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Nesta seção, faremos a descrição de experiência com a Educação Física escolar nos anos iniciais do ensino fundamental. A experiência, com os conhecimentos de Ginástica, tem ênfase na temática do Circo na escola e descreverá também as consultas aos livros didáticos necessária para essa realização.

Na elaboração do material didático para esse estudo, referente a experiência nos anos iniciais do ensino fundamental, apreciamos as propostas dos livros didáticos do PNLD para o professor de Educação Física para esse nível educacional, no âmbito da unidade didática Ginástica, objeto de conhecimento ginástica geral, com a temática do Circo na escola.

A experiência com a prática pedagógica no ensino fundamental anos iniciais ora em reflexão, realizou-se em uma Escola da rede municipal de Natal – RN, com a ideia de se trabalhar o conteúdo de ensino Ginástica, com ênfase no tema Circo nos componentes curriculares Educação Física e Artes em proposta conjunta com alunos das séries 1º, 2º e 3º ano.

O interesse pela temática deu-se por ser conveniente às duas áreas, pela riqueza dos conteúdos em cada uma ao abordá-la, pela afinidade dos professores com o conhecimento e a disponibilidade de recursos para as práticas e reflexões sobre os conhecimentos, abordando-os percebendo os “dados, habilidades, técnicas, atitudes, conceitos, etc.” (ZABALA, 1998, p. 30).

Na escola não havia altos índices de violência, mas é localizada em um bairro de periferia da capital, em que há índices de violências impedindo que as crianças brinquem nas ruas com agravante da falta de opções de atração cultural e espaços para práticas esportivas. O bairro é povoado com muitas construções de moradias e comércios, e sem espaços para práticas de lazer nas ruas ou espaços públicos, este sendo possível somente em locais distantes, no mesmo bairro ou em outros.

Em uma área aberta nas proximidades do bairro, geralmente instalam-se circos móveis, o que possibilita o contato das crianças com a arte. Muitos conheciam o circo e já assistiram a alguns espetáculos, e outros nunca havia assistido, mas conheciam sua estrutura ou alguns dos artistas, que se apresentavam individualmente nas ruas do bairro ou cruzamentos de avenidas.

De a cordo com Duprat e Bortoleto (2007)

Em muitos lugares esse tipo de espetáculo não encontra espaços adequados, mantendo-se ao ar livre. Essa necessidade dá origem as arenas cobertas por uma ‘cava’ (tenda, carpa ou lona) que com o tempo ganham projeção e se espalham por todo o mundo. Vemos aqui o predomínio dos circos móveis, dos grandes circos, com um núcleo familiar (DUPRAT; BORTOLETO, 2007, p. 173).

Percebendo a dificuldade de acesso ao circo e aos espetáculos da arte circense pela maioria dos estudantes, as poucas oportunidades de interação com outras pessoas e de manifestação de movimento, torna-se importante investir em reflexões a cerca desse conhecimento. Despertando um pensamento crítico e superando as dificuldades que impossibilitam o contato com a cultura de movimento circense.

A princípio a proposta era abordar o tema até a data de comemoração do dia do circo, 27 de Março, concluindo com apresentações. Mas, com a aceitação dos alunos pelo conteúdo, houve a divulgação da data comemorativa e continuação da abordagem do tema com mais possibilidades de aprendizagem.

O fato de o Circo representar “uma importante parte da cultura humana, uma nobre entidade construída ao longo de muitos séculos, praticamente desde que o homem começou a registrar suas façanhas, seus descobrimentos, suas ideias, suas crenças, enfim, sua cultura” (BORTOLETO; MACHADO, 2003, p. 43), demonstra a relevância de abordar seus conhecimentos na escola.

Tínhamos como objetivos que todos pudessem participar dos encontros, vivenciando e conhecendo práticas nas artes circenses, propiciando um enriquecimento no vocabulário e repertório motor do educando e oportunizar uma aprendizagem que se aproximasse de suas experiências cotidianas, possibilitando desenvolver competências corporais, motoras, artísticas e sociais.

