• Nenhum resultado encontrado

7.2. Lei 11.232/05: Cumprimento da sentença

7.2.1 Das principais alterações da lei 11.232/05

7.2.1.4 Execução provisória

A nova execução provisória está disciplinada no artigo 475-O do Código de Processo Civil, e traz importante novidade no que diz respeito à celeridade e efetividade processual.

Referido dispositivo é, quase na sua totalidade, cópia do então artigo 588 do Código de Processo Civil, sendo praticamente cópia daquele em seus incisos e parágrafo primeiro e segundo.

Ocorre que justamente o parágrafo segundo dos dois dispositivos é aquele que determina os casos em que será dispensada a prestação de caução na execução provisória, sendo que, tanto na nova lei como no procedimento anterior, era dispensada a caução nos créditos de natureza alimentar, até o limite de sessenta salários mínimos, desde que demonstrada a necessidade.

Pela redação da nova lei, além de acrescentar a esta primeira hipótese a questão do ato ilícito, acrescentou um inciso II que possibilita a dispensa de caução e o recebimento do crédito quando pendente agravo de instrumento junto ao Supremo Tribunal Federal ou Superior Tribunal de Justiça (art. 544 CPC), salvo quando da dispensa da caução possa resultar grave dano de difícil ou incerta reparação.

Evidentemente que, em possibilitando o recebimento de determinado crédito ainda na pendência de recurso aos Tribunais Superiores, é por evidente que haverá um “encurtamento” do processo, já que possibilitado o recebimento de crédito já em execução provisória.

E assim o é porque é por todos sabidos que, na grande maioria dos casos, não há a possibilidade de trânsito de recurso aos Tribunais Superiores, pelos mais diversos motivos, ou por tratar-se de matéria de fato, por não enquadrar-se na hipótese do recurso, não existir o pré-questionamento ou, ainda, por se postular a revisão de provas, o que torna inadmissível o recurso à última instância.

Porém, mesmo assim, em havendo a possibilidade do agravo por instrumento da decisão que nega seguimento ao recurso especial ou extraordinário, com certeza este será interposto, mesmo sabendo que a possibilidade de reversão da decisão é remota.

Nesta situação, e mesmo porque é notório que tais recursos possuem uma tramitação demorada justamente pelo indevido acúmulo de processos que se busca evitar, nada mais justo que, na hipótese descrita nos autos, seja possibilitado à parte obter o bem da vida que tanto almeja.

Claro que o legislador não poderia deferir tal medida indiscriminadamente, de forma que, se o julgador perceber a possibilidade de causar algum dano à parte pelo cumprimento antecipado da obrigação, lhe será facultado exigir caução para a liberação do crédito.

7.2.2 Crítica

Conforme analisado neste capítulo, a celeridade do processo e a satisfação do direito do credor são a espinha dorsal da lei 11.232/05, que instituiu uma série de benefícios à celeridade do processo, dentre as quais podemos destacar:

a) Proporcionar a liquidação de sentença provisória;

b) Transformar a liquidação de sentença em uma fase incorporada ao processo de conhecimento, preparatória ao cumprimento da sentença, descaracterizando a natureza de ação da liquidação;

c) Determinar que o recurso oponível à decisão na liquidação é o agravo por instrumento;

d) Unificou o processo executivo ao processo de conhecimento, criando a nova fase de cumprimento da sentença;

e) Substituiu os embargos à execução, verdadeira ação, pela impugnação, recebida e processada nos próprios autos;

f) Generalizou a inexistência de efeito suspensivo na impugnação, salvo se causar prejuízo à parte o prosseguimento da execução;

g) Na execução provisória, possibilitou que a parte receba o crédito objeto da ação, sem a prestação de caução, se pendente agravo de instrumento junto ao Supremo Tribunal Federal ou Superior Tribunal de Justiça, da decisão que negou seguimento ao recurso especial ou extraordinário; Conforme exposto, havia na doutrina divergência quanto ao recurso oponível em face da decisão na liquidação de sentença, tendo em vista que, por ter como natureza jurídica de ação, sua decisão importava em sentença que é recorrível via recurso de apelação.

Todavia, a nova regra agora é que o ato que decide a liquidação tem natureza de decisão, independente do tipo de liquidação, sendo agora recorrível via agravo por instrumento.

Tal procedimento, além de pacificar o tema, com certeza é mais célere, tendo em vista a maior agilidade de tramitação e julgamento do agravo por instrumento com relação à apelação.

