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2.2 SISTEMAS DE REVESTIMENTO EM PASTA DE GESSO

2.2.4 Procedimento de execução do revestimento

2.2.4.3 Execução do revestimento

Para execução do revestimento, deve-se observar as condições iniciais. Ou seja, faz-se o preparo da base, a mistura da pasta de gesso, respeitando-se as idades do substrato para aplicação do revestimento, como descrito nos tópicos anteriores. A execução do revestimento pode ocorrer de maneira manual ou mecânica (projetada). Neste trabalho, considerou-se a aplicação manual, que é mais usual.

Na execução do revestimento de gesso, deve-se observar a temperatura ambiente e a do substrato que não devem ultrapassar a 35 °C, pois o gesso endurecido desidrata lentamente com o calor (HINCAPIE et al., 1996 apud DE MILITO, 2001). Durante todo o processo de mistura e execução do revestimento, a NBR 13867 (1997) recomenda que não se deve entrar em contato manual com a pasta, a fim de evitar a aceleração da pega, devido a formação de núcleos de cristalização dadas as impurezas ou o material que já se encontrada hidratado na mão.

As principais ferramentas utilizadas na execução do revestimento com pasta de gesso são listadas abaixo (DIAS, CINCOTTO, 1995; DE MILITO, 2001):

a) desempenadeira de PVC; b) desempenadeira de aço; c) espátula; d) régua de alumínio; e) cantoneira de alumínio; f) martelo; g) marreta de 1 kg; h) talhadeira; i) linha de náilon.

Após o preparo da pasta, respeitando os tempos de espera da pasta descritos no Quadro 18, a pasta passa pelas seguintes fases descritas no Quadro 2.7.

Quadro 2.7 – Procedimento de obra de preparo das pastas de gesso observado em obra – etapa II.

Etapa Procedimento

Início do tempo útil (Aplicação I)

Quando a fração de pasta que foi misturada pelo gesseiro adquire a consistência adequada para a aplicação, determinada empiricamente, passa a ser utilizada. Neste instante tem início o tempo útil que acontece no final do período de indução e pouco antes do início da pega determinado por calorimetria.

Aplicação II

Com o final da utilização da parte previamente misturada, o gesseiro segue usando a segunda parte que estava em repouso e por isso teve a cinética da reação de hidratação retardada em relação à primeira. Dificilmente é necessário misturar a segunda parte, pois o tempo necessário para a completa utilização da primeira é suficiente para que a segunda parte adquira a consistência mínima adequada à aplicação. Assim, o gesseiro passa a utilizar a segunda parte sem que haja necessidade de interrupção da atividade.

Fim do tempo útil

Quando a pasta ultrapassa a consistência máxima adequada para revestir o substrato ela ainda pode ser utilizada para dar o acabamento final no revestimento. A adição de água à pasta altera sua consistência, possibilitando seu retorno à faixa de consistência útil. Neste momento a pasta se encontra na terceira etapa, ou seja, final da reação de hidratação por dissolução-precipitação, onde a maioria do di-hidrato já está formado.

Final da utilização ("morte")

Logo após esta fase, o gesso se hidrata quase completamente não se prestando mais para o serviço. Esta fase é conhecida na prática como "morte" do gesso, pois mesmo que mais água seja adicionada à pasta para prolongar sua utilização, não existe mais aderência entre essa última camada e o revestimento já aplicado.

(Fonte: adaptação ANTUNES, JOHN, 2000)

Caso se opte pelo acabamento sarrafeado, ou seja, com a utilização das mestras e as taliscas, consegue-se a execução de uma superfície melhor acabada e plana, devido a existência de referências de controle da espessura. O acabamento é dado com réguas de alumínio que removem o excesso da pasta que se sobressai entre as mestras (Quinalia, 2005).

A NBR 13867 (1987) orienta que sejam utilizadas guias-mestras como testemunhas para auxiliar o nivelamento e o prumo da camada de revestimento.

Quinalia (2005) descreve passo-a-passo a execução do revestimento desempenado com aplicação anterior de chapisco na Figura 2.27.

Figura 2.27 – Processo de execução do revestimento de gesso em base preparada com chapisco.

(Fonte: QUINALIA, 2005)

Foto 1 - Aplicar com rolo de textura média uma demão de chapisco rolado na superfície inferior das lajes para garantir a aderência da pasta de gesso.

Foto 2 - Remover sujeiras, incrustações e materiais estranhos como pregos, arames e pedaços de aço até que o substrato fique uniformizado.

Foto 3 - Após 72 horas iniciar a preparação polvilhando o gesso na água, dentro da argamasseira, até que o pó esteja totalmente submerso. A seguir, misturar até obter uma pasta homogênea e sem grumos. Foto 4 - Começar o trabalho pelo teto, aplicando a pasta com auxílio de desempenadeira de PVC em movimentos de vai-e-vem.

