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JOAQUIM MAFALDO DE OLIVEIRA NETO EXPERIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E POSSIBILIDADES PARA A PRATICA PEDAGÓGICA A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

ESTUDOS PEDAGÓGICOS SOBRE O CORPO E O MOVIMENTO HUMANO

JOAQUIM MAFALDO DE OLIVEIRA NETO

EXPERIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E POSSIBILIDADES PARA A PRATICA PEDAGÓGICA A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO

NATAL – RN 2021

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JOAQUIM MAFALDO DE OLIVEIRA NETO

EXPERIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E POSSIBILIDADES PARA A PRATICA PEDAGÓGICA A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na linha de pesquisa estudos pedagógicos sobre o corpo e movimento humano, como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Educação Física

Orientador: Prof. Dr. José Pereira de Melo

NATAL – RN 2021

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.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS

Oliveira Neto, Joaquim Mafaldo de.

Experiências na educação física escolar e possibilidades para a pratica pedagógica a partir do livro didático / Joaquim Mafaldo de Oliveira Neto. - 2021.

153f.: il.

Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Educação Física. Natal, RN, 2021.

Orientador: José Pereira de Melo.

1. Educação Física Escolar - Dissertação. 2. Material didático - Dissertação. 3. Experiência - Dissertação. I. Melo, José Pereira de. II. Título.

RN/UF/BS-CCS CDU 37:796.4

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JOAQUIM MAFALDO DE OLIVEIRA NETO

EXPERIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E POSSIBILIDADES PARA A PRATICA PEDAGÓGICA A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO

BANCA EXAMINADORA

Dissertação Aprovada em: 24/03/2021

________________________________________________ Dr. José Pereira de Melo (Orientador)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

________________________________________________ Dr. Allyson Carvalho de Araújo (Membro Interno)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

________________________________________________ Dra. Marta Genu Soares (Membro Externo)

Universidade do Estado do Pará

________________________________________________ Dr. Marcio Romeu Ribas de Oliveira (Suplente Interno)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

________________________________________________ Dr. Maria Eleni Henrique da Silva (Suplente Externo)

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Aos meus pais Joaquim Mafaldo e Elioene Pinheiro, que são meu maior exemplo de perseverança e fé. Através de seu carinho e dedicação sempre me apoiaram em todos os desafios, mesmo eu estando distante, presentes em minha vida de forma brilhante. Aos meus filhos, Rafael e Gabriel, e a minha amada esposa Ana Raquel por me compreenderem, me ajudarem dia e noite. Por nossa convivência sempre amorosa em um tempo tão difícil. AMO VOCÊS!

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida, pela sua infinita misericórdia, pelas alegrias, pelas tristezas, por me possibilitar o dom da resiliência, pelos sucessos acadêmicos e profissionais, por me permitir tentar ser, um ser humano altruísta e por nos livrar de todos os males.

Agradeço àqueles que caminharam junto comigo nesses anos e participaram de forma brilhante nas experiências de minha vida, com contribuições para que eu chegasse ao fim dessa caminhada com grande êxito.

A minha esposa Ana Raquel por me ajudar e apoiar em todos os momentos. Agradeço por me ajudar nas missões quase impossíveis, por dividir todos os momentos altos e baixos, por escutar minhas angústias e ajudar a superar e por me ajudar a me esconder de Rafael, enfim, por sermos uma família feliz.

Aos meus filhos Rafael Mafaldo e Gabriel Fernandes, a minha irmã Ana Nery, as minhas sobrinhas Ylanna e Ana Beatriz e a minha sogra Elizabeth. Agradeço por estarem sempre presentes e receberem nossas crianças em momentos essenciais.

A meu irmão Kellyson, as minhas irmãs Maura e Isabel, meus sobrinhos e sobrinhas, cunhados e cunhadas, enfim, toda minha família por compreenderem os momentos de minha ausência e por ajudarem nos cuidados com nossos pais.

Aos meus Pais Joaquim Mafaldo e Elioene Pinheiro que em todos os momentos, e principalmente nos mais difíceis, me ajudaram a superar os desafios e sempre deram força para persistir.

Ao meu Orientador o Professor Doutor José Pereira de Melo, um ser de luz, dádiva em minha vida acadêmica e profissional, a quem serei sempre grato por todos os ensinamentos e oportunidades que surgiram por suas indicações. Por ser tão generoso em todos os momentos, em períodos tão difíceis. Por possibilitar esse sonho possível. Um professor fascinante que me ensinou a viver, levar a vida a sério, com moderação. “Bons professores são mestres temporários, professores fascinantes são mestres inesquecíveis” (Augusto Cury).

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, por oportunizar meu curso de graduação, especialização e Mestrado, no Departamento de Educação Física, meu mais profundo respeito e reconhecimento pelo compromisso dessa instituição com a educação pública.

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A todos professores e professoras do Curso de Mestrado do Programa de Pós Graduação em Educação Física da UFRN, coordenação, e os colegas da turma 2019, pelos momentos de compartilhamento do conhecimento e de experiências, apoio e companheirismo, a quem desejo todo sucesso.

A todos os colegas professores participantes e envolvidos no Curso ‘Educação para o Lazer por meio das Práticas Corporais de Aventura’, a quem por meio da pessoa do Professor Dr. Giuliano Pimentel, agradeço pelas trocas de experiências e relevantes reflexões, que foram de enorme contribuição para meu estudo.

A todos os membros do Grupo de Pesquisa e Estudos sobre o Corpo e Cultura de Movimento – GEPEC/UFRN, pelas contribuições nos momentos de discussão, reflexão e trocas de experiências. Aos meus professores, mestres esclarecedores e iluminadores para nossos caminhos. Aos amigos Alison Batista, Camila Ursula, Lídia Borba, Hudson Pablo pelas esclarecedoras ajudas, ideias, compartilhamento de livros e materiais, leituras. Ao amigo Ângelo Rocha pelas trocas de experiências.

Ao Professor Dr. Allyson Carvalho de Araújo e a Professora Dra. Marta Genu Soares, pela atenção, leitura e esclarecedoras, pontuais, essenciais contribuições com nosso estudo. Ao Professor Dr. Marcio Romeu Ribas de Oliveira e a Professora Dra. Maria Eleni Henrique da Silva, por participar e contribuir com esse momento de realização.

Ao Professor Dr. Allyson Carvalho de Araújo pelo convite para integrar a Rede MADDIS – Rede Material Didático Digitais e Interativos, pelas relevantes contribuições para a concretização dos materiais didáticos e por oportunizar momentos formativos enriquecedores.

Ao amigo João Paulo Vicente da Silva pelos momentos de conversas, ajuda, apoio, trocas de experiências e parceria. A todos e todas da Secretaria Municipal de Educação de Extremoz e das Escolas que atuo neste município, pela luta incansável por dias melhores e pelos momentos de diálogos e formativos.

Ao amigo Moaldecir Freire por me escutar e sempre apresentar uma luz para minhas dúvidas, com apontamentos essenciais, conselhos e conversas diversas, meu muito obrigado brother. Pela sua companhia nas pedaladas, na pessoa a quem agradeço a todos os colegas de pedal (Vinício, Anderson, Ramon, Fred, Rafael, Marcos), e os do futebol que são muitos, pela companhia nas práticas corporais que tanto ajuda em especial como momentos de renovação das energias para a vida e lazer.

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A minha bicicleta por não dar atenção aos meus desabafos, por me fazer perceber que para ir longe só depende de minha força de vontade, que se dermos nosso melhor, e levantarmos a cabeça seremos recompensados e ela nos leva longe.