Objetivamos ainda que os estudantes vivenciassem individual e coletivamente práticas corporais da arte circense; refletir acerca de movimentos e habilidades que caracterizam os artistas que configuram a arte circense como os malabaristas, contorcionistas, equilibristas, acrobatas, e ilusionistas ou mágicos. Objetivamos também que desenvolvessem autonomia na realização de movimentos e na construção e utilização de materiais que possibilitassem a prática da arte circense; refletissem conceitos, procedimentos e atitudes que propiciam uma prática das artes circenses relacionando-os ao cotidiano; ampliassem o repertório motor a partir de vivências nas modalidades circenses; refletissem sobre leituras de livros, textos e imagens direcionados a temática da arte circense; refletissem sobre os valores Zelo, Respeito, Responsabilidade, Sinceridade, Cidadania e Senso de Justiça, a partir das vivências das aulas e na interação com os colegas.

Tanto na experiência, quanto na proposição do material didático, concordamos que, como professores, nosso objetivo:

É oferecer aos alunos um amplo leque de possibilidades, que lhes permitam vivenciar parte das modalidades circenses no espaço escolar e, assim, conhecer alguns aspectos desta cultura secular. E para introduzir este conteúdo no espaço escolar com êxito e segurança, faz-se necessária a ‘flexibilização’ e a ‘adequação’ dos saberes circenses e das suas tradições – especialmente as pedagógicas. Assim, buscamos um processo de ensino/aprendizagem prazeroso, criando o gosto pela atividade a partir de propostas lúdicas, focadas no prazer pela prática e não nas regras ou nas exigências técnicas (DUPRAT et al. 2017, p. 170).

Tivemos o interesse para que o design do material didático, proporcionasse a interação aluno-aluno, aluno-professor, aluno-conteúdo, professor-professor, professor-conteúdo, conteúdo-conteúdo (GODOI; PADOVANI, 2009); formas de interação que ocorreram na vivência, experiência no ensino fundamental na atuação profissional.

Na Educação Física, relacionamos o tema circo aos conteúdos de ginástica, brincadeiras e conhecimentos sobre o corpo, sugeridos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) na época da experiência, e no âmbito da BNCC, relacionamos a unidades didáticas de Ginástica, Brincadeira, Jogos e Esportes. Dentre esses identificamos relações com os conhecimentos percebendo a lateralidade, contorcionismo, alongamento, flexibilidade corporal, malabarismo, ilusionismo ou mágica, equilibrismo individual e coletivo, equilibrismo com auxílio de materiais, corda bamba, pé de lata, acrobacia individual e coletivo, parada de mão, rolamento para frente, para trás e lateral, estrelinha, pirâmide humana, palhaço, construção de materiais e utilização de materiais alternativos para manifestação da arte circense, cuidados corporais, higiene pessoal, bebidas e alimentos saudáveis, características culturais, sociais e históricas do circo.

Na proposição do material didático, consultamos os quatro livros didáticos de Educação Física para o ensino fundamental anos iniciais, nível de escolaridade que a experiência descrita ocorreu na atuação profissional, percebendo a aparição dos conhecimentos acerca do Circo. Somente no Livro da editora FTD, aparece a proposta do Circo na Escola, com indicações a uma proposta de interdisciplinaridade com Língua Portuguesa e Artes; Unidade temática Ginástica; Faixa etária 6 e 7 anos; sugestão de 4 aulas (FTD, 2018a).

As reflexões para os conhecimentos sobre o ‘Circo na escola’, aparecem na Sequência didática 11 (SD11), continuidade da abordagem dos conhecimentos da

Ginástica, ‘conhecendo a ginástica’ SD9, e ‘a ginástica e as diferenças individuais’ SD10 (FTD, 2018a).

Apesar de ser uma prática corporal presente na cultura brasileira, os conhecimentos acerca do Circo ou das Práticas corporais circenses carecem de reflexões críticas com os estudantes, mas não são conteúdos da Educação Física no âmbito da BNCC e também não eram no âmbito dos PCNs.

Acreditamos que o:

Trato pedagógico dado aos saberes circenses, brinda à Educação Física com a oportunidade de ampliar o leque de práticas oferecidas nas escolas em outros espaços onde o corpo e seus movimentos são protagonistas, renovando esta disciplina e revitalizando o campo da expressão corporal e, por conseguinte, da educação estética, artística, comunicativa e corporal de nossos alunos (DUPRAT, et al. 2017, p. 168).

No material didático, a sequência didática que aborda o objeto de conhecimento da ginástica geral - circo, referenciam-se nas mesmas habilidades da BNCC, que são as sugeridas para a unidade temática das Ginásticas no 1º e 2º ano, do ensino fundamental anos iniciais. Apresentamos ainda os objetivos da prática pedagógica (imagem 4).

