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INTERVENÇÃO EM PENITENCIÁRIAS FEMININAS

Como já mencionado anteriormente no presente estudo, notadamente no item 1.4, a busca pelo amparo dos sistemas internacionais de tutela deve respeitar alguns requisitos, tais como o esgotamento prévio dos recursos internos, a inércia, a demora ou a impossibilidade de ação por parte do Estado provocado, sendo, portanto, um sistema subsidiário ao interno, o que não configura a existência de uma suposta quarta Instância, mas sim um sistema ampliativo de fiscalização da aplicação de direitos humanos. (RAMOS, 2016a)

Além disso, o Protocolo facultativo do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, em seu artigo 5º expõe que para uma demanda ser apreciada ela não pode estar sendo examinada por qualquer outra instância internacional, seja em fase investigatória ou de sentenciamento. (BRASIL, 2009a)

Assim, cumpridos esses requisitos e levado o caso à apreciação da Comissão IDH essa pode formular recomendações e ainda, caso delibere necessário, pode submeter o caso a Corte IDH. A Corte, por sua vez, irá atuar de forma consultiva, quando meramente consultada, ou irá exarar sentença que deve ser cumprida pelos Estados. (COMISSÃO IDH, 1969)

Entretanto, no momento cabe análise da efetividade dessas decisões tomadas, principalmente em relação àquelas que possuem caráter jurisdicional, frente à situação carcerária brasileira. Isso porque o Brasil já foi réu perante o Sistema Interamericano de proteção de direitos humanos e já obteve condenações e recomendações formuladas pela Corte e pela Comissão, respectivamente.

Impende lembrar que as sentenças proferidas pela Corte, como se nota do artigo 68 da CADH, são dotadas de força vinculante e são obrigatórias. Porém, o mencionado artigo trata

apenas de expor que os Estados-partes devem se comprometer a cumprir as decisões da Corte sempre que forem partes em um caso por ela apreciado, silenciando acerca da forma de execução que deve ser adotada nas demais espécies de decisão. (COMISSÃO, 1969)

Dessa forma, cabe ao Estado elaborar mecanismos internos para implementar as decisões tomas pela Corte. Alguns doutrinadores chamam essas legislações de “enabling

legislations” e reforçam que poucos países elaboraram essas “ [...] normas domésticas que

buscam viabilizar a execução e garantir a eficácia das sentenças internacionais" (COELHO, 2007, p. 184 apud SEIXAS; NAGADO, 2009, p. 14), sendo que o Brasil chegou a editar dois projetos de lei para essa finalidade sem conseguir a aprovação de nenhum até o presente momento.21

Sendo assim, por ora, é possível que as vítimas que busquem o amparo de Tribunais Internacionais, mesmo que o Brasil reconheça sua competência, recebam um parecer positivo, porém sem conseguir executá-lo

Isso não quer dizer, todavia, que o cumprimento das decisões oriundas da Corte Interamericana possa ser encarado como mera faculdade. O suposto aqui é que os Estados possam dispor quanto à escolha dos métodos de implementação das sentenças, no sentido de dar cumprimento às medidas de reparação determinadas pela Corte IDH, devendo optar por aqueles que sejam consoantes ao instrumento internacional que gerou a obrigação, e é nesse sentido que a Convenção Americana deixa à discrição dos Estados o estabelecimento das medidas ou a realização das ações que estes ponderem como necessárias para que cumpram com as sentenças prolatadas pela Corte IDH. (FRANCO, 2014, p. 39)

Embora não sejam cabíveis meios coercitivos para obrigar o Estado-Parte a cumprir com as obrigações que aderiu quando ratificou tratados internacionais é possível que busquem meios políticos de pressão que podem fazer com que o Estado execute as sentenças proferidas por tribunais internacionais. Essas pressões podem se dar entre os próprios Estados que ratificaram as normas internacionais objetos de violações por meio de coação política com a exposição a um constrangimento de quem estiver cometendo as violações perante a comunidade internacional, conforme previsão do artigo 65 da CADH. Isso pode ocorrer mesmo que as decisões proferidas tenham meramente o caráter obrigatório, mas não tenham a capacidade vinculatória (OLIVEIRA, 2019), como é o caso das recomendações e das decisões quase judicias, proferidas pela Comissão e pela OEA, por exemplo.

