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A produção de papel é um processo de transformação, no qual as fibras de celulose (matéria-prima básica) juntamente com aditivo, que dão as características desejadas ao papel, formam uma suspensão. Esta suspensão entra na máquina de papel, na qual por meio de um desaguamento contínuo e progressivo ocorre a formação da folha, que após passar por prensas desaguadoras e um sistema de aquecimento, se transforma no papel semi-acabado. Para a fabricação do papel, são utilizadas como matérias-primas fibras celulósicas virgens ou recicladas (DRUMMOND, 2008).

Conforme Smook (2002), define-se como fibra reciclada qualquer material fibroso que passou pelo processo de fabricação e será reutilizada como matéria-prima para a produção de um novo papel. A qualidade de um papel de fibras virgens é muito maior do que o papel de fibras recicladas, mas com um tratamento adequado o papel de fibras recicladas pode gerar um produto de qualidade consideravelmente boa.

2.6.1 Fabricação de papel de fibra virgem

A fabricação do papel inicia-se no desagregador, um liquidificador gigante semelhante aos domésticos, mas com proporções industrias (entre 500 a 20.000 litros), no qual a celulose (fibra virgem) é desagregada, transformando-se em uma suspensão diluída. Após a desagregação a polpa celulósica é direcionada à refinação

na qual a fibra sofre um tratamento de fibrilação, aumentando sua área superficial. Após, a suspensão de fibra é direcionada ao tanque de mistura, no qual é realizada a adição de outros componentes químicos que constituem o papel. Do tanque de mistura, a massa é direcionada ao sistema de depuração ou limpeza fina, composto de limpadores centrífugos e depuradores pressurizados, os quais eliminam possíveis impurezas da massa por força centrífuga e por peneiras, respectivamente. Seguindo, a massa é bombeada para a caixa de entrada (DRUMMOND, 2008; GALLO, 2001).

Da caixa de entrada a massa é direcionada em forma de jato para uma tela, responsável pela formação do papel. Ao desaguar sobre a tela, as fibras ficam retidas na superfície e a água passa através da tela, caindo em calhas apropriadas. Esta água, rica em partículas de fibras, é recirculada para diluir a massa e realimentar a máquina. Após a tela de formação, a suspensão já em forma de folha úmida entra no setor de prensagem que pode conter 2, 3 ou 4 prensas dependendo do tipo de máquina de papel presente (CAMPOS, 2012; DRUMMOND, 2008).

Existem diversas configurações de prensas, porém são compostas basicamente de rolo inferior, rolo superior e um feltro para absorção de grande parte da água que é extraída do papel. Na saída da última prensa, a umidade da folha estará entre 55% e 60%, seguindo então para o sistema de secagem. Na secagem final do papel utilizam-se cilindros secadores de aço, aquecidos a vapor com diferentes pressões, dependendo da velocidade da máquina e gramatura requerida para o papel. Os cilindros aquecem o papel e então a água evaporada é extraída por exaustores especiais acoplados em uma capota de secagem (ALEXANDRE, 2012; KOGA, 1988).

A umidade do papel, na saída da secagem, varia entre 5% e 8% (teor normal de umidade), dependendo do tipo de papel em fabricação. Algumas máquinas de papel, como por exemplo, as de papéis tissue (utilizados em fins sanitários), possuem somente um cilindro secador, denominado de secador Yankee (BAJPAI, 2015; KOGA, 1988). Por fim, o papel é enrolado em um eixo denominado tubete, que por sua vez é acoplado a outro eixo metálico denominado estanga, finalizando o processo de fabricação da bobina e liberando a mesma para envio ao cliente ou processo subsequente (ANDRIONI, 2006).

