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4 RESULTADOS

4.7 Exemplos de diagnóstico para casos críticos

Este tópico faz uma análise dos erros cometidos pelo método de Duval que conseguem ser corrigidos pelo ANFIS 02. Ao simular o método de Duval para o conjunto de dados submetidos a um erro com desvio padrão de 15%, conforme descrito na seção anterior, a matriz de confusão formada a partir da validação resultante é mostrada na Tabela 4.28.

Tabela 4.28 – Matriz de Confusão para o método de Duval

T1/T2 T3 DP D1 D2 T1/T2 2 0 1 0 0 T3 1 2 0 0 0 DP 0 0 2 1 0 D1 0 0 0 3 0 D2 0 0 0 1 2 Fonte: autor

Utilizando o mesmo conjunto de dados para treinar e validar o ANFIS 02, é obtida a matriz de confusão mostrada na Tabela 4.29.

Tabela 4.29 – Matriz de Confusão para o ANFIS 02 T1/T2 T3 DP D1 D2 T1/T2 2 1 0 0 0 T3 0 3 0 0 0 DP 0 0 3 0 0 D1 0 0 0 3 0 D2 0 0 0 1 2 Fonte: autor

Os resultados indicam uma melhoria no diagnóstico das falhas T3 e PD do ANFIS 02 em relação ao método de Duval. Os resultados obtidos mostram que o ANFIS 02 seguiu o mesmo comportamento descrito para amostras sem erro. A Tabela 4.30 mostra os casos para os quais o ANFIS 02 acertou o diagnóstico enquanto o Duval comete um engano.

Tabela 4.30 – Amostra com diagnóstico incorreto Caso %CH4 %C2H2 %C2H4 Diagnóstico Especialistas Diagnóstico Duval Diagnóstico ANFIS 02 A1 49,07 0,99 49,94 T3 T2 T3 A2 96,46 1,76 1,78 PD D1 PD Fonte: autor

Esses dados ficam em regiões do triângulo de Duval muito próximas dos limites dos tipos de defeito, isto é, das fronteiras entre as falhas. Essa proximidade torna o diagnóstico suscetível a falhas, uma vez que o método de Duval considera limites precisos para o diagnóstico.

Conforme indicado na Figura 4.12, caso A1 está no limiar entre os defeitos térmicos T2 e T3. O método de Duval considera que este conjunto de dados indica uma falha do tipo T2, uma vez que o percentual de C2H4 está abaixo de 50%. O ANFIS 02 conseguiu diagnosticar corretamente a falha, pois é baseado na lógica difusa, ou seja, lida com imprecisões de modo mais eficiente. Isso acontece, pois o ANFIS 02 possui duas funções de pertinência para codificar as informações de entrada, uma função classifica a concentração com baixa e a outra classifica as concentrações como alta

Figura 4.12 – Triângulo de Duval com o caso A1 em destaque

Fonte: autor

A Figura 4.13 mostra as funções de pertinência da entrada do ANFIS 02 para o acetileno. Assim, em vez de considerar simplesmente uma concentração de C2H4 acima ou abaixo de 50%, o ANFIS considera o quanto essa concentração está baixa ou alta,ou seja, a concentração de C2H4 igual a 49,94% foi considerada pelo ANFIS 02 um forte indicativo de falha térmica T3.

Figura 4.13 – Funções de pertinência para a entrada %C2H4

Fonte: autor 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 BAIXA ALT A

A segunda amostra em análise também ilustra como os limiares rígidos estabelecidos pelo método de Duval levam a diagnósticos incorretos. Nesta amostra, a concentração de CH4 é igual a 96,85%, um valor inferior ao estabelecido pelo método de Duval, com isso ela não é diagnosticada com uma falha de descarga elétrica parcial, mas sim como uma descarga elétrica do tipo D1. Entretanto, esse valor está muito próximo do limiar de 98%. Assim o ANFIS infere que este percentual de metano está relacionado à falha do tipo PD. A técnica foi capaz de inferir o diagnóstico correto a partir do conhecimento de especialistas fornecidos por meio dos dados treinamento.

