CAPÍTULO III CASO DE ESTUDO: PROJETO CLIMADAPT.LOCAL
III. 3.3 ANÁLISE DE RESULTADOS ELEMENTOS MAIS VALORIZADOS E ESSENCIAIS NA REDE DE CIDADES
III.3.3.5 Resposta À Questão De Partida
Face ao exposto, neste ponto cremos que estamos em condições de oferecer uma resposta plausível à questão de partida desta investigação – Figura 3.8.
Figura 3.8 – Resposta à questão de partida e tópicos-chave.
Quais os elementos mais valorizados e essenciais que poderão contribuir para uma nova forma de governança e sustentabilidade numa Rede de Cidades Resilientes (RCR) em Portugal, no contexto da Adaptação às Alterações Climáticas?
Nos elementos mais valorizados e essenciais:
Quem vai identificá-los? 52 Técnicos municipais de 26
câmaras.
Quais serão? Quadro Institucional e Administrativo; Recursos e Financiamento, Avaliações de Risco e
Ameaças Múltiplas; Formação, Educação e
Sensibilização Pública
A que devem dar resposta? Motivações e Bloqueios para a Elaboração das EMAAC, que podem ser expostos, igualmente, numa futura RCR em Portugal.
Na nova forma de governança e sustentabilidade no quadro da AAC: haverá parcerias de desenvolvimento que levam a novas formas de organização, práticas e cooperação em rede?
Sim. Cf. verificação de hipóteses.
Podem contribuir para um desenvolvimento sustentável mais articulado?
Sim, através da avaliação de vulnerabilidades; a implementação da adaptação; a replicabilidade do
processo de sustentabilidade; das pessoas; a
capacitação e a aprendizagem em rede; a preparação para eventos extremos; o ordenamento do território e a integração das opções de adaptação nos instrumentos de gestão do território.
TÓPICOS - CHAVE QUESTÃO DE PARTIDA
Conhecendo, antecipadamente, os principais aspetos que mais afetam os municípios do Projeto ClimAdaPT.Local, como por exemplo as ondas de calor/temperaturas elevadas, as cheias/inundações, a precipitação excessiva e concentrada, a erosão costeira/subida do nível do mar entre outros aspetos mais preocupantes (Guerra, Ferreira, 2015; Schmidt et al., 2015), os elementos mais valorizados e essenciais que poderão contribuir para uma nova forma de governança e sustentabilidade numa RCR em Portugal no contexto da AAC foram identificados, de modo dedutivo, através do Inquérito aos Técnicos dos Municípios Beneficiários do Projeto ClimAdapt.local – Ronda I (Guerra, Ferreira, 2015).
Estes elementos mais valorizados consubstanciam-se nos principais fatores motivacionais e de bloqueio para a elaboração das EMAAC6, que, quando distribuídos pelos “10 Passos Essenciais para a Construção de Cidades Resilientes a Desastres”, se concentraram, principalmente, no Quadro Institucional e Administrativo; Recursos e Financiamento; Avaliações de Risco e Ameaças Múltiplas; Formação, Educação e Sensibilização Pública. Deste modo, estes quatro elementos poderão ser os elementos mais valorizados e essenciais para dar resposta aos constrangimentos e potenciar as motivações para a AAC, resiliência, redução de risco de catástrofes e desenvolvimento numa RCR em Portugal.
Estes quatro “passos essenciais” deverão dar resposta, sobretudo, à problemática dos recursos e financiamento, que foi listado (com maior percentagem) como um agente motivacional e de bloqueio (“disponibilidade de linhas de financiamento para agir” e “falta de recursos financeiros”). Aliás, um elemento de sustentabilidade que deverá ser valorizado é a resiliência financeira. Podemos extrapolar que os recursos e financiamento poderão, provavelmente, funcionar do mesmo modo para a criação, adesão e gestão de uma RCR em Portugal.
