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Exposição a condições e caraterísticas de trabalho e respetivo incómodo para o total da

Capítulo III. Trabalho e Saúde: Da Avaliação à Compreensão, Apoiados na Perceção

8. Apresentação e Discussão dos Resultados

8.1. Exposição a condições e caraterísticas de trabalho e respetivo incómodo para o total da

A apresentação de resultados que se segue vai ser organizada de acordo com as componentes que considerámos Ambiente Físico; Constrangimentos Físicos; Constrangimentos do Ritmo de trabalho; Autonomia e Iniciativa; Relações de Trabalho; Contacto com o Público e Características de Trabalho. Nesta fase vamos apresentar os resultados para a amostra total.

8.1.1. Ambiente físico e constrangimentos físicos

Em relação ao Ambiente Físico (Tabela 3), os fisioterapeutas consideram estar mais expostos a situações de calor/frio ou variações de temperatura (46,6%) e a agentes biológicos (38,2%). O incómodo é mais percecionado para essas duas situações (37,8% e 25,7%, respetivamente) e para o ruído nocivo (25,7%). Em termos médios as situações mais incomodativas são a exposição a ruído e aos agentes biológicos.

Tabela 3: Exposição a Condições do Ambiente Físico e Constrangimentos Físicos e Respetivo

Incómodo

Exposição Incómodo M DP

n % n %

AMB

Ruído muito elevado 17 6,8 15 6,0 3,59 1,121 Ruído nocivo 73 29,3 64 25,7 3,22 0,798

Vibrações 19 7,6 10 4,0 2,56 0,984

Radiações 26 10,4 8 3,2 2,23 0,863

Calor/frio ou variações de temperatura 116 46,6 94 37,8 3,16 0,786 Poeiras ou gases 21 8,4 14 5,6 3,16 1,167 Agentes biológicos 95 38,2 64 25,7 3,22 1,147 Agentes químicos 15 6,0 5 2,0 2,36 0,929 Iluminação inadequada 51 20,5 39 15,7 3,20 0,912 CF Gestos repetitivos 169 67,9 126 50,6 3,12 0,927 Gestos precisos e minuciosos 145 58,2 84 33,7 2,72 0,989 Posturas penosas 202 81,1 171 68,7 3,51 0,960 Esforços físicos intensos 184 73,9 161 64,7 3,59 0,980 Permanecer muito tempo de pé na mesma

posição 130 52,2 106 42,6 3,40 1,005 Permanecer muito tempo de pé com

deslocamento 160 64,3 102 41,0 2,94 0,989 Permanecer muito tempo sentado 18 7,2 7 2,8 2,28 0,669 Subir e descer com muita frequência 55 22,1 25 10,0 2,49 0,823 Deslocações profissionais frequentes 39 15,7 31 12,4 3,30 1,114

Ainda na Tabela 3 estão as situações que em termos físicos podem ser fonte de constrangimentos. Os fisioterapeutas referem uma maior exposição a posturas penosas (81,1%), a esforços físicos intensos (73,9%) e a gestos repetitivos (67,9%). Estes constrangimentos são considerados como os que mais os incomodam. Em média são as posturas e os esforços físicos que são considerados mais incomodativos.

8.1.2. Constrangimentos do ritmo de trabalho e autonomia e iniciativa

Em termos de Ritmo de Trabalho (Tabela 4) destaca-se, maioritariamente, a exposição a circunstâncias de terem de fazer várias coisas ao mesmo tempo (73,5%), de

se apressarem (67,5%) e de resolverem problemas imprevistos sem ajuda (61,0). Um maior incómodo é relatado para as situações de terem de se apressar (55,4%) e para as de fazer várias coisas ao mesmo tempo e não poderem fazer ou encurtarem uma refeição (43,8%).

Em média o maior incómodo acontece para as situações de necessitarem de se deitar depois da meia-noite e de terem de se apressar. Na mesma tabela verifica-se que das situações que dizem respeito à Autonomia/Iniciativa, os fisioterapeutas consideram estar mais expostos a ter de obedecer a um horário de trabalho rígido (22,1%) e a obedecer a uma ordem pré-definida de realização de tarefas (17,3%). É, também, nestas situações que se consideram mais incomodados.

