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EXPRESSÕES ARTÍSTICAS NA EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO HOMEM NOVO

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EXPRESSÕES ARTÍSTICAS NA EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO HOMEM NOVO

Maria José dos Santos Cunha

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

mjscunha@net.sapo.pt

RESUMO: É nossa intenção neste artigo e porque o que está em causa é a construção do

“homem novo”, dar a conhecer os traços mais marcantes de uma experiência que se manifestou na realização de um conjunto de ateliês artístico/educativos, dinamizados por alunos da UTAD. Com a proposta pretendíamos colocá-los em contacto direto com públicos de diferentes realidades e faixas etárias, o que desde logo contribui, em nosso entender, para lhes aumentar sensibilidades, os desenvolver pessoal e socialmente e melhor lidarem com futuros públicos, propostas e desafios profissionais.

A metodologia utilizada foi a de “projeto de aprendizagem”, enquadrada no grupo denominado “métodos centrados nos alunos”. Os objetivos que nos moviam eram os de lhes fornecer experiências efetivas que lhes possibilitassem novos caminhos para o conhecimento de si e do outro e, com isso, um desenvolvimento cognitivo, físico e afetivo real. A avaliação, outro elemento importante da aprendizagem que esteve presente em vários momentos do processo, deu a conhecer que esta forma de abordar a aprendizagem e o desenvolvimento foi favorecedora da preparação dos alunos para o mundo do trabalho, ajudou a desenvolver o seu espírito criativo e expressivo-comunicativo, a responsabilidade individual e a capacidade de trabalho em equipa.

Introdução

Hoje em dia o que está em causa é a construção de um homem capaz de refletir, de desenvolver capacidades criativas, de expressão simbólica e estética, de se motivar e compreender a importância das relações de interdependência com o meio ambiente. Um homem que seja, sobretudo, capaz de estabelecer uma relação ética com os demais. Ajudar a alcançar estes objetivos é, de certa forma, missão do professor a quem cabe promover, a partir do seu conhecimento, alternativas ao modelo de educação da sociedade capitalista, como forma de impedir que se venham a conhecer, num futuro próximo, as consequências de um modo de vida pautado exclusivamente por uma racionalidade instrumental, económica e artificial, em que a sociedade, em vez de se centrar no homem, se centra no mercado. Por tais motivos e porque educar é algo mais do que proporcionar conhecimentos, o professor é desafiado a agir com outra visibilidade: a de ter em atenção a diversidade, os diferentes ritmos e o de estar comprometido com o desenvolvimento global do ser humano em todos os seus estádios de crescimento. Esta forma de educação é, por assim dizer, conceber um tipo de

formação em que a razão (cognição) e o coração (afeto) jamais se separam, é preparar o aluno ao nível das competências técnicas necessárias à sua futura profissão, mas é também desenvolver o seu self. Ter como pressupostos a educação e o desenvolvimento do aluno, implica que o professor tenha a capacidade de pontualmente lançar mão de técnicas, recursos ou dinâmicas, nomeadamente das expressões artísticas, que lhe permitam consegui-lo, até porque a educação através delas se traduz em processos integrados e abrangentes no sentido do desenvolvimento do ser humano nas suas múltiplas dimensões de formação.

É assim nossa intenção dar a conhecer neste artigo os traços mais marcantes de uma experiência que se manifestou no desenvolvimento de um conjunto de ateliês artístico/educativos — levados a cabo por alunos da UTAD no âmbito da unidade curricular de Atelier: Drama e Cultura da licenciatura em Teatro e Artes Performativas. Com esta proposta de trabalho pretendíamos colocar estes formandos em contacto direto com públicos de diferentes realidades e faixas etárias, logo com necessidades diferentes, o que desde logo contribui, em nosso entender, para desenvolver a sua sensibilidade face a elas e é fundamental para os ajudar a desenvolver pessoal e socialmente, na sua vida artística e numa melhor preparação para lidarem com futuros públicos, propostas e desafios profissionais.

A metodologia a que se recorreu foi a de “projeto de aprendizagem”, que se enquadra no grupo denominado “métodos centrados nos alunos”.