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Os projetos de Lei que previam a implementação das decisões internacionais no âmbito interno foram os de número 3.214/2000 e 4.667/2004. (RAMOS, 2016a)

Frise-se, outro meio de se buscar a Executoriedade das decisões proferidas pela Corte é a supervisão de seus julgados, pois ela mantém os casos abertos até que todas as recomendações estejam cumpridas e estabelecem pressão ao Estado-membro até que cumpra todas as disposições da sentença (RAMOS, 2016a). Tal precedente se nota quando apreciado o caso Baena Ricardo e outros vs Panamá (apud RAMOS 2016a) no qual

A Corte, todavia, decidiu que a ela cabe supervisionar seus julgados em todos os casos sentenciados, não cabendo ao Estado-parte alegar norma de direito interno, ou a omissão delas, para negar cumprir a decisão exarada. Ao contrário, caberá ao Estado assegurar o cumprimento de acordo com as previsões do seu direito interno, seja no que toca ao direito material, seja no que diz respeito ao direito processual (OLIVEIRA, 2019, p.10)

Ressalte-se que as decisões exaradas pelos Tribunais internacionais – conforme o entendimento de André de Carvalho Ramos – possuem caráter constitucional no Brasil, conforme se denota nas seguintes palavras do autor

Ora, que adiantaria a Constituição chegar a mencionar expressamente um tribunal internacional de direitos humanos se fosse autorizado constitucionalmente a qualquer autoridade brasileira ignorar seus comandos ou os precedentes desse mesmo Tribunal? Por isso, minha conclusão é que, com base nos comandos da Constituição que preveem a obediência a “tratados internacionais de direitos humanos” e ainda fundado no comando do art. 7º do ADCT, as decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos, cuja jurisdição o Brasil reconheceu, são vinculantes e possuem força constitucional. (RAMOS, 2016a, p. 385)

Assim, não há que se questionar a força obrigatória, ou vinculante, das decisões da Comissão e da Corte Interamericanas, devendo o país cumpri-las sob pena de incorrer em nova violação, podendo figurar novamente no banco dos réus no Sistema Interamericano, além de ser exposto a constrangimento perante a comunidade internacional e sofrer retaliações comerciais de outros Estados-membros. (COMISSÃO IDH, 1969)

É de se observar que há quem questione a necessidade de se realizar juízo de delibação sobre essas decisões, contudo

Quanto a esse aspecto, André de Carvalho Ramos é objetivo ao discorrer que existe clara distinção entre uma sentença internacional e uma sentença estrangeira: o julgado internacional provém de um tribunal que exerce jurisdição sobre o Estado que a ele aderiu espontaneamente, ao passo que a decisão estrangeira foi prolatada por uma jurisdição estranha ao país, o que justifica a necessidade de controle. Assim, a sentença internacional, por conseguinte, não deve ser submetida aos mesmos procedimentos homologatórios vislumbrados para o caso de uma decisão estrangeira. (FRANCO, 2014, p. 42)

Diante do exposto, é importante compreender que para que as sentenças tenham força executória e assim possam atingir seu objetivo maior, o de reparar uma situação de violação de direitos humanos assegurados por tratados internacionais, é preciso - além da ideia fictícia de que os Estados cumprirão suas obrigações sempre de forma voluntária - que cada um dos três poderes cumpra com suas funções, quais sejam, nas palavras de Antônio Augusto Cançado Trindade

(...) ao Poder Executivo incumbe tomar todas as medidas (administrativas e outras) a seu alcance para dar fiel cumprimento às obrigações convencionais; ao Poder Legislativo incumbe tomar todas as medidas cabíveis para harmonizar o direito interno com a normativa de proteção dos tratados de direitos humanos, dando-lhes eficácia; e ao Poder Judiciário incumbe aplicar efetivamente as normas de tais tratados no plano do direito interno, e assegurar que sejam respeitadas”. (TRINDADE, 2003, p. 511. apud FRANCO, 2014, p. 39)

Nesse contexto, compreende-se que existe força obrigatória e vinculatória no que diz respeito às decisões emanadas do Sistema Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos, cabendo rememorar que o Brasil já foi alvo de resoluções da Comissão e da Corte IDH e até o presente momento, iniciou o cumprimento voluntário de todas as resoluções ema nadas desses tribunais internacionais. 22

No presente trabalho de pesquisa é oportuna a exposição dos casos do Complexo penitenciário de Pedrinhas e da Penitenciária Urso Branco. Ambos os casos tratam de violações ocorridas no ambiente carcerário e trouxeram importantes avanços a implementação de decisões do SIDH no âmbito doméstico.

