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2.2 SISTEMAS DE REVESTIMENTO EM PASTA DE GESSO

2.2.4 Procedimento de execução do revestimento

2.2.4.1 Preparação da base

De acordo com Delgado e Pires Sobrinho (1997), o revestimento da pasta de gesso vem sendo comumente utilizado na construção civil e para seu bom desempenho é imprescindível, dentre outros fatores, que o substrato a ser revestido apresente um nível de qualidade superior ao encontrado atualmente.

De Milito (2001) afirma que, mesmo sendo as pastas de gesso adequadas para a execução de revestimento de tetos e paredes, o desempenho e a qualidade sempre estarão condicionados a um bom preparo dos substratos.

Sucintamente, a preparação do substrato envolve tarefas que podem ser divididos em pontos como:

 Físico: verificação da rugosidade, desde limpeza de possível poeira e aplicação de camada de ancoragem, correção de falhas;

 Químico: retirada de pontas de metal, proteção de metais que ficarão em contato com o revestimento, limpeza de contaminantes (desmoldantes ou eflorescências, por exemplo);

 Geométrico: correção de irregularidades geométricas da base;

 Respeito aos tempos de espera e colocação de outros sistemas da edificação: estrutural, hidro-sanitário, elétrico, incêndio, entre outros;

 Colocação da tela e perfis de proteção.

Hincapie et al. (1997) acrescentam que superfícies contaminadas por óleo desmoldante de formas de concretagem serão inevitáveis problemas de aderência caso não haja procedimento de preparo da base. Os autores ainda aconselham a buscar por orientação do fabricante do desmoldante para tratamento ideal. Carvalho Jr. (2005) apud Oliveira (2014) orienta a retirada

com escova de aço, detergente e água seguindo-se a uma operação de apicoamento7. Pregos e arames que porventura tenham sido deixados pelas fôrmas devem ser retirados, senão cortados e tratados com zarcão de boa qualidade.

É importante salientar que o revestimento de gesso propicia a corrosão de metais, uma vez que é pouco alcalina e pode despassivar o aço, logo deve-se tratar ou proteger esses elementos. Segundo Gomez e Andrade (1988), quando o gesso é posto em contato com o aço, pode produzir altas taxas de corrosão devido ao seu valor de pH (perto de 7). Nürnberger (2001) explica que a corrosão é uma combinação dos íons do sal, da umidade, da porosidade e do oxigênio do ambiente, além do pH. Assim, as armaduras do concreto devem estar com cobrimento adequado e, quando aparentes, devem ser submetidos a algum processo de proteção contra corrosão, como por exemplo, tinta epóxi rica em zinco ou a galvanização. A NBR 13867 (1997) sugere a aplicação de um chapisco para encobrir esses materiais.

Para eliminação eflorescência da superfície da base, pode-se optar por lavagem, com solução comercial do ácido hidroclórico (ácido muriático) concentrado a 10 % (DIAS, CINCOTTO, 1995).

Os autores Dias e Cincotto (1995) afirmam que revestimentos em pasta de gesso devem ser aplicados diretamente sobre a base, o que evita o chapisco e a camada de regularização, como ocorre em sistemas de revestimentos com argamassas tradicionais de cimento, entretanto, ainda há dúvidas por parte dos pesquisadores sobre a não necessidade do chapisco. Presume-se que esses tratamentos superficiais sejam dependentes de vários fatores, como, por exemplo, do tipo de substrato a ser usado.

A NBR 13867 (1997) recomenda que a superfície-base de revestimento seja regular e suficientemente umedecida antes da aplicação do revestimento. A utilização do umedecimento do substrato anterior à execução do revestimento em pasta de gesso é uma ação muito polêmica ainda, embora a NBR 13867 (1997) recomende e é objeto de estudo desse trabalho.

Um dos grandes problemas que afetam o desempenho dos revestimentos são os desvios de prumo, de nível e de planeza. A NBR 13749 (1996) - Revestimentos de Paredes e Tetos de Argamassas Inorgânicas – Especificação - expõe os limites máximos para esses desvios (Tabela 2.11). A correção dos desvios maiores que os limites máximos utilizando pasta de gesso pode gerar patologias, como o destacamento.