A todos os colegas professores e estudantes, com quem convivi em toda minha história de vida, que me ensinaram a viver situações fáceis e difíceis; que ajudaram a ressignificar todas as situações como aprendizado e considerar como experiência para vida pessoal e profissional. Em especial todos e todas professores/as e estudantes, das escolas que pude refletir sobre as experiências que contribuíram para a realização desse estudo.

Por fim, a todos e todas que contribuíram diretamente ou indiretamente e torceram pela concretização desse sonho.

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RESUMO

A presente dissertação tem como objetivos relacionar as experiências com a prática pedagógica da Educação Física com as possibilidades sugeridas nos livros didáticos; descrever experiências com a prática pedagógica em diferentes etapas da Educação Básica em minha atuação profissional; identificar e descrever possibilidades e sugestões para a prática pedagógica na utilização dos livros didáticos, que se relacionam às experiências vivenciadas; apontar possibilidades de criação e elaboração de material didático para auxiliar os professores com o livro didático. Para realização desse estudo, optamos por uma pesquisa qualitativa, utilizando o método autobiográfico, com base na técnica do autoestudo, com intuito de relembrar as experiências realizadas na atuação profissional como professor licenciado em Educação Física, descrevendo fatos e fenômenos vividos junto aos estudantes em situações pedagógicas, e ressignificar as experiências com a elaboração de um material didático em um momento de formação continuada. Identificamos sugestões e contribuições nos livros didáticos para o professor, mas com relevante contribuição de reflexões sobre as experiências na atuação profissional no ensino fundamental anos iniciais com a unidade didática ginástica – circo, e nos anos finais com a unidade didática esportes - handebol, adequando a proposta para a realidade que atua, com a construção de um material didático pelo próprio professor, no qual articula os conhecimentos do componente curricular com objetos educacionais e torna a abordagem relevante para o ensino aprendizagem. Concluímos que para o uso do livro didático, o professor precisa ressignificar a sua proposta de prática pedagógica retomando suas experiências com a componente curricular. Assim como, uma possibilidade de organizar didaticamente seu planejamento e vivências é construir seu próprio material didático articulando conhecimentos e códigos de linguagem digitais que possam contribuir para o ensino e para a aprendizagem da educação física.

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ABSTRACT

This dissertation aims to relate the experiences with the pedagogical practice of Physical Education with the possibilities suggested in textbooks; describe experiences with pedagogical practice in different stages of Basic Education in my professional performance; identify and describe possibilities and suggestions for pedagogical practice in the use of textbooks, which are related to the lived experiences; point out possibilities for creating and preparing teaching material to assist teachers with the textbook. To carry out this study, we opted for a qualitative research, using the autobiographical method, based on the technique of self-study, in order to recall the experiences performed in professional practice as a licensed teacher in Physical Education, describing facts and phenomena lived with students in situations pedagogical, and reframe the experiences with the elaboration of a didactic material in a moment of continuous formation. We identified suggestions and contributions in the textbooks for the teacher, but with a relevant contribution of reflections on the experiences in professional performance in elementary school, initial years with the didactic unit gymnastics - circus, and in the final years with the didactic unit sports - handball, adapting the proposal for the reality in which it operates, with the construction of didactic material by the teacher himself, in which he articulates the knowledge of the curricular component with educational objects and makes the approach relevant to teaching and learning. We conclude that for the use of the textbook, the teacher needs to reframe his pedagogical practice proposal, resuming his experiences with the curricular component. As well as, a possibility to organize your planning and experiences didactically is to build your own didactic material articulating knowledge and digital language codes that can contribute to the teaching and learning of physical education.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Imagem 1: Cerimônia de premiação do Prêmio Professores do brasil. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2017) – Página 40.

Imagem 2: Vídeos produzidos como conteúdo para os Materiais Didáticos. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2020) – Página 69.

Imagem 3: Fantoche e as Microaventuras. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2020) – Página 71.

Imagem 4: Conteúdo, objetivos e habilidades do Material didático – Circo. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2021) – Página 79.

Imagem 5: Códigos Linguísticos. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2021) – Página 81-82.

Imagem 6: Fantoche no diálogo com o Circo. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2021) – Página 83.

Imagem 7: Respeitável público, hoje tem espetáculo? OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2021) – Página 84-85.

Imagem 8: Fantoches personagens do Circo. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2021) – Página 87.

Imagem 9: Fantoche malabarista. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2021) – Página 90.

Imagem 10: Fantoche equilibrista na Corda Bamba. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2021) – Página 91.

Imagem 11: Fantoche na bola de pilates. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2021) – Página 93.

Imagem 12: Fantoche em Parada de mãos. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2021) – Página 95.

Imagem 13: Diálogo do Fantoche Ilusionista e Palhaço. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2021) – Página 98.

Imagem 14: Fantoche no diálogo com o Circo. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2021) – Página 101.

Imagem 15: Álbum de Figurinhas. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2021) – Página 102.

Imagem 16: Conteúdo, Objetivos e habilidades do Material didático - Handebol. . OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2021) – Página 106.

Imagem 17: Mapa conceitual como atividade diagnóstica. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2021) – Página 110.

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Imagem 18: Nuvem de palavras como atividade diagnóstica. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2021) – Página 110.

Imagem 19: Mapa de Esportes. GONZALEZ (2012) – Página 112.

Imagem 20: Símbolos do esporte. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2021) –

Página 115.

Imagem 21: O Fantoche e o Esporte Handebol. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2021) – Página 116.

Imagem 22: Formação da equipe e brincadeiras. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2021) – Página 117.

Imagem 23: Reflexão sobre as regras do esporte. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2021) – Página 119.

Imagem 24: Mapa conceitual – pesquisa sobre os fundamentos do handebol. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2015) – Página 122.

Imagem 25: Mapa conceitual do handebol ampliado. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2015) – Página 122.

Imagem 26: Tirinha para organizar um jogo de Handebol. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2021) – Página 123.

Imagem 27: Reflexão e tirinha para o respeito e ludicidade na participação. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2021) – Página 124.

Imagem 28: Prancheta para estratégias de jogo e QR Code. OLIVEIRA NETO, Joaquim Mafaldo de (2021) – Página 125.

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LISTA DE QUADRO

Quadro 1: Proposta da sequência de aulas com o conteúdo esporte da apostila da escola do estudo em questão. Apostila elaborada pela rede da Escola (2014) – Página 120.

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Sumário

INTRODUÇÃO ...16

SEÇÃO 1 – A TRAJETÓRIA COMO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA E MINHA RELAÇÃO COM O LIVRO DIDÁTICO ...32

SEÇÃO 3 - EXPERIÊNCIAS COM A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS ...105

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...128

REFERÊNCIAS ...133

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INTRODUÇÃO

Na posição de professores almejamos o perfil de profissionais cada vez melhores, contribuindo para que as pessoas saibam sempre algo a mais nas trocas de experiências e vivências pedagógicas enquanto ser social\profissional que nos tornamos. Chegamos à escola para incitar outros sujeitos ao pensamento, carregar no corpo aprendizados fruto de momentos altos e baixos, percebidos e ressignificados para uma ação educativa.

Sentimos e vivemos, desde o nascimento, da nossa chegada ao mundo até os tempos atuais (ontem, hoje e amanhã), imersos em diversas realidades. Em interação com diversos povos, em diferentes tempos e espaços, uma inclinação suave que nos proporciona ser o humano que somos.

