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EVOLUÇÕES TECNOLÓGICAS NO TURISMO E REDESENHO NA RELAÇÃO DE DEMANDA E OFERTA TURÍSTICA

A introdução dos sistemas computadorizados de reservas (CRS) que posteriormente evoluíram para sistemas de distribuição Global (GDS), foram essenciais para simplificar a complexa rede de informações que circundavam as companhias aéreas. Como resultado, criaram-se os primeiros

ISBN: 978-85-7822-679-4 IISEMINÁRIO NACIONAL TURISMO/UFS 57 sistemas: SABRE, GALILEO (Apollo), AMADEUS (system one) PARS, DATAS II , que se desenvolveram no mercado entre as décadas de 70 e início dos anos 80. A evolução dos sistemas em termos de funcionalidade permitiu uma grande expansão do conteúdo e das atividades que poderiam ser feitas, ampliando o acesso das pessoas a mais destinos do mundo e facilitando a compra e operacionalização das passagens. Vale frisar que esses sistemas provocaram uma ruptura nas formas de se fazer turismo.(O’Connor, 2001).

Posterior ao período acima mencionado, as tecnologias da informação e comunicação, bem como a internet, continuaram provocando mudanças consideráveis no turismo, quebrando paradigmas e possibilitando o avanço da atividade.

O autor Xiang (2017), no artigo intitulado: “From digitization to the age of acceleration: On information technology and tourism” (Da digitalização à idade de aceleração: sobre tecnologia da informação e turismo), traz uma revisão acerca do impacto das tecnologias no turismo e apresenta uma revisão das pesquisas desenvolvidas nos últimos vinte anos sobre tecnologia da informação e turismo. O autor argumenta que o conhecimento criado nas duas últimas décadas pode ser caracterizado como consistindo em duas eras distintas. A primeira delas é a era da Digitalization (Digitalização),(1997-2006) e a segunda da Age of Acceleration (Idade da aceleração), (2007-2016), ambos são períodos que refletiram a compreensão geral de como a tecnologia transformou nossa sociedade e economia.

Desse modo, Anjos (2004, p. 47) corrobora ao afirmar que,

[...] a tecnologia da informação (TI), que vê seu maior desenvolvimento com o avanço da computação, da comunicação e da eletrônica, posicionou-se como um aliado indispensável para a indústria do turismo. Em vista da distância entre o produto turístico e a residência do consumidor, a TI tornou-se uma ferramenta indispensável para otimizar a gestão das informações turísticas, especialmente ligadas à decisão de compra do serviço.

No que tange a era da digitação, esta tornou-se conhecida pelo desenvolvimento inicial da internet como ferramenta comercial. “Durante esta era, termos técnicos como a World Wide Web (W.W.W), LAN, Netscape Navigator, IE, página da Web, e-mail, desktop, laptop, celular e e- Commerce tornaram-se nomes domésticos” (XIANG, 2015, p.2).

Como o próprio nome já pressupõe, a idade da aceleração ampliou o uso das tecnologias da internet que impactaram profundamente no turismo. O Wi-Fi, a Web 2.0, o tablete, os telefones móveis cada dia mais tecnológicos, os sistemas globais de posicionamento (GPS), os sistemas de

ISBN: 978-85-7822-679-4 IISEMINÁRIO NACIONAL TURISMO/UFS 58 informações geográficas (SIG ou GIS), redes wireless, Qr codes, computadores portáteis, sensores, drones. A Realidade Virtual (RV), Realidade aumentada (RA), Internet de Coisas com o surgimento de máquinas e inteligência artificial, e etc., transformaram radicalmente as formas de oferecer e de consumir os diversos serviços ligados ao turismo.

Dessa maneira, com o advento da tecnologia, os canais de distribuição eletrônica se ampliaram e paralelo a esse crescimento tecnológico houve o que pode ser chamado de comercialização “online” do turismo. Assim, se antes o turista planejava sua viagem através de uma agência, com a internet isso mudou e em virtude dessas mudanças outros segmentos, como os meios de hospedagens, as agências de receptivo, por exemplo, encontraram novas oportunidades de comercialização (AZEVEDO; BARROS, 2017).

