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A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DA SOJA NO BRASIL

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

2.4 CULTURA DA SOJA NO BRASIL

2.4.2 A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DA SOJA NO BRASIL

A evolução inicial da soja no Brasil teve um forte amparo pelo desenvolvimento de tecnologias que possibilitaram o aumento da área de cultivo, mantendo a produtividade estabilizada ou com pequeno aumento. Verificou-se o aumento da produtividade devido à utilização de novas tecnologias. Tecnologias geradas pelas mais diversas áreas de pesquisa, além de cultivares34 adaptadas às diversas regiões produtoras, contribuíram para que essas cultivares pudessem mostrar seu potencial produtivo.

A disponibilidade de uma nova cultivar por instituição de pesquisa aos agricultores, agroindustriais e consumidores é precedida de um trabalho intenso de equipe de melhoramento genético e de outros especialistas colaboradores. A tarefa começa em problemas de produção ou na previsão de futuras exigências de mercado. A busca de germoplasma ou genes exóticos ou a recombinação estratégica de genótipos já disponíveis são ações iniciadas por melhoristas pelo menos dez anos antes de se ter pronta uma nova cultivar.

As tecnologias desenvolvidas para a cultura da soja tiveram diferentes contribuições ao longo da evolução da cultura no Brasil, dividida em três fases:

Ø Primeira fase: adaptação de tecnologias;

Ø Segunda fase: geração de tecnologias ou independência tecnológica; Ø Terceira fase: tecnologias para expansão da fronteira agrícola.

A primeira fase, na década de 1950, caracteriza-se pela adaptação de tecnologias buscando atender a crescente demanda da cultura por informações sobre seu sistema de produção. Juntamente com as técnicas de cultivo, a adaptação e o desenvolvimento de cultivares tornou-se o primeiro objetivo da pesquisa com a cultura da soja, afirma EMBRAPA Soja (2000).

No final da mesma década, introduziram-se na cultura do Brasil as cultivares americanas com características agronômicas superiores e resistentes a algumas doenças. As mais conhecidas foram Hill, Hood, Majos, Bragg, Davis, Jew 45, Hampton e Hardee.

Os trabalhos desenvolvidos no Brasil para melhoramento genético começaram concomitantemente em Campinas e Piracicaba (SP), Lavras e Viçosa (MG), no Rio de Janeiro, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul (Julio de Castilhos, Pelotas e Varanópolis).

Os estudos abordaram, além das cultivares importadas dos Estados Unidos, espaçamento, densidade, controle de plantas daninhas, técnicas de inoculação e consórcio milho-soja foram realizados paralelamente pelos institutos de pesquisa IPEAS, IPAGRO, EMPASC e IAC. Em 1951 foi criado em São Paulo o Serviço de Expansão da Soja, com o objetivo de promover a cultura e incentivar o seu cultivo.

Esta primeira fase termina na década de 1960, utilizando-se fundamentalmente a seleção a campo. Nas linhagens americanas foram desenvolvidas as primeiras cultivares brasileiras, adaptados às novas regiões produtoras: Santa Rosa, Pioneira, Serrana, Jubileu, IAC3 e IAC5.

Na década de 1970 as principais cultivares desenvolvidas foram Planalto, Pérola, Paraná, Pampeira, Missões, Sulina e Delta. A Santa Rosa, desenvolvida na primeira fase, foi a variedade com maior área cultivada na Região Sul do Brasil, na década de 1970.

A segunda fase da evolução tecnológica da soja no Brasil começa em meados da década de 1970, com a criação da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Ministério da Agricultura e do Abastecimento) e do Centro Nacional de Pesquisa de Soja e é caracterizada pela independência tecnológica. Este período apresenta um aumento anual expressivo de área de cultivo. Novos trabalhos de pesquisa são implementados, respondendo à crescente demanda de informações tecnológicas para manter-se a produtividade da cultura.

Nesta segunda fase continuam os estudos de adaptação de cultivares e começam a aparecer as primeiras cultivares nacionais, obtidas do cruzamento entre as americanas introduzidas no Brasil. O programa de melhoramento busca maiores produtividades e resistência a doenças. Variedades resistentes às doenças ‘pústula bacteriana’e ‘mancha olho- de-rã’ foram desenvolvidas e contribuíram para a manutenção da produtividade da cultura. 34

cultivar, cultivares = do inglês cultivated variety, é a forma cultivada de alguma espécie, correspondente a mutação ou recombinação ou a determinada linhagem com características próprias de produção, de

Iniciam-se os trabalhos com qualidade de sementes e controle de insetos, dando início ao manejo integrado de pragas, assim como os estudos de problemas potenciais como a ‘resistência à ferrugem’ e ao ‘nematóide de cisto’. O primeiro não se tornou uma ameaça, mas o segundo é grande preocupação no Centro-Oeste. Estudos potenciais também buscaram cultivares adaptadas ao consumo humano (prioridade na AMBRAPA Soja, 2000) e com resistência a insetos e praga.

A terceira fase na evolução tecnológica da soja, em meados da década de 1980, teve como destaque a incorporação dos Cerrados tropicais nos sistemas produtivo agrícola nacional. O desenvolvimento da agricultura foi favorecido pela estabilidade climática dessa região e as condições topográficas. A contribuição da EMBRAPA Cerrados, através do Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados, viabilizou a produção sustentável de grãos naqueles solos quimicamente pobres.

A soja teve considerável aumento da área de cultivo com o aprimoramento da tecnologia de produção em áreas de fronteira agrícola, utilizando a soja na abertura dos Cerrados, em substituição ao arroz, bem como a obtenção de cultivares brasileiras altamente adaptadas à região.

A soja desempenhou um papel importante na expansão da fronteira agrícola do Brasil, levando as tecnologias de produção a novas áreas. Em virtude de sua rusticidade, a soja desenvolve-se em condições desfavoráveis comparando-a às demais culturas, e oferece matéria orgânica de alta qualidade após a colheita, viabilizando técnica e economicamente culturas como o milho, o algodão e as pastagens. Além disso, seu retorno econômico viabilizou a instalação do comércio, da agroindústria, movimentou economias locais, aumentando a oferta de empregos, ressalta EMBRAPA Soja (2000).

Nesta análise da evolução tecnológica da soja, é importante ressaltar que embora os preços internacionais tendiam ao declínio, a partir de 1975, as tecnologias geradas nesse período permitiram aumento de área de cultivo e importantes incrementos de produtividade, devido ao mercado e ao comércio internacional. Essas tecnologias contribuíram para a queda dos preços internacionais, devido ao aumento da oferta.