Imagem 4: Conteúdo, objetivos e habilidades do Material didático - Circo

A Ginástica é um conteúdo presente em ambos documentos orientadores da prática pedagógica, apresenta entre as suas manifestações corporais muitos movimentos que estão presentes no circo, mas por muito tempo os responsáveis pela ginástica artística não eram simpáticos à correlação das práticas corporais.

Outra divergência na história dessas práticas corporais, era o caráter utilitário da ginástica com os exercícios de preparação para a guerra, e no circo:

Os artistas populares, malabaristas, saltimbancos, bailarinas, contorcionistas, palhaços, anões e gigantes não tinham comprometimento com o universo utilitário de servir à guerra ou ao mundo do trabalho, seus movimentos tinham a expressão de liberdade de um corpo ágil e alegre que desejava divertir o povo (BREGOLATO, 2011, p. 80).

As vivências com a ginástica proporcionam, valiosas experiências da cultura corporal levando o estudante a compreender os significados históricos e culturais da prática corporal, e permite dar sentido às suas exercitações (SOARES et al., 2009).

Para o coletivo de autores, “a presença da ginástica no programa se faz legítima na medida em que permite ao aluno a interpretação subjetiva das atividades ginásticas, através de um espaço amplo de liberdade para vivenciar as próprias ações corporais” (SOARES et al., 2009, p. 76).

Concordamos com o entendimento de Rinaldi (2017), que:

Um dos caminhos para legitimar a ginástica como conhecimento é não tratá-la tomando como base regras rígidas, pelo contrário, seu desenvolvimento deve permitir a participação de todos, buscando atingir liberdade gestual, além de valorizar as experiências individuais e coletivas dos alunos, advindas da história de vida destes (RINALDI, 2017, p. 34).

É nessa perspectiva de oportunizar a participação de todos, que buscamos atribuir ao material didático, um design participativo. Proporcionar o envolvimento ativo de todos, entre si e uns com os outros, estudante, professor e conhecimentos, esses últimos presentes através do material. Percebemos a avaliação interativa/participativa nesse cenário, ao oportunizar aos sujeitos “uma postura crítica e colaborativa diante dos conteúdos e participar ativamente do processo ensino-aprendizagem” (GODOI; PADOVANI, 2009, p. 447).

As Sequências didáticas da obra estão organizadas expressando a expectativa de aprendizagem citando as ‘habilidades da BNCC’, ‘contextualização’ do conteúdo, ‘orientações didáticas’ com uma ‘conversa inicial’, sugestões de ‘atividades práticas’, ‘refletindo sobre as atividades’, ‘registro’, ‘avaliação’, e finaliza a unidade temática com a proposta de ‘Progressão entre anos’ (FTD, 2018a).

A sequência didática do livro didático apresenta ‘A história do circo’ na contextualização, seguida da proposta para que os alunos “experimentem os elementos do Malabarismo, Equilibrismo e Acrobacias de solo, relacionando-os com os movimentos aprendidos na prática corporal das ginásticas. Além disso, é apresentado um conceito da capacidade física de controle dos movimentos” (FTD, 2018a, p. 92). É uma abordagem teórica, propositiva que aponta um conteúdo teórico resumido, sugestões de vivências e poucas estratégias metodológicas que incentivem o estudante a participar e que incentive-o à reflexão.

No material didático, nos aproximamos da experiência, na tentativa de se perceber vivenciando o movimento junto com os estudantes, e propomos uma articulação dos conhecimentos com o fantoche e com outros códigos de linguagens, textos multimodais, para incentivar o diálogo dos sujeitos de aprendizagem com o conhecimento, com o professor, que possam interagir com o personagem e vivenciarem outras possibilidades a partir dos conhecimentos e em suas experiências de vida.

A abordagem dos conhecimentos não ficou restrita a informar, mas também receber o posicionamento e opinião do estudante, par tornar o material interativo, e percebendo possibilidades para experiências futuras, afirmando uma perspectiva colaborativa. Buscamos compreender diferentes códigos de linguagens no multiletramento, para uma abordagem de textos multimodais e de objetos de educacionais, que pudessem contribuir para a abordagem (Imagem 5).