Nossas experiências de vida podem não nos tornar profissionais, mas encaminham os horizontes a seguirmos. Na posição social de eternos estudantes, no caminhar da vida, com o olhar ingênuo, resiliente, incompletos, aos poucos conhecemos as perspectivas de atuação. Nossos mestres nos orientam com muito a contribuir para quem podemos ser e são também nossa fonte de saber e referência profissional.

O percurso entre a vida infantil e a percepção como professor é um longo histórico. No exercício de rememoração e de compreensão das experiências de vida e das vivências nas práticas pedagógicas, exercemos uma autoformação que pode ter relevante contribuição para nosso agir, ressignificar nossa prática, e contribuir para a área de atuação profissional, gerando reflexões a serem questionadas ou que possam ser interpretadas como sugestões para novas experiências na escola.

Compreendemos que entre a vida de um sujeito da pacata cidade Major Sales do interior do estado do Rio Grande do Norte - RN, ou de outro lugar qualquer, e a vida de um professor de Educação Física, licenciado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que também pode ser de outra instituição, há uma trajetória profissional que pode proporcionar a esse sujeito uma ascensão social, profissional e um agir percebendo que não é necessário ter a inteligência corporal-cinestésica1. Sobre todas as práticas corporais, para trabalhá-las e compreender que

1 Uma das oito Inteligências destacadas por GARDNER (1994) na Teoria das Múltiplas Inteligências, a qual se equipara às manifestações corporais, e melhor se relaciona quando pensamos no corpo como via de comunicação.

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as vivências na infância em meio a um contexto cultural que vivi, as experiências durante a idade educacional, graduação, pós-graduação e a atuação profissional, contribuíram e contribuem para uma afinidade com as vivências e reflexões no trato com os conhecimentos da Educação Física na escola.

Durante a graduação (2006 - 2010), tive a oportunidade de vivenciar componentes curriculares obrigatórias e complementares, que deram subsídios para conhecer e compreender o corpo em suas diversas perspectivas; vivenciei relevantes momentos de discussão crítica sobre o conhecimento da Educação Física no Grupo de Pesquisa Corpo e Cultura de Movimento – GEPEC, que nortearam minha vertente de pensamento e maneira de considerar os conhecimentos da área. Conheci colegas e professores(as) que, nos momentos que mais precisei, a eles que recorri, estavam sempre dispostos e que juntos buscamos contribuir para a Educação Física; realizei estágios curriculares e extracurriculares que contribuíram para o meu agir profissional, percebendo a relevância dos conhecimentos de modo prático no exercício da prática profissional na escola.

Entre as reflexões proporcionadas pelos componentes curriculares do curso de graduação, merece destaque a relevância de todos com suas singularidades e os grandes docentes; com ênfase ao aprofundamento sobre as reflexões incentivadas pelos professores Doutores José Pereira de Melo e Terezinha Petrúcia da Nóbrega, pelas contribuições à compreensão do corpo como sujeito aprendiz, vivente, autônomo e crítico para com o conhecimento da área, vivência na escola e exercício da cidadania.

No GEPEC as experiências da iniciação científica sob orientação do Professor Doutor José Pereira de Melo, deram subsídios para refletir sobre possibilidades de estudos com a sistematização dos conteúdos e atuação na prática pedagógica da Educação Física como componente curricular da Educação Básica, nos diferentes níveis de ensino.

Os estudos na temática orientaram a trajetória para aprofundamento dos conhecimentos, forma de ver e atuar profissionalmente na área, foram objetos de estudos nos trabalhos para a conclusão do curso de licenciatura, e posteriormente segui a mesma linha de pensamento a partir dos ensinamentos na pós-graduação lato sensu, e no momento, a stricto sensu sob a luz do mesmo orientador em todas as etapas. Continuo, nesse momento, incentivado pelas considerações ao trato com o conhecimento pedagógico da área nos diferentes níveis de escolaridade. Percebo

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as experiências de minha vida e a trajetória da atuação profissional caracterizadas por um perfil de professor que busca criar, recriar e ressignificar a sua prática pedagógica a partir de suas experiências ou de terceiros, sugestões de livros e suporte de materiais didáticos disponibilizadas na literatura da área ou conforme a relevância do conhecimento e abordagem para a realidade que se apresenta.

Entendemos que a presença da Educação Física na escola como componente curricular, pode proporcionar vivências para os estudantes que os incentivam a se perceberem como corpos, sujeitos pensantes, críticos e políticos, relacionando os conhecimentos desta área com os de outros componentes curriculares, para a formação de um cidadão.

Nesse sentido, a Educação Física manteve sua obrigatoriedade proposta na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394/96) em seu artigo 26, parágrafo 3º, e reforçada na resolução nº 7/2010 no artigo 14, organizando nos artigos 13 e 15 as áreas de conhecimento, entre elas a de Linguagens, com os componentes curriculares de Língua Portuguesa; Língua Materna, para populações indígenas; Língua Estrangeira moderna; Arte e Educação Física, propondo nos artigos 12 e 16 uma articulação dos conteúdos que abordem temas amplos e atuais relacionados a vida humana nos contextos globais, regionais, locais e que possam ser percebidos individualmente pela população (BRASIL, 1996).

Assegurada a presença da Educação Física na educação básica, carece que sejam realizadas reflexões acerca das abordagens de seus conhecimentos, gerando contribuições e fortalecendo o campo de atuação no contexto educacional. Entendemos a importância e contribuições das diferentes concepções e perspectivas da área para a prática pedagógica, mas se faz necessário o fortalecimento da identidade na escola, e valorização na representação do coletivo social do poder público a respeito do nosso componente curricular.

Semelhante aos outros componentes curriculares, a Educação Física possui conhecimentos que precisam ser organizados de modo sistematizado em um contínuo didático pedagógico considerando sua relevância e contribuindo para a aprendizagem dos estudantes.

Todos os componentes curriculares presentes na escola possuem as mesmas orientações normativas, mas o componente curricular em questão até então não possuía o mesmo atendimento quanto outros no âmbito dos livros e materiais didáticos. Cada professor trabalhava ou organizava sua prática pedagógica da forma

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como bem entendia e priorizava, selecionando e organizando os conteúdos conforme seu interesse e compreensão de relevância para a realidade. Nesse pensamento surgem experiências inovadoras com um ensino crítico e reflexivo, e outras limitadas com a abordagem dos conhecimentos tradicionais, recorrentes de outras práticas, priorizadas pela rotina cansativa do profissional, mas há a necessidade de ressignificar e tornar a prática docente problematizadora perante o contexto histórico, social, crítico e transformador para com os estudantes.

Somos conscientes da necessidade de considerar os conhecimentos da área mais relevantes para o público estudantil envolvidos na prática pedagógica, os saberes da realidade que permeia a escola, bairro, cidade, região que convivem, e outros diferentes de acordo com o interesse e conveniência realizadas as adequações, mas podemos incorrer no equívoco de propor reflexões irrelevantes.

Desde 1996, a LDB sugeria que os currículos tivessem base nacional comum e que fosse complementada por uma parte diversificada, esta última com características regionais e locais (BRASIL, 1996). Essa parte diversificada que muitas vezes é ignorada pelo livro didático, elaborado seguindo um modelo hegemônico, mas com um esforço, o professor pode adequar para a realidade da escola propondo um material a partir de suas experiências anteriores.

Através dos programas do livro, professores, coordenadores e gestores escolares podem escolher livros didáticos para os alunos com o respectivo exemplar do professor, obras literárias, dicionários entre outros materiais, no guia de escolha do Programa Nacional do Livro e Material Didático - PNLD e tem a oportunidade de cada escola receber o exemplar do livro que foi escolhido pelos seus professores; um grupo de escola receber o exemplar escolhido pela maioria dos seus professores; ou todas escolas da rede receberem o exemplar conforme a maioria, dependendo da estratégia de escolha das secretarias (BRASIL, 2017b).