Também, a possibilidade de liquidação provisória tem a clara finalidade de agilizar a tramitação do feito, embora a imprecisão do termo adotado. É que a liquidação jamais será provisória, mas definitiva, sendo provisório, isto sim, o título que fundamenta a liquidação por haver a pendência de julgamento de recurso.

Desta feita, caso modificado no todo ou em parte o título liquidando, esta será modificada apenas nesta parte, sendo a liquidação a mesma.

Importante e com certeza a maior modificação da lei 11.232/05, é a substituição do processo de execução de título judicial por uma nova fase de cumprimento de sentença, agora unificada ao processo de conhecimento.

Além do mais, agora temos a intimação da parte, através de seu advogado (cem certeza procedimento muito mais célere do que expedir mandado a ser cumprido por oficial de justiça), para que pague o débito em 15 dias sob pena de multa de 10% sobre o valor da causa, tudo de forma a obrigar a parte a agilizar o pagamento e encerrar a ação, “cumprindo” a sentença.

Também há significativa alteração com a substituição dos embargos à execução pela impugnação, já que, de regra esta não possui efeito suspensivo. Tal fato se deve à prática reiterada que havia de interpor embargos à execução que se demonstravam meramente protelatórios mas que, como estava na lei, recebiam efeitos suspensivo, trancando toda a execução até o julgamento dos embargos.

Tal fato, por óbvio, atrasava a celeridade processual, pois, muitas vezes, se renovava toda uma discussão em sede de embargos, sendo obrigado a suspensão da execução até decisão final daquele.

Agora não mais, já que a nova regra é a inexistência do efeito suspensivo, o qual será concedido no caso em que o seguimento da execução possa ocasionar grave dano, de incerta e difícil reparação à parte.

Além da inexistência de efeito suspensivo, em regra, na impugnação, a execução provisória recebeu nova, e importante, hipótese para que exista o pagamento do crédito da execução com a dispensa de caução, além da anterior hipótese de verba alimentar limitada a sessenta salários mínimos, onde exista a prova da necessidade do recebimento.

É a nova hipótese em que resta pendente julgamento de agravo por instrumento junto ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça.

É que referido recurso já não possui efeito suspensivo e é utilizado, em regra, para modificar despacho que negou seguimento aos recursos extraordinários, o que ocorre pelas mais diversas razões.

Vejamos um exemplo prático. Em uma ação de cobrança de seguro cujo pagamento foi negado pela seguradora, a mesma foi julgada procedente em primeiro grau. Com a apelação, o tribunal negou provimento à seguradora. Mesmo tratando- se de matéria de fato, por exemplo, não sendo cabível o recurso especial, este é interposto pela seguradora (afinal está à disposição da parte mesmo) e tem seu seguimento negado pelo tribunal estadual, havendo a interposição do agravo por instrumento desta decisão.

Nesta hipótese, é justificado o pagamento do crédito pleiteado e já reconhecido nas instâncias inferiores, em especial pelo tribunal estadual, já que sabemos:

a) que é praticamente impossível o acolhimento e provimento do recurso de agravo por instrumento nestas hipóteses;

b) que é por demais demorado a tramitação e o julgamento dos recursos nos Tribunais Superiores, não sendo justificado, por contrariar a celeridade do processo, a impossibilidade de receber um crédito em razão de um recurso natimorto;

Todas estas alterações são relevantes, mas é certo que isoladas, são insuficientes para atender o comando constitucional de conferir ao cidadão um processo que dure o tempo razoável, sem que tal instrumento venha acompanhado da devida boa-fé dos partícipes do processo.

Por exemplo, já se comenta abertamente que, aquele que busca procrastinar o processo se valerá da renúncia de seu advogado para impossibilitar a sua intimação através de seu procurador para fins de cumprir a sentença.

Da mesma forma, como se diz, mau devedor é sempre mau devedor, pouco importando existir a multa de 10% sobre débito se não houver o pagamento no prazo de 15 dias, já que, se não existirem bens, o crédito seguirá não sendo satisfeito e, se a intenção for procrastinar, isto será feito na mesma forma.

Claro que, para aqueles que sabem que devem cumprir a obrigação reconhecida em juízo, o pronto pagamento é um estímulo para evitar o acréscimo de 10% ao débito, fazendo com que se satisfaça a obrigação sem que se passe pelo processo executivo, o que, podemos afirmar, já produz resultados significativos.

7.3 Lei 11.276/06: Da forma de interposição dos recursos e da negativa de