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Expetativas e sugestões dos informadores-chave face ao problema e sua

No documento ACALMA (páginas 72-75)

Parte II. Capacitação parental e aleitamento materno: Diagnóstico de necessidades e recursos

2.5. Definição de prioridades de intervenção

2.5.1. Expetativas e sugestões dos informadores-chave face ao problema e sua

Concebendo-se a intervenção numa perspetiva de participação dos principais interessados e beneficiários do projeto, de forma a mobilizarem-se e participarem na resolução dos seus problemas, procurou-se conhecer as expetativas e sugestões de interventores e grupo-alvo, a partir dos testemunhos dos informadores-chave.

Para empreender esta tarefa, tomou-se como ponto de partida o reconhecimento de formas de retificar as principais lacunas inerentes aos recursos sociais disponíveis, assim como a opinião acerca da viabilidade de implementação de uma rede de apoio social, integrando todas as iniciativas existentes através da articulação das várias entidades que as promovem, e de outras oriundas da sociedade civil capazes de colmatar os hiatos entre as necessidades e as ofertas, a que os serviços públicos não conseguem responder.

Os resultados da análise de opinião acerca da rede de apoio social, indicam a ideia como bem aceite e viável, pois “tudo o que venha promover melhor suporte aos pais/bebés da região é

de avançar!” (FPG2), sendo considerado que “a rede de apoio envolvendo profissinais e associaçoes da comunidade e com um caracter informal seria uma mais valia”. (FPG5). Esta

inclusão de iniciativas de entidades da economia social é justificada pela constatação de que os pais por um lado “não têm condições económicas para pagar este tipo de serviços” (EP5) e por outro “consideram que este tipo de serviços não se paga: acham que têm direito a ele como

tal deve ser gratuito ou tendencialmente gratuito” (EP4). Uma vantagem apontada por ambos

os grupos é a possibilidade de implementação de novos projetos que levem para fora dos serviços de internamento estas vertentes de apoio e acompanhamento pós-alta, dado que “por

vezes os pais sentem-se mais à vontade fora do ambiente hospitalar” (EM5), salvaguardando

no entanto, que “o trabalho das associações na comunidade tem de ser sempre apoiados pelos profissionais de saúde...” (FGP4).

O sucesso terá de passar pela existência de “Mediação e liderança: Um promotor capaz de

liderar um grupo, de estabelecer os objetivos de cada um (em concordância com todos) para que cada um soubesse o que lhe compete” (EP1), sendo considerado fundamental “haver mediação isenta com foco no que se quer” (EP1) e um mediador capaz de convocar os vários

intervenientes e avaliar o progresso dos trabalhos.

As sugestões para tornar a ideia bem-sucedida vão ao encontro dos problemas identificados e atrás descritos, pelo que a promoção da articulação e comunicação é principal foco das propostas, perante as quais é necessário “(…) unir esforços para ver a floresta e não apenas a

sugeridas a realização de reuniões de trabalho com profissionais das diferentes entidades e constituição de “(…) grupos de trabalho onde estivessem representados os diversos

profissionais que contactam com os pais e com o bebé para uniformizar práticas e para se criarem sugestões de melhoria.” (FGP5).

As propostas passam ainda pela delimitação de campos de ação como ponto-chave, sendo mencionada a necessidade de cada entidade “saber qual o seu público-alvo e suas estratégias…

Isto é: definir os campos de ação de cada um para não haver atropelos” (EP1). Para melhorar

a comunicação e torna-la eficaz, foi mencionado que poderia passar pelo papel ou preferencialmente pela internet, podendo-se “criar uma plataforma de comunicação entre

pares e de informação à comunidade” (FGP3) para o efeito. Tal evitaria os atrasos e a ausência

de informação quando os pais não vão ao CS. A figura de enfermeiro de família ou de referência, foi também considerado como um elo fundamental no circuito de informação.