Após a homologação da Base Nacional Comum Curricular - BNCC, uma das exigências dos editais de convocação para elaboração ou compra do livro didático, é que as obras sejam alinhadas a tal documento. Esse alinhamento aproxima os diferentes contextos (BNCC, Documento Curricular do RN - DCRN, Escola, Projeto Político Pedagógico - PPP, PNLD), para que haja o mesmo argumento, onde as necessidades ou demandas da realidade local sejam consideradas na prática pedagógica. Por isso a necessidade para que a escola receba o material que foi realmente escolhido, pois em outros momentos, havia o inconveniente de o

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professor escolher um livro e receber outro, seguindo critérios de maioria, escolhidos pelas secretarias municipais de educação.

O esforço para encontrar possibilidades em uma obra didática, para serem vivenciadas na escola que atua, deve se completar com a adequação das sugestões dos livros e materiais, para pensar estratégias metodológicas e conhecimentos próximos da realidade do estudante, características que diferenciam a escola e o público de outros contextos, adequar a prática da Educação Física para a limitação de espaço, ausência de infraestrutura para as vivências e recursos materiais para que todos e todas estudantes participem, e percebam o corpo em movimento. O professor vivencia muitas reflexões em sua formação inicial aproximando-se dos possíveis contextos da educação pública, mas na atuação profissional nos diferentes contextos que o professor se forma e se reforma, necessitando de formação continuada para acompanhar os avanços da área.

É possível identificar materiais de suporte à formação continuada de professores, como os materiais didáticos do Núcleo de Formação Continuada para Professores de Artes e Educação Física – Paidéia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, que orientam na seleção e trato didático pedagógico dos conhecimentos da área na escola, e algumas práticas das secretarias de educação que realizam as formações continuadas com os professores, mas também é possível encontrar municípios que não realizam um acompanhamento com reflexões sobre a prática pedagógica ao longo do ano.

Atualmente é possível encontrar professores de Educação Física com formação em licenciatura atuando nas escolas em que estudei na educação básica, o que não tive oportunidade. A partir de 2004, com a criação do PROUNI (Programa Universidade para Todos), do REUNI (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), com o aumento das vagas nas universidades públicas, concessão de bolsas em universidades privadas, bem como a criação de cursos de licenciatura em regiões polos, expansão da oferta e acesso universitário através da Educação à distância, permitiram aos profissionais que já atuavam sem a licenciatura, se capacitarem e, os que já possuíam e atuava na escola, terem a segunda licenciatura. Ainda assim, identificamos no cotidiano, professores assumindo diferentes componentes curriculares, que não são os de sua formação, para complementar sua carga horária. Essas experiências de pessoas sem formação acadêmica, ou com formação diferente da que se dispõe atuar, pode

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comprometer o ensino aprendizagem, pelo uso inadequado de um livro didático ou o trato pedagógico com os conhecimentos da área.

Não pude avaliar a percepção e compreensão dos conhecimentos da área de outros profissionais perante sua formação, mas tomando por base a formação acadêmica pedagógica que tive acesso, foi possível compreender o corpo em movimento, em uma relação de um agir comunicativo com o meio, de um corpo que se expressa e toda mensagem que partir dele pode ser interpretada como linguagem corporal. E nessa perspectiva, a prática pedagógica configura-se como um momento com intenção de possibilitar aos estudantes sentirem, perceberem e compreenderem o seu corpo em movimento e em interação com outras pessoas, por meio dos conhecimentos do componente curricular Educação Física.

Na vida profissional, sempre atuei na área escolar nos níveis de Ensino Infantil, Fundamental, Médio e profissionalizante, na rede particular e pública municipal e federal em diferentes momentos. O contato com a prática pedagógica da Educação Física na escola com crianças, adolescentes e adultos sempre dispostos a participar das vivências propostas e contribuindo nos momentos de reflexões, motivou a busca constante de acompanhar os avanços da área por meio das publicações científicas. Compreendendo as possibilidades de aperfeiçoar a prática pedagógica, para tornar interessantes os momentos das aulas de Educação Física para os alunos, com conhecimentos relevantes, podendo agir autonomamente em suas vidas em outros momentos além da escola, utilizando-se dos conhecimentos adquiridos por meio deste componente curricular.

Sempre fomos orientados a seguir os documentos oficiais de caráter normativo e sugestivos à prática pedagógica (LDB, Parâmetros Curriculares Nacionais-PCNs e PPPs, esse último, nem toda escola possui), e considerar a relevância social dos conhecimentos relacionados à área para a realidade do público envolvido.

Os conhecimentos abordados para as experiências nas escolas sugeridos nos Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil – RCNEIs, com ênfase na motricidade humana, propondo o desenvolvimento integral da criança; os PCNs para o ensino fundamental anos iniciais e finais, e as orientações curriculares para o Ensino Médio buscam na Cultura Corporal de Movimento, a identidade para esse componente curricular.

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A Educação Física atendida com o livro didático, exige responsabilidade do professor para seu uso, realizando as adequações para a realidade, considerando a relevância dos conhecimentos e das estratégias metodológicas.

A fundamentação científica no campo acadêmico da Educação Física ao longo de sua história vem contribuindo para consolidação da área no espaço pedagógico com um conhecimento específico fortalecendo e constituindo sua identidade epistemológica, mas sobretudo para a prática pedagógica na escola (BRACHT, 2003).

A perspectiva da Cultura Corporal de Movimento como objeto de conhecimento, contempla e contextualiza o componente curricular com saberes para a educação de sujeitos críticos, sociais, históricos, políticos, culturais e sobretudo Corpos que podem movimentar-se, ao que entendemos “como forma de comunicação com o mundo que é constituinte e construtora de cultura, mas, também, possibilitada por ela. É uma linguagem, com especificidade, é claro, mas que, enquanto cultura habita o mundo do simbólico” (BRACHT, 2003, p. 45).

Diante do exposto, e por fazermos parte do Grupo de Pesquisa Corpo e Cultura de Movimento - GEPEC, tratamos com a Cultura de Movimento como matriz que organiza os conhecimentos pedagógicos da educação física sugeridos pelos documentos normativos e orientadores, por concordar que contempla “mais

possibilidades para se agregar outras manifestações além das práticas corporais, e por considerar o fato de agregar a inseparabilidade entre corpo e movimento” (MELO, 2006, p. 129).

Defendemos nesse grupo que, para a Educação Física, os conhecimentos pedagógicos advindos da cultura de movimento são conhecidos universalmente pois é a partir deles que se categorizam as unidades temáticas. Porém, carecem de ser tratados didático e metodologicamente de maneira diferente conforme o contexto de cada região e as características da realidade que a escola está inserida. Sabemos que somente os conhecimentos locais não são suficientes para seguir toda abordagem da educação, mas confrontando-os ao conhecimento universal e científico, sistematizando-os para a prática pedagógica, podem contribuir para experiências relevantes. Esse confronto pode ser realizado pelo professor percebendo as manifestações culturais da população.

Em seu cotidiano, essas manifestações integram de modo efetivo a realidade de uma cultura de movimento, a qual possui conhecimentos que precisam ser

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considerados no planejamento de qualquer intervenção, reflexão e/ou ação educativa, contribuindo para que se configurem momentos com abordagens relevantes para o público local e principalmente o educando.