2.6.2 Fabricação de papel reciclado

Para Benitez et al. (2014), o papel apresenta entre outras, a grande vantagem de poder ser reciclado diversas vezes, reduzindo perdas. A produção de papel a partir de reciclados envolve significativa economia de energia e água, comparado com o processo que utiliza somente fibras celulósicas virgens. Cada tonelada de papel reciclado evita aproximadamente o corte de 15 a 20 árvores. Além disso, a reciclagem do papel produz 74% menos de poluição atmosférica, além de criar novos empregos. A principal diferença entre a fabricação de papel a partir de fibras virgens e papel reciclado, é que antes da etapa de refinação existem alguns equipamentos de limpeza, o restante do processo é similar. Antes da primeira operação do processo de reciclagem é necessária uma classificação do papel recuperado, que geralmente é realizada nas cooperativas de aparas de papel, que fornecem esse produto aos fabricantes de papel. A importância desta separação está no fato de que se o papel usado for enviando para reciclagem com certos contaminantes, a reciclagem é dificultada (ALEXANDRE, 2012).

Os principais papéis que não podem ser reciclados devido a fins sanitários e problemas no processo são: papel químico, etiquetas adesivas, papel térmico, envelopes com janela (embora se possa retirar a janela e reciclar o resto do envelope), toalhas, lenços, guardanapos de papel, pratos, copos de papel e demais papéis impermeabilizados (ANTUNES, 2001). A Figura 4 apresenta as etapas genéricas resumidas da fabricação de papel, a definição de cada etapa pode ser verificada no Apêndice A.

Figura 4 - Etapas do processo de fabricação de papel Fonte: Elaborado pelo autor

2.6.3 Papel tissue no Brasil

Na presente pesquisa, o papel tissue é o foco, visto que a empresa em que o trabalho foi realizado trabalha com a fabricação desse tipo de produto. Basicamente, o papel tissue é utilizado para fins de higiene, engloba itens como papel higiênico proveniente de celulose virgem ou fibras recicladas, toalhas de papel, guardanapos, toalhas de cozinha, lenço e lençol hospitalar (BRACELPA, 2011). Entre 1962 e 2015, enquanto o resto do mundo cresceu a uma taxa de 4,58% ao ano na produção de papel tissue, o Brasil registrou crescimento de 7,48% ao ano no mesmo período (AYRES; BACHA, 2017; IBÁ, 2017).

Mesmo com números impressionantes em crescimento produtivo, o Brasil se igualou à média per capita anual de consumo mundial de papel tissue apenas em 2014, com 5,5 kg de consumo anual por pessoa. Em contrapartida, continua atrás da média de consumo de vários países como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Japão, que tem um consumo de 23 kg, 10,2 kg, 8,2 kg e 6,4 kg por pessoa, respectivamente. Na américa latina, o Chile tem um consumo de 8,1 kg por pessoa e o consumo da Argentina chega a 5,6 kg, sendo um indicativo de quanto o segmento ainda tem potencial de crescimento no Brasil (AYRES; BACHA, 2017; IBÁ, 2017).

Muito dessa diferença de consumo pode ser relacionada com as grandes diferenças sociais brasileiras. Mesmo que o poder aquisitivo geral do cidadão tenha aumentado, a discrepância entre os extremos da sociedade é expressiva. Enquanto países desenvolvidos tem venda maciça de papel proveniente de celulose virgem, países latino-americanos podem se beneficiar da venda nas diferentes esferas, desde o papel reciclado até o mais nobre, justamente pelas diferenças no poder de compra. Dessa forma, a atenção deve ser focalizada para todos os tipos de produção de papel tissue, buscando a qualidade e eficiência dos recursos, tanto processuais quanto ambientais.

3 METODOLOGIA

Neste capítulo é apresentada a caracterização e a estratégia adotada para a realização da pesquisa, bem como a delimitação e etapas para desenvolver o trabalho e alcançar o objetivo. A pesquisa científica busca a compreensão da forma como se processam os fenômenos, descrevendo sua estrutura e funcionamento e tentando explicá-los. O acúmulo de fatos não é a finalidade principal, mas sim, a compreensão às respostas obtidas, por meio de questões formuladas por hipóteses precisas (CRUZ, CARLA; RIBEIRO, 2003). Gil (2002) define a pesquisa como um procedimento racional e sistemático que visa proporcionar respostas aos problemas propostos e, defende ainda, que a pesquisa é utilizada quando não se dispõe de informações suficientes para responder um problema.