Os objetivos que nos moviam, ao proporcionar aos alunos esta interação direta com diferentes realidades, através do recurso a diferentes expressões artísticas, eram os de poderem abordar de forma inovadora e mais motivadora, compreender e assimilar conteúdos fundamentais para a sua vivência profissional futura, reforçar a sua formação ética, dotá-los de um conjunto de competências que lhes permitam ser mais autónomos, interventivos e seguros, bem como fornecer-lhes experiências afetivas, cognitivas e físicas que lhes mostrem novos caminhos para o conhecimento de si e do outro.

Educação e expressões artísticas: processos integrados e abrangentes no sentido do desenvolvimento do ser humano

Neste mundo complexo e plural, marcado de forma crescente por atitudes de intolerância, marginalização, de criação de estereótipos de vária ordem, onde proliferam

as manifestações de racismo e de xenofobia, educar é cada vez mais uma tarefa exigente e de enorme responsabilidade. Para Camps (1998: 11),

Educar é formar o carácter no sentido amplo do termo: formar o carácter para que se cumpra um processo de socialização imprescindível, e formá-lo para promover um mundo mais civilizado, crítico com os defeitos do presente e comprometido com o processo moral das estruturas e atitudes sociais.

O conceito de educação — uma vez que esta diz respeito ao desenvolvimento humano nas suas diferentes trajetórias de vida, mas também às múltiplas formas de organização social que possibilitam as transformações da pessoa para que esta possa atingir graus mais elevados de realização pessoal e bem-estar social — é deveras complexo. Dias entende a educação “como processo de criar condições para que os seres humanos se desenvolvam em todas as suas dimensões, cresçam, sejam, se realizem, ao longo de toda a sua existência” (2002:18), enquanto que muitos outros autores a consideram como a alavanca da sociedade do conhecimento.

Quando orientada para a promoção de capacidades e competências, a educação requer, sobretudo, equilíbrio e coerência entre orientação formativa, procedimentos pedagógicos adotados e expetativas dos implicados no processo educativo, no qual há inúmeras formas de intervir. De entre essas formas destacamos as expressões artísticas nas suas diferentes modalidades, uma vez que promovem a transmissão de valores sociais. Consideradas como recursos educativos preciosos, especialmente vocacionadas para o desenvolvimento da autonomia dos jovens e da sua autoconfiança, as expressões artísticas contêm em si virtudes que ajudam, na opinião de Schön (1992: 28), “a fertilizar boa parte das experiências que urge levar a cabo nas nossas instituições de formação”. Estas expressões têm, para além disso, a capacidade de provocar o conhecimento de novas realidades e conduzir à reflexão social. Assim acontece com o teatro e a expressão dramática, a música, a dança, a expressão plástica e visual e outras expressões artísticas que, desde que devidamente planeadas e desenvolvidas em grupo, permitem promover o sentido de competência dos jovens, conferem a possibilidade de se desenvolverem afetiva, social e intelectualmente e, com isso, aprenderem a interpretar o mundo, a estruturar o pensamento, a desenvolver o seu equilíbrio emocional, a formar o seu caráter e a afirmar a sua identidade, o que de certa forma vai

ao encontro da opinião de Cunha, quando refere que “existem métodos de acção que por serem mobilizadores e participativos, induzem e coadjuvam a mudança” (2004: 145).

A apreensão destas formas de comunicação, segundo Marques e Sousa (2008: 9), (…) deve ser entendida como um sistema de símbolos e uma manifestação cultural, cujo objectivo se centra em diferentes modos de ler o mundo e de o questionar. Assim, para que tal finalidade seja atingida, torna-se necessário conhecer e compreender os códigos que as várias manifestações artísticas pressupõem.