Destaque-se, o caso do complexo de Pedrinhas foi submetido à Comissão Interamericana de Direitos humanos em outubro de 2013 pela Sociedade Maranhense de direitos Humanos, pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pelas organizações de direitos humanos Justiça Global e Conectas Direitos Humanos. Ainda no mês de dezembro de 2013 a Comissão adotou medidas cautelares em 16 de dezembro de 2013, pois a denuncia dava conta de, 40 mortes violentas, além de muitos feridos, ocorridas em razão de disputas

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Há apenas que se ressaltar a ADPF 153/DF, com decisão proferida em 29 de abril de 2010, na qual o Pleno do STF decidiu que a Lei nº 6.683/79, conhecida como Lei de anistia, é adequada a nova ordem constitucional pois constante na EC 26/85, mantendo-se a anistia aos autores de crimes políticos ou conexos cometido no período de 02/09/1961 a 15/08/1979. Quando proferida a decisão a Corte IDH apreciava o caso Gomes vs. Lund que só foi sentenciado em 29/11/2010, decidindo-se que a Lei de anistia brasileira é uma “violação dos direitos às garantias judiciais e à proteção judicial (artigos 8.1 e 25), em combinação com a obrigação de respeitar os direitos previstos na Convenção e o dever de adotar disposições de direito interno (artigos 1.1 e 2), em detrimento dos familiares das vítimas desaparecidas e da pessoa executada [...]” (CORTE IDH, 2010 p. 114,).Até então o Supremo não alterou sua decisão, alegando que está de acordo om as previsões normativas domésticas e que não cabe a CIDH questionar tais instrumentos. (BRASIL, 2010)

entres facções criminosas rivais e motins, além de relatos de tortura perpetrada por agentes penitenciários aos encarcerados, bem como de seu despreparo no trato com os indivíduos tendo em vista o uso indiscriminado de meios de contenção dos detentos, o que resultava em violações da própria dignidade humana daqueles, inter alia.(CORTE IDH, 2014)

Entre as medidas adotadas pela comissão estava a necessidade do Estado tomar

providências efetivas para evitar a perda de mais vidas e o dano à integridade pessoal dos presos e reduzir a superpopulação carcerária, assim como seria imperiosa a realização de investigação acerca dos fatos narrados na petição endereçada à Comissão IDH. Contudo, mesmo com a publicação dessas recomendações, persistiram as violações narradas, com a ocorrência de 19 mortes de presos até setembro de 2014. (CORTE IDH, 2014)

Tendo em vista as circunstâncias em comento, a Comissão levou o caso à apreciação da Corte IDH solicitando que essa interviesse e deliberasse acerca da necessidade de requere novas medidas provisórias ao Brasil. Em 14 de novembro de 2014 sobreveio resolução da Corte na qual foram valoradas as ações que o Estado estava realizando para tentar alterar a situação, contudo se decidiu que não estavam sendo suficientes para frear o contexto de mortes e ameaças à integridade pessoal dos presos, devendo o país adotar medidas mais efetivas com urgência. (CORTE IDH, 2014)

É de se ressaltar que esses requerimentos da Corte foram elaborados sem que houvesse a análise do mérito da situação exposta, o caráter liminar das medidas foi ressaltado pelo Tribunal em sua decisão, havendo a demonstração de que se tratava de um caso de extrema gravidade, urgência com o escopo de evitar graves danos à integridade pessoal dos envolvidos. Ocorre que o Brasil até chegou a suscitar que não caberia à Corte emitir parecer acerca do caso, tendo em vista que sua jurisdição tem mero caráter subsidiário e que já estavam sendo tomadas providências com base nas medidas recomendadas pela Comissão. Contudo, a Corte entendeu que era cabível sua atuação diante do grave cenário exposto e elaborou os mencionados requerimentos. (CORTE IDH 2014)

Assim, verifica-se que a tramitação do mencionado caso foi de fundamental importância para fixar a possibilidade de atuação da Corte frente às situações de graves violações de detentos, o que enseja a tomada de atitudes eficazes por parte do Brasil frente sua situação carcerária, do contrário pode novamente ser exposto ao constrangimento de figurar no banco dos réus no SIDH. (CORTE IDH 2014)

