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“Duas ou três lagartas terei mesmo de suportar para ficar a conhecer as borboletas.” Antoine de Saint-Exupéry. “O Principezinho” (p.36)

Quando os sacrifícios que fazemos nos trazem, mais cedo ou mais tarde, algo de bom, ultrapassá-los passa a ser o objetivo de todos os dias e as batalhas ganhas, a melhor recompensa que se poderia ter.

Para todos aqueles que me rodeiam, os dias que atravessamos não são fáceis e, por isso, é necessário ter a coragem de seguir em frente e não olhar para trás. Foi isso que aconteceu quando arrisquei ir por um caminho diferente de todos os outros, sair da minha zona de conforto, de junto da família, dos amigos e de tudo aquilo que reconheço como meu. Esta foi a alternativa que encontrei para alimentar a minha esperança de um dia alcançar o que sempre idealizei para o meu futuro profissional: “ser Professora de Educação Física”. Assim, realizar o EP na Região Autónoma dos Açores foi o meio que encontrei

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para esse fim, devido às vantagens que poderei vir a usufruir, futuramente, caso me candidate a uma escola neste arquipélago.

Uma nova cidade, uma nova etapa, novas pessoas e novas aprendizagens foi aquilo que encontrei. Todas estas mudanças implicaram algum esforço, dedicação e coragem da minha parte, mas também, uma enorme abertura, recetividade e flexibilidade para aprender e ganhar com tudo aquilo que me poderia ser oferecido.

Durante este percurso, foram vários os intervenientes que fizeram dele o mais enriquecedor, exigente e completo percurso. Esperei e recebi dos meus colegas de núcleo total apoio e, ainda, várias críticas construtivas e nesse núcleo a aprendizagem aconteceu de forma recíproca, para que o sucesso de todos fosse alcançado. Eles puderam esperar de mim disponibilidade e sinceridade, da mesma forma que esperei deles, isto para que fosse possível formar uma equipa unida e empenhada, onde o bem de cada um seria o bem de todos.

De toda a comunidade educativa, esperava recetividade, aceitação, apoio, trabalho, inspiração e bons exemplos, o que acabou por acontecer. De todos estes profissionais que dão tudo aquilo que têm e que sabem aos seus alunos e da melhor forma possível, testemunhei uma enorme entrega à profissão e um enorme esforço por tornar a aprendizagem dos seus alunos mais rica e proveitosa. No Departamento de Educação Física e Desporto (DEFD) encontrei vários exemplos a seguir e com os quais aprendi muito; um grupo organizado, dinamizador, responsável, coeso, bem-disposto e integrador, que recebeu os Estudantes Estagiários como membros da escola e que defende e acredita na sua disciplina.

Do Professor Cooperante, Professor Luís Paulo, não esperava receitas, muito menos facilitismo, pelo contrário, procurava exigência, rigor, responsabilidade e alguma compreensão. Um provérbio a que este se referiu muitas vezes, ao longo deste ano, e que retrata bem o que foi a aprendizagem de todos os dias: “Give a man a fish and you feed him for a day. Teach him how to fish and you feed him for a lifetime”4.

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Apesar da distância da Professora Orientadora, Professora Doutora Paula Queirós, esperava ver um olhar preocupado e com vontade de direcionar a minha atuação no sentido correto. Esperava ver um guia, sempre disponível para desenvolver um trabalho rigoroso e exigente, tendo sempre presente uma perspetiva construtivista. Porque, como afirma Ganser (1999, p. 3) “The success of mentoring depends largely on veteran teachers who work closely with beginning teachers as their mentors”.

Daqueles que são, para mim, o principal promotor de conhecimento, os alunos, idealizei ver neles uma vontade revigorante de aprender, de se superarem e acreditarem neles próprios. Com uma relação salutar e de empatia, desejava promover sentimentos de conquista em cada um deles e em todas as aulas e, ainda, ensinar experiências úteis para o seu dia-a-dia e a sua vida, onde alguns valores fossem incutidos e o seu crescimento estimulado.

A diversidade de personalidades e individualidades que encontrei, juntando toda a responsabilidade e a preocupação de fazer com que tudo corresse pelo melhor deixaram-me ansiosa, levando-me a apresentar uma postura inicial muito autoritária, fria e exigente. Com isto, não estava a conseguir alcançar os objetivos a que me propusera, tais como, fazer com que os alunos se envolvessem no seu processo de ensino e aprendizagem com agrado e dedicação, e, ainda, que adquirissem competências específicas da EF que até então não foram abordadas e que ganhassem prazer pelo que realizavam com esforço, autoestima, autoconfiança e respeito, formando, assim, cidadãos desportivamente cultos e ativos.

Para que tal fosse possível, ao longo das aulas, fui tentando implementar um clima participativo e agradável, onde existisse uma saudável coesão do grupo, cooperação e competição. Consegui, também, que os alunos ganhassem alguma responsabilidade, acreditando nas suas capacidades e ganhando cada vez mais competências desportivas e humanas. Fui capaz de explorar diversas formas de resolução de problemas e dificuldades, ampliando, assim, os meus conhecimentos e competências nesta área, tornando-me cada vez melhor nas tarefas e funções que desempenhava.

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Ao longo deste ano não aprendi tudo aquilo que envolve esta profissão e não termino esse mesmo com a sensação de que tudo o que acontecerá no futuro será facilmente controlado e resolvido. A profissão docente exige uma formação contínua, onde a busca do conhecimento é ilimitada e a sua utilização está de acordo com diversas variáveis (envolvimento, escola, alunos…), sendo essencial, desenvolver a capacidade de adaptação à realidade que é apresentada.

Assim, o EP foi muito mais que uma tarefa a cumprir, foi também, uma oportunidade de crescer e de criar a minha identidade profissional. Para além disso, foi onde pude viver a experiência e o prazer de dar algo novo ao outro que contribua para o desenvolvimento e crescimento de um ser desportivamente culto, competente e que se guia, com consciência, por valores éticos e morais.

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