Porém, a educação através das diferentes expressões não consiste numa mera transmissão de informação, nem depende de um dom. Ela traduz-se, na realidade, em processos integrados e abrangentes no sentido do desenvolvimento do ser humano. A este respeito e tendo em vista estabelecer um acordo acerca do que se entende como desenvolvimento, Magnusson e Cairns (1996) destacaram os sete princípios básicos que o devem nortear: o primeiro desses princípios estabelece que a pessoa se desenvolve e funciona psicologicamente como um organismo integrado, em que os elementos de maturação, experiência e cultura se fundem na ontogenia; o segundo enfatiza que a pessoa em desenvolvimento funciona de acordo com uma dinâmica contínua, num processo de interação com o seu ambiente, incluindo as relações com outras pessoas e grupos sociais e culturais; o terceiro destaca que o funcionamento individual depende de influências recíprocas de interação entre subsistemas da própria pessoa, tais como os sistemas cognitivo, emocional, fisiológico, morfológico, conceitual e neurobiológico, enquanto que os restantes princípios indicam que novos padrões de funcionamento individual surgem durante a ontogenia; que as variações no desenvolvimento produzem diferenças na organização e na configuração de funções psicológicas, podendo o desenvolvimento ser acelerado ou retardado; que o funcionamento psicológico é entendido em termos de organização hierárquica a partir de sistemas dinâmicos mais elementares; e, finalmente que as continuidades e mudanças no desenvolvimento resultam de pressões de forças internas e externas ao organismo. E porque a finalidade da educação é permitir aos jovens que se tornem aprendizes de sucesso, intervenientes eficazes, cidadãos responsáveis e indivíduos confiantes, temos o dever de lhes proporcionar todo o tipo de experimentações num modo de expressão livre, que conduzirá, por certo, a um trabalho de libertação mental e pensamento divergente que se

necessita que seja desenvolvido, tendo em vista uma sociedade evoluída, que aceita as diferenças, consegue respeitá-las e fazer delas a sua riqueza.

As expressões artísticas e os desafios da contemporaneidade

Num contexto marcado pela inovação e imprevisibilidade dos acontecimentos como o atual, em que se procuram cada vez mais indivíduos capazes de garantir desempenhos de excelência nas mais diversas áreas, o ensino superior adquire, inevitavelmente, um papel de relevo enquanto ambiente privilegiado de promoção de competências, sendo estas entendidas por Sanz de Acedo Lizarraga como,

(…) uma combinação de capacidades (habilidades), conhecimentos, atitudes e comportamentos dirigidos à execução correta de uma tarefa num contexto definido; ou como uma forma de atuar na qual as pessoas utilizam o seu potencial para resolver problemas ou fazer algo numa situação concreta. É uma medida do que uma pessoa pode fazer adequadamente em resultado da mobilização dos seus recursos e da planificação das suas ações após a conclusão de um processo de aprendizagem (2010: 16).

O desenvolvimento dessas competências e capacidades são necessárias, na medida em que ajudam os jovens a lidar com os desafios, que nos tempos difíceis que atravessamos, lhes são colocados.

Para Lima (2008), a aprendizagem dá-se por intermédio de um processo cognitivo que envolve afetividade, relação e motivação, daí que as aulas devam ser dinâmicas, de forma a que no tempo em que decorrem esteja presente a descoberta e a contextualização, uma vez que sem isso não há motivação, nem aprendizagem significativa. Por sua vez, a vivência artística influencia o modo como se aprende, como se comunica e como se interpretam os significados do quotidiano.

São diversas as dinâmicas de que se pode lançar mão para trabalhar a desinibição, a sensibilização, a expressão oral e gestual, a oratória, a dicção, a interpretação, a comunicação e a criatividade, e com isso levar a que os jovens passem a desempenhar as suas potencialidades e competências e a exercer a sua conduta com inteligência emocional e autodomínio. De entre essas dinâmicas destacamos a expressão dramática, a dança, a expressão musical e plástica, sobre as quais nos debruçaremos de seguida:

Expressão dramática

A expressão dramática — que se pode levar a cabo através de atividades de experimentação e criação artística, num trabalho físico e de valorização da inteligência emocional e sensível — tem como objetivos fundamentais o desenvolvimento da expressão individual do aluno e da sua competência comunicativa. Bento (2003) considera-a como atividade pré-teatral, na medida em que a sua finalidade não é apresentar um espetáculo.

A expressão dramática atua com uma eficácia inigualável, tornando-se necessário considerá-la em três grandes linhas: como instrumento de auto educação, autonomia e capacidade de relação com os outros; como meio de facilitação da aprendizagem escolar, aprendizagem de concentração e atuação sobre os sentidos; como sensibilização da vida estética e artística. Assim sendo, o recurso à expressão dramática tanto melhora a postura corporal, a flexibilidade, a expressividade de movimentos e gestos, como desenvolve a criatividade, a competência comunicativa e a aprendizagem global.