Foto 5 - Nas paredes (metade superior), o deslizamento deve ser realizado de baixo para cima. Algum tipo de referência - ripa de madeira, pequenas taliscas ou batentes - deve ser escolhido para medir a espessura da camada de revestimento.

Foto 6 - Regularizar a espessura da camada, aplicando a pasta com a desempandeira, agora, no sentido horizontal. Cada faixa deve ser sobreposta à anterior e espessura da camada deve ter de 1 a 3 mm. Foto 7 - Retirar o excesso limpando o teto e a parede com régua de alumínio. Em seguida, conferir a espessura do revestimento junto à referência escolhida.

Foto 8 - Limpar a superfície com o canto da desempenadeira de aço para eliminar ondulações e falhas e, depois, aplicar nova camada de pasta para cobrir os vazios e imperfeições da superfície, assegurando a espessura final do revestimento.

Foto 9 - Desempenar cuidadosamente os excessos e rebarbas exercendo uma certa pressão para obter a superfície final. A aplicação de pintura deve respeitar o período de cura e ser executada após o lixamento da superfície.

Yazigi (2006) afirma que o processo de execução do gesso sarrafeado é semelhante ao mostrado na Figura 2.27, entretanto, para o sarrafeado, é necessário executar inicialmente faixas mestras entre as taliscas. Em sequência, deve-se aplicar pasta de gesso entre as mestras, como descrito acima.

Quanto a espessura do revestimento, a NBR 13867 (1997) afirma apenas que a camada de revestimento com pasta de gesso deve ter espessura a mais uniforme possível e ser cuidadosamente espalhada.

Segundo Rocha et al. (2004), a espessura média do revestimento deveria ser especificada quando da elaboração dos projetos (principalmente o estrutural) e ou da concepção dos detalhes construtivos (memorial descritivo). Os autores afirmam que, no entanto, muitas vezes, a espessura acaba sendo definida pelo contexto da obra, ou seja, é resultado de serviços precedentes, uma vez que depende do prumo e planeza da base. Ainda complementam que, ainda assim, é certo que há necessidade de parametrizar/padronizar a espessura do revestimento. Para Hincapie et al. (1996) apud De Milito (2001), a espessura do revestimento de gesso em

geral depende do substrato, mas tecnicamente se recomenda a espessura de 5 ± 2 mm. Para

Quinalia (2005), independentemente do método de acabamento escolhido, sendo sarrafeado ou desempenado, o revestimento não deve ultrapassar 5 mm. Segundo a autora, valores maiores que esse podem ocasionar trincas no gesso ou fissuras decorrentes de movimentação nas estruturas, que geram deformações na alvenaria.

Para Yazigi (2006), o revestimento pode ser aplicado por meio de 1 a 4 camadas simultaneamente somadas em um total de 1 a 10 mm. Maeda e Souza (2003) afirmam que o revestimento de acabamento desempenado é normalmente executado em pequenas espessuras de cerca de 0,5 cm, já o sarrafeado é executado em espessuras maiores de cerca de 1,0 cm. Paes (2004) realizou um estudo com argamassas e afirma que a definição dos valores de espessura é importante, pois este influencia o transporte de água da argamassa fresca para o substrato poroso. Logo que a argamassa fresca é colocada em contato com o substrato poroso, essa dispõe de uma grande quantidade de água relativamente livre a ser transportada para o interior do substrato. Este transporte de água será mais ou menos intenso, de acordo com o potencial de sucção do substrato (diretamente relacionado com a sua natureza) e com a espessura do revestimento. Logo, sugere-se que em revestimentos em pasta de gesso,

mecanismo semelhante ocorre, sendo a espessura fator de grande importância no desempenho do produto final.

O endurecimento rápido da pasta de gesso proporciona maior produtividade na execução e acabamento do revestimento. Para revestimentos argamassas, o tempo de espera para completo endurecimento é de 28 dias, já para os revestimentos em gesso esse intervalo varia entre 7 e 14 dias (HINCAPIE, et. al. 1996 apud AKKARI, SOUZA, 2005). De acordo com Accorsi (2015), 7 dias são suficientes.

O tempo necessário de espera para que a superfície receba o acabamento final é uma variável que não está determinada em nenhuma das NBR voltadas para os ensaios de gesso. A NBR 13867 (1997) ressalta apenas que se deve apenas aguardar a completa secagem do revestimento. Após determinada a completa secagem do revestimento, as superfícies podem receber um acabamento final, como papéis colantes, pintura, entre outros, seguindo as especificações de acabamento.