As Tecnologias da Informação e comunicação, provocaram alterações consideráveis nas relações entre as pessoas e suas formas de lazer, ou mais precisamente nas novas formas de conectar a oferta da demanda, sendo, talvez, o principal aliada na evolução do turismo. As mídias sociais como Facebook, Youtube, Instagram, Snapchat Linkedin, Twitter, Whatsapp, e muitas outras ferramentas colaborativas, “redefiniram o papel da internet que passou de uma plataforma de publicação para uma plataforma de comunicação” (XIANG,2015,p.2).

Frente a essas constatações, fica evidente que o avanço da internet provocou mudanças nas expectativas do turista, que passou a ter um interesse maior pelas viagens, provocados em virtude da grande publicidade vista através das redes sociais. Nesse sentindo, cabe afirmar que o empoderamento tecnológico dos turistas transformaram consumidores passivos em cocriadores ativos de suas próprias experiências no turismo (SIGALA, 2018).

Desse modo, é importante destacar que os destinos turísticos na atual era da inovação precisam pensar suas estratégias para atrair as diferentes demandas, levando em consideração a evolução desses aspectos, objetivando criar diferentes tipos de produtos, experiências exclusivas, personalizadas, bem como o fortalecimento das relações entre o turista e comunidade local. Uma vez que explica Beni (2011, p.74), “As pessoas vêm buscando sistematicamente produtos e serviços que causem sensações novas, prazeres e emoções inusitados, desprezando ofertas que não contemplem essas formas de experiência”. (BENI, 2011); (PEREIRA; OLIVEIRA; TADEUCCI, 2014).

ISBN: 978-85-7822-679-4 IISEMINÁRIO NACIONAL TURISMO/UFS 59 Destarte, as tecnologias também trouxeram para a atualidade o aumento da produtividade e eficiência das empresas; favoreceu a comunicação entre as organizações; melhorou consideravelmente a mobilidade dos turistas, e produziu impactos sobre o comportamento do consumidor trazendo uma gama de informações sobre viagens, possibilitando ao turista, fazer suas escolhas virtualmente, de acordo com suas preferências e motivações.

A ideia de compartilhamento, seja de informações ou até mesmo do espaço é também de acordo com Azevedo e Barros (2017,p.227),

uma tendência oportunizada pela internet que através das plataformas digitais tem possibilitado a popularização de sites como Expedia e Decolar.com, nas reservas de bilhetes aéreos, o Trivago e o Booking na reserva de hotéis, o Grubster para reservas e descontos em restaurantes, o Airbnb que oferecem hospedagens ao estilo cama e café, o Uber com o serviço diferenciado de táxi. Esse conceito de compartilhamento para viajantes tornou-se uma parte indissociável destas novas formas de pensar o Turismo, não só por serem uma opção muitas vezes mais barata, mas também por promoverem a experiência do turista no destino em que visita.

O turista da atualidade busca experienciar a novidade, não aceitando apenas conhecer o destino através dos roteiros pré-fabricados pelas agências. Eles têm buscado sobretudo, poder fazer parte do contexto, interagindo com a comunidade e construindo suas experiências através de aspectos de cocriação, por exemplo. Dessa maneira, surgem cada vez opções que atendem essas demandas como os destinos estruturalmente mais sustentáveis, o turismo étnico-social, a economia de experiência, economia criativa, as smart cities ou destinos inteligentes, como “novas” formas de estruturar os destinos para atrair o turista e de ser um destino cada vez mais competitivo no mercado.

Tendo em vista esses aspectos, é imprescindível considerar que as inovações, especialmente as inovações tecnológicas são fatores primordiais para o desenvolvimento do turismo. Dessa maneira, o acompanhamento dessa evolução tecnológica permite orientar diretrizes ao planejamento e gestão dos destinos, uma vez que o perfil dos consumidores tem mudado, se informatizado e consequentemente se tornado mais globalizado e exigente.

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