Ao permitir experiências diversificadas, a expressão dramática pode facilitar o desenvolvimento pessoal e social através da mudança de atitudes e, mais importante ainda, é o ser capaz de educar o indivíduo sem o privar do que é mais humano em si, o sentir e o pensar. Desafia, para além disso, para os benefícios do trabalho em equipa, ajuda a estabelecer laços a nível pessoal e relacional e proporciona estímulos para o desenvolvimento humano de indivíduos com perspetivas e formas de atuação inovadoras e fortemente orientadas para a conduta exigida pela nova sociedade que se impõe, face a um mundo globalizado. Tem-se, no entanto, consciência que

(…) optar por fomentar modos pessoais de sentir e pensar perante os outros e o mundo que os cerca, modos pessoais e únicos que se relacionam com os de outrem e se organizem em produtos expressivos e criativos, é uma opção exigente (Kowalski, 2000: 121).

A grande oportunidade que a expressão dramática nos dá é, portanto, a de se poder estar num espaço e num tempo, formal ou não-formal e ser-se capaz de desenvolver e trabalhar valores educativos a partir dela.

Dança

A dança — uma das formas que o homem encontrou para expressar os seus sentimentos — é expressão, significado, movimento, é vida. Cada movimento revela

quem é o sujeito ou a situação em que se encontra. Em paralelo com as outras expressões, a dança desenvolve uma extensa área da capacidade intelectual e proporciona um modo especial de se usar a imaginação.

Desde a antiguidade que a humanidade tinha na expressão corporal, através da dança, uma forma de se comunicar. Aliás, a dança foi a primeira forma de expressão essencialmente grupal do homem. A dança tinha um caráter místico, daí que fosse muito difundida em ritos religiosos e raramente dançada em festas comemorativas. Com o renascimento cultural dos séculos XV-XVI, a dança sofre profundas alterações, que já se vinham evidenciando ao longo de anos e começa a ter um sentido social, isto é, passa a ser levada a cabo pela nobreza em festas, como forma de entretenimento e recreação. Desde então, a dança social transformou-se e aos pouco tornou-se acessível às camadas menos privilegiadas da sociedade. Diversificou-se, enriqueceu-se e hoje, entendida como a arte de mover o corpo segundo uma certa relação entre tempo e espaço – que se estabelece graças a um ritmo e a uma composição coreográfica – dança-se por espírito lúdico, socializante, extravasamento de alegria, comemoração de vitórias ou celebração de factos.

Seja espontânea ou organizada, a dança expressa um sentimento ou uma situação determinada e pode ser complementada por gestos destinados a torná-la mais inteligível. Por vezes, este importante elo de conexão entre o homem e o que o rodeia, tem por instrumento único o corpo, que funciona, no dizer de Cunha, como se fosse “o veículo que faz a ligação com as relações que o homem estabelece” (2008: 263), sendo através dele e dos seus gestos que o homem elabora o seu próprio ritmo e expressa a sua relação com o meio.

A dança é não apenas uma forma de expressão, mas também um instrumento educacional, que permite às crianças e adolescentes aprenderem a ter disciplina e a desenvolverem a criatividade. E porque é através do movimento que o indivíduo se manifesta, entendemos as aulas de dança como espaços de aprendizagem onde se estabelece uma relação entre criar, executar e observar o outro, com a possibilidade de se efetuarem trocas, a vários níveis, que conduzem a progressos de desenvolvimento ao nível da autonomia corporal e intelectual, da socialização, da cooperação e do divertimento.

Expressão musical

A música envolve o corpo e a mente, o sentimento do “eu” e a compreensão dos outros. Fazer música implica construir canais de comunicação, dar condições de descoberta, abrir caminhos para as emoções evoluírem e se desenvolverem. A educação musical é muito importante, porque desenvolve sentimentos coletivos e de autocontrole, disciplina movimentos do corpo, gestos e atitudes e contribui para uma harmonia corporal e afetiva. O envolvimento nessas experiências de construção faz parte da educação da inteligência, da sensibilidade e dos afetos.