Tabela 2.11 – Desvios máximos de prumo, nível e planeza para os substratos que vão receber revestimento de gesso.

Desvio de prumo Desvio de nível Planeza

≤H/900, sendo H a altura da parede em m ≤L/900, onde L é o tamanho do maior vão em m - Irregularidades graduais: ≤3mm em régua de 2 m. - Irregularidades abruptas: ≤1 mm em régua de 20 cm. (Fonte: adaptação NBR 13749 (1996))

A NBR 7200 (1998) apresenta um cronograma referente às idades mínimas das bases para o uso argamassas produzidas em obra, conforme a seguir representado:

 28 dias de idade para as estruturas de concreto e alvenarias armadas estruturais;

 14 dias para alvenarias não armadas estruturais e alvenarias sem função estrutural de tijolos, blocos cerâmicos, blocos de concreto e concreto celular, admitindo-se que blocos de concreto tenham sido curados durante pelo menos 28 dias antes da sua utilização;

 3 dias de idade do chapisco para a aplicação do emboço ou camada única; para climas quentes e secos, com temperatura acima de 30ºC, este prazo pode ser reduzido para 2 dias.

Embora a NBR 7200 (1998) seja orientada para revestimentos em argamassa, sugere-se que os mesmos prazos sejam obedecidos para revestimentos em pasta de gesso, visto que se apresentam como forma de garantir que a base esteja endurecida e hidratada para receber uma camada de revestimento. Além disso, a NBR 13867 (1997) não fornece essas orientações. Silva (1991) apud Carneiro (1993) acrescenta as atividades precedentes a seguir:

 as tubulações de água e esgoto devem estar adequadamente embutidas e testadas quanto à estanqueidade;

 os eletrodutos, caixas de passagem ou derivação de instalações elétricas e/ou telefônicas devem estar adequadamente embutidos.

Sugere-se que essas informações sejam utilizadas para o sistema de revestimento em pasta de gesso, uma vez que não há documento que dê tais orientações para este tipo de sistema.

Além dessas orientações, Lucas (1990) apud Pereira (2008) e LNEC (2008) recomendam que não se inicie o revestimento antes da base ter sofrido a parte mais significativa da sua retração

de secagem inicial, que varia conforme o material do substrato e as condições climáticas em obra (4 e 6 semanas).

Segundo Pereira (2008), pesquisadora portuguesa, existem ainda, 2 tipos de proteções que poderiam ser utilizadas em revestimentos de gesso, entretanto não são usuais, inclusive no Brasil. A primeira é uma rede de proteção metálica ou em fibra de vidro e a segunda, perfis de proteção em PVC perfurados (Figura 2.25). De acordo com a autora, sua utilização não é obrigatória, mas sua prescrição devia ser considerada uma indicação de caráter geral a aplicar em situações correntes.

Figura 2.25 – Principais sistemas de proteção a utilizar nos revestimentos de gesso.

(Fonte: adaptação PEREIRA, 2008)

Pereira (2008) explica que a rede está relacionada com as características da base perante solicitações externas com origens diversas, tais como descontinuidades ou áreas de maior concentração de tensões superficiais dadas as heterogeneidades geométricas das superfícies (cunhais, vértices de vãos, panos esbeltos, caixas persianas corrediças, entre outras) e que, dada a possibilidade de ocorrência de fendilhação perante estas solicitações, devem utilizar-se redes de proteção.

Assim, a aplicação da rede como armadura pode abranger toda a área do revestimento, ou localizada, em zonas particularmente susceptíveis à fendilhação ou ao choque e podem ser incorporadas à camada de gesso de revestimento ou acopladas sobre a superfície da base. As malhas adotadas devem possuir uma dimensão da ordem de 5 mm x 5 mm, variando consoante a textura e rigidez do suporte e do revestimento a aplicar (PEREIRA, 2008).

A segunda proteção consiste na utilização de perfis de proteção em PVC perfurado (Figura 2.26), nos ângulos salientes (quinas) do revestimento, e, objetiva aumentar a resistência local ao choque das zonas do revestimento que, pela sua situação, se encontram mais expostas ou sujeitas a agressões físicas (passagem de pessoas) (PEREIRA, 2008).

Figura 2.26 – Perfil de proteção em PVC.

(Fonte: TOPECA, 2016)