Para apoio ao planejamento e suporte que possibilite a materialização dos conteúdos das experiências pedagógicas, os materiais didáticos podem contribuir para todas as etapas da educação básica e todos os componentes curriculares, elaborados alinhados a BNCC, esta que em seu processo de implementação no estado do Rio Grande do Norte no ano de 2019, oportunizou reflexões envolvendo representantes da Educação Infantil e Ensino Fundamental das escolas municipais e estaduais, para elaboração e atualização dos PPPs dos estabelecimentos educacionais e socialização dos Documentos Curriculares da Educação Infantil e Ensino Fundamental do referente estado, com o incentivo à elaboração dos currículos das diferentes redes de ensino.

A participação nas reflexões de implementação da BNCC, atualização dos PPPs e estudos dos documentos curriculares do RN (DCRN), se apropriando dos conhecimentos envolvendo a realidade da escola, dá subsídios para os professores escolherem livros e materiais didáticos relevantes para o aprendizado dos estudantes, pois assim terão propriedade para considerar melhor as características culturais, sociais, políticas e econômicas do contexto que estão inseridos.

Me perguntava sobre a possibilidade de realizar um estudo aprofundado dos contextos e realidades para fundamentar o planejamento pedagógico, mas inconscientemente diria que é algo implícito na vida do professor, uma vez que perceber e observar as características sociais, culturais, políticas e econômicas da população que a escola está inserida é dever do docente. Tal momento pedagógico pode ser realizado em uma roda de conversa diagnóstica no primeiro encontro, ou início de cada encontro.

Ações e estratégias que dão suporte para o professor planejar possibilidades de vivências e reflexões na prática pedagógica, aproximando os alunos dos conhecimentos, a fim de facilitar o aprendizado com contribuições de livros e diversos materiais didáticos em cada componente curricular na escola.

Referente aos conteúdos do componente curricular Educação Física, a BNCC organiza o trato pedagógico em Unidades Temáticas e aborda as Brincadeiras e Jogos, Esportes, Danças, Ginástica, Lutas e Práticas Corporais de Aventura, como Práticas Corporais, nomenclatura esta que caracteriza os conhecimentos desse

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componente e é referenciada no âmbito das manifestações culturais (BRASIL, 2017a).

Consoante ao que está posto, entende-se que não há como os livros didáticos, considerarem as especificidades de todas as escolas em diferentes realidades e nem atender todos os conhecimentos provenientes das manifestações culturais para serem abordados de modo pedagógico nas experiências com a Educação Física.

No entanto, coloca-se o desafio para o professor em conhecer a realidade de sua escola: a cultura que os alunos estão inseridos, estabelecer um alinhamento dos documentos que orientam a prática pedagógica, adequar as sugestões didáticas à realidade, buscando contextualizar a proposta de intervenção, perceber a relevância social dos conhecimentos de modo que possa suprir as demandas socioculturais locais, e considerar em seu planejamento possibilidades e estratégias de vivências com as manifestações corporais para a Educação Física.

Atualmente somos contemporâneos ao livro didático do professor de Educação Física para as etapas da educação básica do ensino fundamental anos iniciais e finais, a partir de editais do PNLD 2019 e 2020, publicados nos anos de 2017 e 2018 respectivamente; mas outros componentes curriculares são atendidos pelo programa com livros e material didático além do exemplar do professor, com livros didáticos para todos os estudantes desde o início do programa em 1927; cientes dessa lacuna, avaliamos com esse estudo poder contribuir para uma autoformação do professor, e para estudos futuros ampliando a perspectiva desse programa.

O interesse em refletir sobre as experiências, e em estudar possibilidades de vivências relacionando a esse referencial teórico, se deu pela dedicação aos estudos sobre o trato didático pedagógico com os conhecimentos da Educação Física para a escola nos diferentes níveis de ensino, de forma sistematizada que atendam os mesmos critérios oferecidos aos outros componentes curriculares, pois uma vez presentes na escola, todos precisam se articular, e ter iguais condições de suporte pedagógico para contribuir com a melhoria na qualidade da educação, que acreditamos que seja alcançada com um ensino relevante para a aprendizagem dos estudantes.

No estudo de Oliveira Neto e Melo (2009a), já apresentava o interesse pela temática da sistematização do conteúdo da Educação Física escolar, buscando identificar elementos teórico-metodológicos que possibilitassem tal ação pedagógica, e que contribuísse para o ensino desse componente curricular.

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O presente estudo concretiza-se com considerável relevância para minha formação e contribuições para o futuro na atuação da prática pedagógica, por possibilitar vivenciar novas experiências ressignificadas, contextualizadas a partir da consulta ao acervo teórico da área, e produzindo os materiais didáticos. Novas vivências carecerão de serem planejadas para adequações metodológicas e ajustes para as diferentes realidades, mas terão apontamentos teóricos com a reflexão a partir da prática.

A Educação Física, uma vez presente no currículo da escola, gera no professor a necessidade de consumir o material disponível para suporte da prática pedagógica. Assim, esse estudo, ao abordar os registros das práticas pedagógicas desse componente curricular em momentos de minha atuação profissional nos níveis de escolaridade do Ensino Fundamental anos iniciais e finais, amparado na literatura disponível, poderá contribuir para a área, em especial, na vertente escolar refletindo sobre a relevância do professor saber produzir seus próprios materiais didáticos para o ensino aprendizagem da educação física.

A escolha por refletir e reviver experiências vivenciadas nesses níveis de escolaridade, se configurou pelos fatos e fenômenos que caracterizaram os momentos consultando o acervo teórico da área, os quais demonstram a necessidade de refletir sobre sua relevância ou possibilidades de ressignificações para futuras vivências deste ou de outro educador, que desperte interesse e venha a utilizar os livros e materiais didáticos a disposição dos professores na escola, que possibilite suporte à prática pedagógica.

A escolha pelas experiências vivenciadas nesses níveis de escolaridade, se configurou devido a existência nesses momentos ou da realização desse estudo, de livros e materiais didáticos a disposição dos professores na escola, que possibilitem suporte a prática pedagógica.

Refletir sobre a necessidade de termos um pensamento crítico, a busca pelo conhecimento, sobre as ocasiões e condições de levar as reflexões para os encontros com os estudantes, bem como o que encontramos no contato com eles, sobre as trocas de conhecimentos, percebemos que em nossas experiências podemos superar o papel de consumidor, e nos assumirmos como emissor, bem como considerar o estudante tem a nos oferecer, essencial nesse processo durante a prática pedagógica.

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O professor crítico, pesquisador, consciente de que não deve somente consumir as informações do acervo teórico da área, agindo somente como receptores, que precisa ressignificar sua prática pedagógica, mudando seu agir para emissor de informações, cria, recria e compartilha experiências muitas vezes inovadoras. A construção de seus próprios materiais didáticos a partir de sua prática pedagógica, e para próximas experiências, articulado com novas tecnologias digitais, torna o professor um prossumidor2, em nosso contexto, representa um

sujeito usuário dos livros, que deixa de ser somente um receptor, para ser um emissor; o professor que sente a necessidade de produzir seus próprios materiais didáticos para veicular o conhecimento e informação, a serem utilizado em suas experiências.

A Educação tem à sua disposição um grande acervo teórico para suporte à prática pedagógica, fruto de investimentos de recursos públicos, carecendo de devidos ajustes para adaptações às diferentes realidades e utilizações, contribuindo para a qualidade do ensino aprendizagem, e usufruir de materiais adquiridos por políticas públicas. É necessário incentivar professores a consultarem os materiais que podem contribuir para as situações didáticas, exercitarem a práxis, e socializar suas experiências, como possibilidade de autoformação.

