Experiência e formação em serviço

A abordagem sobre a experiência profissional e a formação dos servidores participantes da pesquisa por meio de questionários traz resultados positivos. Ao serem questionados, se foram oferecidas orientações ao responsável pelas

designações por parte da equipe gestora ou por outro servidor da escola, quando iniciaram as atividades com a folha de pagamento, o grau de concordância foi de 79.76%. Inqueridos sobre terem solicitado treinamento à SRE, quando iniciaram a execução da folha, 69,6% disseram sim, e 30,4% disseram não e, do total de servidores que responderam sim, 81% tiveram sucesso em sua solicitação e 19 % não.

Na tentativa de compreender melhor a realidade pesquisada, apresentamos a seguinte quantificação: do total de 56 escolas que colaboraram com a pesquisa, 39 solicitaram treinamento nas quais os respondentes eram 26 efetivos e 13 designados; 34 foram atendidas, recebendo treinamento do setor de Pagamento, Gestão de Pessoas, Inspeção Escolar ou por mais de um desses setores. Tal situação denota o esforço de alguns setores em orientar o trabalho dos servidores das unidades escolares, demonstrando que existe interesse, por parte da escola, em receber orientações quando oportunidades são disponibilizadas, mesmo não havendo uma rotina institucionalizada de formação. Todavia, apenas 21 das 56 escolas obtiveram treinamento por parte do setor de Pagamento, que presta esclarecimentos específicos sobre o preenchimento das guias de ocorrências e QIs.

O percentual de 81% parece bom, mas, quando se percebe que o número final de escolas pesquisadas que obtiveram treinamento (34 escolas) corresponde a 61% e que 39 % não obtiveram sucesso e, dentre as escolas que admitem que o trabalho é complexo e difícil, 10 escolas, ou seja, quase 18% não solicitaram à SRE um preparo inicial para atuar com a folha, pode-se questionar, se tinham consciência da importância do que iriam executar ou se podiam contar com um bom suporte dentro da escola para aprenderem. Todavia o número de erros quantificados na pesquisa documental e ratificados na fala de taxadores, atendente do balcão e da coordenadora do Pagamento indica o contrário. De acordo com o Taxador 1:

Se a gente for observar todos os erros com relação a preenchimento do QI, a gente observa que natureza, código natureza, nível, modalidade, tipo de designação, carga horária, turno, se a gente for observar qualquer alteração ou qualquer informação incorreta gente devolveria, cerca de 60 a 70% dos QIs pras escolas. (TAXADOR1, ENTREVISTA)

Abordando ainda a questão do erro no preenchimento de documentos referentes às designações, a entrevistada 3 emite as seguintes considerações ao

ser questionada a respeito de se considera o processo de designação excessivamente burocrático e se vê necessidade de passar pelos vários estágios que passa, até ser revertida em pagamento para o servidor:

Eu acredito que tenha que ser mesmo, porque mesmo sendo assim tão controlado ainda existem erros, às vezes a pessoa pegar e ser dispensada, porque estava numa função errada, não poderia pegar aquele cargo, então acredito que isso aí faz parte, tem que ter mesmo. (ATENDENTE DO BALCÃO, ENTREVISTA)

A respeito da demanda de atendimentos no balcão de atendimento do setor de pagamento, questionada a respeito do tipo de público que a atendente dedica mais tempo no atendimento, a mesma responde que:

Na sua maioria são designações, mas os efetivos têm muito quando tá na extensão de carga-horária e a escola demora a informar, acontece da pessoa ficar sem receber, e vai ver, a escola nem informou ainda, por isso que não está recebendo, mas na sua maioria são os designados. (ATENDENTE DO BALCÃO, ENTREVISTA)

Outra análise possível diz respeito aos servidores que consideraram que o início do trabalho com a folha de pagamento das escolas da circunscrição da SRE Caratinga é complexo e difícil. Do total de 30 servidores, apenas 20 solicitaram treinamento a algum setor da SRE envolvido, e apenas 16 desses 20 obtiveram sucesso. Além disso, entre as três escolas que mais apresentaram erros nos anos de 2014 e 2015, duas não se dispuseram a participar da pesquisa e, pela observação nas guias de ocorrências mais recentes, continuam apresentando erros no preenchimento dos documentos de designações.

A respeito do recebimento de treinamento de algum dos setores da SRE envolvidos no processo de designação, as respostas tiveram os seguintes percentuais: 21,4% receberam treinamento presencial do setor de Gestão de Pessoas; 44,6% receberam treinamento da Inspeção Escolar; 37,5% do setor de Pagamento e 32,1% não teve treinamento presencial de nenhum dos setores envolvidos.

Gráfico 10 – Setores que realizaram treinamentos voltados para a Folha de Pagamento

Fonte: Elaborado pela autora com base no Questionário aplicado aos servidores das escolas.

Quanto ao número de treinamentos, as respostas ficaram distribuídas em dois blocos com percentuais muito próximos: 14,3% participaram de dois ou mais treinamentos, há mais de dois anos; 17,9% participaram de dois ou mais treinamentos, sendo um recente; 16,1% participaram de um treinamento recente; 25% de um treinamento há dois anos ou mais; e 26,8% não participaram de nenhum treinamento. Em se considerando que o trabalho com folha de pagamento impacta diretamente as finanças de qualquer empresa e se considerarmos que, num órgão público, o dinheiro envolvido é dinheiro público, nos parece uma grande irresponsabilidade que 26,8% das pessoas que trabalham com pagamento de servidores públicos e, portanto, com dinheiro público iniciem uma atividade e nela permaneça por um longo período sem passar por um processo de formação, inicial e continuada.

Gráfico 11 – Número de treinamentos recebidos da SRE Caratinga referentes à Folha de Pagamento

Quando questionados a respeito de qual setor os servidores consideram ter condições de orientá-los a respeito da folha de pagamento, configura-se a seguinte situação representada pelo Gráfico 12.

Gráfico 12 – Responsabilidade de orientar sobre Pagamento

Fonte: Elaborado pela autora com base no Questionário aplicado aos servidores das escolas.