Fonte: Material didático – Circo (2021).

Na escola trabalhavam o Projeto Prazer em Ler, no qual havia o incentivo à leitura abordando a literatura infantil para incentivo à leitura, então se lançou a proposta de incluir em meio às vivências, a leitura de obras da literatura infantil com a temática do circo. Realizou-se um levantamento no qual identificamos obras que possibilitou a abordagem do gênero textual panfleto e livros, tais como: O Circo (Ed. Casa de Oração Missionários da Luz, 2007); Circo mágico: poemas circenses para gente pequena, média e grande (Ed. Projeto, 2007); e, E o palhaço o que é? (Ed. FTD, 2007).

O planejamento para as vivências e encontros realizou-se semanalmente junto a coordenadora pedagógica e a professora de artes, considerando a temática 'Circo na escola', abordando as modalidades artísticas que caracterizam a arte circense e os conteúdos listados para alcançar os objetivos propostos, bem como identificando e refletindo sobre as necessidades de aprendizagem das crianças. Buscamos uma intencionalidade pedagógica em uma sequência didática com a abordagem dos conteúdos, configurando uma sistematização para os diferentes níveis de ensino (1º, 2º e 3º ano), dando margem para futuras abordagens.

Uma consciência por parte do educador quanto aos objetivos e tarefas que deve cumprir, seja ele o pai, o professor, ou os adultos em geral – estes, muitas vezes, invisíveis atrás de um canal de televisão, rádio, do cartaz de propaganda, do computador etc.” (LIBÂNEO, 2013, p. 16).

Para seleção de atividades a serem vivenciadas, a partir dos conteúdos a serem trabalhados, pesquisamos relatos de intervenções, artigos de publicações em revistas, páginas da internet, práticas publicadas no portal do professor e selecionamos práticas corporais referentes às manifestações da arte circense, adequando-as à faixa etária das turmas participantes da intervenção.

Para a realização e participação nas vivências práticas da experiência, utilizamos como estratégias a demonstração nos movimentos e deixamos que cada estudante com seu modo de expressão realizassem os movimentos, superassem as dificuldades, e fornecíamos um feedback acerca da prática a fim de aprimorá-la. Houve vivências como nos momentos do equilibrismo andando sobre a corda, equilibrar-se na bola de pilates, andar com o pé de lata, que os estudantes necessitaram de ajuda para não haver machucados.

Pensamos essas vivências para o material didático no diálogo e interação do estudante com o fantoche, contemplando sugestões de vivências para as práticas corporais. Na interação alunos-conteúdo, o personagem convida e incentiva o estudante a participar das vivências (imagem 6), levando-o a imaginar-se e posteriormente perceber o corpo em movimento, de modo que as ações corporais que o fantoche realizar, desafie-o também a vivenciá-las.

Imagem 6: Fantoche no diálogo com o Circo

No início da abordagem do equilibrismo e acrobacias, individuais e coletivas, apreciamos um vídeo do ‘Circo de Soleil’ intitulado ‘Treinamento vocacional’, no qual há legendas motivacionais. No vídeo os artistas realizam muitas acrobacias e equilibrismo em interação com outros personagens. A apreciação contribuiu com a leitura das legendas sobre as quais refletimos sobre seus significados, e com as manifestações da cultura de movimento, que puderam ser referenciadas em nossas práticas.

Em meio às reflexões pudemos discutir a origem do circo, a expansão pelo mundo, as características de cada artista e suas especificidades que juntos configuram e evidenciam a arte. Abordando a origem, expansão e estrutura do circo, refletiram sobre as primeiras apresentações equestres pelos militares, e o surgimento de outros números de apresentações, os diferentes tipos de circo e manifestações de práticas circenses na rua ou espetáculos gratuitos e pagos.

No percurso histórico do Circo:

O picadeiro, seu espaço cênico por excelência, tornou-se o ponto de encontro de diferentes estéticas e técnicas, um espaço democrático e diverso. Nele, especialistas das mais variadas modalidades (antipodismo, acrobacia, malabarismo, doma, dança, teatro, entre outras) foram construindo uma linguagem expressiva, que se mantém conectada com as tecnologias e outras expressões artísticas, visando desenvolver e aperfeiçoar o ‘maior espetáculo da terra’ (DUPRAT, et al. 2017, p. 167).