Tabela 4: Exposição a Condições de Ritmo de Trabalho e Autonomia e Iniciativa e Respetivo

Incómodo

Exposição Incómodo M DP

n % n %

CRT

Acompanhar ritmo imposto 46 18,5 30 12,0 3,02 1,055 Depender do trabalho de colegas 63 25,3 38 15,3 2,82 1,094 Depender de pedidos diretos de

clientes/utentes 93 37,3 35 14,1 2,25 0,905 Cumprir normas de produção ou prazos

rígidos 95 38,2 55 22,1 2,78 1,121

Adaptar a mudanças de

métodos/instrumentos 87 34,9 30 12,0 2,28 1,013 Trabalhar longos períodos ao computador 30 12,0 19 7,6 2,76 0,786 Fazer várias coisas ao mesmo tempo 183 73,5 109 43,8 2,79 1,002 Frequentes interrupções 141 56,6 88 35,3 2,83 0,971 Apressar 168 67,5 138 55,4 3,24 1,004 Resolver situações/problemas imprevistos

sem ajuda 152 61,0 80 32,1 2,67 1,042 Manter o olhar fixo sobre o trabalho 22 8,8 9 3,6 2,46 1,141 "Saltar" ou encurtar uma refeição ou nem

realizar pausa 138 55,4 109 43,8 3,24 1,079 Dormir a horas pouco usuais 17 6,8 14 5,6 3,17 1,150 Ultrapassar o horário normal 119 47,8 80 32,1 2,96 1,072 Deitar depois da meia-noite 14 5,6 13 5,2 3,29 1,213 Levantar antes das 5 da manhã 5 2,0 4 1,6 3 1,225

AI

Fazer o trabalho tal e qual como foi definido,

sem qualquer possibilidade de alteração 35 14,1 29 11,6 3,39 1,321 Obedecer a uma ordem pré-definida de

realização das tarefas, sem qualquer possibilidade de alteração

43 17,3 35 14,1 3,56 1,367 Respeitar de forma rígida os momentos de

pausa, sem os poder escolher 33 13,3 19 7,6 2,94 1,273 Obedecer a um horário de trabalho rígido,

sem qualquer possibilidade de pequenas alterações

8.1.3. Relações de trabalho

A necessidade de ajuda (59,8%), a agressão verbal (30,5%), a desconsideração pelas opiniões próprias (28,5%) e a intimidação (28,1%) são as situações a que os fisioterapeutas consideram estar mais expostos. O incómodo referido é maior para as situações de intimidação (25,3%) e para a agressão verbal (23,7%). O incómodo médio é maior para a intimidação. Considerando-se, quase na totalidade, expostos ao Contacto com o Público, os fisioterapeutas referem, maioritariamente, estar expostos a diferentes situações, sendo as mais relatadas as de ter de dar resposta às dificuldades ou sofrimento de outras pessoas (88,0%), suportar as exigências do público (85,5) e ao confronto com situações de tensão nas relações com o público (74,7%). O incómodo é mais relatado relativamente ao confronto com situações de tensão (47,0%) e à agressão verbal do público (45,0%). A agressão verbal e física são as situações com maior valor médio de incómodo (Tabela 5).

Tabela 5: Exposição a Constrangimentos nas Relações de Trabalho e ao Contacto com o Público e

Respetivo Incómodo

Exposição Incómodo M DP

n % n %

RT

Necessidade de ajuda e nem sempre existir 149 59,8 55 22,1 2,18 1,147 Desconsiderada a opinião 71 28,5 56 22,5 3,55 1,263 Impossível exprimir à vontade 42 16,9 38 15,3 3,88 1,096 Agressão verbal 76 30,5 59 23,7 3,51 1,201 Agressão física 46 18,5 33 13,3 3,28 1,294 Assédio sexual 26 10,4 20 8,0 3,80 1,443 Intimidação 70 28,1 63 25,3 3,97 1,063 Discriminação sexual 7 2,8 5 2,0 3,33 1,211 Discriminação por idade 26 10,4 21 8,4 3,41 1,248 Discriminação por nacionalidade/raça 0 0,0 0 0,0 5 -- Discriminação por deficiência física ou mental 1 0,4 1 0,4 5 --

