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Artigo 103

Função dos Estados na execução de penas privativas de liberdade

a) A pena privativa de liberdade será cumprida em um Estado designado pelo Tribunal, com base em uma lista de Estados que tenham manifestado ao Tribunal estarem dispostos a receber os condenados; No momento em que declarar sua disposição a receber condenados, o Estado poderá estabelecer condições, desde que sejam aceitas pelo Tribunal e estejam em conformidade com a presente Parte; O Estado designado em um caso específico indicará sem demora ao Tribunal se aceita a designação. a) O Estado de execução da pena notificará o Tribunal de quaisquer circunstâncias, inclusive o cumprimento das condições acordadas em conformidade com o parágrafo 1º, que poderiam afetar materialmente as condições ou a duração da privação de liberdade. Tais

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circunstâncias, conhecidas ou previsíveis, deverão ser levadas ao conhecimento do Tribunal com uma antecedência mínima de 45 dias. Durante esse período, o Estado de execução não adotará medida alguma que possa resultar em prejuízo do disposto no artigo 110; b) Se não puder aceitar as circunstâncias previstas na alínea a), o Tribunal notificará o Estado de execução e procederá de acordo com o parágrafo 1º do artigo 104. Ao exercer sua faculdade discricionária de efetuar a designação prevista no parágrafo 1º, o Tribunal levará em consideração: O princípio de que os Estados Partes devem compartilhar a responsabilidade pela execução das penas privativas de liberdade, segundo os princípios de distribuição equitativa previstos nas Regras de Procedimento e Prova; A aplicação de regras convencionais do direito internacional geralmente aceitas sobre o tratamento de reclusos A opinião do condenado; A nacionalidade do condenado; e Outros fatores relativos às circunstâncias do crime ou ao condenado, ou à execução eficaz da pena, conforme o caso, na designação do Estado de execução. Se não for designado nenhum Estado, conforme previsto no parágrafo 1º, a pena privativa de liberdade será cumprida no estabelecimento penitenciário fornecido pelo Estado anfitrião, em conformidade com as condições estipuladas no acordo de sede a que se faz referência no parágrafo 2º do artigo 3º. Nesse caso, as despesas decorrentes da execução da pena privativa de liberdade serão de responsabilidade do Tribunal.

Artigo 104

Mudança na designação do Estado de execução

O Tribunal poderá, a todo momento, determinar a transferência de um condenado para uma prisão de um outro Estado. O condenado poderá, a todo momento, solicitar ao Tribunal sua transferência do Estado de execução.

Artigo 105

Execução da pena

Observadas as condições eventualmente estipuladas por um Estado, em conformidade com o parágrafo 1º b) do artigo 103, a pena privativa de liberdade terá caráter obrigatório para os Estados Partes, os quais não poderão, em hipótese alguma, modificá- la. A decisão relativa a qualquer interposição de apelação ou revisão incumbirá exclusivamente ao Tribunal. O Estado de execução não impedirá o condenado de apresentar solicitação nesse sentido.

Artigo 106

Supervisão da execução da pena e das condições de reclusão

A execução de uma pena privativa de liberdade estará sujeita à supervisão do Tribunal e serão compatíveis com as normas relativas ao tratamento de reclusos previstas em tratados internacionais de ampla aceitação. As condições de reclusão serão regidas pela legislação do Estado de execução e serão compatíveis com as normas relativas ao tratamento de reclusos previstas em tratados internacionais de ampla aceitação: em todo caso, tais condições não serão nem mais nem menos favoráveis do que as aplicáveis aos

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reclusos condenados por crimes similares no Estado de execução. A comunicação entre o condenado e o Tribunal será irrestrita e confidencial.