Além disso, no caso da penitenciária de Pedrinhas nota-se que o Estado tomou inúmeras atitudes com o fito de alterar a situação que ali se apresentava, dentre elas devem ser citadas: a criação do Plano de Ação para a Pacificação das Prisões de São Luís – esse que foi

fundado em eixos de segurança e, sobretudo, direitos humanos, focando em áreas de acesso à assistência legal de forma gratuita, redução da população carcerária, entre outros. – transferência de presos para outros centros de detenção de caráter federal, realização de intervenções estratégicas dentro do complexo para prestar orientações sobre a tuberculose, edição da Portaria 076/2013, da primeira Vara de Execuções penais, permitindo “o recolhimento domiciliar, pelo prazo de 90 dias, dos presos da Unidade Prisional de Monte Castelo e das pessoas detidas no regime semiaberto da penitenciária feminina, unidades prisionais do Complexo de Pedrinhas”, além da realização de inquéritos pelas mortes ocorridas no interior do complexo e da abertura de processos administrativos disciplinares para apurar o contexto dos acontecimentos. (CORTE IDH 2014)

Dessa forma, a atuação do SIDH foi crucial para que o Estado brasileiro empreendesse ações concretas em relação às violações perpetradas face aos tratados de Direitos humanos por ele ratificados, expondo que a cooperação entre a ação doméstica e a fiscalização internacional pode funcionar e assegurar direitos de caráter universal intrínsecos à pessoas humana, mesmo que em situação de encarceramento.

Ao depois, não menos importante foi o caso da Penitenciária Urso Branco. A organização Justiça Global e a Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese Porto Velho peticionaram à Comissão IDH, em 05 de junho de 2002, para denunciar que Casa de Detenção José Mário Alves da Silva – conhecida como Penitenciária Urso Branco – havia se tornado palco de grandes atrocidades e violações da CADH, dentre elas instalações inadequadas para manter pessoas presas, ocorrência de mortes por falta de atendimento médico, ausência de banhos de sol diários, falta de acesso à agua para realização de higiene, falta de controle da penitenciária, tendo em vista que os internos romperam cadeados e interligaram as celas por túneis subterrâneos, presença de armas como barras de ferro e facas, corrupção por parte dos agentes que foi agravada pela sua falta de preparo e treinamento, além da ocorrência de dezenas de mortes que não foram esclarecidas pelo Estado, entre outras violações. (COMISSÃO IDH, 2006)

Diante dessa conjuntura, e em face da inércia do Estado os peticionários levaram o caso ao conhecimento da Comissão. A Comissão, por sua vez, encaminhou relatório ao Brasil e obteve respostas. Porém, os fatos denunciados permaneciam como narrados, sem que as medidas tomadas pelo Estado surtissem efeitos. Por essa razão o caso foi submetido à Corte IDH, solicitando-se que ela se manifestasse acerca de medidas provisórias de caráter urgente com fulcro na gravidade da situação em que se achavam os presos à época. (COMISSÃO IDH, 2006).

A primeira resolução da Corte foi em 29 de agosto de 2002, no sentido de ampliar as medidas cautelares já recomendadas pela Comissão, recomendações essas que não estavam sendo adimplidas pelo Estado. Após essa data um longo caminho foi percorrido, ao todo foram elaboradas 07 resoluções exaradas em

18 de junho e 29 de agosto de 2002, 22 de abril e7de julho de 2004, 21 de setembro de 2005, 2 de maio de 2008 e 25 de novembro de 2009), além de Resolução da Presidenta da Corte (de 17 de agosto de 2009), determinando a realização de audiência pública e do Presidente da Corte (de 28 de julho de 2011), também deter- minando a realização de uma audiência pública. Em 25 de agosto de 2011, a Corte decidiu pela suspensão da medida, arquivando o caso. (RAMOS, 2016a, p. 463)

Durante a tramitação do caso no SIDH inúmeras foram as recomendações formuladas ao Brasil, no sentido de reduzir a superlotação da penitenciária Urso Branco e evitar danos á integridade dos presos, sendo que o Estado, a fim de cumpri-las, realizou diversas ações, entre elas: criação de novas vagas penitenciárias, inicio da construção da penitenciária Ariquemes, construção do Centro de Triagem Porto Velho, realizou reformas na própria penitenciar ia Urso Branco, destinou recursos para a reestruturação da Escola Penitenciária e para a compra de ambulâncias e veículos de segurança, foi melhorado o sistema de acesso à água, em 2009 foi realizado um mutirão com Juízes, Promotores e Defensores Públicos para averiguar a situação dos detentos, entre outras ações. (CORTE IDH, 2009)