A uniformização dos ensinos e práticas foi igualmente referenciada, tendo sido proposta “mais

formação para todos os profissionais envolvidos.” (EP3); a constituição de grupos de trabalho;

e realização de reuniões que incluíssem pais e profissionais. Também foi sugerida a necessidade de ter uma base comum de princípios e orientações aos pais, e a diversificação posterior de acordo com a particularidade de cada situação que se apresente, “doseando” a informação dada a cada contacto para evitar “bombardear os pais com excesso de informação” (FGP5). Como propostas mais gerais foram apontadas por ambos os grupos, a necessidade de respeitar e apoiar a mãe independentemente das suas opções em amamentar ou não amamentar, assim como a “A criação de uma cultura de amamentação na região, para todas as pessoas

interessadas e não criar a ideia que que tem de ser uma obrigação das mães.” (FGP5). Foi ainda

referida pelo grupo de profissionais a necessidade de “apostar na divulgação” (EM3), “(…)

divulgar melhor as redes de apoio de enfermagem existentes hospital/centros de saúde , pois após a alta as pessoas tendem a esquecer-se de nos como suporte.”(FGP2). A divulgação recai ainda sobre a existência dos grupos de apoio mútuo na comunidade e dos grupos de trabalho que supostamente existem, mas são desconhecidos dos restantes profissionais. A replicação de projetos existentes em outros países foi também abordada, mas sem concretização de um exemplo específico.

As propostas e sugestões referidas pelos diferentes informadores-chave identificadas por ambos grupos de informadores chave, descritas mais pormenorizadamente na Tabela A2 (Anexo 2); na Tabela A5 e Tabela A6 (Anexo3) e compiladas na Tabela 11, serão consideradas no plano de ação do projeto de forma a otimizar as estratégias e alcançar máximo impacte.

Tabela 11. Sugestões dos informadores-chave face aos problemas identificados

SUGESTÕES DOS INFORMADORES-CHAVE

PROBLEMA Profissionais Mães

Serviços

inadequados Divulgar serviços de apoio existentes: profissionais; grupos de trabalho; grupos de apoio mútuo Divulgar serviços de apoio existentes: Promover articulação e comunicação entre as várias

entidades: reuniões; grupos de trabalho; elos de ligação - Melhorar circuito de informação: Papel/internet; Enfº família - Uniformizar ensinos e práticas: Base comum, adaptação

particular; doseamento informação Uniformizar ensinos e práticas: Base comum, adaptação particular;

Definir campos de ação -

Alocação recursos exclusivos para acompanhamento pós-alta -

Respeitar e apoiar as opções da mãe Respeitar e apoiar as opções da mãe Desenvolver uma cultura de amamentação na região -

Replicar exemplos de outros países -

Serviços

insuficientes Criar novos serviços Públicos: cantinho da amamentação no CS; Serviço de acompanhamento pós-alta

Criar novos serviços Públicos: Apoio profissional; Acompanhamento pós- alta personalizado

Criar novos serviços Outras entidades: Apoio profissional;

workshops; serviço de acompanhamento pós-alta

Criar novos serviços Outras entidades: Apoio profissional; acompanhamento pós-alta personalizado

Neste contexto, tendo em consideração o renovado quadro de referência resultante do diagnóstico e as sugestões dos informadores-chave, confirma-se e salienta-se a criação da rede de apoio social como uma solução possível, adequada e abrangente uma vez que permitirá agir sobre as causas cruciais, debelando simultaneamente as de menor repercussão sobre o problema e colmatando inclusivamente os efeitos dos fatores causais exteriores pela otimização de recursos. A aplicação desta estratégia antevê-se como indutora de um “efeito de bola de neve”, uma vez que criar novas iniciativas na comunidade, pode incidir na oferta de serviços de acompanhamento presencial no período pós-natal e/ou incluir componentes práticas, assim como acesso a equipamentos de apoio ao aleitamento materno.

A articulação destas iniciativas junto com as já existentes, pressupõe a exigência de uma melhoria significativa do circuito de comunicação, de otimização das respostas disponíveis quer seja pela uniformização dos cuidados, quer seja pela complementaridade dessas respostas numa perspetiva de parceria e partenariado, com repercussão ao nível dos recursos que cada entidade tem de dispor: diversificar as áreas, distribuindo-as pelas várias entidades permite mobilizar mais recursos para cada uma; pelo contrário, duplicar ofertas perpetua o problema dos serviços inadequados, uma vez que a dispersão de recursos reduz a performance prosseguindo a visão de que “faz-se o que se pode”. Cada um por si “faz o que pode”, o que em virtude dos resultados do diagnóstico parece traduzir-se em pouco, contudo se as forças se unirem, se articularem e se todos trabalharem em função de um mesmo objetivo, tanto “o que se pode fazer” como “o que se faz” pode aumentar exponencialmente, traduzindo-se no caso concreto num contributo significativo na promoção da adaptação à parentalidade, dos cuidados adequados ao bebé e do sucesso no aleitamento materno.

No documento ACALMA (páginas 72-75)