Tratando-se de quatro dimensões transversais e interdependentes, cremos que, quando observadas as respostas aos fatores motivacionais e de bloqueio que se agregaram nos passos 1,2, 3 e 7, as mais-valias poderão propagar-se para outras dimensões, isto é, na proteção, melhoria e resiliência de infraestrutura; na proteção de serviços essenciais (educação e saúde); na construção de regulamentos e planos de uso e ocupação do solo; na proteção ambiental e fortalecimento dos ecossistemas; na preparação, sistemas de alerta e alarme, e respostas efetivos e na recuperação e reconstrução de comunidades.
As instituições e as práticas governativas que interajam de forma holística na atribuição de responsabilidades, na tomada de decisão pelas partes interessadas, que sejam intuitivas e iterativas para decisores, agentes económicos e para comunidade (Quadro Institucional e Administrativo) poderão contribuir, no geral, para uma nova forma de governança numa RCR em Portugal.
Cremos que esse panorama influencia a sustentabilidade, o financiamento, a alocação de recursos (humanos e tecnológicos), a aprendizagem, a formação e partilha de boas práticas sobre
6cf. Quadro 3.1 – Enquadramento dos fatores motivacionais e de bloqueio para a elaboração de EMAAC nos “10 Passos Essenciais para a Construção de Cidades Resilientes a Desastres”.
AAC e a resiliência (ou seja, influenciam os Recursos e Financiamento; a Avaliações de Risco e Ameaças Múltiplas e a Formação, Educação e Sensibilização Pública). De igual modo, a participação/sensibilização pública e o envolvimento das partes interessadas é algo que deverá ser transversal, contínuo e valorizado enquanto elementos potenciadores dos atributos de governança acima referidos. Dessa forma, contribui-se para o reforço da sustentabilidade, da resiliência do território municipal e da comunidade, por estar mais desperta aos assuntos que envolve.
Em suma, cremos que os elementos mais valorizados e essenciais referidos são, igualmente, elementos impulsionadores e inibidores (caso não sejam focados) de sustentabilidade e boa governança.
No entendimento dos interlocutores das WP, a avaliação de vulnerabilidades; a implementação da adaptação; a replicabilidade do processo de sustentabilidade; as pessoas; a capacitação e a aprendizagem em rede; a preparação para eventos extremos; o ordenamento do território e a integração das opções de adaptação nos instrumentos de gestão do território representam o valor acrescentado para a sustentabilidade, para uma RCR em Portugal responder a questões como a adaptação climática, a vulnerabilidade e a resiliência.
Quanto ao Projeto ClimAdaPT.Local, este visa a criação da Comunidade de Adaptação Local às Alterações Climáticas, na qual a Rede de Municípios de Adaptação Local tem como objetivo, de longo prazo, que a totalidade dos municípios portugueses disponham de planos municipais de adaptação. Esta Rede corresponde a uma nova forma de organização territorial, com práticas de cooperação que contribuam para um desenvolvimento sustentável mais articulado, baseado na capacitação e partilha de conhecimento. A EMAAC de Loulé vem traduzir para o território as orientações das WP na implementação da sua visão estratégica para o “desenvolvimento de um município consciente, informado e capacitado na resposta às Alterações Climáticas e que incorpore na ação municipal e na gestão territorial os fatores, ameaças e oportunidades associados às novas dinâmicas climáticas” (Câmara Municipal de Loulé, 2016: 11).
No que diz respeito aos municípios de Cascais e Torres Vedras, respetivamente, parceiro e beneficiário do Projeto ClimAdaPT.Local, ao estarem vinculados também à iniciativa “Cidades Resilientes em Portugal”, deduzimos que em ambos há um paralelismo e interesse nas temáticas AAC e da redução de riscos de catástrofes ao nível local, considerado o patamar de referência para reduzir as vulnerabilidades do território e incluir a redução de riscos de catástrofes ao nível do desenvolvimento urbano (ANPC/PNRRC, 2015). Ambos os projetos (ClimAdaPT.Local e “Cidades Resilientes em Portugal”) são multiníveis, agregam várias partes interessadas, visam o reforço da resiliência do território e das comunidades, a sensibilização e a integração das vulnerabilidades e riscos do território nos IGT de âmbito municipal.
III.3.4 Contributo do Projeto ClimAdaPT.Local para uma nova forma de governança a partir de