Frise-se, todas essas intervenções do Estado não foram suficientes para inibir todas as ofensas aos direitos humanos perpetradas contra os detentos, que permaneceram tendo sua dignidade fortemente prejudicada, contudo foram cruciais para que o Brasil deixasse de ser inerte e realizasse ações mais eficazes. O caso tramitou até 2011, quando foi assinado o “Pacto para Melhoria do Sistema Prisional do Estado de Rondônia e levantamento das medidas provisórias outorgadas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos”, no documento é possível se analisar com dados a melhora ocorrida no local desde o início da recomendação de medidas cautelares em 2002, como se vê

3.1 Do início das medidas provisórias: a) ocupação: 1.128 homens; b) média de

presos por vaga: 2,07 (2002); c) média de agentes por presos: 10,33. 3.2. Dados

atuais: a) ocupação em agosto de 2011: 780 apenados; b) média de presos por

vagas: 1,5; c) média de agentes por presos: 4,29 (total de agentes no mês de celebração desse Pacto: 139 agentes penitenciários e 43 agentes da reserva remunerada, totalizando 182 servidores; média por plantão: 27 agentes de segurança). (BRASIL, 2009, p. 1)

O pacto tratou de mencionar o contexto em que foi celebrado, ressaltando a cooperação ocorrida entre diversos atores nacionais – como o Ministério Público, a Defensoria Pública, a União, o Governo do Estado de Rondônia e o Poder Judiciário de Rondônia. –, os peticionários e o SIDH para que se pudesse implementar as recomendações formuladas pelo Tribunal Internacional. Foram reforçados todos os déficits e ações que ainda precisavam receber atenção, assim como foram estabelecidos os compromissos de todos os participantes do caso, desde o monitoramento, que coube aos peticionários, até a implementação das disposições do referido Pacto.23 (RONDÔNIA, 2011)

Nesse diapasão, é pertinente a analise da aplicação das normas de direito internacional no âmbito das mulheres encarceradas, sendo-lhes garantido o acesso ao peticionamento à Comissão Interamericana de direitos humanos como uma forma de amenizar as máculas sofridas por parte das omissões, ou ações, do Estado e seus representantes.

Os casos já submetidos à análise da Comissão e da Corte IDH mencionavam, principalmente, violações aos dizeres das Regras de Mandela, da Convenção contra a Tortura e Outras Penas e Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, além das violações à CADH, o que culminou na competência do SIDH para apreciar as denúncias formuladas pelos peticionantes.

Assim, é pertinente que se faça uma analogia entre as violações de Direitos humanos sofridas por mulheres encarceradas que estão expostas às condições mencionadas nos casos acima descritos com o agravamento das ofensas sofridas em razão de seu gênero. Além da falta de água, comida, instalações adequadas as presas brasileiras são expostas a uma

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A saber, no pacto firmado as seguintes distribuições de responsabilidades merecem destaque: PELA UNIÃO: 1. Manutenção da Comissão Especial do CDDPH com o fornecimento de passagem aérea pelo CDDPH para a participação de um representante da Justiça Global nas reuniões periódicas a se realizarem nas dependências do “Urso Branco”. Órgão responsável principal: CDDPH. 2. Envio de relatórios semestrais à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) sobre o cumprimento do presente Pacto, detalhando o nível de implementação de cada projeto e compromisso. [...] 3. Solicitação anual de reunião de trabalho em Washington, com a mediação da CIDH, para monitoramento do cumprimento do presente Pacto. Órgão responsável principal: MRE. PELO ESTADO DE RONDÔNIA: [...] As melhorias garantidas com respeito à água, alimentação, visitas, visitas íntimas, dedetização, limpeza das celas, fornecimento de materiais de higiene, coleta de lixo, saúde, serviço ambulatorial e médico, assim com o fornecimento dos medicamentos necessários, devem atender ao disposto na Lei de Execuções Penais e nas demais leis, normas e regras estabelecidas pelos órgãos competentes, incluindo o Conselho Nacional de Política Penitenciária (CNPCP). O