A sociedade como um todo carece de boas práticas educativas e estratégias metodológicas relevantes, na utilização dos materiais que chegam à escola ou estão disponíveis aos professores para suporte a prática pedagógica, bem como o registro e publicização de experiências na escola, ações as quais esse estudo pressupõe um esforço que pode contribuir para melhorias na qualidade da Educação.

A prática pedagógica de Educação Física sempre aconteceu em meio aos desafios presentes na escola, com limitações de espaço, carência de recursos materiais, e organizando os conteúdos da forma como compreendia ser relevante para os contextos, haja vista não haver documentos normativos que orientassem com uma proposta sistematizada dos conteúdos para a educação básica, ou que o professor não tivesse acesso a esses materiais. Cada professor abordava os conhecimentos da área a partir do referencial teórico que se identificava.

2 Tradução para o português do termo ‘Prossumer’ – utilizado para reflexão na relação produtor-consumidor nos meios de comunicação, para contribuir com o avanço de uma nova sociedade (TOFFLER, 2007).

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Existem muitas críticas quanto ao uso do livro didático, comparando o modo de uso de outros componentes curriculares com a Educação Física, mas compreendemos que a tarefa de utilizá-lo realizando as devidas adequações, identificando nas obras o que pode contribuir para a realidade da escola e dar valor a função social do material, depende do professor; bem como perceber a relevância de uma ou outra obra didática, escolher a que mais se aproxime da proposta pedagógica da escola, e elaborar um material didático considerando o suporte teórico e suas experiências anteriores da prática pedagógica.

Na continuidade do processo, cabe ao professor utilizar ou não o livro didático, mas percebemos que atualmente existe um acervo literário que proporciona aos professores sugestões e orientações para complementar a prática pedagógica. Pensamos nesse estudo que refletir sobre a própria prática já realizada, alinhar à literatura e aos documentos oficiais com orientações didáticas, caracteriza um processo de autoformação, e de formação de professores que ao se aventurarem em se perceberem, permite ressignificar o pensamento e as possibilidades de ensino aprendizagem. Além disso, pensar nas possibilidades de utilização dos livros e materiais didáticos, frutos de investimentos com recursos públicos, é uma contribuição social que o trabalho acadêmico presta com a sociedade.

Neste momento, temos a oportunidade de refletir junto à área do Movimento Humano, Cultura e Educação na linha de pesquisa Estudos Pedagógicos sobre o Corpo e o Movimento Humano, sobre um material didático que relacione as experiências com a prática pedagógica da Educação Física, percebendo o suporte, sugestões e possibilidades dos livros didáticos.

A ideia de dedicar-se a refletir sobre a prática pedagógica vivenciada, perceber sugestões e possibilidades a partir do livro didático do professor de Educação Física, presume-se ser uma proposta com grande valor social e científico, uma vez que a função de servir de fundamentação para o ensino aprendizagem, pode contribuir na educação de crianças e adolescentes, com reflexões que possam ajudar outros professores a elaborarem e ampliar a abordagem dos livros e materiais didáticos, de modo que se aproximem da realidade que trabalham.

Nessa perspectiva, percebemos a relevância para a escolha do tema, buscando refletir sobre as experiências com a prática pedagógica de Educação Física, sugestões e possibilidades a partir do Livro didático, atendendo ao ensino

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aprendizagem do conhecimento pedagógico do componente curricular da Educação Básica.

Para esse estudo, nos questionamos sobre como relacionar as experiências da prática pedagógica vivenciada com as sugestões e possibilidades a luz do livro didático de Educação Física?

Para tal, temos como objetivo relacionar as experiências com a prática pedagógica da Educação Física com as possibilidades sugeridas nos livros didáticos.

Objetivamos ainda:

Descrever experiências com a prática pedagógica em diferentes etapas da Educação Básica em minha atuação profissional;

Identificar possibilidades e sugestões para a prática pedagógica na utilização dos livros didáticos, que se relacionam às experiências vivenciadas.

Apontar possibilidades de criação e elaboração de material didático (para uso dos alunos) para auxiliar os professores com o livro didático e outras estratégias de ensino.

Percebendo-se como criança, adulto, sujeito, estudante e professor, em meio às experiências na vida e na prática profissional, vivenciamos uma Educação Física na escola em diferentes realidades.

O professor como pesquisador pode perceber as experiências realizadas na prática pedagógica da Educação Física, e relacioná-las com as sugestões dos livros didáticos, favorecendo ao docente um exercício de autoformação, ressignificando sua atuação profissional com possibilidades de utilização dos livros e materiais que chegam à escola para fins educacionais.

Para realização desse estudo, optamos por uma pesquisa qualitativa, utilizando o método autobiográfico, com base na técnica do autoestudo, com intuito de relembrar as experiências realizadas na atuação profissional como professor licenciado em Educação Física, descrevendo fatos e fenômenos vividos junto aos estudantes em situações pedagógicas, e ressignificar as experiências com a elaboração de um material didático em um momento de formação continuada.

No âmbito das possibilidades da pesquisa qualitativa, sugere-se que “o pesquisador deve aprender a usar sua própria pessoa como o instrumento mais confiável de observação, seleção, análise e interpretação dos dados coletados” (GODOY, 1995, p. 62).

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Para a compreensão da autobiografia na formação continuada, lembramos as experiências, percebemos as narrativas da trajetória de vida do sujeito que ora se apresenta professor, repleta de fatos que aos poucos moldam o ser social, histórico, político, e o educa para o pensamento crítico da prática docente.

Nessas narrativas se evidenciam as relações entre as ações educativas e as políticas educacionais, entre histórias individuais e história social. Seus princípios epistemológicos se inscrevem, portanto, em abordagens qualitativas, que reconhecem as margens de resistência do sujeito e admitem que no ato de narrar sua história as instabilidades e incertezas se tornam experiências refletidas. E são, justamente, essas experiências e margens de manobra que permitem propor um educar e formar diferenciados (SOUZA; PASSEGGI, 2011, p. 328).

A prática pedagógica vivenciada, aconteceu a partir de referenciais teóricos consultados para as ocasiões, e nesse momento há o interesse de saber as possibilidades de vivência dos conhecimentos a partir do livro didático, material que está chegando à escola e exigirá que o professor o compreenda para perceber sua relevância para o contexto, perceber a relação com as experiências vivenciadas por si próprio, realizar adequações e ressignificações para outros momentos.

Essa reflexão sobre as próprias experiências vivenciadas no ensino com a Educação Física, esse âmbito individual da atuação profissional, a partir da qual o estudo se desenvolve, é um dos níveis que acontece o autoestudo (MARCONDES; FLORES, 2014).

Considerando essa perspectiva individual do Autoestudo, onde lembramos de nossas experiências com a Educação Física no ensino fundamental, para um momento de autoformação docente, percebemos que:

A pesquisa self-study de qualidade requer que o investigador demonstre um equilíbrio particularmente sensível entre biografia e história que é demonstrado através do modo pelo qual a experiência individual pode proporcionar insights e soluções para questões e inquietações consideradas de natureza pública ou social. Por outro lado, a teoria pública é utilizada para possibilitar insights e alternativas para solução de questões provadas de cunho pessoal. Esse equilíbrio na pesquisa constitui o cerne do autoestudo e é visto como o seu principal desafio (MARCONDES; FLORES, 2014, p. 299).