CP

Contato com o público 244 98,0 11 4,4 1,30 0,673 Suportar as exigências do público 213 85,5 105 42,2 2,56 0,978 Confronto com situações de tensão nas

relações com o público 186 74,7 117 47,0 2,82 0,977 Agressão verbal do público 161 64,7 112 45,0 3,10 1,095 Agressão física do público 90 36,1 62 24,9 3,05 1,092 Resposta às dificuldades ou sofrimento de

8.1.4. Caraterísticas do trabalho

A grande maioria dos fisioterapeutas trabalha na presença de outros e no seu trabalho tem de aprender coisas novas, situações que não os incomodam. Consideram estar, também, expostos a um trabalho que será difícil realizar quando tiverem 60 anos (79,9%), que implica momentos de hipersolicitação (75,1%), onde faltam equipamentos/instrumentos adequados (55,8%) e pouco reconhecido pelas chefias (50,6%). O incómodo é mais relatado para a dificuldade de realizar o seu trabalho aos 60 anos (76,6%) e para a falta de equipamentos/instrumentos adequados (49,4%). Em média o incómodo é maior nas situações em que o trabalho tem condições que abalam a sua dignidade e para a dificuldade que consideram ter para realizar o seu trabalho aos 60 anos (Tabela 6).

Tabela 6: Exposição a Caraterísticas do Trabalho e Respetivo Incómodo

Exposição Incómodo M DP

n % n %

CT

Sempre sozinho 12 4,8 8 3,2 2,64 1,393 Sempre na presença de outros 222 89,6 12 4,8 1,32 0,642 Aprender coisas novas 211 84,7 4 1,6 1,19 0,493

Monótono 27 10,8 22 8,8 3,35 0,846

Excessivamente variado 70 28,1 16 6,4 1,84 0,987 Pouco criativo 33 13,3 21 8,4 2,79 1,244 Muito complexo 101 40,6 18 7,2 1,85 0,873 Com momentos de hipersolicitação 187 75,1 119 47,8 2,91 0,998 Pouco organizado do ponto de vista

ergonómico 118 47,4 102 41,0 3,34 0,978 Onde faltam equipamentos/instrumentos

adequados 139 55,8 123 49,4 3,48 0,966 Com instalações inadequadas 91 36,5 81 32,5 3,48 1,007 Pouco reconhecido pelos colegas 65 26,1 58 23,3 3,52 0,976 Pouco reconhecido pelas chefias 126 50,6 121 48,6 3,97 0,890 Com condições que abalam dignidade 16 6,4 15 6,0 4,53 1,007 Difícil realizar aos 60 anos 199 79,9 191 76,7 4,10 0,975 No qual me sinto explorado 115 46,2 111 44,6 4,04 0,959 Que gostava que os meus filhos não

realizassem 83 33,3 67 26,9 3,67 1,361 Com o qual estou pouco satisfeito 81 32,5 77 30,9 4,01 1,053

8.1.5. O incómodo nas componentes de situações e caraterísticas de trabalho Na Tabela 7, verifica-se que o valor médio de incómodo é mais elevado na componente Autonomia e Iniciativa (3,19) e mais baixo no contacto com o público (2,35).

Tabela 7: Incómodo Médio em cada Componente Componentes M DP s.r. AMB 3,03 0,794 79 CF 3,10 0,834 15 CRT 2,81 0,732 23 AI 3,19 1,224 153 RT 2,84 1,155 65 CP 2,35 0,826 9 CT 2,75 0,821 5

Nota. No total da coluna s.r. (sem resposta) estão incluídos para além dos missings

os sujeitos que na questão relativa à exposição responderam nunca.