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A experiência com o Projeto “Pé-de-moleque, canjica e outras receitas juninas:

, com o 2º ano A

Ainda no ano de 2015, um trabalho de grande importância para esta pesquisa, dentro do Programa Ler e Escrever foi o Projeto Pé-de-moleque, canjica e outras receitas juninas: um jeito gostoso de aprender a ler e escrever, visto que os mesmo possibilitou a formação de um grupo de professores, coordenadora, alunos e pais.

O grupo de professores de segundo ano era composto por 4 (quatro) professoras, sendo duas no período da manhã e duas no período da tarde. Todas as professoras se envolveram em todos os projetos, contudo, o que destaco neste momento é referente à participação da professora do 2º ano B, (período da manhã), a qual trabalhava diretamente comigo e que, conforme já descrito na apresentação deste trabalho, tinha sua carreira em fins de aposentadoria.

Retomando a descrição da apresentação deste trabalho, em uma ocasião em que ocorria o ATPC e planejávamos os projetos do Programa Ler e Escrever, a referida professora do 2º ano B disse não haver importância em trabalhar o projeto Receitas Juninas, visto que ele tinha poucas páginas e as passaríamos rapidamente, sem perder muito tempo com isto.

Naquele momento, me coloquei no papel de ouvinte, por dois motivos, primeiro porque as professoras já tinham muito mais experiência que eu, sendo que aquela era minha primeira vez com uma sala de 2º ano, segundo porque, esta mesma sala estava em outras condições aquém das demais salas de segundo ano, ou seja, enquanto elas tinham poucos alunos não alfabéticos e, no caso do segundo B, nenhum aluno não alfabético, minha sala, 2º A não tinha alunos alfabéticos, quando do planejamento.

9 Projeto encontra-se no Guia de Planejamento e Orientações Didáticas para o 2º ano, Volume I e II, 2014f, p. 169 - Programa Ler e Escrever

Com o passar do tempo, já tendo a sala concernente às expectativas para aquela série, sugeri um projeto maior, visto que via aquelas poucas páginas como material sugestivo do Programa, ou seja, entendo que os materiais enviados são orientadores e sugestivos, devendo ser trabalhados de maneira que atenda as necessidades da sala e as perspectivas em relação às aprendizagens da mesma.

Coloquei a ideia principal e, para minha surpresa, a professora da sala de Apoio Pedagógico (APE) mostrou-se interessada, de modo a participar conosco, incluindo seus alunos.

No início, apesar da resistência, a professora do 2º B trouxe um livro de receitas bastante interessante, além de algumas ideias para serem inseridas no projeto. Quando digo resistência, me refiro ao fato dela não demonstrar interesse nesse projeto, contudo, ao me entregar o livro disse que trabalharia conosco, mas não sabia mexer no computador para fazer o que precisaria ser feito. Neste momento, sugeri que eu montasse as atividades e ela colaborasse com as ideias.

Em meu ponto de vista, segundo minhas próprias observações, aquela professora que se mostrava a princípio desinteressada do projeto, mudou sua postura, envolvendo-se a cada dia, trazendo significativas contribuições para o projeto, que alcançou excelentes resultados à medida que envolvia alunos, pais, os alunos especiais (valorizando a inclusão) e, aqui, o mais relevante para esta pesquisa, o interesse, a motivação que corroboraram com o desenvolvimento profissional, consequentemente, o agrupamento dos participantes que se envolviam no projeto, conforme descrito anteriormente.

O trabalho se fez de atividades diversas relacionadas à pratica da leitura e escrita, pesquisas relacionadas às receitas temáticas com a família, texto do gênero instrucional, atividade prática que envolveu alunos, professores e equipe da cozinha, quando da contribuição com os materiais e realização da atividade no pátio atividades de matemática que contemplaram os assuntos relacionados à medidas, cálculos, entre outros, bem como a comparação histórica entre as medidas utilizadas atualmente e as utilizadas no passado, o trabalho com horas, situações problemas, inclusive as que envolvem o sistema monetário, além da leitura de rótulos, enfatizando validade, fabricação e lote, entre outros assuntos pertinentes à temática trabalhada.

Durante estre trabalho, a família foi envolvida à medida que tinham que pesquisar com as crianças, realizar receitas em conjunto, escrever as receitas e

ainda, a participação dos pais, alunos e comunidade na feira literária, quando da apresentação prática de uma receita. Tal apresentação contou também com a participação da coordenadora e supervisora de ensino, a qual teceu seus comentários sobre este e os demais projetos realizados pelos professores dos segundos anos e a importância da família neste processo.

Ficou claro em minhas observações a importância dos projetos escolares e sua eficácia quanto à aprendizagem das crianças, contudo, voltando-se à esta pesquisa e à sua discussão, essas experiências apontaram a relevância que estes projetos dão à formação dos professores, quer sejam os projetos sugeridos pelo Programa Ler e Escrever, quer sejam os projetos de próprio cunho desenvolvidos pelos professores, visto que à medida que vão acontecendo, vão delineando os caminhos de acordo com a troca de experiências entre professores, as necessidades dos mesmos, a necessidade e realidade da turma e o que se pretende como finalidade, de modo a atender as expectativas apresentadas tanto no planejamento, como no Programa, enquanto política pública, o que me possibilita ver os projetos como potencializadores da formação de grupos colaborativos na formação continuada de professores.

PARTE B - CONCEITOS

B.1 Projetos escolares

A palavra projeto surgiu do termo em latim projectum, cujo significado é algo lançado à frente. Na busca de um significado mais amplo, temos o projeto como um plano, esboço para a realização de um ato, portanto, sob este olhar, a literatura pesquisada aponta a temática, no âmbito das instituições escolares, com fins de estratégias para a construção de conhecimentos dos alunos, como meios possíveis para trabalhar os processos de ensino e aprendizagem.

De acordo com Soares (2009, p. 26),

A Pedagogia de Projetos surge em meados de 1920 [...],refere-se a um conjunto de princípios e ideais para o estabelecimento de uma nova educação. Os projetos representam um conjunto de atividades propostas aos alunos, que tentam uma aproximação da escola com o aluno e se vinculam a pesquisa sobre algo emergente.

Muitas escolas, consequentemente seus professores tem recorrido a esta metodologia, com o intuito de despertar mais interesse nos educandos e contribuir com um aprendizado mais significativo. A garantia dessa possibilidade se dá, quando o professor tem clareza dos objetivos que pretende alcançar através deste trabalho com projetos e desde que garanta a compreensão dos alunos, por meio de suas intervenções no processo de aprendizagem, ou seja, deixa de ser aquele professor que ensina por meio da transmissão de conteúdos e cria situações de aprendizagem, na construção com os alunos.

[...] entendemos que os projetos representam atividades organizadas que se têm como meta resolver um problema ou desenvolver uma seqüência de ações articuladas com o propósito de atingir alguns objetivos, numa caminhada cognitiva, que partindo dos saberes atuais possamos acrescentar novos conhecimentos. Esse conceito está mais próximo da concepção de projetos proposto por Pereira, Oaigen e Henning (2000, p. 171) que se traduz: “os projetos representam o planejamento e execução de seqüência organizada de atividades em relação a uma situação problemática concreta e em busca de um fim prático”. (SOARES, 2009, p.28)

Contudo, o que se tem visto, muitas vezes no contexto escolar, são professores que não tem clareza quanto ao trabalho com projetos, tornando-os