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O PAPEL DO ASSOCIATIVISMO JUVENIL NA FORMAÇÃO DOS JOVENS

CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA1 ANIMAÇÃO SÓCIO-CULTURAL (ASC)

1. ANIMAÇÃO SÓCIO-CULTURAL (ASC)

4.2. O PAPEL DO ASSOCIATIVISMO JUVENIL NA FORMAÇÃO DOS JOVENS

A Federação Nacional de Associações Juvenis17 (FNAJ) considera o associativismo juvenil como um factor essencial para o desenvolvimento pessoal e social dos individuos. As associações

juvenis são escolas de cidadania, espaços de participação, de trabalho em equipa, de aprendizagem contínua contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e defendendo os interesses dos jovens.

Estas trabalham para alcançar fins sociais como a defesa do meio ambiente, dos direitos humanos, a inserção dos jovens na comunidade, a prevenção da marginalidade, a promoção da cultura, o desporto e a educação ao mesmo tempo que promovem valores como a justiça, a solidariedade, a

entrega, a responsabilidade, a cooperação e a consciência social.

As associações juvenis desenvolvem o seu trabalho no sector da educação não-formal. E,

como já vimos anteriormente, este é um sector privilegiado para as vivências e as aprendizagens que se fazem a partir do real, da experiência prática. Por isso, concordamos com Fernandes (2005:4) quando fala do potencial de laboratório de cidadania das associações juvenis.

Estas são, pelas actividades que proporcionam, excelentes espaços onde se pode viver e aprender cidadania, onde cada um é chamado a participar na resolução dos problemas e a

contribuir para o desenvolvimento e melhoria da comunidade em que está inserido e, consequentemente, a ter uma voz activa e reivindicativa nas decisões que são tomadas.

17 http://www.fnaj.com/associativismo.aspx.

Ao mesmo tempo vão adquirindo competências que são fundamentais em vários contextos da vida e que passam pelo relacionamento e comunicação interpessoal, pela liderança e

o planeamento, pelo trabalho em equipa e a consciencialização intercultural, pela gestão e resolução de conflitos, pelas competências linguísticas e pelo fomento de debates que associados à participação potenciam

o desenvolvimento de qualidades como compromisso, envolvimento,

responsabilidade, solidariedade, consciência democrática, motivação, participação, iniciativa,

respeito pelos/as outros/as, tolerância e auto-estima (Fernandes, 2005:2).

Neste sentido, o associativismo juvenil é um estímulo à participação dos jovens que têm nas associações juvenis a oportunidade de aprofundar relações, conhecimentos, vivências e experiências contribuindo, assim, de forma comum e plural numa dimensão sócio-cultural e sócio-

educativa, para a progressiva melhoria da sociedade (…) e um pilar fundamental para o

aprofundamento da democracia, não só pela partilha de valores, como pelas características

positivas do saber-fazer, do espírito crítico e da capacidade de comunicação adquirida

(Ambrósio,

2001:18).

4.2.1. O EXEMPLO DO VOLUNTARIADO JUVENIL

Por voluntariado entende-se o conjunto de acções de interesse social e comunitário,

realizadas de forma desinteressada por pessoas, no âmbito de projectos, programas e outras formas de intervenção ao serviço dos indivíduos, das famílias e da comunidade, desenvolvidos sem fins lucrativos por entidades públicas ou privadas (art. 2.º da Lei n.º 71/98, de 3 de Novembro)18.

Falar de voluntariado é falar de participação social, de pessoas, entidades e grupos sociais. Este é um movimento emergente que surge na sociedade como alternativa colectiva de

participação, sendo o sector social do voluntariado, o sector mais tradicional e, que ganha cada vez mais espaço dado, as características da sociedade actual, onde se assiste, por um lado ao desaparecimento dos grupos primários, como a família, o grupo de vizinhos e amigos e, por outro à

18 Bases do enquadramento jurídico do voluntariado.

generalização urbana que se caracteriza pela pouca ou quase nenhuma oportunidade espacial para

a convivência, pois da forma pelo qual são constituídas e renovadas, o vazio que fica entre o

amontoado de coisas é insuficiente para permitir o exercício mais efectivo das relações sociais

produtivas em termos humanos (Marcelino, 1995:59).

Neste sentido, o voluntariado resulta, essencialmente, dum processo histórico que passa

pela consciencialização ou conceptualização de determinadas práticas, de comportamentos e atitudes sentidas e levadas a cabo ao longo dos anos e, que nos nossos dias, têm como objectivo

contribuir para o bem-estar dos outros através da promoção de actividades para as várias faixas etárias e sectores da população. Tendo um papel fundamental na ajuda aos mais necessitados (física e psicologicamente) e na conservação do ambiente (Lopes, 2006).

É, acima de tudo, uma realização pessoal na medida em que é o indivíduo que de forma livre, desinteressada e responsável se compromete, de acordo com as suas aptidões próprias e no

seu tempo livre, a realizar acções de voluntariado (art. 3.º da Lei n.º 71/98, de 3 de Novembro). É alguém que deseja participar na vida da comunidade tendo apenas como recompensa o sentimento de missão cumprida. Este preocupa-se e dedica-se a ajudar os outros por iniciativa própria e sem

benefícios financeiros ou compensações sendo o gosto de ajudar e conhecer novas pessoas e lugares, criar amizades e satisfazer a necessidade de contribuir para fazer a diferença no meio que

está inserido as motivações que os levam a ser voluntários.

Em 2000 a UNESCO aprovou uma nova concepção de voluntariado juvenil na qual é reconhecida a importância do voluntariado como um meio de promoção da participação dos jovens

e a sua implicação em sectores chave da comunidade, como por exemplo a educação de base, o património cultural e a salvaguarda do meio ambiente (Voluntur, cit Lopes, 2006).

Na Declaração Universal sobre o Voluntariado, aprovado no Congresso Mundial da International Association for Volunteer Effort (IAVE) em Paris, 1990 proclama-se

A

fé na acção voluntária como força criativa e mediadora para respeitar a dignidade de todos, reconhecer a capacidade de cada um para viver a própria vida e para exercer o direito de cidadão; para contribuir para a resolução dos problemas sociais e do meio ambiente; para construir uma sociedade mais humana e mais justa, favorecendo, igualmente, uma cooperação mundial (Armengol, 2004:281).

É por isso um meio por excelência para o protagonismo juvenil, entendida por Costa (2008:64-65) como um processo, uma conquista de todos os dias feita gradualmente e que, pelo

menos teoricamente, pode ser praticado por todos os jovens. As experiências de participação e de

protagonismo de adolescentes e de jovens podem vir a reflectir-se na vida dos jovens adultos de

maneira positiva.

Deste modo, ser voluntário vai contribuir para que cada um tome consciência do seu lugar na sociedade, do seu papel activo na construção de um mundo melhor, mais humano, mais atento,

mais solidário, pois como nos diz Lopes (2006:437)

Ser voluntário é tornar o mundo mais humano; imbuir o humano de humanismo solidário; sensibilizar os poderosos e o mundo da política para a necessidade dos orçamentos governamentais se preocuparem mais com a resolução do problema da fome no mundo, com a saúde, com a educação e menos com as armas e as guerras entre os homens; é ainda procurar a união dos homens, mobilizando-os para projectos em torno de valores humanitários; rejeitar a desumanidade resultante do domínio sobre o homem.

5.

OS CAMPOS DE FÉRIAS INACIANOS