da data de referência do Censo, era uma solicitação do meio acadêmico brasileiro ao IBGE, visando melhorar a qualidade dos dados censitários sobre migração, bem como a preparação de projeções regionais de população, além de evitar o uso de estimativas indiretas (MACHADO; HAKKERT, 1988, p. 18-19).

QUADRO 1.8 – Quesitos sobre migração interna e imigração internacional, no Questionário da

Amostra, do Censo Demográfico de 1991

Fonte: IBGE. Censo Demográfico 1991.

No Censo Demográfico de 2000 todos os quesitos de migração interna, imigração internacional e deslocamentos estavam num mesmo bloco, destinado a captar as características do morador, num total de 13 quesitos (Vide Quadro 1.9, quesitos 4.15 a 4.27).

O Censo Demográfico de 2000 deixou de captar o município de residência anterior, mantendo apenas a Unidade da Federação ou País estrangeiro de residência anterior, quesito 4.23. Perdeu-se em continuidade, pois os censos de 1980 e 1991 apresentavam o referido quesito sobre o nome do município de residência anterior. Desta forma a “última etapa” migratória perdeu também em qualidade, sem a informação do município de origem, que dava um poder explicativo superior aos movimentos mais recentes. A análise da migração intraestadual foi a mais prejudicada, com a ausência do município de origem de “última etapa” (ERVATTI; OLIVEIRA, 2011), principalmente quando a área estudada refere-se a um subconjunto de municípios dentro de uma unidade da federação, como é o caso da Região Metropolitana de São Paulo, estudado nesta tese.

QUADRO 1.9 – Quesitos sobre migração e deslocamentos, no Questionário da Amostra, do Censo

Demográfico 2000

Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2000.

Em função da forte demanda por informações sobre a pendularidade e solicitação da academia, o quesito foi reintroduzido no Censo Demográfico de 2000, mas reformulado (quesito 4.27). É possível obter-se a informação, separadamente, do morador que trabalhava no próprio município de residência e do morador que não trabalhava e nem estudava. A captação, também, foi além da Unidade da Federação e município, buscando também a pendularidade em nível internacional, com o registro do nome do País Estrangeiro.

Uma limitação continuou, como observado nos censos de 1970 e 1980, não é possível distinguir ou separar a motivação do deslocamento, se para o trabalho ou para estudo

(CUNHA; SOBREIRA, 2007), o que contribui para enfraquecer a análise da pendularidade, mas de forma indireta é possível mensurar alguns casos.

Todos os moradores do domicílio, onde o questionário da amostra foi aplicado, responderam sobre o quesito de deslocamento no Censo Demográfico de 2000.

Os deslocamentos pendulares diários, semanais, qüinqüenais, mensais ou de maior período são tratados da mesma forma, o que afeta sobremaneira as análises, principalmente, quando o deslocamento é motivado pelo estudo.

Segundo Aranha (2005, p. 108), “é possível separar, parcialmente, o quesito 4.27, determinando a motivação da pendularidade se para estudo, trabalho ou ambas. Deve-se verificar a condição de ocupado e a condição de freqüência a escola. De posse destas três variáveis (pendularidade, ocupação e freqüência à escola) é possível identificar as motivações de pendularidade”. Não será possível separar a motivação do deslocamento para as pessoas que trabalham e estudam simultaneamente, pois não será possível identificar se o indivíduo trabalha ou estuda no próprio município de residência.

Já, o quesito de data-fixa foi ampliado, com a possibilidade também de ter a informação sobre a migração intramunicipal de data-fixa do tipo rural-urbana e urbana-rural, exceto para a população que mora no município desde que nasceu (quesitos 4.15 e 4.24).

No Censo Demográfico de 2010 o número de quesitos dedicados à mobilidade espacial da população aumentou bastante em relação ao Censo 2000 e chegou a 19 quesitos.

Foi criado um bloco novo nos questionários, tanto no questionário da amostra, quanto no questionário básico, para investigar a emigração internacional, com seis quesitos (Vide Quadro 1.10, quesitos 3.01 a 3.06).

QUADRO 1.10 – Bloco de quesitos de emigração internacional, no Questionário da Amostra, do

Censo Demográfico 2010

Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2010.

Este bloco foi aplicado nos domicílios particulares. Apesar de alguns problemas relacionados ao tipo de método adotado na coleta e da certeza de sub-enumeração que o processo traria, o IBGE conseguiu ampliar o conjunto de informações sobre este tema e trouxe à tona uma discussão importante sobre os movimentos migratórios internacionais, a forma de como capturar o fenômeno e as limitações impostas nas fontes de dados.

Para um panorama da migração internacional, a partir do Censo Demográfico de 2010, tanto em relação aos quesitos de imigração, tradicionalmente investigados, quanto aos quesitos inovadores sobre a emigração, vide os trabalhos de Oliveira (2013) e Cardoso; Moura e Cintra (2012).

As informações coletadas sobre a migração interna e imigração internacional, no “Bloco das Características do Morador”, tiveram alguns ajustes na forma e ordem como foram realizadas as perguntas, aproveitando-se o que deu certo em censos anteriores, para dar uma melhor qualidade e precisão nas informações obtidas neste último censo (Vide Quadro 1.11, quesitos 6.18 a 6.26).

QUADRO 1.11 – Bloco de quesitos de migração interna e imigração internacional, no Questionário

da Amostra, do Censo Demográfico 2010

Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2010.

O “Deslocamento para Estudo” também foi captado no censo 2010, mas agora separado do quesito referente ao “Deslocamento para o Trabalho”, ganhando em poder de explicação e potencializando a análise do referido fenômeno (Vídeo Quadro 1.12, quesito 6.36).

O deslocamento para freqüência à creche também foi considerado. O recenseador

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