Quando bem trabalhada a música desenvolve o raciocínio, a criatividade, outros dons e aptidões, para além de ter o dom de aproximar as pessoas. Tem por outro lado, imenso poder de transmissão de sentimentos e ideias, daí que se utilize em todos os meios de comunicação, onde pode ser mensagem em si mesmo, ou reforço da mensagem. O ser humano que com ela convive aprende a conviver melhor com os outros e estabelece um meio de comunicação muito mais harmonioso. Na sua ação educativa, esta expressão artística colabora no desenvolvimento geral do ser humano, nomeadamente na inteligência auditiva, na coordenação psicomotora e capacidade expressiva.

Pelas inúmeras oportunidades que as atividades musicais podem oferecer, é previsível que projetos de trabalho que as incluam viabilizem novos rumos e novas práticas para a educação.

Expressão plástica

Atividade natural e espontânea, a expressão plástica tem por objetivo a expressão das emoções e sentimentos através da criação. As formas de expressão plástica são formações expressivas onde se utilizam técnicas de produção que manipulam materiais para construir formas e imagens que revelam uma conceção estética ou até poética. As mais utilizadas são o desenho, a pintura, o recorte, a colagem e a modelagem. A expressão plástica que atua sobre dois eixos, “o saber fazer” e “o saber ver” da arte, é um meio de comunicação capaz de levar a reproduzir, num suporte material, as ideias que se idealizam e um meio que permite ao homem exprimir-se livremente e exteriorizar nos desenhos e construções, tudo aquilo que sente e pensa. Possibilita, para

além disso, trabalhar e explorar diferentes tipos de material, estimular a imaginação e desenvolver o espírito criativo.

Ateliê: projeto de educação, aprendizagem e desenvolvimento

Uma sociedade evoluída é a que aceita as diferenças, consegue respeitá-las e fazer delas a sua riqueza. Com esta finalidade devemos proporcionar aos nossos alunos todo o tipo de experimentações num modo de expressão livre que conduzirá, por certo, a um trabalho de libertação mental e pensamento divergente, que se necessita que seja desenvolvido.

No âmbito deste trabalho e tendo em vista os objetivos focados, a primeira decisão a tomarmos foi solicitar aos alunos da turma que, de forma espontânea, constituíssem quatro grupos de trabalho e informá-los que cada grupo deveria organizar um ateliê artístico/educativo dirigido a um determinado público à sua escolha. Na opinião de Sanches González (2010: 25),

Esta forma de constituição dos grupos apresenta a vantagem de proporcionar equipas com fraca conflitualidade, uma vez que, normalmente, os alunos escolhem agrupar-se com aqueles com quem sentem maior afinidade. Por outro lado, na medida em que são os próprios a constituírem- se como grupo, o nível de responsabilidade que assumem relativamente aos resultados é geralmente maior que nas restantes modalidades de constituição.

Após a constituição dos grupos — e dado que se desejamos que o aluno trabalhe numa determinada proposta devemos facilitar-lhe orientações nesse sentido — houve lugar a uma reflexão sobre o conceito de ateliê e foram facultadas aos alunos indicações claras e precisas acerca dos passos a ter em conta na sua elaboração. Focamos, nomeadamente, a atitude e postura correta de quem o organiza e orienta, bem como os dados que devem constar da planificação do mesmo. Foram igualmente informados, que cada ateliê deveria ter uma componente artística/educativa como base e um tempo limite de duração e que, no período em que um dos ateliês estivesse a ser implementado, todos os colegas de turma que não fizessem parte desse grupo de trabalho deveriam assistir a ele e dar assistência ao processo, uma forma de fomentar a solidariedade e cooperação entre todos.

Cada grupo deveria assim selecionar os objetivos do seu ateliê, os conteúdos, estratégias e atividades a desenvolver, os recursos materiais e humanos necessários para

o efeito, bem como escolher os destinatários do seu ateliê (idosos, jovens ou crianças). Deveria ainda, indicar a forma como o trabalho seria avaliado por quem a ele assistisse. Foi ainda solicitado que cada grupo desenhasse o guião do seu trabalho e anexasse a este todas as fontes que lhe permitiram o processo de criação, bem como a elaboração

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