No material didático, ilustramos com a imagem do circo de um videoclipe infantil, e articulamos com a linguagem visual e sonora, que pode ser acessado por um recurso tecnológico, QR Code (Imagem 7).

Fonte: Material didático – Circo (2021).

Na dimensão Conceitual da abordagem dos conteúdos relacionados ao tema, em Educação Física, surgiram necessidades e oportunidades de refletirmos sobre os hábitos de higiene pessoal como escovar os dentes ao se pensar nos artistas que colocam querosene ou álcool na boca para cuspir fogo - os números de pirofagia; problemas de bebidas inadequadas para a saúde, discussão que surgiu relacionada à situação do pirofágico ingerir produtos químicos, tendo em vista que durante a apresentação não há higienização momentânea; nos aspectos históricos do circo, pensamos na importância de termos uma casa fixa para morarmos, relacionando a irregularidade de moradia dos artistas circenses e a necessidade de estar sempre viajando; características dos diferentes tipos de circo e formas de apresentação de artistas com habilidades; à presença e maus tratos de animais no circo e sua importância para a natureza; e a relação de nosso corpo com as habilidades necessárias para realizar os movimentos característicos das manifestações da arte circense.

O caráter volante do circo, vinculado à moradia dos artistas no próprio circo, está relacionado ao fato do caráter familiar presente na história dessa cultura, bem como os saberes da arte:

O fazer circense englobava distintos conhecimentos, desde armar e desarmar a tenda/lona, o respeito ao picadeiro, a montagem das arquibancadas, a preparação dos números ou peças de teatro. Logo a manutenção desta arte foi principalmente pela transmissão oral de conhecimentos, especialmente no interior das famílias, os mais velhos passavam suas experiências aos mais novos, mantendo essa arte viva de geração em geração, num processo educativo também conhecido como Circo Família ou Circo Tradicional, que perdura até nossos dias (DUPRAT, et al. 2017, p. 168).

As vivências e conversas nos encontros configuraram-se com muita interação entre os alunos, e por se tratar de crianças, cuja maioria vive em meio a uma realidade social difícil que a escola está situada, na dimensão atitudinal dos conteúdos abordamos valores sociais a citar o Zelo, Respeito, Responsabilidade, Cidadania e Senso de justiça, os quais caracterizam o projeto interdisciplinar ‘Aluno de Valor’ em desenvolvimento na escola.

A partir das reflexões com a pirofagia, houve relatos do quanto era nocivo para o corpo a ingestão de bebidas alcoólicas e outras substâncias químicas, e perigos que os artistas eram submissos fazendo determinadas apresentações. Percebemos a relação transversal dos conteúdos da Educação Física com o estilo de vida, saúde e costumes, incentivando os estudantes a refletirem sobre temas sociais, para compreender:

Questões geradoras da realidade social, que, portanto, necessitam ser problematizados, criticados, refletidos e, possivelmente, encaminhados. Tais temas são chamados de “transversais”, pois podem/devem ser trabalhados por todos os componentes curriculares (DARIDO, et al. 2006, p. 20).

A lateralidade pôde ser bem enfatizada, e percebemos a necessidade de estar sempre lembrando a nossa estrutura corporal para a realização de movimentos e orientação espacial e temporal.

No âmbito da dimensão procedimental da abordagem na Educação Física, houve oportunidades e possibilidades de incentivar os estudantes a vivenciarem as

principais manifestações da arte circense como malabarismo, contorcionismo, ilusionista ou mágica, equilibrista, acrobata e palhaço. No material didático, os artistas correspondentes às artes citadas, foram representados por fantoches (Imagem 8), e incentivamos os estudantes a refletirem, identificar e personalizar conforme suas características.

Imagem 8: Fantoches personagens do Circo

Fonte: Fonte: Material didático – Circo (2021).

A perspectiva de personalização dos fantoches, atribuindo a eles a conformidade de suas características, as vestimentas do personagem do circo e a percepção do sujeito como personagem, expressando nele a sua consciência corporal, recebe contribuições do pensamento de Soares (2011) ao refletir sobre as vestimentas nas práticas corporais.

Pensando na compreensão dessa temática junto aos estudantes, nas reflexões sobre as práticas corporais no componente curricular, concordamos que:

Seria possível inferir que as roupas permitem pensar o sensível e todas as relações entre os indivíduos e os objetos, inserindo-se, portanto, na história

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