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A autobiografia com o autoestudo, se formam na construção do método do estudo para a autoformação, em um processo de reflexão para a formação continuada, narrando e percebendo em nossas histórias de vida, as experiências em família e nossa atuação profissional com práticas educativas. Nesse contexto, a biografia educativa ou autobiografia para compreender o processo formativo, construiu-se no decurso de três etapas reflexivas. A princípio a produção escrita individual, descrevendo nossas experiências e histórias de vida, que deram sequência com outras etapas; organizar, relembrar e confrontar as narrativas com outras para enriquecer o estudo, e por fim refletir sobre o percurso de formação (JOSSO, 2014).

A oportunidade de refletir sobre a história de vida, narrar minhas experiências pedagógicas para a completude de um momento ímpar da formação continuada, lembrando momentos a partir do uso de registros escritos, imagens, arquivos digitais dos planejamentos e anotações diversas, das vivências realizadas nas escolas, descrevemos os fenômenos de corpos em movimento, percebemos sugestões nos livros didáticos e elaboramos os materiais didáticos como estratégia para possibilitar uma aprendizagem relevante para os estudantes.

Para melhor compreensão do estudo, relembramos o contato com materiais didáticos e a busca por suporte à prática pedagógica; lembramos as experiências pedagógicas no ensino fundamental anos iniciais e anos finais, realizadas a partir de um acervo literário e científico da área disponível; a relação da Educação Física com as propostas de suporte didático pedagógico nos periódicos e acervo teórico que a área tem à disposição, que o professor tem contato e se relaciona ao objeto de conhecimento da área para a experiência; dialogamos com os principais interlocutores do livro didático, na busca por perceber as contribuições do programa do livro para a educação física; ao que tudo gerou subsídios para descrever nossas experiências conforme nossas concepções da área, e perceber possibilidades de ressignificações dos documentos prescritos e de nossas experiências, como processo de autoformação para proporcionar um ensino mais relevante com um material didático elaborado para tal fim.

Descrevemos nossas experiências em uma unidade didática no ensino fundamental anos iniciais, e em outra unidade no ensino fundamental anos finais, onde atuamos como professor de Educação Física na escola. Considerando os conhecimentos trabalhados nessas vivências, buscamos nos livros didáticos

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possibilidades e sugestões para ressignificar essa prática pedagógica em um material didático para o aluno.

A dissertação está organizada por seções, cada uma delas contribuindo ao seu tempo para a reflexão sobre as experiências e possibilidades de utilização dos livros didáticos, e ressignificação das vivências no exercício de autoformação como professor:

Seção 1 – A trajetória como professor de Educação Física e minha relação com o Livro Didático

Seção 2 – Experiências com a Educação Física no Ensino Fundamental Anos Iniciais

Seção 3 – Experiências com a Educação Física no Ensino Fundamental Anos Finais

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SEÇÃO 1 – A TRAJETÓRIA COMO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA E MINHA RELAÇÃO COM O LIVRO DIDÁTICO

Esta parte do trabalho é uma descrição da história de vida, narrando experiências relevantes para a autoformação de um professor de Educação Física; reflexões acerca de categorias como a interação, multiletramento, livro didático, material didático, tecnologias digitais, recursos possíveis para uso com os estudantes.

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A trajetória do professor de Educação Física que ora se apresenta, não se faz devido à presença constante deste componente curricular em sua vida estudantil, mas pela relevante vivência de práticas corporais na infância, em um contexto de uma cidade interiorana na região do alto oeste do Estado do Rio Grande do Norte, que permitia viver livremente em interação com outras crianças e um ambiente propício para vivências lúdicas; o contato no ensino médio com práticas corporais supervisionadas por um treinador de modalidades esportivas, experiências que despertaram adoção de um estilo de vida, interesse e ingresso no curso de licenciatura em Educação Física.

Como estudante no Ensino fundamental, não tive oportunidade de vivenciar aulas de Educação Física com um professor com formação na área. Existia uma atividade aos sábados a partir das 6 horas da manhã precedida por um alongamento e em seguida a prática de futebol, organizada pelo professor de matemática. Estive presente em alguns encontros, onde jogávamos juntos com crianças de diferentes faixas etárias. Certo dia, um dos colegas chutou a bola em minha barriga e fiquei sem ar. Como o professor era sozinho para conduzir a atividade, parou o jogo e me tirou do campo, e deu sequência a partida. Essa é a última recordação de presença a esses encontros da escola. A experiência poderia ter me afastado da Educação Física, mas a ausência na educação formal nessa etapa educacional, proporcionou maior interesse na etapa seguinte para qualquer envolvimento.

No Ensino Médio (2002-2004), em uma nova escola na cidade de Pau dos Ferros/RN, havia os encontros para a prática de futebol uma vez por semana de manhã onde tive contato com o professor treinador sem formação em Educação Física, mas que se responsabilizava pela prática da modalidade, e posteriormente em frente à minha residência encontrei o mesmo professor acompanhando um treino de ciclismo. Perguntei-o se podia participar haja vista que possuía uma bicicleta e então permitiu.

A bicicleta era a referência de que quando se tem interesse, consegue fazer algo, pois a mesma não tinha marchas, somente uma coroa e uma catraca, para acompanhar os demais com bicicleta de marchas. Posteriormente a escola disponibilizou as bicicletas modelos caloi 10, quadros de ferro, para que participássemos dos treinos com elas. As mesmas que possibilitaram a participação em jogos escolares estaduais JERNs, etapas regionais e estaduais, e outros eventos esportivos da modalidade.

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A presença do ciclismo em minha vida estudantil, garantiu a conclusão do ensino médio na escola. De família humilde, com o falecimento de uma tia que arcava com parte da mensalidade da escola, obtive um desconto fruto de uma bolsa de incentivo à prática esportiva, para que também acompanhasse os/as demais estudantes na prática da modalidade, nos momentos em que o professor se ausentasse. Experiência que me aproximou do ciclismo na perspectiva de responsável por acompanhar a prática esportiva, buscar informações e conhecimento para orientar os colegas, e proporcionou méritos com um dos colegas na etapa infantil conquistando vitórias nas provas de ciclismo na etapa estadual dos Jogos Escolares do RN (2004), na cidade do Natal-RN.

Essa vivência como suporte ao então professor, mesmo sem licenciatura na área, mas era quem nos possibilitava o acesso à prática corporal e incentivava a busca do conhecimento, na escola privada que utilizava as apostilas do sistema Positivo como material didático, possibilitou o contato com apostilas para suporte a prática pedagógica dos professores de Educação Física para a educação infantil, ensino fundamental anos iniciais e finais, no ano de 2004. Esse material abordava um aporte teórico a partir da concepção desenvolvimentista, proposta de organização dos conhecimentos com jogos e sugestões de vivências; em diferentes momentos consultei esse material durante a graduação, percebendo abordagens nos componentes curriculares dos conhecimentos contidos nele, considerando as críticas e possibilidades de utilização de algum conhecimento abordado. As poucas experiências na vida estudantil, somadas aos momentos intensos no ensino médio com as práticas corporais, motivou-me pelo interesse no curso superior de Educação Física.

Na graduação em Educação Física, o contato com Paulo Freire, conhecendo a história de ‘Gelson’, percebi o quanto meu professor de Matemática considerou minha experiência com o ciclismo. A citar, em um momento, considerando minha dificuldade com o assunto, percebi em uma atividade avaliativa, uma questão de combinações que para compreendê-la, poderia utilizar do saber prático da prática esportiva. A pergunta fazia referência a quantas combinações de marchas eram possíveis, em uma bicicleta que possuía 3 coroas e 7 catracas. A combinação resultaria em quantas marchas possuía a bicicleta.

Percebi que contrário a ‘Gelson’ na oitava carta a quem ousa ensinar, tive minhas experiências consideradas pelo professor de Matemática, em situação

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semelhante a que Freire (1997) relata no encontro de dois professores com um grupo de crianças.

