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CAPÍTULO III – APRESENTAÇAO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

3.2. PERSPECTIVAS E VIVÊNCIAS DO MOVIMENTO ENQUANTO ANIMADOR

3.2.3. EXPERIÊNCIAS DE ANIMADOR

Quando interrogados acerca das experiências, principalmente da primeira vez que se animou, os entrevistados salientam a insegurança e o receio: Marcou-me um bocadinho, mesmo

pela falta de segurança (…) e não me sentia nada segura naquilo que fazia (C8.1), segundo eles,

natural por ser a primeira experiência, acompanhado pelo entusiasmo de ser animador, de animar um escalão de que se gosta e de poder partilhar esta aventura com animadores que admiravam enquanto participantes: Foi espectacular por dois motivos (…) porque foi um

campo de Triciclos (…) porque tive oportunidade de nesse campo animar com um animador que

me tinha animado e que era um ídolo para mim (C8.3).

Para os animadores em formação, mesmo com a experiência de fazer campos como participantes, é visível o receio de como vai ser a primeira experiência. É complicado, para não dizer

impossível, prever tudo o que acontece no campo de férias e, por isso, por mais que durante o processo de formação se fale de tudo o que se faz, de tudo o que já aconteceu ou pode acontecer o

que estes novos animadores precisam de saber é que estarão sempre acompanhados por animadores mais experientes que os apoiarão e ajudarão em tudo que precisarem, como sempre aconteceu:

sentia-me muito bem, gostei da equipa de animação, puxaram bastante por mim,

corrigíamo-nos muito uns aos outros e éramos bastante, lá está, disponíveis e abertos (C8:4).

Esta é uma das razões para que o movimento dê uma grande importância, no processo

de formação, à parte espiritual pois, pretende, essencialmente, que os animadores em formação assumam a identidade de fundo do animador. No que respeita à parte técnica de fazer um campo de férias vai-se aprendendo com a experiência e com os participantes mais velhos.

Todos os animadores entrevistados, com excepção de um já exerceram pelo menos dois cargos diferentes em campos de férias (animador de equipa, animador livre, capelão, tia, director e

director-adjunto). Apercebemo-nos, no entanto, que parece existir uma preferência pela função de animador de equipa por quem já o exerceu e por quem ainda não teve oportunidade de o desempenhar e, por isso, deseja exerce-lo. Segundo os entrevistados é talvez a posição mais importante do campo porque permite acompanhar com mais atenção um grupo mais restrito de

No que diz respeito ao modo como se preparam para serem animadores do movimento todos referem o ano de formação e o campo de formação como sendo um momento chave:

Fiz um campo de formação que foi muito útil para me alertar para questões relacionadas com a

filosofia dos campos, com a pedagogia que se pretende pôr em prática (C12.3), mas reconhecem

que a verdadeira formação dá-se durante o campo:

eu acho que a tua grande formação

acontece durante o campo porque é lá que tu realmente vês como é que tu lidas com as coisas que

te vão acontecendo (C12.1)

Outros aspectos referidos pelos entrevistados acerca do modo como se preparam para animarem um campo passa por se imaginarem no campo, estarem presentes nos fins-de-

semana de preparação dos mesmos, prepararem, procurarem e inventarem jogos a desenvolver:

A maneira de me envolver é muito, preparar coisas para o campo). E, depois,

esperarem para ver como corre o campo porque é neste que a verdadeira formação acontece

(C12.2).

No campo os momentos de partilha de anseios e receios são muito importantes para o seu bom funcionamento, para além de que, normalmente, acabam por fortalecer e unir a equipa de

animação. Esta é a razão pela qual se dá bastante importância às reuniões diárias da equipa de animação no fim do dia, constituindo-se estas, também, como um modo de avaliar o dia e o

exercício de cada um e programar o dia seguinte.

Neste momento o movimento, para além da formação de directores e mamãs não tem

actividades de formação contínua para os animadores mais velhos, excepto actividades esporádicas que as DL’s poderão desenvolver. Isto deve-se à pouca viabilidade dado que ocuparia tempo na vida dos animadores que neste momento não podem dispensar pelo facto de estudarem ou trabalharem

e, pelas outras actividades que desenvolvem (relacionadas com os vários contextos em que se integram, como por exemplo actividades de animação associadas à pastoral; hobbies ou actividades

extra-curriculares entre outras).

Assim, o movimento prefere apostar numa rampa de lançamento que os preparam para

serem animadores, isto é, num bom ano de formação, onde estes assimilam as bases sólidas para

de Vida Cristã para universitários (CVX-U) e dos centros universitários dos jesuítas para depois serem eles próprios a procurarem as actividades que mais lhes agradem.

Na perspectiva do movimento

se o primeiro ano de formação for uma rampa de

lançamento para a vida deles de animadores e se lhes der bases sólidas para serem bons cristãos

depois cada animador por si próprio vai querer procurar sítios onde possa continuar essa formação

cristã e depois nos campos vão-lhes dando a formação específica, técnica de ser animador. É

normal que um animador do primeiro ano, que está em formação que se insere num grupo de

CVXU depois não acabe esse ano e sai do grupo, que vai querer continuar para os outros anos e o

grupo contínua como grupo (...). Também é normal que ao pertencerem a esses grupos e inserindo-

se nos centros universitários dos jesuítas depois se interessem por outras acções de formação

diferentes nos próprios centros universitários (C12.6).

Quando interrogados acerca de que forma ser animador de Campinácios mudou as suas vidas estes afirmam que se tornaram mais responsáveis, mais criativos e menos inibidos,

mais simples e mais práticos:

apela muito à criatividade (...) apela muito ao facto de tu te

desinibires perante os outros porque há vários momentos num campo em que tu tens de fazer isso

e, acho que de campo para campo eu vou (…) melhorando (C13.1), mais

perspicazes e conscientes de quando necessitam serem animadores ou animados:

Ser mais perspicaz

(…) ser animador é diferente de ser animado (…) é em cada sítio que estou perceber quando é que

preciso de ser eu o animador (C13.2).

O movimento faculta das fomentação as amizades, o fortalecimento da fé e do espírito de serviço e proporciona o crescimento pelas experiências que se vivenciam:

Influenciou a minha vida de diferentes formas: vários dos meus amigos conheci-os por animarmos

campos juntos, muita da minha fé foi sendo fortalecida com o que aprendi e vivi enquanto

animador, (…) foi nos campos que senti pela primeira vez a alegria profunda do serviço. E os

campos influenciaram a minha vida, não só pelas experiências boas mas também pelas negativas,

com as quais acho que cresci ainda mais do que com as boas (...). Ao ser animador percebi

também que quanto mais tempo dedicas ao movimento mais valor ele ganha. E foi o facto de ser

animador que me fez procurar ser cada vez mais uma pessoa coerente nas minhas atitudes

(C13.3).

Em síntese, concluímos que os animadores deste movimento assimilam os seus valores e ideais e os transportam para as suas vidas. Estes tomam consciência que as experiências e

vivências do movimento os influência permitindo-lhes optar por uma postura mais activa na comunidade ao mesmo tempo que lhes proporciona um crescimento integral e global efectivo.