• Nenhum resultado encontrado

7 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

7.2 Evolução no domínio cognitivo e os estilos de aprendizagem

O processo avaliativo dos discentes, durante a condução do Laboratório de Gestão, foi proposto por Sauaia em 2013. De acordo com este, é possível associar os pilares do Laboratório de Gestão (simulador, jogo e pesquisa aplicada) à Taxonomia Revisada de Bloom de forma a observar a evolução dos discentes no domínio cognitivo desde os níveis menos complexos até os com maior complexidade.

Por esse motivo, a fase quantitativa desta pesquisa utilizou o processo avaliativo dos discentes de acordo com as recomendações de Sauaia (2013) conforme descrito na subseção 3.5.2 (Coleta de dados da abordagem quantitativa).

Posteriormente, as notas finais dos alunos, agrupados em equipes conforme os EAP, foram analisadas por meio dos testes estatísticos Kruskall-Wallis e Tukey HSD. Mediante o primeiro, a hipótese nula foi rejeitada e; então, pôde-se concluir pela existência de diferença significativa entre as notas finais dos grupos. Em seguida, o teste Tukey HSD, indicou diferença estatisticamente significativa entre as notas dos integrantes do grupo 1 em relação aos demais grupos.

Devido a esse resultado, a análise individual dos relatos coletados nas entrevistas e grupos de foco foi conduzida para levantar, de acordo com a opinião dos discentes, de qual forma a experiência foi diferente durante o Laboratório de Gestão.

No entanto, é importante comparar primeiro o resultado da análise total das opiniões com a literatura. Conforme a subseção 6.1 (Análise Total das Opiniões), 93 relatos foram enquadrados no maior nível de complexidade do domínio cognitivo, o metacognitivo; 14 no procedimental; 6 no conceitual e 50 no factual. Dessa forma, é possível observar a opinião dos entrevistados sobre a maior aquisição de conhecimentos com maior complexidade.

Esse resultado é similar ao encontrado nas pesquisas de Geithner e Menzel (2016) quanto à aquisição de habilidades complexas, entretanto os autores não analisaram a evolução dos participantes quanto ao nível cognitivo. Sobre este, Ben-Zvi (2010) e Ben-Zvi e Carton

103 (2008) constataram o alcance dos níveis mais complexos da Taxonomia de Bloom, assim como ocorreu nos resultados da pesquisa desenvolvida para esta dissertação.

Entretanto, foi observado também a apreensão de conteúdos compreendidos nos níveis menos complexos do domínio cognitivo: factual e conceitual. Esse dado contraria os resultados encontrados por Feinstein (2001) e Anderson e Lawton (2009) sobre a não apreensão de conteúdos referentes aos níveis mais baixos após JE.

7.2.1 Análise individual das opiniões

Ao analisar as frequências das opiniões dos entrevistados individualmente, foi observado que a equipe 1 obteve as menores frequências quanto à evolução no domínio cognitivo em quase todos os níveis de complexidade. A exceção foi constatada apenas no nível metacognitivo/ avaliar. Sobre este, a equipe 6 apresentou a menor frequência (1 registro); enquanto as equipes 1, 4 e 5 apresentaram 2 relatos cada.

Esse dado qualitativo, aliado à constatação de inferioridade da nota final da equipe 1 em relação às demais equipes, oferece uma indicação sobre o menor aproveitamento em termos de aprendizagem dos integrantes da equipe 1, sendo que estes foram classificados com o estilo de aprendizagem “divergente”.

No entanto, as demais equipes obtiveram um aproveitamento acadêmico similar, indicado tanto pelos testes estatísticos quanto pela análise de conteúdo. Sobre esta, não ocorreu grande variação, em termos de frequências entre as equipes 2 a 6, ao considerar relatos categorizados nos níveis de complexidade da Taxonomia Revisada de Bloom.

Dessa forma, esses resultados não oferecem suporte à hipótese, indicada pela literatura e apontada no artigo de Garber et al. (2012), sobre maior aprendizado em equipes com integrantes caracterizados por diversos EAP. O motivo está na semelhança em termos de notas finais e frequências dos relatos a respeito da evolução no domínio cognitivo entre a equipe 3, composta por alunos com os EAP assimilador, acomodador e divergente; e as demais equipes com membros com um único tipo de estilo de aprendizagem.

Os resultados, descritos nessa subseção, também contradizem as observações dos estudos de Silva (2006); Kinshuk, Liu e Graf (2009); e Dias, Sauaia e Yoshizaki (2013). Nesses estudos, os estudantes reflexivos obtiveram maior aproveitamento acadêmico, medido por notas, ao final de disciplinas ativas. O último estudo citado, levantou a hipótese, apoiada posteriormente por Dias (2014), desse resultado ocorrer devido à dificuldade dos estudantes

104 ativos completarem o ciclo da aprendizagem vivencial por causa da insuficiência de atividades reflexivas.

Ao considerar que a análise de conteúdo indicou ter ocorrido todas as fases do Ciclo de Kolb durante o Laboratório de Gestão, não deveria ter havido diferenças em termos de aproveitamento acadêmico e evolução no domínio cognitivo entre os disentes das 6 equipes.

Ao mesmo tempo, não é possível comparar os resultados da pesquisa desta dissertação aos estudos de Ford (1995); Ford e Chen (2001); Hayes e Allinson (1996); Hsieh et al. (2011); Huang, Hwang e Chen (2016) e Cheng e Chau (2016). De acordo com essas pesquisas, quando há a combinação entre o estilo de aprendizagem do discente e a abordagem educacional, há maior aproveitamento em termos de aprendizagem.

No entanto, a análise de conteúdo da pesquisa desenvolvida para esta dissertação indicou ter ocorrido todas as fases do Ciclo de Kolb durante o Laboratório de Gestão. Dessa forma, nenhum estudante obteve participação em atividades apenas de acordo com o seu estilo de aprendizagem.

Portanto, é possível observar contribuição do Laboratório de Gestão para propiciar atividades de acordo com todo o Ciclo de Kolb de acordo com a teoria da aprendizagem vivencial proposta por Kolb (1984). Assim os EAP não foram observados como aspectos de intensa interferência no processo de ensino-aprendizagem. Isso porque os grupos 2 a 6 não tiveram aproveitamento nas notas e de acordo com as opiniões diferenciada.

Nas subseções a seguir, serão discutidos outros fatores como a reflexão crítica que podem ter influenciado o processo de ensino-aprendizagem e impactado nos menores aproveitamento acadêmico e evolução no domínio cognitivo dos estudantes da equipe 1.