Artigo 107

Transferência após o cumprimento da pena

Após o cumprimento da pena, o indivíduo que não for nacional do Estado de execução poderá, em conformidade com a legislação de tal Estado, ser transferido para um Estado que esteja obrigado a aceitá-lo ou para outro Estado que esteja disposto a fazê-lo, levando em consideração o desejo do indivíduo de ser transferido para este Estado, a menos que o Estado de execução o autorize a permanecer em seu território. As despesas derivadas da transferência, efetuada de acordo com o disposto no parágrafo 1º, se não forem cobertas por algum Estado, serão de responsabilidade do Tribunal. Observado o disposto no artigo 108, o Estado de execução poderá, em conformidade com o seu direito interno, extraditar ou entregar de qualquer outra forma o indivíduo a um Estado que tenha solicitado sua extradição ou entrega para fins de julgamento ou de execução de pena.

Artigo 108

Limitações ao processo ou à punição por outros crimes

1. O condenado que se encontrar sob a custódia do Estado de execução não será submetido a processo, punição ou extradição para um terceiro Estado por uma conduta anterior a sua entrega ao Estado de execução, a menos que, a requerimento deste, o Tribunal tenha aprovado o processo, punição ou extradição.

2. O Tribunal decidirá sobre a matéria após ter ouvido o condenado.

3. O parágrafo 1º do presente artigo não será aplicável se o condenado permanecer por mais de 30 dias no território do Estado de execução, de forma voluntária, após haver cumprido a totalidade da pena imposta pelo Tribunal; ou se retornar ao território desse Estado após haver dele saído.

Artigo 109

Execução de multas e ordens de sequestro

1. Os Estados Partes farão executar as multas e as ordens de sequestro decretadas pelo Tribunal em virtude da Parte VII, sem prejuízo dos direitos de terceiros de boa fé e em conformidade com o procedimento estabelecido em seu direito interno. 2. O Estado Parte que não puder executar uma ordem de sequestro adotará medidas para recuperar o valor do produto, dos bens ou dos haveres cujo sequestro tiver sido decretado pelo Tribunal, sem prejuízo dos direitos dos terceiros de boa fé. 3. Os bens, o produto da venda de bens imóveis ou, quando couber, a venda de outros bens que o Estado Parte obtenha ao executar uma decisão do Tribunal serão transferidos ao Tribunal.

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Artigo 110

Revisão relativa a uma redução de pena

1. O Estado encarregado da execução não poderá colocar em liberdade o recluso antes de que este tenha cumprido a pena imposta pelo Tribunal. 2. Somente o Tribunal poderá decidir sobre uma redução de pena e se pronunciará a respeito após ouvir o recluso. 3. Quando o recluso tiver cumprido dois terços da pena, ou 25 anos de prisão, em caso de prisão perpétua, o Tribunal revisará a pena a fim de determinar se esta deveria ser reduzida. Tal revisão não ocorrerá antes de cumpridos tais prazos. 4. Ao proceder à revisão prevista no parágrafo 3º, o Tribunal poderá reduzir a pena se considerar que estão dadas uma ou mais das seguintes condições: a) O recluso manifestou, desde o princípio e de forma continuada, vontade de cooperar com o Tribunal em suas investigações e processo; b) O recluso facilitou, de forma voluntária, a execução das decisões e ordens do Tribunal em outros casos, em particular auxiliando na localização de bens sobre os quais incidam multas, sequestro ou reparação que possam ser utilizados em benefício das vítimas; ou c) Outros fatores previstos nas Regras de Procedimento e Prova que permitam determinar uma mudança nas circunstâncias suficientemente clara e importante para justificar a redução da pena. 5. Se durante a revisão inicial prevista no parágrafo 3º o Tribunal determinar que não é apropriado reduzir a pena, voltará a examinar a questão posteriormente, com a periodicidade prevista nas Regras de Procedimento e Prova e em conformidade com os critérios nelas enunciados.

Artigo 111 Evasão

Se um condenado se evadir do local de detenção e fugir do Estado encarregado da execução da pena, este Estado poderá, após consultar o Tribunal, solicitar ao Estado em se encontre que o condenado que o entregue, em conformidade com os acordos bilaterais e multilaterais vigentes, ou poderá requerer ao Tribunal que solicite a entrega, conforme o disposto na Parte IX. O Tribunal, se solicitar a entrega, poderá determinar que o condenado seja enviado ao Estado em que cumpria pena ou a outro Estado que designe.

PARTE XI

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