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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 RESULTADOS DE CARACTERIZAÇÃO NO ESTADO ANIDRO

4.1.1 Granulometria e módulo de finura

O ensaio de granulometria dos gessos é de fundamental importância, pois é uma das propriedades que mostra a melhor aplicação para o gesso (COSTA, 2013).

Grande parte dos gessos comercializados no país são compostos predominantemente por hemi- hidrato β, de onde, de acordo com a granulometria, se classifica como gesso para fundição ou para revestimento (COSTA, 2013). A granulometria apresenta influência em diversas outras propriedades do gesso, como massa unitária, tempo de pega, consistência normal, dureza, resistência à compressão e de aderência.

A Figura 4.1 apresenta as curvas granulométricas obtidas no ensaio de granulometria dos gessos estudados. Os valores individuais encontram-se no Apêndice A.

A partir da soma das porcentagens retidas acumuladas na série de peneiras dividida por 100, pode-se calcular o módulo de finura de cada gesso, conforme mostra a Figura 4.1, onde verifica a ordem dos gessos de menor para maior módulo de finura, com indicação do desvio padrão no topo de cada barra. Os módulos de finura dos gessos variaram entre 0,59 e 0,74.

Figura 4.2 – Módulo de finura dos gessos.

A antiga edição da NBR 13207 (1994), que apresentava os requisitos para o gesso de construção civil, classificava o gesso para fundição e para revestimento como sendo fino e grosso em função do módulo de finura. Aquele com um módulo de finura superior a 1,10, era classificado como fino e, do contrário, como grosso. De modo a diferenciar o gesso para fundição e para revestimento, a norma solicitava o ensaio de pega, onde aqueles com tempo de pega menor (4 a 10 minutos), deveriam ser classificados como para fundição.

Entretanto, a recém lançada edição da mesma norma (NBR 13207 (2017)) não utiliza o conceito de módulo de finura como um critério de classificação dos gessos, especificando apenas uma granulometria mínima (porcentagem passante) em certa peneira como requisito de aplicação do gesso de construção civil. Para os gessos para revestimento, solicita-se que tenham, no mínimo, 90 % passante na peneira de abertura de 0,21 mm.

De acordo com a antiga edição da referida norma, todos os gessos estudados estariam classificados como finos. Já de acordo com a nova edição, todos os gessos atendem ao requisito de, no mínimo, 90 % passante na peneira de abertura de 0,21 mm.

A ASTM C28/C28M-10 (2015) (especificações técnicas para gesso de construção) especifica que, no ensaio de granulometria, o gesso para construção não deve apresentar material retido na peneira de 1,4 mm e, pelo menos, 60 % do material deve passar na peneira de 0,150 mm. Todos os gessos estudados não atendem esse último requisito.

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 D I H J C E F A B G Módul o de finur a Gesso

A partir das curvas granulométricas da Figura 4.1, observa-se uma semelhança entre os gessos nas porcentagens retidas entre as peneiras de malha 0,85 e 0,21 mm, de modo que a linhas se sobrepõem. As diferenças entre os gessos se encontram na peneira de malha 0,105 mm, apresentando até 18,81 % de diferença de material retido acumulado entre os gessos G (maior quantidade) e I (menor quantidade).

Percebe-se que os gessos que apresentam maior teor de material retido na peneira de 0,105 mm são os A, B, C, E, F e G (60 a 71 %). Os gessos D e I são os que apresentam maior teor de finos, explicado pela maior quantidade retida no fundo (mais de 44 %) e retém também, aproximadamente, 50 % na peneira de 0,105 mm. Entretanto, o gesso I apresenta mais de 5 % de material retido na peneira de 0,21 mm, sendo o gesso também que apresenta maior teor de material retido nesta peneira em relação aos demais. Os gessos H e J se encaixam numa situação intermediária, apresentando em torno de 55 % retido na peneira de 0,105 mm e 40 % no fundo. Essas informações podem ser melhor verificadas com detalhes no Apêndice A.

De acordo com análise por Anova – fator único (Apêndice B), os módulos de finura dos gessos A, B, C, E, F e G; D e I; e, H e J não apresentam diferenças estatisticamente significativas. É sabido que, o módulo de finura dá uma ideia de finura do material, uma vez que representa uma medida da quantidade de material retida nas peneiras. Assim, à medida que aumenta o módulo de finura, tem-se um aumento do tamanho das partículas. Ou seja, para os menores valores de módulo de finura, tem-se um gesso mais fino, com maior área específica e para os maiores valores de módulo de finura, tem-se um gesso mais grosso, com menor área específica. Entretanto, já se discute na literatura13 a não representatividade do valor do módulo de finura do agregado, podendo aplicar mesma ideia na avaliação da granulometria do gesso. Ye et al. (2011) mostra que, para um gesso α, diferentes curvas granulométricas podem gerar os mesmos módulos de finura.

Além disso, o ensaio de granulometria recomendado pela norma brasileira (NBR 12127 (2017)) apresenta algumas limitações. Em primeiro lugar, a energia de peneiramento entre operadores apresenta influência e alteração da massa passante. Em segundo lugar, a diferença da malha entre duas peneiras seguidas é o dobro para um material muito fino, sendo assim, não se conhece a distribuição dos grãos dentro do intervalo de malhas das peneiras. Em terceiro lugar, um único ensaio pode durar muitas horas, alterando o material ensaiado. Por último, o gesso, como

material que reage facilmente com o ar ambiente absorve umidade, pode formar grumos e falsear o resultado.

As diferenças do módulo de finura dos gessos para revestimentos utilizados por diversos autores na literatura apresentam um intervalo grande (0,17 a 1,0814) que se leva a desconfiar da representatividade da técnica. Assim, este método de ensaio oferece apenas uma noção da granulometria do material.

Para determinação mais detalhada da distribuição dos grãos, indica-se uma técnica mais robusta de maior sensibilidade para obtenção de valores de granulometria, como ensaio de granulometria a laser. Assim, alguns dados são possíveis de serem reconsiderados através de dados mais refinados.