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Exemplos dos Elementos mais Valorizados e Essenciais: Municípios de Cascais, Torres

CAPÍTULO III CASO DE ESTUDO: PROJETO CLIMADAPT.LOCAL

III. 3.3 ANÁLISE DE RESULTADOS ELEMENTOS MAIS VALORIZADOS E ESSENCIAIS NA REDE DE CIDADES

III.3.3.3 Exemplos dos Elementos mais Valorizados e Essenciais: Municípios de Cascais, Torres

Para demonstrar que a iniciativa “Cidades Resilientes em Portugal” (ANPC/PNRRC, 2015) não é abstrata expomos, a título de exemplo, os casos concretos dos municípios de Cascais e de Torres Vedras que vão de encontro às necessidades de formação/sensibilização pública, financiamento e enquadramento administrativo/institucional para o planeamento.

Considerando os principais riscos naturais e tecnológicos do município de Cascais (ex. cheias e inundações, sismos e tsunamis, instabilidade de arribas, erosão costeira, etc.), foram implementadas boas práticas ao nível da redução do risco de catástrofe e para o reforço da resiliência focadas, sobretudo, nas áreas da informação e sensibilização à população; nos instrumentos de gestão da prevenção e planeamento (ex. Plano Diretor Municipal; Plano Municipal de Emergência; Plano Especial de Populações Deslocadas; Plano Especial de Risco de Cheias); em candidaturas a fundos comunitários para gestão florestal e na melhoria das condições de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida ou condicionada (ANPC/PNRRC, 2015).

Por sua vez, Torres Vedras aplicou boas práticas ao nível da redução do risco de catástrofe e para reforço da resiliência, também, com base nos seus principais riscos naturais e tecnológicos (ex. condições meteorológicas adversas, cheias e inundações, ou sismos), com vista à elaboração do programa de informação e sensibilização do serviço educativo “A Proteção Civil vai à Escola” e no reforço dos vários instrumentos de gestão da prevenção e planeamento (ex: Plano Municipal de Emergência de Proteção, Civil de Torres Vedras; Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios; Plano de Valorização de Linhas de Água) (ANPC/PNRRC, 2015).

Como referimos, os fatores motivacionais e de bloqueio listados basearam-se no inquérito aos técnicos dos 26 municípios no âmbito do Projeto ClimAdaPT.Local, o que nos permitiu inferir alguns atributos de governança e sustentabilidade implícitos, que poderiam encontrar uma resposta ao nível de uma RCR. No entanto, se focarmos a nossa análise no que é que trata, na prática, uma EMAAC (no presente caso, a EMAAC de Loulé), o processo é muito mais complexo. Os fatores condicionantes e potenciadores para a adaptação foram identificados para cada uma das 28 opções de AAC que Loulé selecionou para o seu território, que respondem às vulnerabilidades identificadas (Figura 3.7) e que têm de ser levados em linha de conta quando as opções forem implementadas (Câmara Municipal de Loulé, 2016).

Figura 3.7 - Opções de AAC para o Município de Loulé.

A EMAAC de Loulé identificou a questão financeira como a maior condicionante para a implementação das opções de adaptação, seguindo a tendência reconhecida no inquérito aos técnicos municipais. Foram, igualmente, enunciados como condicionantes para a execução das opções de AAC a diversidade territorial, populacional e socioeconómica (que poderá ativar alguma resistência à mudança de comportamentos de determinados públicos-alvo) e a necessidade de mecanismos de articulação, em virtude da grande variedade e quantidade de atores a envolver na AAC (Câmara Municipal de Loulé, 2016).

A existência de recursos e financiamento, a sensibilização da população e a existência de um quadro administrativo que trabalhe a articulação entre as várias partes interessadas na adaptação são fundamentais para que as opções se concretizem (seja em sentido lato, seja em sentido restrito quando se foca cada opção/medida de adaptação na EMAAC) e se ultrapassem certas condicionantes, corroborando, dessa forma, três (Quadro Institucional e Administrativo; Recursos e Financiamento; Formação, Educação e Sensibilização Pública) das quatro questões principais identificadas nos passos essenciais.

Relativamente ao fatores potenciadores para a implementação da EMAAC de Loulé estes enquadram-se nas esferas institucional/administrativo e na sensibilização do público, a saber, “o exemplo mobilizador das boas práticas promovidas e desenvolvidas pela autarquia nas diversas áreas, bem como a recuperação de algumas práticas tradicionais, em particular as que envolvem a mobilização do solo; experiência da autarquia no desenvolvimento de ações, iniciativas e campanhas de (in)formação e sensibilização, em diversas áreas (ambiente, proteção civil, saúde, etc.), aproveitando a predisposição dos atores-chave para acompanhar regularmente a implementação; a liderança da CML nas parcerias locais e redes sociais já existentes e a existência de redes de proximidade junto das populações mais vulneráveis; as relações e o grau de articulação já existente com diversas entidades públicas e privadas; a capacidade interna da CML na formação de equipas multidisciplinares e/ou estabelecimento de parcerias” (Câmara Municipal de Loulé, 2016: 69).

Referimos, ainda, que as opções AAC da EMAAC de Loulé foram avaliadas e hierarquizadas através de uma análise multicritério (eficácia; eficiência; equidade; flexibilidade; legitimidade; urgência; sinergias), com o propósito de perceber quais as opções mais adequadas e prioritárias ao município (Câmara Municipal de Loulé, 2016). A priorização das opções “refletem a ponderação das avaliações individuais levadas a cabo por 22 técnicos de diferentes sectores da Câmara Municipal de Loulé. Estas opções de adaptação foram ainda apresentadas e discutidas com os agentes-chave locais num workshop específico (…) tendo os contributos ai apresentados sido utilizados para rever e enriquecer as opções bem como para analisar a sua urgência, expressão e implementação territorial” (Câmara Municipal de Loulé, 2016: 55-56).

Considerando a análise multicritério, as opções de AAC prioritárias para Loulé são “Adequar o Sistema de Previsão, Informação e Alerta à Escala Local (para diferentes tipologias de eventos)” (nos critérios eficácia, equidade e legitimidade); “Garantir a implementação e monitorização de medidas referentes à salvaguarda das zonas costeiras” (no critério eficiência); Elaborar e implementar um Plano de Ação Municipal para a Energia Sustentável” (no critério flexibilidade), “Elaborar e

implementar um Programa Municipal para o Uso Eficiente da Água” (no critério urgência) e “Elaborar e implementar um Plano Contingência Municipal para Períodos de Seca” (no critério sinergia) (Câmara Municipal de Loulé, 2016). Seja como for, tal não invalida que as opções com menos pontuação não sejam trabalhadas mais detalhadamente, dada a sua transversalidade, nomeadamente “Elaborar e implementar um Programa de Educação, Sensibilização e Informação Pública sobre Alterações Climáticas, extensível aos vários setores; Reforçar os espaços verdes e promover soluções/iniciativas de sustentabilidade ambiental relacionadas; Definir e implementar um programa relacionado com os impactos das Alterações Climáticas na Saúde Humana; Incorporar critérios de adaptação às Alterações Climáticas nos Regulamentos, Planos e Projetos Municipais e Reabilitar as ribeiras e galerias ripícolas associadas” (Câmara Municipal de Loulé, 2016: 61).