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IN POULTRY LITTER DURING PILOT-SCALE COMPOSTING 129 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

2.4 CONTAMINANTES ORGÂNICOS

2.4.2 Fármacos e Produtos de Cuidado Pessoal

Aproximadamente, há uns 15 anos, um grande número de trabalhos científicos referentes à presença de fármacos no meio ambiente têm sido publicados, principalmente devido ao potencial efeito nocivo dessas substâncias no meio ambiente e a saúde humana (GRACIA-LOR et al., 2012; BU et al., 2013; GARCÍA et al., 2013; LIU; WONG, 2013; GUTIÉRREZ et al., 2016). Os PPCPs são um grupo de compostos amplamente diversificados utilizados na medicina veterinária, na agricultura, na saúde humana e no cuidado pessoal (fragrâncias, sabonetes, loções, cremes dentais, protetores solares, dentre outros). Grandes quantidades de fármacos, de diversas classes são consumidos em todo o mundo para o tratamento ou diagnóstico de doenças. Fármacos, como ibuprofeno e outros

são consumidos em uma faixa de centenas de toneladas por ano em países como a Inglaterra, Alemanha e Austrália (SCHNELL et al., 2009; BU et al., 2013; GARCÍA et al., 2013; GUTIÉRREZ et al., 2016).

PPCPs contém diversos subgrupos de compostos orgânicos, tais como fármacos: antibióticos, hormônios, antiinflamatórios, antipiléticos, β-bloqueadores, citostáticos, etc; e, produtos de cuidado pessoal como almíscares sintéticos, repelentes, conservantes, filtros solares. A Tabela 2 apresenta esses grupos de fármacos e produtos de cuidado pessoal com alguns exemplos de princípios-ativos (LIU; WONG, 2013).

PPCPs são suspeitos de causar elevadas taxas de câncer, deficiência reprodutiva em seres humanos e animais, bem como desenvolvimento e disseminação de resistência antimicrobiana (GRACIA-LOR et al., 2012). Esse grupo de contaminantes não precisa ser persistente no ambiente para causar efeitos negativos devido a sua emissão contínua, e ainda têm potencial de bioacumulação em diferentes níveis tróficos (GRACIA-LOR et al., 2012; BU et al., 2013).

Algumas fontes de contaminação por PPCPs são efluentes domésticos, industriais, hospitalares, chegando às estações de tratamento de esgoto com sua estrutura levemente alterada ou mesmo sem alterações, e em seguida entrando no ambiente aquático. A contaminação ambiental ainda pode ser atribuída à entrada direta devido ao uso em instalações de aquicultura ou indireta através da manipulação durante atividades agrícolas (BU et al., 2013).

Existe uma preocupação constante em relação aos resíduos destes produtos em todo o mundo, principalmente pelo fato de serem produzidos em grande escala. Vários trabalhos relatam que os mesmos não podem ser degradados durante os tratamentos convencionais de água, e como consequência, uma enorme variedade de resíduos de produtos farmacêuticos tem sido detectada em águas residuais e em águas de superfície na faixa de ng L-1 a µg L-1 (SCHNELL et al., 2009; BU et al., 2013; GARCÍA et al., 2013; LIU; WONG, 2013; FAIRBAIRN et al., 2015). Os PPCPs podem ainda ser encontrados em solo através da irrigação utilizando água de reuso, ou pelo uso de fertilizantes, como cama de frango (CHEN et al., 2013; LI et al., 2015).

Tabela 2 - Classificação dos PPCPs e alguns compostos representativos de cada grupo.

FONTE: LIU; WONG, 2013

2.5 LEGISLAÇÃO

Limites máximos de resíduos (LMR) são estabelecidos para alguns agrotóxicos e medicamentos de uso veterinário em peixe, porém não há legislação específica para resíduos sólidos, como a cama de frango. LMR também são estabelecidos para amostras de frutas, em legislação nacional e internacional. A

Subgrupos Representativos Compostos

Fármacos Antibióticos Claritromicina Eritromicina Sulfametoxazol Sulfadimetoxina Ciprofloxacino Norfloxacino Cloranfenicol Hormônios Estrona Estradiol Etinilestradiol Analgésicos e antiinflamatórios Diclofenaco Ibuprofeno Paracetamol Antiepiléticos Carbamazepina Primidona Dislipidêmicos Clofibrato Genfibrozila β-bloqueadores Metoprolol Propranolol

Meios de contraste Diatrizoato

Iopromida Citostáticos Ifosfamida Ciclofosfamida Produtos de Cuidado Pessoal

Agentes antimicrobianos Triclosan

Triclocarban

Almiscar sintética/fragrâncias Galaxolida (HHCB)

Toxalida (AHTN) Repelentes N,N-dietil-m-toluamida (DEET) Conservantes Parabenos Filtros solares 2-etil-hexil-4- trimetoxicinamato (EHMC) 4-metil-benzilidina-camfor (4MBC)

União Européia define que os LMRs devem ser estabelecidos em conformidade com os princípios geralmente reconhecidos de avaliação da segurança do alimento. No estabelecimento do LMR são observados os riscos toxicológicos, a contaminação ambiental e os efeitos microbiológicos e farmacológicos dos resíduos. Além disso, outras avaliações científicas da segurança das substâncias são efetuadas por organizações internacionais (EUROPEAN UNION, 2009a).

Neste sentido, a diferença entre resíduo e contaminante são conceitos que devem ser bem compreendidos. O primeiro, refere-se à uma ou mais substâncias presentes no interior ou à superfície dos vegetais, dos produtos vegetais ou dos produtos comestíveis de origem animal, na água potável ou no ambiente, e resultantes da utilização de um produto fitofarmacêutico, incluindo os respectivos metabólitos e produtos resultantes da sua degradação ou reação (EUROPEAN UNION, 2009b). Já o termo contaminante é definido como qualquer substância que não seja intencionalmente adicionada aos alimentos. Os contaminantes podem estar presentes nos alimentos como resultado das etapas de produção, transformação,

acondicionamento, embalagem, transporte e armazenagem do alimento

(EUROPEAN UNION, 2010).

O monitoramento de resíduos é avaliado em relação ao LMR, que determina a quantidade legalmente permitida, ou reconhecida, como aceitável e é estabelecido para cada composto aprovado para uso em um determinado alimento. O LMR sempre está correlacionado à Ingestão Diária Aceitável (IDA), que por sua vez é obtida a partir de ensaios de experimentação, avaliando-se a toxicidade, a teratogenicidade e a carcinogenicidade destes compostos não intencionais (DENOBILE; NASCIMENTO, 2004).

No Brasil, a competência para estabelecer LMRs em alimentos para agrotóxicos é do Ministério da Saúde através da ANVISA (2010). Por outro lado, o Brasil não estabelece LMR para medicamentos veterinários, adotando aqueles recomendados pelo Mercosul, Codex Alimentarius, União Européia ou Estados Unidos (PACHECO-SILVA; SOUZA & CALDAS, 2014). Além disso, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é responsável por monitorar a presença de resíduos de produtos de uso veterinário e contaminantes ambientais em produtos de origem animal por meio do Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes (PNCRC), o qual é responsável por fiscalizar a ocorrência de violações de limites máximos de resíduos ou teores máximos de contaminantes, e

detectar a utilização de produtos de uso veterinário de utilização proibida, para os quais não há limite de tolerância (MAPA, 2010).

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