Figura 4.14 – Triângulo de Duval com o caso A2 em destaque

Fonte: autor

4.8 Considerações parciais

O conjunto de simulações realizadas forneceu uma série de informações relevantes acerca do diagnóstico de falhas utilizando ANFIS. Os resultados de simulação mostram que os melhores resultados foram obtidos para o sistema ANFIS com cinco variáveis linguísticas, com índice de precisão em torno de 90%. Os sistemas com duas e três variáveis linguísticas tiveram resultados da mesma ordem de grandeza que o método convencional de Duval, em torno de 85%.

O ANFIS demonstrou ser uma técnica de diagnóstico eficaz diante da presença de erros nos dados de treinamento e validação, mostrando que, para o conjunto de dados

considerados, foi capaz de modelar adequadamente o complexo processo de formação de gases a partir de falhas elétricas e térmicas no interior de transformadores isolados a óleo. Para erros adicionados na base de dados com desvios padrão de 15% e 65%, os índices de precisão permanecem praticamente estáveis, enquanto o método convencional tem sua precisão reduzida para 70%.

A última análise realizada comparou o diagnóstico feito pelo método de Duval com o diagnóstico realizado pelo ANFIS 02 para dois casos críticos. Os resultados obtidos mostram a capacidade do ANFIS em lidar com imprecisões.

5 CONCLUSÕES

Neste trabalho foi desenvolvida e implementada uma técnica eficiente e confiável de diagnóstico de falhas incipientes em transformadores de potência isolados a óleo. A técnica em estudo utiliza o sistema neuro-difuso ANFIS baseado em padrões convencionais de identificação de falhas em transformadores com o intuito de estender a sua capacidade de diagnóstico.

A técnica de diagnóstico baseada no ANFIS foi comparada com a metodologia clássica denominada Triângulo de Duval, que apresenta os melhores resultados entre os métodos convencionais, conforme discutido em (AMORA, 2013). O ANFIS em suas diferentes configurações obteve índices de precisão iguais ou superiores aos obtidos pelo método de Duval. A melhor configuração do ANFIS foi obtida com cinco variáveis linguísticas. Nessa configuração, a precisão média foi de 90%. Para o mesmo conjunto de dados, o método de Duval obteve uma precisão média de 85%, valores da mesma ordem foram obtidos para o ANFIS com duas e três variáveis linguísticas.

Neste trabalho também foram considerados os efeitos de erros de medidas nos diagnósticos. O método de Duval obteve uma piora significativa, reduzindo sua precisão média para menos de 70% na situação de maior erro associado às medidas. Por outro lado, o ANFIS manteve índices de acerto superiores em todas as configurações estudadas. O melhor resultado foi obtido, novamente, para o sistema com cinco variáveis linguísticas, que obteve uma precisão média em torno de 80%.

O conjunto de resultados obtido mostra um dilema entre complexidade e precisão de diagnóstico. O ANFIS com cinco variáveis linguísticas obtém índices de precisão superiores, porém requer maiores tempos de simulação e seu conjunto de regras é mais difícil de ser interpretado.

A última análise realizada indica como a configuração ANFIS mais simples realiza diagnósticos em regiões limítrofes de tipos de falhas. Os casos estudados são exemplos de situações críticas em que o método de aprendizagem adaptativa conseguiu inferir o diagnóstico correto a partir de um conjunto de informações imprecisas.

Portanto, o uso da lógica difusa combinada a redes neurais mostrou-se apropriado para o diagnóstico de falhas, pois estas técnicas fornecem ferramentas para modelar o sistema de maneira simplificada e eficiente, permitindo a obtenção de diagnósticos que não seriam possíveis com as técnicas convencionais.

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