Encontraram num campo abandonado um grupo de crianças empinando papagaio. Aproximaram-se dos meninos e com eles começaram a conversar. “Quantos metros de linha você costuma soltar para empinar o papagaio?”, perguntou Sebastiani. “Mais ou menos cinqüenta metros”, disse um menino chamado Gelson. “Como você calcula para saber que solta mais ou menos cinqüenta metros de linha?”, indaga Sebastiani, “A cada tanto, de dois metros mais ou menos, disse o garoto, faço um nó na linha. Quando a linha vem correndo na minha mão, vou contando os nós e aí sei quantos metros tenho de linha solta”. “E em que altura você acha que está o papagaio agora?”, perguntou o matemático. “Quarenta metros”, disse o garoto. “Como você calculou?” “No quanto eu dei de linha e na barriga que a linha fez”. “Poderíamos calcular esse problema fundados na Trigonometria ou por semelhança de triângulos”, cariz Sebastiani. O garoto, no entanto, disse: “Se o papagaio estivesse alto, bem em cima de minha cabeça, ele estaria, em altura, os mesmos metros que soltei de linhas, mas como o papagaio está longe de minha cabeça, inclinado, ele está menos do que os metros soltos de linha”. “Houve aí um raciocínio de graus”, diz Sebastiani. Em seguida, indaga Arguelo ao menino sobre a construção do molinete e Gelson responde fazendo uso das quatro operações fundamentais. Ironicamente, arremata o físico, Gelson (tão gente quanto Gerson, digo eu), havia sido reprovado na escola em Matemática. Nada do que ele sabia tinha valor para a escola porque o que ele sabia havia aprendido na sua experiência, na concretude de seu contexto, Ele não falava de seu saber na linguagem formal e bem comportada, mecanicamente memorizada, que a escola reconhece como a única legítima (FREIRE, 1997, p. 66).

Com o ingresso na Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, no curso de Licenciatura em Educação Física, ampliei a perspectiva sobre a área, sobre os conhecimentos e as diferentes possibilidades de considerar o corpo em movimento.

Desde o princípio vivenciamos encontros e reflexões com conhecimentos relevantes para atuação profissional, e aprimoramos nosso olhar para o que mais desperta interesse e mais nos identificamos.

Concomitante às experiências extracurriculares no Parque Estadual Dunas do Natal “Jornalista Luiz Maria Alves”, e na Academia Brasil de Ginástica Artística e Recreativa, vivenciei reflexões nas diferentes atividades obrigatórias e complementares da grade curricular do curso, que possibilitaram ampliar a perspectivas sobre as relações com o outro, entrelaçar os conhecimentos da área com possibilidades de utilização na prática profissional, perceber o corpo em interação com a natureza, e se perceber em movimento para planejar experiências pedagógicas a serem vivenciadas na escola com diferentes públicos. Houve

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componentes curriculares que possibilitaram vivências relacionando teoria e prática, incentivando atuações em campo nas escolas, práticas de pesquisa e apresentações de seminários, que possibilitaram apresentação de trabalhos em eventos científicos.

Entre as atividades que possibilitaram participação em eventos científicos, destacamos a apresentação em pôster do estudo da Memória do Ciclismo em Natal/RN, 1985 – 2007 no componente curricular Sociologia do Corpo apresentado no Encontro Nacional de Artes e Educação Física (ENAEF-UFRN) e no II CAMEAM; o vídeo ‘Os diferentes usos da bicicleta na Cidade de Natal/RN’ produzido no componente curricular Cultura de Movimento, apresentado no I Fórum de Educação Física da UFRN / IV Encontro Norte-Riograndense de Ciências do Esporte-CBCE/RN - Saberes e Práticas da Educação Física, e no XVI Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte (XVI CONBRACE) e III Congresso Internacional de Ciências do Esporte (III CONICE) no ano de 2009, e utilizado como referência nos estudos de mobilidade na cidade do Natal/RN.

A consciência da personalidade científica e a relevância da pesquisa para a formação, busca de conhecimentos e participação em eventos científicos, foi sendo adquirida ao longo do curso de graduação, nas reflexões e em especial na iniciação científica a princípio sob orientação da Professora Doutora Terezinha Petrúcia da Nóbrega, e posteriormente do Professor Doutor José Pereira de Melo, no Grupo de Estudos e Pesquisas sobre o Corpo e Cultura de Movimento – GEPEC/UFRN.

Na oportunidade refletimos sobre os projetos de pesquisa a ‘Educação Física como componente curricular da educação básica’ (OLIVEIRA NETO; MELO, 2009b) e sobre ‘a sistematização dos conhecimentos da Educação Física na educação básica’ (OLIVEIRA NETO; MELO, 2010). As experiências no GEPEC possibilitaram ampliar o olhar sobre o corpo para além dos aspectos biológicos, perceber e compreender as reflexões realizadas em outros momentos acadêmicos, em uma perspectiva sócio cultural. Um corpo sujeito que transcende a posição fisiológica, o corpo que vive, sente, se relaciona, que ocupa um lugar situacional nas instituições da vida.

Nessa perspectiva percebemos as possibilidades de romper barreiras naturais, abandonar o pensamento de estudante que realizava um movimento, aprofundar os conhecimentos sobre o corpo e as manifestações da cultura de movimento, para um sujeito que passa a perceber o movimento nas práticas corporais. Passei a sentir a

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necessidade de perceber e compreender o movimento para questionar os estudantes sobre como cada um pode vivenciar o movimento, transcendendo a experiência no se movimentar.

Se perceber como professor que incentiva, motiva um sujeito estudante a se movimentar, o leva a se perceber e compreender o corpo, sujeito em movimento, e como alguém que para o aluno, será referência no conhecimento. Passei a compreender o professor/pessoa, como possível ser que encontra melhores estratégias metodológicas para incentivar os estudantes/sujeitos a refletirem sobre os conhecimentos e a vivenciarem as experiências corporais na escola, e a partir desse contato se apropriar dessas práticas percebendo as relações com a cultura, costumes e tradições, ou mesmo ressignificá-las, para do modo mais relevante para seu contexto de vida, inseri-la em seu repertório de vivências.

Não tão simples quanto parece, mas a compreensão para perceber a prática pedagógica a partir dos estudos, foi sendo possível a partir da atuação no chão da escola, para além da formação acadêmica, em uma condição de percepção e autoformação, ao longo da vida e atuação profissional nos diferentes contextos escolares e em cada realidade que encontramos.

A partir dos estudos na iniciação científica, apresentamos o relatório como tema a sistematização do conteúdo Ginástica, no Congresso de Iniciação Científica durante a CIENTEC/UFRN; e o pôster a sistematização dos conteúdos da Educação Física escolar na Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Demos continuidade a temática no trabalho de conclusão de curso – TCC da graduação e da especialização, este último veio a ser apresentado no Conbrace realizado em 2019.

Na experiência da iniciação científica no GEPEC/UFRN, destacamos ainda a oportunidade de conhecer o material didático para apoio a formação de professores de Educação Física e Artes, programa coordenado pelo Professor Doutor José Pereira de Melo.

O PAIDÉIA, ao longo da sua existência, se constituiu em espaço que visa contribuir para formação continuada de professores, com vistas a uma mudança educacional. Teve como eixo norteador a articulação entre o desenvolvimento pessoal e profissional dos professores, por meio de um trabalho investigativo e reflexivo sobre as intervenções pedagógicas da Educação Física e Arte na escola, tomando como referência o cotidiano pedagógico, a realidade local, os conhecimentos produzidos e o uso de

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